Já estávamos no quarto de Anthony. Não conhecia muita gente, apenas o próprio Anthony,Lia, Lily e Thiago. Alguns dos outros eu conhecia por tê-los visto na nossa mesa do refeitórios, alguns por ter visto andando pelos corredores... E alguns eu nem conhecia.
Estávamos meio que em uma roda, alguns apoiados na cômoda e bebendo, outros apenas em pé.
Quer bebida, Candy? -Ofereceu-me Lia, que estava com um copo plástico laranja.
Franzi a testa.
Nunca bebi. -Respondi, e era verdade, nunca havia bebido nada além de água e as vezes um pouquinho de refrigerante nas festas.
Você não sabe o que está perdendo. -Lia fez a volta até uma grande bacia laranja e encheu um copo roxo com um liquido que eu não consegui ver a cor. -Toma. -Ela entregou para mim. Olhei com uma cara de dúvida para o copo e vi que todos em volta estavam tomando aquela mesma coisa. -Tome, se não gostar temos refri. -Ela sorriu, incentivando-me.
Assenti.
Isso tem um cheiro horrível! -Reclamei. Ela riu.
Depois você se acostuma. -Assenti novamente. O que eu tinha a perder?
Bebi um grande gole da bebida e fiz cara de nojo ao engolir.
Era horrível, como se eu já tivesse bebido antes só por causa do cheiro -que era igual ao gosto, nunca vi representação melhor.
Passei o braço na boca pra secá-la e entreguei o copo à Lia.
Como é o nome disso mesmo? -Questionei enquanto ela o pegava e sorria se divertindo com o fato de eu não ter gostado.
Cerveja. -Ela respondeu.
Ótimo, nunca mais bebo isso na minha vida. -Comentei.
Toda essa conversa era só entre mim e Lia, os outros estavam ocupados com suas outras conversas.
Lia riu.
Me virei e percebi Thiago nos observando. Com um sorriso no rosto ele me chamou.
Thiago estava bebendo o drink que eu acabei de descobrir ser horrível.
Fui até ele e me encostei na parede, ao seu lado.
Refri? -Interrogou me alcançando um copo roxo.
Obrigada. -Sorri fraco e dei um gole na nova bebida. Essa era boa e tirou o gosto ruim que a outra havia deixado em minha boca.
Uma vez Crânio, sempre Crânio. -Thiago colocou o braço por cima dos meus ombros e eu entrei na defensiva.
Isso não tem nada a ver com a minha antiga Provincia! -Briguei.
Eu sei, eu sei. -Ele deiou sua cabeça na minha. -Só gosto de ver o modo como se irrita quando chamo-a assim.
Você é um idiota, sabia? -Briguei e brinquei ao mesmo tempo.
Sei. -Ele deu um beijo em minha testa.
Eeeeei, casal. Vamos jogar? -Chegou Anthony basicamente bêbado.
Jogar o quê? -Questiono.
Verdade ou desafio. -Grita Lia, para que eu escutasse, já que ela estava um pouco longe.
Detesto esse jogo!
Hmm... Acho que eu não, Anthony, desculpa. -Falei.
Por que, princesa? -Questionou.
O.k, ele estava muito bêbado.
Não gosto desse jogo. -Simplesmente foi o que eu falei.
Thiago, parceiro, convence sua namorada aí. -Ele falou de um jeito engraçado e eu soltei uma gargalhada.
Thiago riu de mim, ao meu lado e mexeu nos meus cabelos com a mão do braço que estava em volta dos meus ombros.
Você é da Força agora, não pode se esquivar desses jogos idiotas. -Sussurrou em meu ouvido. -Mas é inteligente e saberá sair de qualquer merda que eles fizerem. -Sussurou e eu senti um sorriso em sua voz. Olhei para ele e vi que estava certa.
Assenti.
Thiago pegou minha mão e passamos por Anthony, indo em direção a rodinha.
Sussurros no ouvido a convenceram... Hummmm -Anthony começou.
Cala a boca, Anthony. -Thiago deu um empurrão não muito forte no ombro do rapaz, que só fez com que ele risse mais.
Você usou a sua voz sexy? Me explica cara, tenho que tentar isso, convercer a mulher só com uma jogada. -Anthony parou do outro lado da roda.
Voz sexy? -E eu tenho uma? -Questionou Thiago.
Pergunte a Candy, irmão. -Eu ri, e fiquei um pouco corada.
Pois bem, vamos começar o jogo então? -Perguntei tentando escapar dos dois garotos.
Vamos! -Lia empolgou-se e bateu palmas como uma foca. Acho que ela já estava um pouco alterada.
Todos nós sentamos no chão, em uma roda. Uma garrafa estava no meio e Lia girou-a uma vez. Thiago não estava mais ao meu lado, estava na minha frente, praticamente.
A ponta da garrafa parou em mim e a outra parou em Anthony.
Verdade ou Desafio, princesa? -Perguntou.
Verdade. -Respondi, pensando em adiar um pouco o desafio.
Thiago tem uma voz sexy? -Eu ri, ri e corei ao mesmo tempo. Thiago me olhava, como se não quisesse perder cada detalhe.
Olhei para Thiago e apertei os lábios, tomando coragem para dizer:
Tem. -Dei um pequeno sorriso e girei a garrafa. A ponta parou em Thiago e a outra para Lia.
Verdade ou Desafio? -Lia questionou, empolgada. Posso adimitir que estava com medo desse jogo?
Hmm... Desafio. -Respondeu.
Epa. -Gritou um garoto. As duas pessoas ao lado de Lia voaram para os ouvidos dela murmurando algo.
Thiago e eu trocamos olhares como se estivessemos conversando assim.
O meu dizia ''O que será que ela vai aprontar?''
e o dele: ''Eu não sei, o que você acha?'
e novamente eu: ''Eu não sei.''
Eu não vou fazer isso, ela é minha amiga! -Lia gritou, fazendo com que eu a olhasse apavorada. Que raios eles tinham dito pra ela fazer? -Não! Então faça isso na sua vez, eu não vou dizer. Não. eu já disse, ponto! -Ela estava discutindo com os dois rapazes, então virou-se mantendo a postura, piscou uma vez e decidida, falou: -Desafio você a dançar em cima daquela cômoda; -Ela apontou para uma cômoda no outro lado do recinto. O pessoal aplaudiu a ideia da garota.
Thiago dançando? Há, essa eu quero ver. -Disse um cara.
É, manda a ver Thiago! -Lily gritou fazendo um ''Uhu'' quando ele se levantou.
Coloca a música! -Lia gritou para o garoto que estava cuidando do som.
Enquanto Thiago se encaminhava para o outro lado, uma música com a batida legal começou a tocar e eu comecei a movimentar meu corpo como se estivesse dançando. Então a letra começou a aparecer e Thiago subiu na comoda logo que o refrão começou.
Dale a tu cuerpo alegria Macarena
Dê ao seu corpo alegria, Macarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegria cosa buena
Porque seu corpo serve para dar alegria e coisa boa
Dale a tu cuerpo alegria, Macarena
Dê ao seu corpo alegria Macarena
Hey Macarena
Ele fez uma dancinha mexendo os braços e o povo todo começou a rir e lavantaram-se para dançar junto com ele.
Vem. -Lia correu até mim e puxou meu braço para me levantar. Eu cambaleei, mas levantei.
Lia me levou até o centro e me ensinou a dançar.
Assim. -Ela levou um braço para a frente e depois o outro, e então colocou um de cada vez atrás do pescoço, disso eles foram para a cintura. Depois ela desceu rebolando, subiu e pulou virando-se para o lado. Todos estavam fazendo a mesma coisa, o que era engraçado... A letra era tão ridícula!
Isso! -Lia gritou animada quando eu fiz certo. Caí na risada.
Continuamos fazendo isso, todos juntos e Thiago lá em cima.
Quando a música começou a terminar senti alguém próximo. Era Thiago juntando suas mãos com as minhas, por trás, e dançamos a última vez como se fossemos um só.

O jogo de Verdade ou Desafio acabou quando todos saíram para dançar, nem eu e nem Thiago respondemos mais nada, e o mais comprometedor que teve foi Lia sendo obrigada a tirar a blusa e ficar só de sutiã durante meia hora. E o mais amedrontador foi um rapaz chamado Caio ter que andar na corda-bamba amanhã de manhã. Não sabia o que isso significava, mas boa coisa não devia ser.
Ei, quer sair daqui agora? -Thiago perguntou ao meu ouvido vindo por trás de mim. Dei um pulo de susto e tampei a boca com a mão para abafar o gritinho.
Quero. -Respondi. Então ele pegou minha mão e saímos do quarto de Anthony sem falar com ninguém.
Caminhamos em silêncio e de mãos dadas pelos corredores escuros.
Cansou? -Perguntou Thiago quebrando o belo silêncio em que estávamos.
Na verdade, não muito. Eu acho. -Respondi segurando seu braço e encostando minha cabeça nele.
Thiago soltou seu braço de mim e passou-o pelos meus ombros, sendo assim coloquei meus braços em volta de sua cintura.

Naquela noite, dormi no quarto de Thiago.
Ele dormiu no chão, me dando espaço.
Acordei com um barulho de arrombamento, a porta havia voado para o outro lado do quarto.
Sabemos o que você é. -Disse um homem, ele tinha uma arma apontada para mim. O nariz de Thiago estava sangrando e ele ainda estava dormindo.
Gritei sem ouvir minha voz.
Você não vai sobreviver para encontrar seus amigos. -E então a bala me acerta e eu caio na escuridão.