Capítulo Único -

Annabeth estava dentro de seu chalé, lendo um livro de Arquitetura, como sempre fazia. Depois daquela guerra contra Cronos e ser convidada para “reformar” o Olimpo, ela decidiu que realmente iria fazer faculdade para ser uma arquiteta. É claro, se chegasse à idade necessária para fazer isso, já que os meios-sangues não viviam tanto tempo assim.

Ela pensou em Percy. Ainda era um pouco estranho vê-lo como seu namorado, não como um amigo. Só que ele continuava sendo um Cabeça de Alga. Isso nunca mudaria, é óbvio.

A filha de Atena sorriu ao pensar em Percy. Mesmo depois de tantos anos, ele continuava com o mesmo jeito lerdo de sempre. Ela admitia para quem perguntasse que se irritava e odiava-o um pouco no começo. Mas, quando já estava alguns anos mais velha, começou à sentir outras coisas por ele...

Agora, finalmente poderia ter um pouco de paz.

- Pensando em quê? – ouviu uma voz conhecida falar. Ela sorriu e encarou Percy, que estava na porta de seu chalé.

- Em qualquer coisa, menos você – respondeu, rindo, e fechou o seu livro. Foi até Percy e lhe deu um beijo. – O que faz aqui, Cabeça de Alga? Deveria estar treinando, não?

- Deveria... – sorriu. Ele segurou a cintura de Annabeth, deixando ela “presa”. – Mas preferi vir aqui e ver você. Pelo menos não preciso inventar uma desculpa para conversar, agora.

- Ah, verdade – ela revirou os olhos. – Antigamente você era muito sem-assunto.

- Bom... eu pensava que você gostava.

O tom magoado na voz de Percy só fez Annabeth rir mais.

- Definitivamente, você era péssimo com garotas – ela observou.

- Nossa. Isso aumentou ainda mais minha auto-estima, Annabeth.

- Deixe de fazer drama, Cabeça de Alga. – revirou os olhos. – Está parecendo uma filha de Afrodite quando quer conquistar algum garoto novo.

Percy sorriu e puxou Annabeth para mais perto de si – se é que aquilo era realmente possível. Eles ficaram se encarando por um tempo, enquanto a filha de Atena ria e ele tentava fazer uma cara séria. Sem sucesso nenhum, é claro.

Depois de um tempo, Percy finalmente falou:

- É tão bom, não é?

Annabeth franziu o cenho.

- O quê?

- Ah... – ele sorriu um pouco. – É tão bom poder passar um tempo com você, sem precisar se preocupar com Cronos ou titãs malignos que querem acabar com tudo. Finalmente podemos ter um pouco de paz nas nossas vidas, não é?

- Com certeza - Annabeth sorriu. – Pelo menos eu não preciso ficar preocupada com você.

- Ahn? – Percy fez aquela mesma cara de lerdo que sempre fazia.

- Percy, sempre que você chegava no acampamento, alguém estava machucado, ou você tinha sido expulso de alguma escola. Ou estava sendo atacado por algum monstro.

- Mas...

- Nem me venha com “mas”. – riu. – É verdade. Às vezes, eu ficava pensando qual seria a sua “entrada triunfal” da vez.

Percy não ficou irritado. Na verdade, ele sorriu e ergueu uma sobrancelha.

- Você ficava pensando em mim, é, Sabidinha? – perguntou, encarando-a.

Annabeth corou um pouco.

- Hã... – disse, constrangida. – Não, eu só...

- Nem venha com argumentos. Você pensava em mim! – riu.

- Argh – colocou as mãos nos braços dele, que estavam na sua cintura, ainda. – Me larga – ordenou, irritada.

Percy continuou rindo, e não tirou as mãos da cintura de Annabeth, por mais que ela tentasse empurrá-lo.

- Só se você admitir que me ama.

Dessa vez, Annabeth corou muito e abaixou a cabeça.

- Vamos lá, Sabidinha – Percy tentou estimulá-la. – Eu sei que você me ama. O que custa admitir?

Annabeth balançou a cabeça, bastante envergonhada para conseguir falar algo.

- Annabeth... – Percy sussurrou.

Ela abriu a boca, mas, nesse momento, o filho do deus do mar a surpreendeu com um beijo. Annabeth colocou seus braços em volta do pescoço dele, enquanto Percy apertou ainda mais a sua cintura, deixando seus corpos mais juntos do que já estavam.

Depois de alguns minutos, eles se afastaram, ofegantes. Annabeth fechou os olhos e sorriu.

No entanto, não foi ela que falou primeiro.

- Eu te amo, Annabeth... – Percy disse, num sussurro que ela quase não escutou.

Ela olhou para ele. Percy esperava que fosse abraçá-lo, sorriu ou algo do gênero. Mas tudo que Annabeth fez foi xingá-lo e bater nele.

- Seu idiota! Eu não acredito que fez isso!

Percy franziu o cenho. Será que isso é um sintoma de TPM?, pensou.

- O quê? Annabeth, eu só...

Ela bateu mais uma vez nele. Percy concluiu que era melhor esperar que Annabeth falasse alguma coisa.

A filha de Atena fechou os olhos e respirou fundo.

- Eu sempre tenho atitude – sussurrou. – Você... poxa! Eu pensava que seria a primeira que diria isso... mas não. Foi você – abriu os olhos e encarou-o, ligeiramente surpresa. – Que droga! Eu tinha que ter falado primeiro.

Percy sorriu e deu outro selinho nela.

- Deuses, Annabeth! – disse, rindo. – Você me deu um baita susto.

- Eu sei... – sorriu. – Eu também te amo, Percy.

Ela abraçou-o com força. Ele afagou seus cabelos, sem falar nada. Ambos estavam sorrindo feito dois idiotas, aliviados por finalmente terem dito o que sentiam pelo outro. Apesar de que aquilo sempre esteve claro... eles só não haviam falado.

- Que droga, Annabeth! – Percy exclamou, algum tempo depois. – Você realmente quase me matou.

- Não reclame, Cabeça de Alga – revirou os olhos, sorrindo. – Vamos dizer que apenas bater em você foi um avanço, considerando o que sou capaz de fazer.

- Hm... olhando por esse lado, realmente foi um avanço.

Eles voltaram a rir. Depois, ficaram sérios novamente. Nenhum disse “eu te amo” novamente, pois sabiam que aquilo já estava bastante claro. Annabeth apenas puxou Percy para mais perto novamente e o abraçou.

Percy afastou-a calmamente pelos ombros e a beijou mais uma vez. Depois, eles se separaram.

- Eu, bom... agora realmente acho que preciso ir para o treinamento.

- Até mais, Cabeça de Alga. – sorriu um pouco, ainda corada. - Da próxima vez eu prometo que não vou assustá-lo. – riu.

Percy abraçou-a pela última vez e saiu.

Annabeth suspirou e voltou a ler seu livro.

Ela mal imaginava que essa seria a última vez que se veriam em meses...