Conto - Felix no Folke escrita por Racchan


Capítulo 1
Oneshot - Felix no Folke




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As tardes passavam sem qualquer alarde. Um grande mar violeta de ansiedade girava em torno de Ganmediun vu Wannz. Durante seus dezenove anos de vida, não sabia ainda o que era amar alguém. Então, por que sentia aquele sentimento estranho brotar em seu peito agora? Uma abelha pousou em seu ombro esquerdo, cansada de voar atrás dele durante todo aquele longo tempo de viagem. “Então, garoto” – disse ela, com uma voz fina e suave – “o que vai fazer em relação ao sentimento que se desenvolve como um tornado dentro de seu pequeno peito?”. Ganmediun olhou para sua própria mão. A pele era alva, mas não totalmente. Em verdade, ela era de coloração ligeiramente azulada. Suas unhas eram finas, longas e completamente verdes. Em seu dedo indicador direito ainda repousava o anel de prata simples, sem adornos, que havia ganhado treze dias atrás, no festival da colheita. Em uma tentativa, conseguiu o maior prêmio que os habitantes do vilarejo, sem muita condição monetária, conseguiram comprar. Um golpe de sorte. Algo que, aparentemente, não faltava a ele.

-Hora de voltar, senhorita abelha. Sinto falta do lago de Folke. – disse ele, levantando seu corpo. Seus longos cabelos verdes e lisos balançaram com o movimento, em harmonia com o vento. Um sorriso ligeiramente inverdadeiro havia se posto em sua face, junto a seus olhos violetas.

-Não me respondeu, senhor Ganmediun. – disse a abelha, zunindo.

-Eu sei, senhorita. Eu sei.

-Ao final das contas, terminou por voltar a Felix no Folke, correto?

-Sim, estás correta. Sinto saudades do lago de Folke, de fazer compras no mercado de Felix no Folke e do lugar em si. Além disso...

-Além disso, não sabe o que fazer em relação ao que sente, e prefere esquecer isso. Estou correta?

-Sim. Melhor voltar agora. Uma tempestade se aproxima. Não seria bom se eu encontrasse minha casa no lago destruída por um raio.

-Mas o trovão seria pior do que o raio para o senhor... Estou correta?

-Está sempre correta, doce senhorita. Mas, de qualquer forma, uma tempestade se aproxima, eu disse isso. Só não sei como sairemos dela... Sou como um lírio despedaçado, ao final das contas.

-Não se desanime, meu senhor. Mesmo sendo um lírio em pedaços, você ainda não se secou. Toda essa água que flui dentro do senhor continuará a fluir, não importando quão tristes sejam seus sonhos. Você é incrivelmente forte, apesar de tudo. Seja forte também para saber quando se enfraqueceu.

 

Felix no Folke era uma cidade de porte médio. Sua maior especialidade era a produção de chocolates artesanais. Ao contrário de Soleil Krem, capital de Med-Kåard, no interior de Falken eram raros os humanos – praticamente todos os habitantes de Felix no Folke eram sprites. Mesmo elfos e dríades eram poucos em relação ao número de sprites no local. A região de Folke também tinha as menores temperaturas do reino – as taxas variavam entre quinze graus negativos e dois graus positivos nos períodos lunares. Não que isso influenciasse em muita coisa, devido à resistência adquirida e ao caráter mágico dos habitantes.

O terceiro lago de Folke, denominado Cornellia, era também o mais belo. Pelo fato de nykäns serem raros mesmo naquele local, Ganmedium vu Wannz era o único interessado em comprar aquela pequena casa de madeira perto do profundo lago – os sprites e humanos tinham medo de cair no lago por causa dos abalos sísmicos constantes, e nenhum elfo, dríade ou fada estava interessado em sair de suas florestas.

Os campos de Folke, bem como a cidade de Felix no Folke eram definitivamente calmos e pacíficos – não ocorria nenhum crime havia décadas e música era a única atividade que ainda ocorria lá.

Entretanto, Felix no Folke era especial. Durante algum tempo, todos poderiam ter a chance de esquecer de seus medos, de seus sonhos, de tudo. A amenidade, a aura singela, a simplicidade repleta em detalhes. Felix no Folke sempre seria assim: um mundo dentro de outro.

 

-Olá, Troy. – disse Ganmediun vu Wannz, ao entrar em sua casa e encontrar seu parente distante, Klain ár Troy.

-Retornaste, Ganmediun? – respondeu o outro, levantando-se para cumprimentar o primo.

-Sim... Diga-me, por que decidiu vir para este local onde resido, afinal?

-Eu não pretendo permanecer aqui. Desde que fui expulso de Siona pensei em ir para o Vale de Mars, mas lembrei-me de não ter dinheiro necessário para permanecer em uma hospedaria ou algo do tipo.

-Certo... Não há problemas, dar-te-ei o dinheiro necessário...

-Então, qual o motivo de sua óbvia aflição? – perguntou Klain ár Troy, sentando-se no sofá coberto em algo semelhante a matéria vegetal.

-O fato é que... É que...

 

Se amar é como evanescer... Então, não amar é como haver morrido sem que ao menos se haja percebido.

 


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Notas finais do capítulo

Repostando o conto que escrevi há um bom tempo, com algumas ligeiras modificações. A formatação está ruim, mas depois a arrumarei.



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