Atlanta, Geórgia.

O despertador tocou exatamente ás sete. Eu o desliguei e virei pro lado. Sabia que daqui a pouco minha mãe ia entrar, abrir as janelas e me acordar.

— Hora de acordar, Chloe!— ela abria as cortinas e persianas. E as janelas para renovar o ar do quarto. Eu continuei intacta.— Sei que você ouviu.

— Eu não quero ir.— minha voz saia abafada poreu estar com o rosto afundado no travesseiro.

— Josh vai também também.— ela disse acomodando ao meu lado na cama.

— Desde quando me sinto bem com o Josh?— Josh é meu irmão mais velho. Fiquei pra cima na cama, olhando os olhos da minha mãe que pela primeira vez em semana tinham algum brilho, tal qual não tinham desde que ela se divorciou do meu pai.— E você não pode ficar aqui sozinha.

— Não ficarei aqui. Vou pra casa dos seus avós.— ela sorria, como se já tivesse planejado tudo aquilo.

— E eu e Josh vamos ficar por conta nesse país? Cheio de saqueadores, sequestradores, assassinos? Eu não me sinto segura.— eu dizia fazendo uma cena.

— Menos, Chloe! Vocês tem o seu pai.— ela dizia se levantando enquanto tirava a mala que ela mesma devia ter feito pra mim de cima do armário.— E eu acho que você não quer ir porque tem medo de ficar longe de mim.

— Você acha que eu não quero ir porque vou ficar longe de você?— soltei um riso sarcástico.— Pois agora eu vou, srta. Moretz.— me livrei das cobertas e fui para o banho.

Eu não acredito que seria obrigada a passar dois meses em um lugar onde eu não conhecia ninguém. Onde tinha que fingir gostar de todo mundo. Eu não conseguia gostar nem do meu irmão!

Sai do banho mais acordada de certa forma, coloquei a roupa que a minha mãe tinha deixando em cima da minha cama pra mim e desci, encontrando somente minha mãe na mesa sozinha e me perguntando mentalmente aonde estaria Josh.

— Mãe, aonde está o Josh? - indaguei curiosa enquanto olhava para a sala e para a cozinha não vendo a imagem dele.

— Foi se despedir da Mia. - ela fatiava um pedaço do bolo.

— Quer dizer, terminar com ela não é mesmo? - eu disse olhando séria pra ela, quando ela me repreendeu com o olhar.

— Olha, passar dois meses longe para um casal é uma forma de mostrar confiança! E seu irmão não vai terminar com a Mia, só porque ele vai passar dois meses fora.— logo que ela terminou de falar meu irmão chegou.

— Eu terminei com a Mia.— ele disse enquanto se juntava á nós na mesa do café da manhã.

— Eu disse.— soltei em um tom baixo que somente minha mãe escutou.

— Mas porque filho?— minha mãe disse com um ar de tristeza.

— Ela me trairia se a gente passasse dois meses longe do outro. Não confio em mulher mãe. - ele disse fazendo um pão para si mesmo.

— "Ai, seu irmão e a Mia vão ficar juntos sim, porque dois meses longe é uma mostra de confiança". Blá Blá Blá.— ironizava a fala da minha mãe.

Depois de um longo café da manhã, o ônibus do acampamento passou para nos pegar. Eu me despedi da minha mãe e segui para o ônibus, Josh vinha logo atrás de mim. Logo que entramos no ônibus senti todos os olhos se voltarem pra mim. E percebi que o ônibus continha pessoas totalmente diferentes umas das outras, meninas bonitas, meninas feias, nerds, jogadores de futebol. Eu sentei na poltrona ao lado do motorista.

Meu irmão que tinha vários amigos indo pro mesmo acampamento sentou no fundão e me abandonou. E logo o lugar vazio do lado do meu foi preenchido por uma menina baixa, de cabelos longos e ruivos e óculos.

— Oi.— ela disse enquanto me olhava.

— Oi.— a respondi com um sorriso.

— Qual seu nome?— ela perguntou, me parecia curiosa.

— Chloe e o seu?— respondi a olhando, seus olhos eram verde escuro.

— Diamond.— ela respondeu, e me olhou por alguns minutos, certamente esperando alguma coisa.

— O que foi?— perguntei curiosa.

— Não vai zoar do meu nome?— eu a olhei série, porque eu zoaria do nome dela?

— Porque? Ele é lindo.

— A maioria das pessoas fala "ai, um nome como diamante pra uma pessoa tão feia", "faz uma plástica ou muda de nome é mais fácil".— ela lembrava de todas as zoações toscas.

— Eu não sou como a maioria das pessoas. E você não é feia.— eu a olhei.

E ela não era feia mesmo, eu não dizia por pena. Os olhos dela tinham um tom muito bonito de verde, seu nariz era pequeno, o cabelo contrastava com o tom de pele. Nunca julgaria uma garota como ela de feia.

— Obrigada.— ela disse com um sorriso.

Eu acho que fiz uma amiga.

E foi ali que terminou nossa conversa pelas horas que se seguiram.