Destinos Interligados escrita por Risurn


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Caracas, eu nem surtei capítulo passado. Tipo "CAPÍTULO TRINTA"!!!!
Sim, trinta é um marco. Até porque a fic' tá' acabando bebês. É. Se bem que eu acho que todo mundo já entendeu isso *ri*
Então, eu quero agradecer a gata, linda, diva da Evelin Potter que fez uma recomendação ENORME pra DI. Eu surtei legal quando vi foi tipo "AI MEU DEUS QUE EMOÇAUM' ELA MI' RECOMENDO'!!!! MANHÊ' VEM CÁ" - zoa. Erros propositais, ok? Sério. Vão lá ver a recomendação dela, que linda. Deviam seguir o exemplo dela sabe? Me deixar feliz com uma pilha de recomendações ai talvez eu me anime pra escrever a próxima fiction mais rápido. *risada maléfica*
Então. Então. E ai? Ah é. Lembrei. O capítulo é todinho pra ela tá? Porque ela me ama mais que vocês u.u (fora as que já me recomendaram, que me amam também e eu amo elas).
Então, eu queria fazer um capítulo Annabeth ÉPICO mas ai a criatividade saiu voando pela minha janela e ainda deu tchauzinho', aquela provalecida'.
Enfim, espero que gostem e vejo vocês lá nas notas finais.



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Annabeth IX

And all my walls stood tall, painted blue
I'll take 'em down, take 'em down
And open up the door for you

– E-eu... Preciso pensar. – Vi Percy tentando se aproximar de mim, mas quase instintivamente dei um passo para trás. Eu só conseguia pensar no que ele havia feito com Luke, de como aquilo o faria um monstro e como era tudo minha culpa. – E-eu... Estou confusa. Desculpe. Isso tudo é informação demais para mim. Estou assustada. Eu quero ir pra casa.

– Eu te levo. – Sua voz era suplicante. Me cortava o coração.

– Não! – Gritei mais nervosa do que gostaria. Eu não quero parecer desesperada. Eu estou calma. Respirei fundo. – Não. Eu vou sozinha. Me desculpe, mas acho que não posso com isso. – neguei com a cabeça, sorrindo. Mas meus olhos se encheram de lágrimas. E eu soube que ele viu.

E então corri. Não olhei para trás. Não vi se estava sendo seguida. Nem quis saber.

Abri a porta do meu carro e entrei, apertando as madeixas loiras contra meu couro cabeludo. Bati com a cabeça no volante, fazendo a buzina soar sem me importar com isso. Percebi que estava gritando.

Alguém bateu no vidro. Levantei os olhos e vi um par de orbes verdes, me encarando. Preocupadas.

– Podemos, por favor, conversar?

Neguei, mordendo os lábios. Porque eu estava desse jeito?

– Você pode, ao menos, abrir o vidro? É angustiante conversar com essa barreira entre nós.

Dessa vez, tomei coragem para responder decentemente.

– A barreira vai continuar ali, mesmo que eu abaixe o vidro.

Encarei seus olhos. Pareciam quebrados. Estavam escuros. Isso significava que ele estava triste. Meu Percy estava triste e a culpa era minha. Suspirei.

– Percy... É melhor você me deixar sozinha. Por um tempo. Porque eu... – suspirei. – E-eu preciso pensar. Está tudo tão confuso, sou eu... E, me desculpe. Mas eu não posso agora. Desculpe.

Não lhe dei chance de resposta. Liguei o carro, torcendo para que não desse problema ou quebrasse, qualquer coisa do tipo. E simplesmente fui.

Em um deslize olhei pelo retrovisor, pude vê-lo apertando os cabelos, se encolhendo e, depois, chutando uma pobre lata de lixo. Ele parecia gritar. Tive que resistir ao impulso de voltar no mesmo instante para acalma-lo. Dizer que tudo ficaria bem. Mas nem mesmo eu sabia se ficaria.

Dirigi o mais rápido que pude até minha casa. Me sentia idiota por ter me preocupado com ele esse tempo todo e ele estava lá, no bem bom, assistindo e ajudando Thalia a fazer aquilo. Franzi o nariz. Parecia inacreditável. Percy sempre fora tão... Bom. Não parecia capaz de algo assim.

Subi até meu quarto e deitei em minha cama, esperando que os bons sonhos viessem, mas eu sabia que não viriam. O destino não era bom comigo. Nunca fora.

(...)

Pisquei os olhos, tentando me acostumar com a luz que vinha por uma fresta, direto até meus olhos.

– Já lhe disse como acho seus olhos lindos no sol? – uma voz grave falou na minha frente. Eu não consegui distinguir muito bem quem era pela forma. Mas reconheci a voz.

– Luke... O-o que você tá’ fazendo?

A forma sorriu. Não tinha olhos. Não tinha nariz. Nem sobrancelhas. Apenas um cruel sorriso. Meu coração começou a bater mais rápido, em desespero. Não era Luke. Não podia ser Luke.

De repente, minhas roupas haviam sumido e as dele também. Minha garganta fechou. Eu sabia o que viria a seguir.

Tentei gritar, mas minha voz não saía. “Por favor. Não!”

Aquelas mãos corriam por todo o meu corpo, apertando em lugares que eu tinha vergonha só de pensar.

– Por favor... – Minha voz finalmente saiu. – Não faz isso.

Se possível, o sorriso ficou ainda maior. E mais cruel. Foi o sorriso mais assustador que já vi em toda minha breve vida.

– Eu não vou parar. Vou fazer tudo o que sempre quis fazer. E vou começar agora.

E então, eu quis morrer.

(...)

Levantei num sobressalto. Gritando. Vi alguma coisa cair da cama ao lado.

Hazel estava com o cabelo virado para todos os lados e me analisava, preocupada. Vi sua boca abrir, mas não consegui ouvir o que ela dizia.

Comecei a esfregar minha pele. Ele havia tocado ali. Havia tocado todo o meu corpo.

Hazel veio até mim e sentou ao meu lado, me puxando para um abraço. Começou a acariciar meus cachos, depois meu braço.

– Está vendo? Sou eu. – ela sussurrava – Hazel. Nada vai te machucar aqui. Está tudo bem agora – A abracei com força, respirando pesadamente. – O mesmo pesadelo?

Olhei para ela, concordando. Ambas sabíamos que não era apenas um pesadelo, mas preferíamos nos referir a ele assim. Parecia menos real dessa forma.

– Fazia tanto tempo que você não tinha um desses. Aconteceu algo? – mordi o lábio. Fiquei tentada a contar, mas não podia. Não agora. Não pra ela. Então, fiz o que era certo. Neguei e voltei a dormir, com minha irmã cuidando de mim.

(...)

Assim que abri os olhos e a fraca luz do sol os tocou eu tive uma leve sensação de pânico. Sentei em um pulo e olhei em volta. Não havia outra pessoa ali. Era o quarto de Hazel. Tudo certo.

A cama de minha irmã estava vazia ao lado da minha e aquilo me deu um aperto no peito. Procurei meu celular para ver as horas. Ela devia estar na escola. Escola essa que eu faltei hoje, diga-se de passagem.

Levantei preguiçosamente. Eu não queria sair dali, agora que acordei as lembranças da noite passada chegam aos poucos e a vontade de me enfiar debaixo das minhas cobertas e esperar a vida acabar é quase irresistível. Mas eu não vou fazer isso.

Caminho pelo piso gelado da casa, até chegar à cozinha. Olho a minha volta, nunca entendi essa excentricidade de Atena e Frederick por uma casa tão grande, nunca vi nada igual. Era linda, grande, fria e vazia.

Acho que essa é uma boa descrição para a minha família também. Grande, fria e vazia.

– Quer algo menina? – dei um pulo.

– Tia Mary! Que susto! – bom, ela não era realmente minha tia. Mas praticamente me criou, era quase como uma mãe. Era quase melhor que a minha. Ela apenas riu do meu susto, me fazendo dar um sorriso também.

– Você chegou tarde ontem... Não jantou e mal comeu o dia todo. Deve estar morrendo de fome. Eu vou preparar algo agora mesmo... O que você quer? Um arroz ao forno, talvez? Eu sei que você gosta... – ela continuou a tagarelar sem parar sobre comidas que eu gostava quando era pequena e saiu a caça das panelas. Rolei os olhos, sorrindo.

– Tia... – ela continuou – Tia Mary! – finalmente parou, me olhando. – Não precisa de nada disso. Eu me viro. Pode deixar.

– Tem certeza?

– Tenho... Você sabe que sim. Pode descansar.

Ela sorriu me beijando a testa e foi fazer alguma outra coisa. Aquela mulher não tem parada.

Arregacei as mangas do meu suéter e comecei o árduo trabalho de fazer um pão com ovos. Não subestime o pão com ovo, ele pode ficar ofendido e te atacar com o azeite da frigideira. E acredite: doí. Eu já o subestimei antes, um honrado adversário.

Comecei a procurar a frigideira nos armários, mas acabei encontrando algo que não gostaria. Era um papel velho, amarelado.

O peguei e desamassei, tentando ver o conteúdo. E me arrependi no mesmo instante.

Tinha um desenho. Uma menina, uma mulher e um homem. Eram traços ridiculamente mal feitos, eu riria se não houvesse algo escrito ali, com uma caligrafia que não era minha.

“Papai ama Annabeth para sempre”

Mordi o lábio. Eu me lembrava desse dia. Da promessa oculta na frase que não havia sido cumprida. Isso só aumentava minha avulsa à promessas. Eu as odiava com todas as minhas forças.

Amassei o papel novamente, jogando-o no lixo. Eu não queria ver aquilo nunca mais.

Finalmente, fritei meu elegantíssimo ovo e fui montar meu fabuloso sanduíche de pão, ovo, maionese e queijo. Era dos Deuses aquilo. Não havia outra explicação.

Quando terminei de comer subi até meu quarto, me joguei em um dos sofás enrolada à um cobertor e comecei a procurar um filme. Estava passando Procurando Nemo. Troquei de canal, ele me lembrava Percy, e eu não queria vê-lo. Deixei então a televisão ligada em uma série, parecia ser algo haver com contos de fadas, ao menos, era a Branca de Neve ali.

E assim, dessa forma emocionante, cai no sono novamente.

(...)

Meu celular vibrava loucamente ao meu lado. Resmunguei e o atendi, sem nem ver quem era.

Resmunguei mais uma vez.

– Alô? – na minha voz era claramente visível que eu havia acabado de acordar.

– Ah! Graças a Poseidon você atendeu! – franzi o nariz. Nunca havia sido fã de Poseidon. E, de quebra, eu imagino ele muito parecido com Percy. Droga. Percy. – Annabeth? Você está me ouvindo?

Já citei que odeio a minha dislexia? Desliguei.

– Ah, oi, sim, estou aqui. O quê foi?

– Bom, eu sei que você está chateada com o mundo e tal, mas podia me encontrar no Starbucks aqui perto em... Uns quarenta minutos?

Pensei. E pensei. Não podia ser tão ruim sair da minha bolha.

– Tudo bem. Quarenta minutos.

Desliguei. Mas pude ouvir os gritinhos de Piper do outro lado da linha. Sorri, virando os olhos. Ela não tinha jeito.

Vesti alguma coisa e desci. Não podia demorar.

(...) (N.A.: Vou pular o encontro no café, porque ele já apareceu no capítulo da Thalia e tal. BEIJOS DA RISURN *ri*) (...)

Joguei minha bolsa dentro de um dos armários, fazendo o mesmo com os sapatos e a roupa e corri até minhas cobertas no sofá.

Eu estava frustrada. Quando cheguei lá Thalia parecia com medo de mim. Dá pra imaginar? A Thalia, A Thalia. Com medo. De mim. Eu sei, parece surreal. Ri internamente lembrando da cena. Mas, eu deveria estar realmente brava com ela, mas não estava. Não conseguia. Eu me sentia traída, mas não por ela. Por Percy. Meu deus, ele novamente?

Afastei esse pensamento. Preferi me concentrar em outra coisa. Elas falaram da folhinha em branco, que eu também prefiro não pensar.

Eu queria pensar era no que Piper disse. Como nós ficaríamos? O que aconteceria depois do trabalho? Eu nem ao menos sabia o que elas pensavam de mim, muito menos tinha uma opinião formada sobre isso. O problema é que me acostumei a eles, me apeguei. E isso era horrível. Detesto me apegar a qualquer coisa. No final, sempre me deixam.

Thalia havia entendido tudo errado, ela parecia tão... Furiosa com tudo aquilo. Eu não queria vê-la daquela forma, mas não fui eu que escolhi aquilo. Foi ela, e agora, espero que ela consiga traçar o caminho certo sozinha. Porque ela não me deixaria ajuda-la.

Suspirei, me virando. E com aqueles pensamentos na cabeça, cai no sono mais uma vez.

(...)

Acordei em um pulo. Suando. Curvei meu corpo, em pavor. Olhei para a cama de minha irmã, dessa vez ela não estava ali para me acalmar. Levantei, cambaleando, indo até o banheiro. Tentei jogar água do meu rosto, mas a sensação de pânico ainda estava ali. Não saía do meu corpo. Arrastei os dedos pelo meu cabelo, depois meu pescoço e então eles engalharam em uma correntinha. A olhei pelo meu reflexo. A correntinha de Percy. A apertei com a maior força que pude, com medo de que fugisse. Aos poucos, fui me acalmando. Eu preciso de um banho.

A água escorria pelo meu corpo, levando todo o medo com ela. Era a primeira vez que eu havia conseguido me acalmar sozinha. A segunda noite seguida com o mesmo pesadelo. Eu continuo confusa.

Encostei minha cabeça na parede. Porque aquilo estava acontecendo? Me dei conta de que ainda não havia contado para meus pais sobre Luke. Eu precisava contar.

Uma batida me fez voltar a realidade.

– Menina? – ouvi uma voz abada do outro lado da porta.

– Fala tia.

– Você quer que eu prepare algo para você comer? – não havia me dado conta que estava com fome até esse minuto. – Você não apareceu para o almoço... Nem foi pra escola. Tá tudo bem?

Franzi as sobrancelhas. Não apareci para o almoço? Eu dormi por quanto tempo?

– Tudo bem Mary, pode preparar qualquer coisa. – gritei de volta.

– Meu deus, você deve estar doente. Nunca me deixa preparar nada. – e saiu rindo. Eu amo essa mulher.

Enrolei-me em uma toalha e fui me vestir. Desci até a cozinha e o cheiro de comida já estava impregnado pela casa. Delicioso.

(...)

Eu havia decidido que talvez ir até o cinema, fazer algo diferente, me faria bem. Mas não. Não fez. Eu fui assistir justo um romance água com açúcar. Eu agora estava me afogando nas minhas lágrimas, e não, isso não é um exagero. Dirigi lentamente até minha casa, passando pelas ruas de Manhattan. Um prédio em especial me fez reduzir a velocidade.

Parei ali, na frente do prédio que Percy me pediu em namoro. Deitei a cabeça no volante. Era tudo tão... Difícil. Porque eu estava desse jeito? Eu não atendia as ligações dele. Não respondi nenhuma mensagem. E aquilo me matava. Estava tudo indo tão bem... Nós saímos, ele me fazia rir e me sentir segura. Suspirei. Eu sentia falta disso.

Olhei mais atentamente ao prédio. Havia alguém parado na frente dele, um garoto de cabelos negros e roupa de frio. Ele olhava sonhador para o prédio, mas tinha uma expressão triste.

Com um susto reconheci. Era Percy, o meu Percy. Bem ali, na minha frente. Eu só precisava engolir o meu maldito orgulho e pular nele, como deveria fazer. Mas eu não consigo. Até que os olhos verdes viram na minha direção, e focam nos meus. Ele me viu. E eu tive medo. Acelerei o carro e fui para casa para me esconder no meu mundo. O mais rápido que pude.

(...)

Vou poupar vocês da minha tediosa tarde de quarta. Eu ainda não havia ido para a escola. Isso não parecia certo. Amanhã eu iria. Hoje eu tinha algo para resolver.

Sentei-me à mesa da sala e fiquei esperando pacientemente Atena chegar a casa. Eu precisava conversar com ela, urgentemente.

Depois do que pareceu uma eternidade a porta se abriu e a mulher loira passou por ela. E como era linda. Um dia e queria poder ser tão bonita quanto ela. Suspirei.

– Mamãe. – ela deu um pulo, olhando para mim.

– Annabeth! Que susto!

– Nós precisamos conversar. – ela franziu as sobrancelhas, exatamente como eu fazia.

– O que houve? Você nunca vem falar comigo quando acontece algo bom. Só com má noticia.

– Aprendi com vocês. – sussurrei.

– O quê?

– Nada... – suspirei. – Bem, é o seguinte. Luke.

Ela sentou na cadeira.

– Ele fez algo pra você?

– Na verdade...

– Annabeth!

– Certo. Ele até fez, mas já faz um tempo. – lembrei daquelas mãos puxando meu cabelo no dia que fui pra casa de Percy pela primeira vez, e também de quando me derrubaram tentando me levar. – Aconteceu algo com ele.

– O que foi? Ai meu deus, ele vai contar pra policia, não é? Mas nós mantemos o acordo...

– Acordo? – franzi a sobrancelha. Ela começou a gaguejar. Nunca vi Atena assim.

– Se... Se nós o entregássemos para a polícia ele contaria para todos o que fez com você. – ah, esse acordo.

– Mas, mãe... – ela me cortou, se recompondo.

– Annabeth. Suba. Eu vou falar com o seu pai antes de qualquer coisa.

– Mas você nem sabe o que aconteceu!

– Não interessa. Suba.

Mordi o lábio, negando com a cabeça e subi. Fiquei sentada no topo das escadas e observei minha mãe, sentada na mesa, com a mão na testa. Parecia preocupada. Depois de um tempo, Frederick apareceu.

– O que você está fazendo aqui em baixo ainda?

– Annabeth está com problemas.

– De novo?

– É Luke.

– E dai?

– Meu Deus, você não aprende nunca?

– Nós temos um acordo e eu confio em acordos. Então, não. Não aprendo. Deve ser frescura daquela menina. Pare de seguir todas as palavras que ela diz.

– Não fale assim com a minha mãe! – exclamei. Descendo as escadas. Já cansei de observar de cima como uma criança.

– Menina insolente, isso é jeito de falar com o seu pai? – ele exclamou, me olhando de cima.

– E isso é jeito de falar com a sua esposa?

– Eu falo com ela do jeito que eu quiser. E você vai subir agora para o seu quarto.

– Tem certeza? Não quer ouvir o que eu tenho a dizer? Pode detonar a sua carreira se estourar.

Agora ele me olhou com atenção. Os olhos cor de mel me analisando. Ele sempre cai nessa. Idiota.

– Aconteceu algo, que vai te interessar. Mas tem haver com Luke.

– De novo esse garoto? Vai dizer que ele quebrou o acordo? Não é possível. Ele deu a palavra dele que não faria.

Fiz uma careta azeda. Fala sério. Ele realmente confiava no cara que tinha abusado de mim? Meu deus!

– Eu não acho que ele possa contar algo para a polícia. Ou para qualquer pessoa. Nunca mais.

Minha mãe franziu o cenho.

– O que você quer dizer com isso?

– Bom, Luke sumiu do mapa. Ao menos foi isso que tio Ares me disse. Ele me mandou uma mensagem dizendo para ficar calma. Luke nunca mais me incomodaria.

– Como seu tio ficou sabendo disso? – meu pai gritou comigo, bufando. Ele não queria que ninguém soubesse. Nunca.

– Ele ajudou Thalia e Percy.

– Ajudou? Ajudou com o que? Annabeth. O que você não me contou? – Atena estava aflita. Eu também ficaria no lugar dela.

– E quem são esses Percy e Thalia?

– Bom mãe, eu não conto absolutamente nada para vocês, então eu não contei várias coisas, respondendo sua pergunta. E Frederick: são meu namorado e uma amiga.

Minha mãe abriu a boca e a fechou novamente.

– Um namorado? Quando ia me contar? E... Depois de tudo isso você ainda quis um namorado? E, aliás, quem ele é?

– Eu mereço ser feliz mãe. Não posso deixar Luke me tirar isso também. O nome dele é Percy, Percy Jackson.

– Um Jackson? – meu pai franziu o nariz. Ele nunca havia gostado daquela família. Algo contra o marido de Sally, coisa que nunca entendi. – O filho da divorciada?

– É? E dai? Hoje em dia o divorcio é muito comum, aliás. Pelo menos os pais dele não ficaram em um casamento de mentirinha apenas por aparências como vocês!

– Meça o seu tom mocinha, você ainda vive debaixo do meu teto.

– Só por mais alguns meses, depois eu vou pra faculdade e adeus.

Ele abriu a boca mas a fechou, sem falar nada.

– Não finjam que eu não sei. Eu ouço todas as brigas, todas as discussões. Espero que se decidam logo. E, não vou tomar o tempo de vocês. Você tem uma empresa pra reger, não é? Ela é mais importante que sua filha. Só quero que saibam que provavelmente Luke está morto ou machucado demais para se lembrar de quem é.

Minha mãe levou as mãos à boca, assustada.

– O que vocês fizeram?

– E-eu não fiz nada. Foram eles. Eles se importam comigo.

– Você faz ideia do que pode acontecer se alguém ficar sabendo o que aconteceu lá? – meu pai ficou gritando comigo, furioso.

– Tenho. –respondi calma. – Já estou lhes avisando para se prepararem, mais cedo ou mais tarde, espero que alguém descubra. Seu precioso emprego está em jogo. – olhei para minha mãe – Você que não precisa ficar aqui, não é? Não precisa ficar com ele. Eu vou te seguir, não importa pra onde for. Eu vou com você. E Hazel também, pode ter certeza. Sempre.

Então me virei, e andei em direção ao meu quarto, com meu pai gritando nas minhas costas e o mundo desabando. Mas me sentindo incrivelmente bem.

(...)

Ok. Agora não me sinto mais tão bem assim. Passei a minha sexta feira trancafiada no quarto, sem celular, sem internet, sem livro, sem poder sair. Nem para a escola eu pude ir, por causa da “grande ameaça que Percy Jackson representa”. Simplesmente olhando para o teto. Sentiram como foi emocionante?

O meu sábado não estava muito melhor. Eu estava assistindo a uma série qualquer na TV pensando no quanto eu era estupida. Levantei em um pulo e fui pegar minhas chaves. Vesti a primeira roupa de frio que encontrei e entrei em meu carro. Dirigi a toda velocidade até o prédio na Uper East Side. Eu não podia deixa-lo fugir.

Estacionei o carro de mau jeito na frente do apartamento e fui direto até a portaria.

– Com licença, pode abrir para mim? Apartamento de Percy Jackson, por favor.

O homem que nos ajudou no outro dia sorriu bondoso.

– O senhor Jackson saiu a um tempo. Disse que “ia ajeitar as coisas” e saiu a toda velocidade.

Droga. Será que ele foi atrás de mim? Ou foi fazer outra coisa? Destino maldito. Murmurei um obrigada para Piter e lhe dei as costas, mas acabei esbarrando em algo, mas não cai. Mãos me seguraram.

– Ah, me desculpe, eu... – então vi quem estava ali. Era ele. – Percy... – sussurrei.

Ele sorriu e puxou para um abraço. Mas eu o afastei. O perfume dele chegou até mim, e eu queria muito beija-lo.

– Você sabe o quanto me deixou furiosa e assustada aquele dia? Eu estava morrendo de preocupação e ai você vem e me faz uma coisa dessas? E, meu deus, porque você fez aquilo com o Luke? Pode te dar muitos problemas ainda e... O que você tinha na cabeça? Ele podia ter feito algo com você. Ou com a Thalia. Falando nela, me senti traída. Você contou um segredo meu pra ela? Pior, o tio Ares podia ter te matado por saber que você é meu namorado! E ai você nem me procurou durante a semana toda! Por mais que eu estivesse furiosa você devia ter ido atrás de mim, faz parte das regras de um relacionamento. Tudo bem que é clichê e eu detesto clichês, mas alguns precisam ser seguidos. E, mais importante, porque raios você está rindo enquanto eu estou falando isso tudo? Eu não acredito que você possa ser idiota a esse ponto de se divertir com o meu estresse...

– Já terminou? – Eu conseguia enxergar o divertimento em seus olhos. E, porque ele estava tão calmo? Isso me deixava ainda mais irritada.

– Não!

– Que pena, vou encurtar seu discurso.

E então ele me beijou, um beijo calmo e voraz que só ele tinha, me fazendo ficar perdida no mundo dele. Bati em seus peito tentando me afastar mas ele segurou minhas mãos e me puxou para mais perto. Com o tempo fui cedendo e acabei caindo em seus encantos novamente.

– Se você acha que pode me beijar toda vez que brigarmos está muito enganado. – digo, quando consigo finalmente afastá-lo.

– Eu sei. Mas eu posso escrever músicas, te levar para passeios românticos e... – o interrompi.

– Isso é jogo sujo.

– Não, isso não é jogo sujo. É manter você em minha vida.

Sorri. Ele podia ser um cabeça de algas, idiota, impulsivo e exibido. Mas eu tinha certeza. Eu o amava por isso. E então o beijei novamente. Finalmente estava tudo dando certo. Ou quase tudo, mas já era um começo.


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Notas finais do capítulo

Último POV da Annie nenês'. Legal né? In love com Percabeth :3
Tudo bem que rolou bem mais coisas que Percabeth, mas tá.
Aliás, no capítulo passado eu recebi um número bem menor de reviews que no outro. Não gostaram? Porque... Eu tenho 91 leitores... (e muitas visualizações mesmo) e só dez deixam review. Poisé. Eu não vou fazer a parada da chantagem porque tem leitores que não merecem, aqueles ali que me deixam sorrindo a cada review, obrigada a vocês. E, para vocês que nunca nem fizeram um Ctrl + C/ Ctrl + V em nenhuma citação só pra dizer "foi minha parte favorita", não esperem a história acabar para me dizer que gostaram. Já estamos quase lá, não custa nada.
P.S.: Eu não revisei, tava na pressa. Era agora ou semana que vem. Achei que iam me matar se eu escolhesse semana que vem. Qualquer coisa em avisem.
Reviews? Favoritos? Recomendações? *.*
Alimentem a DI!!
Beijos