Impensável escrita por TheBlackWings


Capítulo 3
Third Chapter


Notas iniciais do capítulo

Não me odeiem.

Ou me odeiem. Tudo bem. Vai ser legal.



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– O ser humano possui um sistema muito complexo de sentidos. Não deve ter notado isso, pois é natural para você, mas a cada segundo o homem experimenta sensações novas.

Hades falava enquanto descia a escadaria do mirante em direção a cidade e Ikki tentava acompanhá-lo.

– O vento em um dia escaldante é agradável, e num dia frio é péssimo, uma chuva pode ser gelada ou morna, pode quase nem ser notada e pode causar uma tempestade. Desde os tempos mitológicos os deuses se interessam em provar estas sensações. Devo admitir, entre os deuses, sempre fui um dos mais curiosos nesse quesito.

Ikki não gostava do modo com que aquele estranho falava. Havia um tom malicioso em suas palavras. Ele o ouvia falar, mas já havia entendido o que queria dizer.

– Já experimentei muito desses sentidos, cavaleiro, mas há algo especial nesta era. Quanto mais o tempo passa mais formas de sentir o ser humano inventa. O sabor de um alimento cozido, ou de um líquido destilado. O calor do toque de uma pele – Ou mais de uma. A dor... Ah a dor de uma seta se cravando na pele, ou de um projétil cheio de pólvora explodindo em seu abdômen.

O cavaleiro engoliu a seco ouvindo aquele discurso. Hades a sua frente virou-se para ele enquanto falava.

– Você entendeu o que quero, não entendeu? Tenho aqui e agora a chance de ver os humanos encontrando seu fim e ao mesmo tempo desfrutar das sensações mais impensáveis de todos os tempos.

O cavaleiro não o viu desde àquela hora até o dia seguinte. Ele resolveu andejar mais pela cidade enquanto o cavaleiro voltou para casa. Queria ter perguntado mais coisas naquela oportunidade. Sentia uma angustia, aquelas palavras o assustaram. O que aquele deus pretendia fazer? O que pretendia fazer com Shun?

O dia terminou e o cavaleiro de fênix quase saiu atrás daquele desgraçado que estava arrastando o corpo do seu irmão pelas vielas da cidade. A única coisa que ainda o corroía, que tinha que saber era exatamente isso. Shun ainda estaria... vivo? Aquela questão era bizarra e surreal, mas o que não era naquele momento? Havia um deus mitológico habitando seu corpo, nada mais faz sentido.

Se estiver morto – Jurou Fênix – não importa o quão poderoso esse deus estúpido seja, eu vou arrancar sua pele!

Se estiver vivo... Por Athena, o que pode estar sentindo? Será que sentiu dor quando o ataquei? O que este maldito pode ter feito a ele? – Pensou.

Iria aguardar ali mesmo, afinal não tinha idéia de onde ele poderia estar, nem se iria voltar. Assim à noite passou, pegou no sono e de manhã quando acordou ele não havia aparecido. Os primeiros raios de sol estavam surgindo por de trás das águas do rio que beirava a cidade. O amanhecer deixou o rio cor de laranja, sabia disso por que já estava cruzando a calçada em frente à praça minúscula.

Caminhava furioso, de punhos cerrados e resmungando sem parar. Ele tinha que estar em algum lugar por ali, tinha certeza. Mas quando o viu no mesmo banco que no outro dia, literalmente seu sangue ferveu.

Estava deitado de costas no cimento, uma perna dobrada e a outra esticada. Um braço cobrindo os olhos, o outro caído sobre o tórax. Se aproximando dele, podia ver que estava rindo. Só podia ser da cara de Ikki ao ver a cena.

–Não... acredito... – Se a raiva fosse visível na pele, Ikki estaria vermelho agora. Aquilo só fez Hades cair na gargalhada. O cavaleiro ficou parado no mesmo lugar, num silêncio reprovador. Aquilo era ridículo. Passada a euforia do momento – Pelo menos para um deles – Hades levantou-se devagar, se sentando no banco, ainda sorrindo debochadamente. Ikki olhava para o outro lado, tentando não prestar atenção naquele estúpido.

Decidiu não perder tempo e lhe questionar logo, quando o fitou e seus olhos se arregalaram. Agora estava recostado, observando as águas. Tinha a camiseta cinza estava manchada de sangue. Pelo pescoço escorria o fluido de um corte gigantesco acima de sua sobrancelha esquerda e logo abaixo do canto rasgado de sua boca, além de um grande hematoma roxo neste mesmo canto do rosto. Mas ainda sim sorria.

– O... O que raios você fez? – Falou, perplexo.

– Me meti numa briga. – As palavras daquele deus irresponsável saíram como se fossem naturais. – Mas foi pior pra eles.

– Eu não acredito, como... como um deus pode estar agindo dessa forma... – Ikki perdeu a cabeça. Aquelas eram atitudes de um Deus? De um ser divino, do mesmo que desatou motivos sobre os quais afirmou a eminência do fim da humanidade agindo como um adolescente? Ver o rosto de seu irmão mais novo daquela forma o fez estremecer ao lembrar-se das perguntas que tinha feito a si mesmo.

– Não se preocupe, dor é insignificante para mim – Disse, sorridente alisando o ferimento mais grave com o dedo.

– Eu quero que você se exploda – Berrou aquelas palavras com ódio. – Mas esta atingindo o corpo do meu irmão! Eu...

As palavras lhe faltaram quando o olhar de Hades para ele o lembrou de sua impotência diante daquela situação. Não tinha condições de enfrentar um ser imortal, o máximo que conseguia seria causar mais sofrimento a Shun – E, claro, a destruição do planeta –. Ao encarar seus olhos verdes, via que era assim que seria. Sem fôlego, sem saber o que fazer.

– Ao menos, me deixe cuidar do corpo dele... – Nem parecia sua voz, sussurrada entre os dentes e o ego. Mas pareceu surtir efeito, pelo menos na expressão do rosto do deus. Seu sorriso diminuiu até deixar uma expressão de... compaixão, não, curiosidade.

–Você não é um exemplo de irmão protetor. Mas vou deixá-lo tentar uma vez.

De volta ao apartamento Ikki se lembrou que era um péssimo irmão mais velho. Aquilo estava errado, era Shun que devia estar fazendo um curativo nele e dando uma bronca, cheio de preocupação. Embora isso nunca tenha acontecido de fato, agora gostaria de ter tido esses momentos. Agora estava improvisando um pano para limpar o sangue. Seu irmão estava na mesma bendita poltrona de antes, agora sentado normalmente.

Manteve os olhos fechados enquanto Ikki limpava o sangue por todo o lado esquerdo de seu rosto, nervoso e desajeitado. O mais velho não pode deixar de pensar que aquela era a primeira vez que cuidava assim do irmão menor. Vivia protegendo-o em suas batalhas, pois sabia que por mais forte que fosse seus inimigos tinham uma grande vantagem sobre sua bondade, mas aquilo era diferente. Ali não eram companheiros de batalha. Era o mais velho cuidando do irmão caçula.

O jovem levantou o rosto para que limpasse o pescoço. Ikki percebeu as marcas roxas de seus dedos, continuavam ali o acusando. Também pensou em algo que ainda não tinha observado. Shun possuía olheiras, sua pele estava abatida e muito branca, sua boca tinha diversas feridas mal-cicatrizadas. Levantou a mão direita para pegar a gaze e terminar o serviço sozinho, e seus dedos eram cobertos de ferimentos, mas não como os pulsos. Hades notou os olhos de Ikki para aqueles cortes horizontais e profundos já a muito fechados, mas que jurava que ainda tinham os pontos metálicos costurados.

– Todo o tipo de sentidos, se lembra? –Sussurrou, umedecendo os lábios. – Quis ver como era sangrar até cair.

O mais velho desviou o olhar e engoliu a seco.

– Foi divertido. – O outro concluiu.

Ikki teve que se contentar em passar um remédio nos cortes profundos, que agora não sangravam mais. Mas as feridas ainda o incomodavam, além do grande hematoma roxo e das outras enfermidades. Agora mais afastado, observava o quanto estava magro. Doente. Estava definhando. Hades estava destruindo seu corpo.

–Você me fez perder muito tempo... – Abruptamente falou alto para Ikki ouvir. Ele deu de ombros. Lavou as mãos e no mesmo instante voltou para próximo do seu visitante.

– Preciso saber mais. – Começou a falar se aproximando. – Sobre meu irmão.

O deus afundou na poltrona, cruzou as penas magras, como se aguardasse pela pergunta, ou como se simplesmente não ligasse para ela. Ikki se sentou no pé da cama e respirou fundo.

– Shun. Ele está vivo? – Nunca teve tanto medo de ouvir uma resposta. O inquirido o fitava calmo, com um sorriso cansado. Levantou uma das mãos e a analisou.

– Este corpo parece vivo, não vê?

– Você entendeu. Quero saber de meu irmão, de sua mente, sua memória. De seu espírito.

Sua resposta imediata foi um sorriso breve e o som do couro da poltrona quando ele se acomodou novamente.

– Entendo que deve haver algo para manter este recipiente respirando – Ikki não gostou de como se referiu ao seu irmão, mas aquilo foi uma boa noticia. O deus continuou, fazendo-o engolir a seco.

– Eu sei o que você quer mesmo saber. Quer saber onde está, o que sente. Quer alimentar a esperança que tem de que eu o deixarei e que vocês voltarão de onde pararam. Mas eu lhe pergunto, por que isso cavaleiro? Passou anos sem sequer procurar saber onde ele estava ou o que fazia. Acha que agora pode voltar no tempo e virar um exemplo para ele?

Inclinou-se para frente. Estavam bem próximos fisicamente, apenas alguns metros entre a poltrona final da cama onde Ikki estava. O cavaleiro estava branco. Hades o encarou. Não era possível decifrar o sentimento que passava por seus olhos.

– Mas eu sei o que você realmente espera. Você acha que vai acordar de seu pesadelo, e nada vai mudar. Vai continuar sua vida medíocre sem ligar para onde seus companheiros estão, aqueles que se arriscaram por você tantas vezes, sem lhes dever sequer satisfações. Seu próprio sangue ira manter afastado. É fácil assim, não precisara se preocupar com o problema de mais ninguém, apenas os próprios. O resultado é que você é o maior egoísta que vi em tantos séculos.

Ikki estava pasmo, sem reação. Não podia discordar, havia sido exatamente desta forma, e sabia que continuaria sendo. Mas quando Hades concluiu, sentiu ter tomado o golpe derradeiro. Inclinado em sua direção, com os olhos de Shun defrontando os seus seriamente.

– Cavaleiro, se eu não tivesse aparecido nesta cidade, você jamais se importaria com o estado de Andrômeda. Se eu tivesse matado a todos no santuário, mas não tivesse um de meus soldados pisando neste lugar, você jamais saberia ou buscaria saber. Se você sentisse seu cosmo em necessidade no meio de uma batalha, você apareceria para salva-lo e logo voltaria para seu covil se sentindo o irmão heróico de sempre Mas se eu estivesse silenciosamente torturado seu corpo até que implorasse pela morte, você não procuraria saber se ele estava vivo. Você sabe disso. Ele sabe disso.

Um pesado silêncio caiu entre os dois, tão próximos. Seus olhos se encaravam friamente. Os olhos verdes de Shun, tão frios agora, pareciam acusar Ikki de todo aquilo que foi dito de novo e de novo. Ou talvez seja sua própria culpa que pesava sobre suas costas. Queria dizer que não era aquilo, que era diferente, mas não podia. Era assim.

Sentiu seus olhos se encherem de água. Levantou-se com um pulo, indo até a janela tentar respirar melhor.

Atrás dele ouviu o deus se levantar e dar alguns passos em volta. Ouviu o som do isqueiro se abrindo.

– Já perdi muito tempo aqui. Sabe Cavaleiro, já fui a muitos lugares nesse meio tempo, mas eu me canso muito rapidamente deles. Foi interessante observá-lo esses dias, mas foi tempo suficiente. Não sei nos veremos novamente, então boa sorte.

– O que? Espere... – Virou-se Ikki quando ouviu aquilo, mas era tarde. Já não estava mais ali. Sua fúria explodiu e gritou com todas as forças. – Maldito! Não pode fazer isso!

Sentou-se arrasado, segurando o rosto com as mãos furioso. Deixou as lágrimas escorrerem. Lágrimas de ódio. Ódio de Hades e de si mesmo.

A hipótese de não ver mais o irmão assombrava o cavaleiro de Fênix. Não podia pensar nisso, por isso não podia ficar parado esperando. Voltou ao porto, rodou a cidade, mas não obteve nem noticias dele.

Isso foi há três meses. Tomou a decisão enquanto encarava a si mesmo no reflexo do vidro da janela. Continuaria sendo aquele que Hades descreveu?

Agora se encontrava a centenas de quilômetros daquela cidade. Chegava a um novo lugar e no outro dia já ia para outro. No inicio foi desesperador, não tinha idéia de onde poderia ter ido. Rodou as cidades próximas sem sucesso. Sua primeira luz veio depois de quase um mês sem rumo quando um morador de rua afirmou ter visto alguém com sua descrição. Havia-lhe chamado a atenção porque chegou à cidade a pé, sem nada além da roupa do corpo.

De cidade em cidade, vilarejo ou localidade, buscava pistas que traçavam o caminho a seguir. Hades deixava sua presença onde passava. Um dono de um bar disse que o sujeito que descreveu provocou uma confusão com alguns motoqueiros no estabelecimento. Uma mulher duvidosa disse que havia agredido uma de suas moças. Soube que matou três homens com uma garrafa quebrada, entre eles um policial que tentou impedi-lo, depois sumiu como sempre.

Em cada lugar era uma historia diferente. Um homem insistiu que o viu dentro de uma igreja quando, por acaso, o padre teve um ataque de alucinações em pleno altar. Provou uma iguaria numa cidade famosa por sua comida e reclamou para o chef. Num boteco, soube que venceu uma disputa de quem bebia mais. Alguns jovens viciados em becos falavam que esteve entre eles, de traficantes ouviu que conseguiu coisas deles. Desgraçado...

Quando ninguém se lembrava dele, alguns detalhes lhe chamavam atenção. Numa cidade, pessoas afirmavam que tinham visto um demônio nas ruelas a noite. Noutra, uma mulher que havia sido seqüestrada foi encontrada esquartejada em uma casa, com dois seqüestradores igualmente mortos. Nesse caso preferiu não acreditar que era ele.

Os relatos foram ficando mais próximos. Um bartender o rosto envelhecido afirmou ter visto ele há apenas dois dias.

– Foi anteontem. Bebeu a noite toda, perdi as contas. Bebeu de tudo que tínhamos. Fiquei surpreso quando saiu tranquilamente na manhã seguinte.

No mesmo lugar soube que um homem comentou alto que haveria uma grande festança numa cidade próxima.

Era um palpite, mas foi para lá. Quando chegou, descobriu que havia acontecido uma grande festa em uma mansão que durou a tarde e a noite toda. Era uma cidade grande, de ruas largas e agitadas. Foi difícil descobrir algo ali.

Já estava convencido de que tinha se precipitado em ir aquela cidade. Talvez fosse impossível encontrá-lo. Mas preferia não pensar sobre aquilo. Havia decidido que iria atrás daquele crápula.

Rodou a cidade o dia todo. Foi a todos os lugares que seriam do feitio de Hades, onde preferia não ir. Não ouviu sequer uma informação que pudesse ajudar. Parado no centro da cidade olhou novamente as pessoas a sua volta tentando reconhecer um rosto familiar. Já escurecia, resolveu seguir em frente e esquecer aquele palpite errôneo. Estava começando a chuviscar. Dirigiu-se para o pequeno hotel onde havia se hospedado aquela noite, pronto para seguir para a próxima.

O hotel ficava mais afastado do centro, então cortou caminho por uma ruela larga e escura que ainda não tinha passado. No final dela, próximo até da estação de trem por onde chegou, havia mais uma taberna escura. Resolveu que seria a última tentativa, respirou fundo e entrou. Lugar minúsculo, com cheiro de mofo, mal iluminado, com pessoas mal encaradas sentadas em bancos bebendo.

Foi direto no balcão e passou a descrição novamente, que já havia repetido dezenas de vezes. O senhor que lhe atendeu ergueu uma sobrancelha e Ikki ouviu a historia estranha. Em um segundo empurrou a porta de entrada com força e correu para a ruela ao lado da taverna.

– Ele entrou aqui há uma hora - Disse o senhor. A ruela era apertada e cheia de bifurcações, para onde ir? Muito mal iluminada, só a luz que vinha das janelas entre abertas, sem postes de luz. A chuva engrossou para piorar ainda a visão do cavaleiro. Virou para a esquerda e direita, tentando seguir sua intuição. Já estava nervoso novamente.

–... Então saiu a mais de meia hora e seguiu por trás daqui do bar - Ikki corria olhando em volta, evitando entulhos pelo caminho. Passou por um grupo de três homens de caráter duvidoso - Merda, teria o perdido de novo? – Pensou. Seguiu reto, apenas seguiu reto. Não podia fazer nada mais apenas confiar em si mesmo, quando finalmente se deteve de supetão.

Já passava em frente à entrada de um beco que quase tinha passando batido. Era um beco sem saída de pouca profundidade, cheio de caixas de madeira e lixo. Com a chuva quase não dava para ver o fundo. Mas ali viu uma cena que fez suas pernas fraquejarem.

Era um corpo magro encolhido entre pedaços de madeira e um container de lixo, entre sacos e caixas de papelão. Tremia muito. Soluçava ou tossia, não podia diferenciar. As costas arcadas encostadas na parede de tijolos, os braços cruzados sobre o peito apertando com força, as pernas encolhidas, seus pés não firmavam o chão. Ikki sentiu um nó na garganta ao se aproximar. Não queria ver aquele rosto, aquele sorriso irônico novamente. Já imaginava o que o ouviria dizer entre risos sobre sua noite. O encarar com os olhos brilhando naquela escuridão, seguido de um comentário irônico qualquer.

Mas não foi isto que viu. Agora estava em frente do jovem encharcado. Tinha as roupas banhadas em sangue, que também formava uma poça ao seu redor. Os cabelos curtos colados no rosto. Quando o percebeu, se moveu com dificuldade. Levantou os olhos para ele.

Olhos desesperados, cheios de horror. Injetados de sangue, tremendo. A face distorcida, em prantos que se misturavam a água da chuva. Ofegante. Quando o viu seu rosto se contraiu mais, sua boca buscava ar. Ikki caiu de joelhos, lágrimas quentes escorreram de seus olhos, segurou o rosto do irmão com as mãos.

– Irmão... Sou eu... Ikki – Sua voz saiu balbuciada.

Shun apenas gritou.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá, expressem suas indignações nos reviews.