As Crônicas de Nárnia - O Filho do Rei escrita por Carrie Lerman


Capítulo 1
O Portal


Notas iniciais do capítulo

Só pretendo postar o segundo se tiver comentários. Beijos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/469024/chapter/1

Caspian X estava em seus últimos dias de vida, e precisava nomear seu substituto, aquele que governaria Nárnia abaixo do grande Leão Aslam. Porém o único conseguinte a usar a coroa havia sumido, assim deixando o alto posto a mercê de governantes de outros países, que ansiavam por garantir seu governo em Cair Paravel. Dessa vez não havia a possibilidade de retorno dos reis antigos, Pedro, Lucia, Edmundo e Suzana, mas isso não significava que o reino de Nárnia estaria perdido.

Havia uma garota, uma jovem de longos cabelos loiros e olhos azulados que guardava em seu poder um presente dado por seu avô. A menina ouvia atenta desde muito pequena às histórias tiradas daquele livro e lidas pelo velho homem, que quando deixou aquele mundo, fez questão de passar para a neta, seu legado mais precioso. A chave de um portal...

Sim Joana Morgenstern recebera como herança um livro mágico, e ao encher-se de coragem para o ler, dois anos após a morte do avô ela se deparou com algo estranho e surpreendente. As palavras embaralhadas em uma língua desconhecida fizeram-na se perguntar como seu avô poderia ter lido aquele livro por tantos anos, sendo que aquela parecia ser apenas uma língua morta, sem tradução. Mas ao forçar sua mente para entender, as palavras passaram a tomar forma e fazer sentido.

- Procure debaixo das sete arvores os sete frutos proibidos e encontrará a verdade... –ela lia as linhas que ao mesmo tempo em que se criavam se apagavam.

Uma luz brotava as suas costas enquanto ela lia, o portal estava sendo aberto através, de um espelho a única ferramenta ainda usada pelos viajantes temporários. Joana virou-se assustada, enquanto as folhas do livro viravam-se rapidamente. Com a coragem em seu sangue, e instinto ela se aproximou do espelho vendo um reflexo que não deveria estar ali. Havia um lindo bosque, rodeado por árvores de grande espessura, e muito altas do chão, ela tocou a imagem com seus dedos, e foi tomada pela luz, imediatamente se vendo de joelhos sobre folhas cegas de árvores. O sol atravessava por entre os galhos altos e feixes de raio de sol preenchiam a paisagem, tornando-a incomparável.

- Não. –ela resmungava pra si mesma. – Não, não pode ser, não está acontecendo. –dizia a garota de poucos dezessete anos.

Joana sabia onde estava, sabia que seu avô lhe contará sobre aquele lugar por anos, ela só não acreditava que ele era tão real como ele contava em suas histórias. Joana levantou-se e começou a andar, vagou pelo lugar sem rumo até se deparar com um rio de águas cristalinas.

- Finalmente um pouco de água. –ela sorriu aliviada e correu até a margem para beber um pouco daquela fonte.

Sua distração não a deixou notar que alguém se aproximava pelas suas costas. A jovem foi surpreendida pelo reflexo de três homens na água. Quando se levantou assustada, sentiu um dos sujeitos com barba por fazer, e cheirando mal lhe segurar pelo pescoço, e lhe perguntar mostrando todos seus dentes asquerosos na boca.

- O que uma donzela como você faz sozinha neste lugar? –disse o homem mal encarado.

- Por favor, me solta. –ela segurava os pulsos do homem, enquanto seus olhos imploravam para não ser ferida.

- E por que eu faria isso? –ele riu. – Você é a coisa mais preciosa que encontramos em semanas... –todos riram.

- Por favor, eu não tenho nada a oferecer, me deixem em paz. –ela choramingava apavorada.

- Devemos deixá-la ir? –disse o homem questionando seus companheiros. – Ou devemos procurar algo que valha a pena? –ele voltou a olhar a garota e aproximou suas narinas do rosto dela, buscando pelo seu doce cheiro.

Não muito longe dali, um jovem vagava em uma missão pessoal. Estava concentrado em seguir seu rumo, e apenas isso, mas ao ouvir a voz aflita daquela moça, seus instintos cavalheiros não o deixaram seguir em frente sem retornar ao ponto onde aquela moça necessitava de ajuda. Ele empunhou sua espada em riste e se aproximou em passos firmes e imediatamente dando o aviso:

- Soltem a garota. –gritou ele apontando sua lamina na direção dos três homens.

- Em nome de quem? –disse um deles se aproximando.

- Em nome de Aslam, e em nome do rei. –respondeu o rapaz com olhar forte e determinado.

- Há há em nome do rei. Seu rei está moribundo, em breve Nárnia não terá mais um rei. –rebateu com deboche.

- Está enganado, o rei ainda vive. –afirmou o rapaz franzindo a testa.

- Por pouco tempo. –disse o homem que agarrava a garota nos braços. – E você também se não desaparecer daqui garoto.

- Se ela vir comigo... –ela disse num tom irônico virando o rosto e olhando a loira cativa.

- Está disposto a brigar por ela? Com nós três? –questionou o segundo sujeito.

- A menos que ela queira ficar, sim... Você quer ficar com eles? –ele se dirigiu a moça.

- Não. –ela balançou imediatamente a cabeça em negação com os olhos arregalados.

- Então temos um problema. –o rapaz se prostrou em posição de batalha e seguiu. – Quem ficar de pé, fica com a garota.

Assim os homens esboçaram um riso debochado e logo um deles partiu para cima do jovem, que não demorou a reagir. Eles travaram uma luta de espadas que durou pouco tempo, tendo o homem mais velho como único caído no chão. Irritado, o seguinte partiu para o ataque e desvencilhou sua espada contra o jovem que com muita categoria e agilidade também o jogou no chão, deixando com vários arranhões, e peças de roupa rasgadas.

- Muito bem, só falta um! –o rapaz sorriu vitorioso chamando o terceiro oponente.

- Ah seu moleque... –o homem jogou a garota contra o chão e partiu pra cima do rapaz, que pareceu ter mais dificuldade com o terceiro homem.

Suas laminas cruzaram-se inúmeras vezes no alto, entre ambos, abaixo deles, pelas suas costas, em círculos, e em uma reta arriscada, mas então finalmente o jovem deu um golpe de misericórdia deixando o homem maior a seus pés, mantendo sua espada cravada sobre o ombro de tal sujeito.

- Agora leve seus homens daqui, e nos deixe em paz. –disse o rapaz empurrando o ombro do homem com um dos pés enquanto puxava sua espada de volta e a guardava na cintura.

Ele andou até a garota enquanto essa se mantinha no chão, vendo os três saqueadores se levantarem com dificuldade se apoiando um no outro e seguirem seus caminhos em silencio com expressão derrotada.

- Você está bem? –perguntou o rapaz.

- Bem? –ela disse num surto de pavor. – Eu fui atacada por aqueles caras, e... Quem é você? –disse ela o olhando dos pés a cabeça com expressão confusa.

- Meu nome é Rillian. Sou filho do rei... –disse ele estendendo a mão, e ficando no vácuo.

- Filho do rei? – ela revirou os olhos, assim como o rosto. – De Nárnia?

- Sim, onde acha que está na Arquelância?

- O que? –ela disse num berro súbito.

- Pode parar de gritar? –reclamou o jovem príncipe. – Meus ouvidos são sensíveis e sua voz é muito aguda.

- Grosso. –ela bufou e cruzou os braços passando pelo jovem Rillian.

- Aonde vai? –ele questionou.

- Pra casa, já me cansei desse lugar. –ela resmungou seguindo em frente.

- De nada! –disse ele franzindo a testa e balançando a cabeça negativamente. – Garota maluca. Hey, ao menos sabe pra onde tá indo? –

- Claro que... –ela se virou e o encarou. – Não. –deu de ombros.

Mais uma vez Rillian sacudiu a cabeça e rindo deu alguns passos rumo a mesma direção que a garota.

- Me siga, se quiser sair viva daqui. –disse ao passar por ela e logo seguiu em frente.

Contrariada Joana seguiu aquele rapaz desconhecido por um longo caminho, enquanto discutiam sobre onde iriam e sobre onde estavam. Depois de algumas horas de viagem, na qual perceberam que definitivamente não nasceram para se dar bem, o príncipe resolveu parar e descansar próximo a uma caverna. O que foi mais um motivo para discussão:

- Passar a noite numa caverna é uma ótima ideia majestade. –disse Joana enquanto Rillian sentava-se em uma pedra.

- Se preferir pode ficar lá fora... –ele disse apontando a externa da caverna. – Isso me dará tempo...

- Tempo pra que?

- Pra me preparar pra atacar enquanto você grita...

- Idiota. –ela resmungou e procurou um lugar pra dormir.

Na manhã seguinte, ambos partiram mais uma vez sem um rumo certo, mas sabendo que seguiam ao norte. Joana estava cansada, faminta e com dores no corpo, e não abriu a boca o caminho todo. Quando se sentiu incomodado com o silencio dela, Rillian se manifestou:

- Ainda não me disse seu nome...

- Joana. –ela respondeu em tom fraco.

- Prazer Joana...

- Então... Se você é mesmo filho do rei, porque não tá por aí cortejando moças?

- Por que a vida de um sucessor ao trono é mais do que paquerar garotas! –disse ele erguendo uma sobrancelha. – Embora essa parte também seja bem legal! – ele sorriu de um jeito maroto enquanto subia sobre algumas pedras no caminho.

- Ah. –e então ela revirou os olhos mostrando desgostar da conversa.

- Meu pai está morrendo, e eu não sei se sou bom o suficiente para substituí-lo. –confessou o jovem de olhos azuis, como os da mãe.

- Bom você mandou bem com aqueles caras...

- Esse é seu jeito de agradecer? –ele riu.

- Não.

- Como veio parar aqui? Por que é meio evidente que não é de Nárnia... Aliás, que não é desse tempo. –disse ele olhando as roupas modernas da garota, que vestia jeans, all star e blusinha.

- Meu avô... Acho que ele sabia como abrir um tipo de portal, sei lá o que... –ela dizia enquanto andava atrás do rapaz.

- Como ele se chama?

- Chamava... Ele morreu tem dois anos.

- Sinto muito.

- Tudo bem...

Alguns segundos depois do silencio, como se a ausência de conversa fosse um tipo de oferenda a memória do ente querido, Joana seguiu:

- O nome dele era Gregório. Era um bom homem... –disse ela com saudade em seus sentimentos.

- Ele esteve em Nárnia. –concluiu Rillian, olhando o céu a cima.

- É uma pergunta ou está afirmando?

- Se ele conhece... Desculpa, conhecia um modo de vir aqui, é porque já esteve antes.

- Como?

- Não sei, mas vamos descobrir... Deve haver uma razão pra você... –Rillian parou e interrogou a garota com seus olhos atentos. – Estar aqui.

Joana apenas concordou e continuou seguindo os passos do príncipe, futuro rei predestinado ao trono de Nárnia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas de Nárnia - O Filho do Rei" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.