Novamente escrita por Schmerzen


Capítulo 1
Novamente


Notas iniciais do capítulo

Minha linha do tempo preferida para Wolfstar é, com toda certeza, enquanto eles frequentam Hogwarts. Quem acompanha o que escrevo já deve ter percebido que quase nunca fujo dessa época.
Às vezes escrevo algumas deles já fora de Hogwarts, mas nunca havia feito nenhuma situada na linha do tempo dos livros; Essa está entre O Prisioneiro de Azkaban e O Cálice de Fogo.

Terminei ela no mesmo dia que comecei, se não me engano, há muito tempo. Mas o que me falta sempre pra postar o que escrevo é criatividade para título/sinopse.



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A primeira vez que se falaram depois de tudo o que aconteceu foi quando Remus recebeu uma carta pela manhã. Ele se espantou, pois era raríssimo que alguma coruja batesse em sua janela. Depois teve medo, pois aquela parecia uma coruja que o Ministério da Magia mandaria. E cartas do ministério, especialmente as mandadas para ele, eram horríveis.

Pegou o pedaço de pergaminho e o desenrolou, vendo apenas uma pequena palavra no centro.

Moony

Soube de quem era na mesma hora. E não pelo apelido, que só ele usaria, mas pela letra. Treze anos depois, treze anos! E não havia esquecido a letra elegante de Sirius Black. Nem seu cheiro.

Moveu os lábios em um pequeno sorriso.

Depois que Peter fugiu novamente naquela noite e ele se transformou em lobisomem, atacando Padfoot, havia achado que o amigo finalmente o odiava, como merecia. Afinal, por sua culpa, Sirius Black ainda era considerado culpado e era um foragido.

Quando sua transformação se finalizou e Remus descobriu o que tinha acontecido, quase começou a chorar ali mesmo. Mas Dumbledore o tranquilizou; Harry havia ajudado Sirius a fugir e ele estava vivo – e com sua alma no lugar onde devia estar.

E então foi para sua casa novamente. Nunca mais falou com Sirius, até aquela carta chegar.

Remus pegou um pedaço de pergaminho, uma pena que encontrou em algum lugar e o resto de tinta dentro de um armário. Escreveu rapidamente e colocou na perna da mesma coruja, que ainda esperava, pacientemente.

Padfoot

A bela coruja preta alçou voo. Remus nunca mais a viu.

-

Contudo, alguns dias depois, outra coruja o aguardava de manhã. Quase derrubou o café quente em si mesmo, na pressa de ler o que estava naquele pergaminho.

Me perdoe.

Lágrimas escorreram lentamente pelo seu rosto. A coruja apenas assistia a isso.

Pelo quê?

O lado bom daquelas cartas – bilhetes? – trocadas pelos dois era que qualquer um que a pegasse não entenderia nada. Apenas duas ou três palavras em um pergaminho, sem remetente ou destinatário. Remus e Sirius não precisavam disso.

Esperou ansiosamente pela resposta do moreno. Realmente queria saber o motivo de ele pedir perdão. Nunca havia feito nenhum mal a Lupin. Apenas bem. Sirius Black sempre fizera bem a ele.

-

Remus não queria criar expectativa nenhuma, mas a verdade é que acordava todo dia olhando para a janela, implorando para ver uma coruja ali. No sexto dia de espera, ele viu.

Desenrolou o pergaminho com pressa e sentiu vontade de gritar de dor quando leu a resposta.

Por te abandonar, quando prometi que não o faria.

Quis ver Sirius imediatamente e dizer a ele que não fora abandonado. Quis implorar a ele que o perdoasse, por ter desconfiado dele. Por ter acreditado no que as pessoas falaram a seu respeito.

E tudo o que Sirius pensava era em sua promessa quebrada. Remus quis beijá-lo.

Está se desculpando por ter sido jogado injustamente em Azkaban por doze anos?

Quando leu o que havia escrito, quase amassou e jogou fora. Aquilo era comprometedor demais. Se interceptado, revelaria, no mínimo, o destinatário da mensagem. Afinal, quem havia passado doze anos em Azkaban e agora estava livre, se não Sirius?

Depois, pensou bem e enviou. Ninguém saberia quem mandara e, além do mais, estava escrito ali que ele era inocente.

Aquela foi a última carta trocada com Sirius durante um bom tempo – tempo demais para ele.

-

No dia de seu aniversário, Remus acordou e agiu como em um dia normal. Sem comemorações, sem amigos, sem felicidade. Nunca mais comemorou seu aniversário depois da morte de James – e consequente prisão de Sirius.

Levou um susto quando uma coruja enorme entrou batendo as asas majestosas e pousou em sua mesa. Ela trazia um embrulho grande e uma carta. Abriu o presente com curiosidade. Uma caixa com mais ou menos cinquenta tipos de bombons recheados diferentes. A carta tinha apenas uma pegada de cachorro e Remus percebeu que havia sido feita com chocolate.

Riu como nunca havia rido por treze anos. Sirius ainda se lembrava de como desarmá-lo.

Viu outra carta cair do envelope.

Nos veremos em breve.

-

Ele estava certo. Não demorou muito para que Remus fosse surpreendido com uma batida na sua porta, pela manhã. Quando abriu, Sirius o olhava com um meio sorriso. Ficou um tempo sem ação, até que sentiu os braços do moreno ao redor dele. Então retribuiu com a maior força que podia.

- Senti sua falta. Você não faz ideia.

- Eu também. Mais do que você.

- Não tem como saber isso, Sirius – ele deu uma risadinha.

- Ah, eu sei sim. Senti sua falta – repetiu as palavras do castanho.

Remus o empurrou até o sofá. Perguntou se ele estava com fome. Sirius disse que não. Ficaram alguns minutos apenas se encarando. Sem realmente acreditar naquilo.

- Gostou do meu presente? – Sirius foi quem quebrou o silêncio, com um sorriso.

- Está brincando? Eu amei o presente! Mas acredito que você também aproveitou um pouquinho, não é? Aquela pegada de chocolate te entregou.

Remus assistiu encantado enquanto Sirius gargalhava. Queria que ele fosse feliz, depois de doze anos com os dementadores. Queria fazê-lo rir.

- Você ainda gosta de chocolate tanto quanto gostava antes? – Remus assentiu com entusiasmo. – Deve ter comido tudo em dois dias.

- Talvez em um – ele murmurou constrangido.

- Merlin! Comeu cinquenta e três bombons em um dia?!

- Comi – admitiu, rindo também. – Ahn, por que foram cinquenta e três? Algum número especial?

- Bom, eram cinquenta e cinco. Mas um eu comi e o outro usei para melecar a pata e fazer aquela pegada. E comi também, depois – ele admitiu.

- Continua roubando meus chocolates, não é?

- E você continua o mesmo, Moony – Sirius sorriu. Mas o sorriso não chegou a seus olhos.

- Você não. Você mudou – ele respondeu triste. – Mudou muito, Sirius. Sinto falta do seu sorriso. Aquele verdadeiro, que começava em seus olhos.

Sirius parou de fingir e desfez o sorriso. A dor nas orbes cinzentas pareceu aumentar tanto que Remus quase ofegou. Tocou o rosto dele com as mãos trêmulas, observando-o fechar os olhos com a carícia.

- Sinto sua falta – murmurou novamente, antes de beijá-lo.

Sirius retribuiu lentamente, apenas aproveitando os segundos que os lábios estavam colados. Virou a cabeça para a direita, abrindo a boca de Remus com a sua e encostou as línguas, aprofundando o beijo. Uma mão subiu para o pescoço do castanho automaticamente, a outra já presa na cintura dele.

Todos os beijos que já havia trocado com Remus, todas as memórias, pareceram voltar naquele momento. Todas que haviam se perdido para os dementadores. Talvez eles não roubassem, apenas as escondessem fundo, muito fundo, no próprio cérebro da vítima, para que ela não mais encontrasse.

Mas Sirius havia dado um jeito de se lembrar. Encontrara alguém disposto a ajudá-lo a ter novas boas lembranças e, assim, trazer de volta as antigas. Quando se deu conta, já estava deitado em cima de Lupin, que acariciava suas costas por baixo da roupa.

- Podemos ir para o seu quarto? – perguntou, ainda beijando todo pedaço de pele que estava descoberto.

- Não pense que vai chegar aqui e, na mesma hora, me levar para a cama – Lupin brincou, os olhos fechados.

- Ah, Moony... Seja bonzinho, eu te dei chocolate.

- Está bem. Mas só por causa do chocolate – ele riu, sentindo a boca de Sirius na sua novamente.

Lupin levantou, puxando o moreno com ele. Andaram meio abraçados, ainda se beijando, até a porta do quarto, que um deles abriu. Sirius empurrou Remus lentamente, os olhos escuros de excitação, até que ele caísse na cama. Deitou por cima dele em seguida, já sem camisa.

Lupin sentiu sua calça ser arrancada com pressa e riu. Sirius nunca foi um exemplo de paciência... na cama só ficava pior. Não que ele estivesse em condições de esperar muito tempo.

- Se quiser parar de rir e me ajudar, eu agradeceria.

Riu ainda mais. Riu porque estava feliz, riu porque estava na cama, com Sirius, como nunca pensou que estaria novamente. Riu porque estava sendo beijado. Riu quando percebeu Sirius rindo também.

Tirou parcialmente a calça do outro com um puxão e buscou seus lábios, sedento. Queria mais. Mais e mais, queria saciar sua saudade. Sua saudade de treze anos. E naquele ato eles superaram todas as feridas, todas as mágoas. Porque eram um só, novamente.

-

Sirius olhou para a janela fechada do quarto de Remus e percebeu que estava tudo escuro lá fora. Mesmo na pouca iluminação podia ver claramente o homem em seus braços. Seu rosto sereno tinha um sorriso discreto e ele ressonava baixinho. Os cabelos agora tinham fios cinzentos perdidos no meio do castanho. Sirius não se importava; seus olhos também eram cinzentos.

Viu algumas das cicatrizes no peito do namorado e sentiu uma pontada de dor. Quantas luas cheias ele havia passado sem ninguém para ajudar? Sem nenhum cachorro para dar conforto a ele na manhã seguinte... Cento e cinquenta e seis noites de desespero, sozinho.

Apertou-o mais fortemente contra si, numa promessa silenciosa de que a partir de agora seria diferente. Estaria com ele, não importa o que acontecesse. E dessa vez, não quebraria a promessa.

Beijou o rosto de Lupin com cuidado para não acordá-lo. Fechou os olhos para aproveitar aquela sensação. A sensação de tê-lo novamente nos braços e de estar novamente em seus braços. E dormiu, com um sorriso nos lábios por saber que, naquela noite, nenhum dementador tiraria Remus dele.


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