Never Enough escrita por Daidai


Capítulo 1
One-shot




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Em torno de 1530 nasceu Nicholas na Itália. Fruto de uma família humilde. Seu pai era carpinteiro e a mãe, passava boa parte do tempo ajudando enfermos. Ela buscava a cura através de recursos da natureza e em sua época era tida como bruxa. Na verdade era exatamente o que Suzanna era. Estudava magia com o objetivo de ajudar quem precisasse. O garoto, Nicholas, tinha olhos tão azuis quanto o céu. Claros e límpidos. Era uma criança linda, porém algo nele era diferente.

 

Desde tão pequeno, seu instinto era assassino. Sua diversão era brincar pelo bosque perto de casa e matar os pequenos animais que via. Com exatos 5 anos de idade. Ele não só matava como analisava cada parte dos órgãos internos e ás vezes via graça em realizar mudanças nas aparências dos animais mortos. Seu pai trabalhava demais e sua mãe dividia a atenção a ele e aos pacientes que cuidava. Todas as noites, Nicholas observava os aprendizados de sua mãe em bruxaria. Aquilo o fascinava. Aos 8 anos de idade, já sabia executar muito bem, várias magias.

 

Várias pessoas apareceram mortas durante um tempo e justo, as que ele menos simpatizava, principalmente crianças de sua idade. O que diziam ser epidemia era fruto de magia, disseminando uma doença inexplicável que matava com eficácia suas vítimas com uma febre intensa. Bruxas naquela época eram caçadas e mortas em praça pública na frente de todos. Não demorou muito que o constante movimento dentro da casa de Nicholas fosse notado por oficiais do rei, que passaram a espionar os afazeres daquela família. Nicholas podia pressenti-los e por isso portava-se bem diante de presenças estranhas, mas sua mãe um dia foi pega.

 

-Nicholas! Nicholas! Rápido. - Vinha à mulher gorda de trajes coloridos e cafonas, mais uma das pacientes de sua mãe, parecia assustada e bastante nervosa. Nicholas já era um adolescente, em torno dos 15 anos.

 

-O que houve? - disse inerte de emoções, apenas a observava indiferente.

 

-Eles pegaram sua mãe, pegaram! Ela está na praça! Rápido, rápido. Vem comigo. - Segurou a mão de Nicholas e sem esperar começou a andar rápido, rumo a praça, próxima a casa dele.

 

Nicholas não respondeu, sequer precisou. Seu olhar mostrou pânico. Ele amava sua mãe mais do que tudo. Chegou a tal praça e uma multidão havia se formado lá. - Um bando de humanos estúpidos - Ele pensava.

Ele correu e tentou socorrer sua mãe. Ela mesmo assim, tinha um semblante tão angelical, como se estivesse conformada, presa em uma cruz, rodeada por lenha enquanto jogavam pedras nela. Eles dois trocaram olhares e pela primeira vez, Nicholas derramou lágrimas. O menino não chorava, nem por machucados ou fome. Foi barrado por guardas altos e armados de espadas quando se aproximou da mulher presa. Nicholas estava perplexo... Ele resolveu que usaria magia, mas por alguma razão estranha, ele não conseguia invocar coisa alguma. Era como se sua mãe o tivesse proibido. A lenha foi acesa e pouco a pouco o fogo crescia e consumia Suzanna, tão bela em um vestido em tons claros, branco e pastel. Parecia um anjo sendo consumado em chamas. Nicholas estava apático e pode ver pessoas que foram salvas por sua mãe, bem ali a crucificando e chamando de bruxa.

 

-Hipócritas... Raça maldita... -Resmungou para si mesmo. Um ódio sem igual consumia seu coração. Caso tivesse forças, mataria a todos ali e seu olhar era como de um animal selvagem prestes a dar o bote. Ele observou bem, cada expressão ali presente, cada rosto. O ar recebia as cinzas da lenha queimada e do corpo da bruxa em decomposição e pareciam colorir as íris azuis do jovem bruxo. Os olhos antes tão límpidos e claros ganharam um tom negro sombrio. Carregado de ódio. Vingança era a única coisa que vinha em sua mente. Ficou até o final, até restar partes do esqueleto de sua mãe e seu pai estava lá também. Miguel voltou junto do filho para casa. Ambos destruídos pela morte da mulher.


 

Miguel caiu em depressão, enlouqueceu, dizia receber chamados de Suzanna. Um dia ele se aproximou de Nicholas e cravou uma adaga no próprio peito. O suicídio foi cometido assim, tão simplesmente na frente do próprio filho, ainda menor de idade. Nicholas não era tão ligado ao pai, mas se viu sozinho e naquele momento sentiu mais ódio ainda. Um pai covarde era só o que faltava.

No dia seguinte em sua casa um homem surgiu. Kiwamu era seu nome. Nome estranho, aparência estranha. Ele tinha olhos puxados e um sotaque de outro lugar. Kiwamu se apresentou e contou que seu pai havia pedido para que fosse responsável em cuidar dele.

 

Da humilde casa, Nicholas mudou para um luxuoso casarão. Para maior de suas felicidades Kiwamu também era um bruxo e lhe fez questão de ensinar bastante do que sabia. Magias mais pesadas, pactos. Nicholas tornou-se ainda mais macabro, suas experiências com humanos e animais era um verdadeiro banho de sangue e horror. Notável que Kiwamu admirava o olhar frio e sádico do jovem e Nicholas apegou-se facilmente a Kiwamu. Tinha ele como pai e Kiwamu a ele como filho. Um tempo depois, aproximadamente 1 ano, resolveu reaparecer no local em que vivia. Como era um local pequeno, sabia exatamente aonde achar boa parte das pessoas. Sua intenção foi óbvia, era o dia de se vingar. Ele buscou uma pedra. Nessa pedra, ele banhou com o próprio sangue e fez uma invocação em latim. Sem ser percebido passou na porta da casa de algumas das pessoas que estavam no dia da morte de sua mãe e riscou uma cruz com a tal pedra, no chão diante da entrada das residências.

 

O que aconteceu de fato? Todas as pessoas das casas marcadas morreram de ataque cardíaco, mas não antes de surtarem, dizendo estar vendo Suzanna. Tanto que até exorcistas foram chamados.  Pronto, metade das pessoas havia morrido e aquele local ficou tido como mal-assombrado. Kiwamu sabia muito bem que aquilo tinha sido obra de seu “filho” e não o reprovou, sequer questionou.

 

21° aniversário de Nicholas. Comemoraram com uma boa festa, apenas nobres e mulheres bonitas. Kiwamu havia pagado as prostitutas mais lindas para entreter seu filho. No término da festa havia restado apenas as garotas que entreteriam Nicholas. Estavam bêbadas já. Kiwamu então chamou Nicholas para perto de si.

 

-Finalmente chegou o momento... De você saber a verdade sobre mim. - Os caninos cresceram afiados e os olhos negros ficaram amarelados. Fitou Nicholas e mesmo com aquela transformação, o jovem não se assustou, pelo contrário, seus olhos vibraram. Kiwamu prosseguiu: -Há muito tempo venho procurando um herdeiro. Para que eu possa ensinar meus conhecimentos e dar continuidade a minha linhagem. Faço parte de uma família nobre no clã de vampiros, chamado Toreador. Desde que você tinha 8 anos, venho te acompanhando. O vi pela primeira vez em um bosque, durante a noite e você se divertia matando alguns animais. Nunca tinha visto uma criança sem medo da noite, da solidão, da morte. Você me fascinou. Mas era muito jovem para ser um vampiro. Após a fatalidade da sua mãe e diante da loucura do seu pai, decidi que assumiria sua guarda e lhe ensinaria um bom conceito sobre bruxaria. Você tem um dom, é abençoado. Agora chegou a hora de receber um novo dom, o da imortalidade...

 


 

Nicholas apenas escutava atento e admirado, de fato sequer Kiwamu precisou perguntar o desejo do jovem e logo foi feita a transformação. As vítimas de Nicholas foram às prostitutas na sala. Elas estavam lá para isso mesmo, lhe dar prazer e após o sangue. O jovem herdeiro de Kiwamu dedicou parte de seu tempo com estudos. Ele tinha uma imensa sede por conhecimento. Amava ciências e estudos sobre medicina. Ele tinha uma espécie de laboratório no subsolo da mansão qual vivia, um verdadeiro show de horrores. Ele matava sem qualquer piedade, era frio demais.

 

Kiwamu um dia conversou com seu afilhado. Expôs o desejo de ter outra cria, qual seria seu irmão. Seria uma dupla. Notando os novos padrões de vida dos dois, Kiwamu comprou um castelo. Lá pode abrigar o show de horrores do filho e mais uma ampla biblioteca, com tudo que eles precisavam. Um tempo depois, voltou para o castelo com um jovem loiro, chamado Yuuki. Sua nova cria. Nicholas foi encarregado de cuidar do outro como seu irmão mais novo. O primeiro herdeiro não teve problemas com isso. Às vezes Kiwamu sumia por dias e deixava toda a responsabilidade para Nicholas. Nicholas recebeu o sobrenome do mestre e era legalizado como filho dele. Depois de algum tempo, Yuuki parecia incomodado com as vantagens do irmão mais velho. O loiro passou então a criar uma contenda entre os dois. Como Nicholas nunca foi exemplo de boa índole, passou a atacar diretamente o loiro e o castelo se tornou guerra entre as crias do Kiwamu. Com isso, os castigos severos foram aplicados aos dois e o ódio entre ambos também. Nicholas tinha vontade de matar Yuuki e só não o fazia em respeito à Kiwamu. Algumas vezes preferia caminhar sem rumo durante a noite para estudar, do que ficar no castelo e ter de aturar a voz irritante do mais novo. Foi num desses passeios que encontrou Anna.

 

Anna era uma camponesa de aparência atraente, cabelos dourados e ondulados, extremamente compridos. Pele clara e tinha sardas no rosto, o que a deixavam graciosa. Olhos grandes e castanhos. Ela colhia algumas flores em um campo. Já era de noite e a luz da lua refletia em sua pele. Era uma visão linda... Teria a honra de fazer dela sua refeição e os caninos surgiram para ameaçá-la, mas algo no olhar dela não permitiu que ele pudesse atacar. Ela tinha uma pureza sem igual. Algo tão oposto do rapaz, que lhe assustou. Embora a aparência vampírica do moreno estivesse formada e diante da loira, ela não o temeu. Foi previsível e se apaixonaram perdidamente um pelo outro. Nicholas a amava de verdade e vice e versa. Pela primeira vez ele sentia e o amor que tinha por ela era extremamente puro. Suas atitudes antes macabras se tornaram em menor escala, ele estava mudando. A felicidade era algo mais visível em si. Brigava até menos com Yuuki e seus olhos gradativamente voltaram ao tom azulado. Anna acabou aprendendo com o namorado, vários tipos de magia.


 

Kiwamu recebia no castelo, vários vampiros, dos mais variados e importantes cargos. Ele era um importante vampiro também, respeitado por muitos por seus conhecimentos e força.

O que ele mal imaginava é que Nicholas estava sobre a mira do Conselho dos vampiros, formado pelos noturnos veteranos líderes de regras destinadas aos vampiros. Eles consideraram Nicholas um risco a vida humana e vampírica e o teste final para que sentenciassem a morte da cria de Kiwamu foi quando acharam o laboratório de horrores dele e fizeram um teste. Um dos líderes fingiu se passar por um vampiro qualquer e atacou Anna no meio da noite quando ela voltava para casa. Nicholas o matou de imediato. Aquele homem morto por Nicholas era tido com um dos mais fortes e antigos da história. Simplesmente o Conselho entrou em pânico. Achavam que o primeiro filho de Kiwamu sofreria terrores na mão de Tuomas e foi bem diferente.

 

Nicholas também havia matado outros noturnos, o que era proibido e fez escondido de seu mestre para pesquisas pessoais. Seria punido até mesmo pelo mais velho caso descobrisse.

O Conselho tentou matá-lo inúmeras vezes sem sucesso até resolverem pensar em uma estratégia. Anna sabia bem, seu amado corria risco. Nicholas se importava totalmente com a integridade de sua quase esposa e temia que ela perdesse aquele brilho especial que tinha nos olhos, por isso, não tivera coragem de transformá-la em vampira. A camponesa agiu e aprendeu algumas magias escondida de Nicholas. Pediu ajuda a Yuuki e Kiwamu algumas vezes. O Conselho foi procurá-la. Ela fingiu se aliar a eles com o único intuito de salvar Nicholas e o único que conhecia seus planos era Kiwamu.

 

Chovia bastante naquela noite de outono. Nicholas recebeu um aviso. Sua amada tinha sido seqüestrada pelo Conselho e deveria se entregar para salvá-la. Ele foi de imediato e Kiwamu ordenou Yuuki para que o acompanhasse e desse guarda. O mais velho tinha problemas também... O Conselho enviou 200 vampiros para destruir o precioso castelo do mestre do vampiro procurado. Kiwamu precisava detê-los. O castelo abrigava relíquias, escrituras importantes entre outras coisas. Nicholas encontrou os anciões em um campo aberto. Sua amada estava lá e eles a soltaram quando o vampiro se entregou. Obviamente ele agiria junto de Yuuki e aniquilaria todos os velhotes do Conselho, porém... Foi surpreendido por algo. O abraço que deu em Anna; Das mãos da loira uma adaga de prata perfurou seus pulmões. Adaga banhada com uma magia para matá-lo, assim pensava o Conselho, mas ela havia trocado. Ela sabia que aqueles líderes juntos, podiam acabar de verdade com Nicholas e pensou um pouco antes de prosseguir, Yuuki estava lá, mas... Ele fugiu. Estava apenas Nicholas e ela e não teve jeito, ela fez a magia de selamento. Usou do próprio sangue para isso, se cortando com a adaga e aprisionou a alma de Nicholas. O Conselho havia pensado que ela realmente tinha o matado, quando corpo do moreno caiu ao chão. O último beijo dos dois... Nicholas estava em choque, descrente de que sua amada estava fazendo aquilo. Seus últimos instantes vivos foram tomados por ódio e pelas íris negras de volta.

 


Uma semente pequenina foi expelida pelos lábios do vampiro até então tido como morto e Anna a prendeu debaixo da língua. O único problema daquele selamento é que humanos que o realizassem perdiam a vida em troca daquela preservada. A garota iria morrer em pouco tempo e com a pouca força que tinha, saiu do campo e rumou a cidade. Porém antes que conseguisse chegar ao castelo de Kiwamu com a semente contendo a alma de Nicholas, ela caiu morta próxima a um casarão muito elegante. Sua mão estava estendida com o palmo para cima onde a pequena semente de cor rubra e brilhante estava. O corpo foi descoberto por uma pequena garotinha. Ela achou que Anna dormia e se encantou pela esfera rubra, a engolindo. Típico de crianças pequenas como ela. Mas o destino foi realizado e era exatamente isso que era preciso para que Nicholas voltasse. Ele precisava ser gerado novamente. Aquela criança tornou-se a esposa de Oliver Cromwell e deu a luz a Richard portador da alma de Nicholas.

 

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