Beacon Falls, a cidade que meus pais se mudaram. Bem, a cidade que nos mudamos. A decisão ocorrera muito repentinamente, meu pai recebera uma proposta de emprego melhor remunerado, junto a minha mãe, que trabalha na mesma empresa de marketing. Eu fui muito insistente, mas eles disseram que teriam mais recursos para me manter lá.

Aparentemente, um adolescente cego causava muitas despesas. Livros em braille são mais caros do que parecem. Beacon Falls High School, aparentemente optava por misturar as turmas, sem separar classes de deficientes (visuais, auditivos, motores, mentais). Isso me cheirava a encrenca. Mas não impediria meus pais, nunca. Eles finalmente pareciam felizes, depois de tanto tempo afogados em discussões pesadas, constantemente.

O motivo? Se sentirem culpados pela minha condição. Eu sofri um acidente quando tinha 10 anos. Invadi a caixa de costura da minha mãe e a espalhei toda pelo chão, agulhas, tachinhas, uma tesoura. Meu sapato não estava amarrado, já sabem. É um tanto cômico quando verbalizo, mas é um tanto mais trágico.

Minha adaptação nunca foi muito difícil, eu me tranquilizei indo constantemente a sessões de psicoterapia, onde me impediram de cometer suicídio. Auto flagelação? Algumas vezes. Mas percebi que me machucar não resolveria meus problemas, a única opção era os encarar.

Aprendi rapidamente a ler em braille, me orientar em lugares públicos se tornou fácil com o tempo. Hoje em dia, consigo andar pela casa sem usar minha bengala, o que pra mim, é uma grande vitória.

Partiríamos as 9:30 da manhã do dia 23 de setembro, e já eram 7:00 da manhã quando fui dormir.