Bem longe do cenário de nossa Historia, o sol já estava castigando a muito tempo. Centenas de homens e mulheres treinavam em varias arenas espalhadas pelo local. Guardas, com roupas antiquadas e com proteções nos braços, vigiavam as redondezas daquele enorme e sagrado lugar, conhecido como Santuário.

No topo do lugar, após as 12 casas zodiacais havia o Templo do Grande Mestre, o líder dos 88 cavaleiros de Athena. Dentro do enorme templo, a decoração era rica e luxuosa. No fundo, sentado em um trono dourado estava o próprio. Suas vestes eram brancas, e usava um elmo dourado que cobria seu rosto por cima de seus cabelos longos e acinzentados. O homem era alto e imponente, e todos o respeitavam. Tomava uma taça de vinho enquanto conversava com o comandante do exercito, um soldado com uma proteção mais ornamentada, que estava curvado em sinal de respeito.

- Quais são as novidades? – O homem imponente transmitia respeito.

- Ficamos sabendo mais informações sobre o torneio que alguns cavaleiros de bronze estão participando no oriente. Parece que tem uns 10 cavaleiros lá.

- Não podemos admitir tal ofensa a Athena, isso é um absurdo. – O mestre tinha calma ao falar, mas a potencia de sua voz era assustadora.

- Sim mestre.

- Já enviaram o espião que eu mandei?

- Sim mestre, mas ainda não recebemos informações dele.

- Mantenham contato, quero saber o motivo dessa traição, e depois quero todos mortos.

--------------------------------------------------------------------------------

O dia que havia começado conturbado parecia que ia seguir calmo. O sol agora estava alto e todos os cavaleiros já estavam de pé. Ikki havia voltado para seu quarto, mas não conseguiu dormir nem um segundo a mais. Seiya foi pego por Minu no caminho da mansão e arrastado para o hospital. Shun havia se deitado novamente e já se sentia melhor.

Saori estava na sacada de seu quarto olhando o céu, quando foi chamada por Tatsumi para o café da manhã. Ao descer ate o salão de jantar ouviu a barulheira matinal feita por um bando de cavaleiros animados que desciam as escadas correndo e brincando entre si. Jabu ia na frente enquanto Ichi, Nachi, Ban e Geki desciam logo atrás. Hyoga, Shiryu e Shunrei viam depois em silencio. A mesa do café da manhã já estava posta, e todos se sentaram. Saori se sentou na ponta como de costume. Sua cabeça ainda voava longe enquanto tomava uma xícara de café.

- Saori? – Voltou ao local ao ouvir Jabu falar com ela. – Esta tudo bem com você? Esta estranha.

- Ahn? Ah sim, esta tudo bem, não se preocupe. – Os acontecimentos do dia anterior martelavam na sua cabeça, sem falar nas desconfianças de Hyoga.

- Então Saori – Nachi se pronunciou – Como ficara o negocio do torneio? Acho que o que aconteceu foi um tanto prejudicial não é?

- Sim tem razão Nachi, acho que teremos que fazer um recesso nas lutas for uns dois dias, mas o torneio não será cancelado. Ele era o sonho do meu avô e não irei permitir que se perca.

- A Saori tem razão. – Ban entrou na conversa. – Mas a publicidade negativa que deve ter sido criada vai atrapalhar um pouco.

- Mesmo assim tudo ira se acertar, eu tenho certeza disso. E vocês cavaleiros não se preocupem. A primeira fase já terminou e vocês terão uns dias para descançar.

- É, mas eu queria mesmo era lutar!!! – Jabu estava muito disposto hoje.

O clima no local estaria perfeito se não houvesse uma aura de mistério no ar, pelo menos entre alguns dos presentes.

----------------------------------------------------

As serviçais já tiravam a mesa. Jabu e o seu grupo resolveram treinar numa área mais afastada do território da mansão Kido, para não enferrujarem. Saori estava na sala de visitas com Hyoga e Shunrei, que iria com Shiryu até a China.

- O Shiryu esta demorando lá encima, não podemos demorar muito por que ele ainda quer passar no hospital para se despedir do Seiya. – Shunrei mantinha a serenidade de sempre.

- Tenho certeza que não demorará, ele parecia muito preocupado com o seu mestre.

- Sim tem razão. – A jovem chinesa andava de um lado para o outro.

No andar de cima, Shiryu já saia do quarto com sua armadura nas costas. Queria ver logo seu mestre e saber o que ouve para ter mandado Shunrei buscá-lo. Ia andando pelo corredor na direção das escadas.

- Bom dia, Shiryu de Dragão – A voz lhe deu um susto, se virou e viu Shun saindo de seu quarto. Sua voz e sua face eram serenas como sempre.

- Bom dia. – Shiryu ainda se lembrava da conversa no quarto de hospital. Será mesmo que ele estava escondendo algo? Shun fechou a porta do quarto e começou a andar lado a lado com Shiryu.

- Está um belo dia hoje, fazia tempo que não via um dia assim. – Shun falava ainda, parecia mesmo interessado em puxar assunto com o cavaleiro. Olhava sempre para frente.

- Tem razão. – Lembrou-se sobre as faixas negras. Discretamente olhou para as mãos do cavaleiro, mas elas estavam no bolso como de costume. Será que com isso poderiam dizer que ele tenta esconde-las? – Ah, eu quase me esqueci. Obrigado por ter ajudado Seiya a me salvar.

- Não precisa agradecer, é o que os cavaleiros fazem não é? Ajudam uns aos outros. – Shiryu estranhou o “tom” da frase. – E o torneio, como ficará depois do que aconteceu?

- A Saori disse que ele iria ser interrompido por uns dias, mas não seria cancelado. – Fizeram uma curva e já era possível ver o fim do corredor.

- Entendo. E me diga, por que você luta nesse torneio?

A pergunta pegou Shiryu desprevenido. Por que lutava? Ninguém havia perguntado isso a ele. Pensou por um curto tempo.

- Não sei dizer, mas acho que é para desafiar a mim mesmo, e ficar cada vez mais forte. – Tinha certeza na voz. Shun ficou pensando um pouco naquelas palavras.

- Hum... é faz sentido. – O corredor já chegava ao fim, já era possível ver quem estava na sala de estar. – Tomara que consiga vencer o torneio.

Shun esboçou um sorriso, Shiryu não sabia mais o que pensar sobre ele. As suposições de Hyoga tinham sentido, mas ao conversar com ele, lhe pareceu extremamente comum.

Na sala de visitas, todos olharam os dois recém chegados no topo da escada. Hyoga e Saori se entre olharam, mas Shunrei cortou o clima ruim.

- Finalmente Shiryu!!! Estamos atrasados!!! Se ainda quer passar no hospital para ver Seiya é melhor irmos logo!- Shunrei estava com muita pressa.

- Vai ver Seiya no hospital? – Shun não mudou o jeito simpático de falar ao chegar ao local. – Deseje melhoras a ele por mim.

- Sim, farei isso. – Shiryu e Shun desceram ate o meio da sala. O Cavaleiro de Andrômeda cumprimentou a todos, que responderam prontamente, embora Hyoga fosse um pouco seco. – Bom, estou pronto.

Saori e Hyoga se levantaram e foram até ele

- Shiryu, espero que esteja tudo bem com seu mestre. – Saori tinha uma voz tranquila como sempre. – Não se preocupe, Você tem o tempo que quiser para voltar.

- Certo obrigado Saori. – E você Hyoga, vai comigo até o hospital?

- Sim, vou ver como o idiota do Seiya esta. – Cisne não encarou Shun. – Saori também vem?

- Não Hyoga, eu vou mais tarde.

- E você Shun, vem? – Shiryu perguntou ao cavaleiro, Hyoga por sinal não pareceu gostar muito. Shiryu ainda o estranhava mas não era mal educado como ele.

- Obrigado pelo convite Shiryu, mas não vou agora. Tenho certeza que ele já esta bem melhor. – Ele parecia ter muita certeza disso.

- Certo, então ate logo! – Shiryu, Shunrei e Hyoga se dirigiram a porta de Saída. Tatsumi já esperava eles.

- E então Srt. Saori. O que vai fazer agora? – O cavaleiro de Andrômeda ataca novamente com sua cordialidade arrasadora.

- Não pretendo fazer nada no momento, Shun.

- Estou pensando em dar uma andada pela propriedade, gostaria de me acompanhar? – Era a primeira vez que Saori olhou no fundo dos olhos do cavaleiro. O tom esverdeado e brilhante não era ofuscado pela leve aparência cansada.

- Eu adoraria.

Ambos se dirigiram para as escadas e começaram a subi-la. Ao cruzar a porta de Saída, Hyoga olhou para trás, para Shun. Viu o próprio olhar para ele de canto de olho e sentiu uma sensação horrível. Não sabia definir o que era, mas não gostou nem um pouco.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- EU NÃO QUERO COMER ESSA COMIDA DE HOSPITAL, MINU! ELA NÃO TEM GOSTO DE NADA!!! – Seiya estava sentado em sua cama empurrando um prato que Minu lhe oferecia.

- MAS SE NÃO COMER NÃO VAI MELHORAR!!! – Ambos pareciam crianças discutindo.

- Que modos são esses, Seiya. – Com a voz de Shiryu na porta, ambos se acalmaram.

- Shiryu!! Hyoga!! Vieram me visitar!! – Seiya ficou feliz em ver os dois.

- Sim, e como você esta? Já esta melhor ou continua apenas dando trabalho para a Minu? – Hyoga se sentou na poltrona que tinha perto da cama.

- Estou muito melhor! Hey Shiryu, por que esta com a urna da sua armadura? Não esta pensando em fazer outra batalha não é? Ainda não me recuperei da ultima.

- Hahahaha nada disso Seiya, esperarei estar bem melhor para termos uma revanche. – Shiryu largou a urna e sua bolsa no chão e se sentou na ponta do fim da cama. – Acontece que vou voltar para a China, só passei para ver você.

- Vai voltar para a China? – Seiya desanimou.

- Sim, mas é temporário. Meu mestre não esta bem de saúde e quero rever ele.

- Ah entendi! Mas espero que volte para me ver ganhar o torneio!

- Só por cima de mim. – Hyoga finalmente intrometeu se na conversa. Todos na sala riram.

- Não ira vencer o torneio se continuar fazendo loucuras como a de hoje senhor Pégaso!! – Minu era autoritária demais às vezes. – Onde já se viu um sujeito da sua idade fugir do hospital???

- Não enche... – Seiya fez uma careta e mostrou a língua para Minu, que ficou possessa.

- Fugiu do hospital Seiya?- Shiryu se divertiu com aquilo. – Que coisa mais feia.

- Você também????? – Seiya fuzilou o amigo com os olhos. - Que saudade do Shun....

Falar em Andrômeda lembrou os cavaleiros. Hyoga pediu para que Minu e Shunrei os deixassem a Sós. Ambas saíram do quarto e fecharam a porta.

- Pensaram no que eu disse da ultima vez? – Hyoga começou a falar.

- Eu pensei sim... – Shiryu segurava o queixo pensativo. – Hoje quando sai do meu quarto topei com ele e fomos conversando até a sala de estar.

- E então? Algo de “anormal” nele como o Hyoga disse? – Seiya não conseguia levar aquilo a sério.

- Não. Ele me pareceu normal. Não vi nada, não senti nada de estranho. Só que...

- Só que? – O Cisne ainda parecia perturbado quanto ao cavaleiro de Andrômeda.

- Não sei dizer, ele fala de um modo estranho. Fora o fato de eu até agora não ter visto ele falar com o irmão. Isso é o que mais me intriga. – Shiryu lembrou se da conversa que tiveram. Seiya se deitou na cama com os braços apoiando a cabeça.

- Ah isso? Foi por que eles brigaram antes de irem pros lugares de treino. – Bocejou. Os dois cavaleiros olharam intrigados para ele.

- O que? Como sabe disso? – Hyoga ficou curioso.

- Perguntei pro Shun, ai ele me mandou perguntar pro Ikki e ele me disse.

- Quando você descobriu isso e por que não nos disse? – Shiryu também ficou curioso.

- Como queria que eu disse-se, foi hoje de manhã!

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Não havia conseguido dormir mesmo, então por que ficar na cama? Ikki estava sentado em sua janela olhando o dia. Estava tão tranqüilo que parecia haver esquecido por um tempo o que tinha acontecido mais cedo. A alguns metros, perto de algumas arvores os cavaleiros de bronze treinavam uns com os outros. Perto deles, um cão branco estava sentado observando tudo. “ Esse animal idiota esta me perseguindo.”

Mas o mais interessante veio mais a seguir.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O páteo da mansão Kido era gigantesco. Dentro dele, alem da mansão e seus anexos, havia jardins, fontes, áreas para pratica de espostes variados, e um mini bosque tão grande e fechado quanto um verdadeiro. Saori e Shun andavam conversando por uma trilha de pedras em meio a algumas arvores.

- Ahh Shun... É bom conversar com uma pessoa educada para variar... – Saori estava bastante contente, era raro falar com pessoas cuja o único assunto eram lutas.

- Eu digo o mesmo Srt. – A face de Shun era imutável. Sempre era simpático. A jovem tinha certeza que aquela expressão não poderia ser falsa. – Shun, posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- Percebi que você não falou com o Ikki e acho que tem algum problema entre vocês...

- Ah... Sim.... – Como da vez anterior ele também esperava aquilo. – Bom... Antes de eu ir para a ilha de andrômeda, nos discutimos...

- hum... – Saori apenas ouvia.

- Ele disse que eu não conseguiria sobreviver... que era fraco... – Shun olhava para o nada enquanto falava. Parecia ter voltado ao passado, e sua face não parecia nada bem.

- Eu entendo... bom... Shun...

- Sim?

- Não gostaria de me meter na vida de vocês, mas gostaria que desse uma chance para o Ikki.

- ...

- Ele so voltou para cá para revê-lo, e ficou muito desolado quando achávamos que você estava...

- Morto? – Saori não estava esperando a conclusão da frase.

- Er... isso. Bom, não quero me meter na vida de ninguém, só pensei que...

- Prometo que irei cogitar o assunto. – Olhou nos olhos de Saori, a jovem não esperava isso. – Mas não tenha muitas esperanças!

- Haha, isso já me deixa mais aliviada!

Ambos riram e continuaram andando, avistando o local onde os cavaleiros estavam treinando, ao se aproximaram conseguiram perceber que não parecia estar acontecendo um treino. Os cavaleiros estavam parados observando. Jabu estava parado encarando um pequeno cão branco que parecia um tanto acuado.

 - O que foi animal estúpido?? Como entrou aqui?? – Cada passo que Jabu dava, o cão recuava um. – Você não pode ficar aqui! Teremos que dar um jeito em você!!

Saori estava apavorada com a situação, Shun também parecia preocupado. O cão começou a latir e rosnar para Jabu, que intensificou as provocações.  Os outros cavaleiros estavam rindo enquanto olhavam e se aproximaram, cercando o animal. Ikki estava vendo toda a cena. “ Bando de crianças.”

- Vejam só, essa bola de pelos esta rosnando para nós! – Ichi começou a provocar também. O animal estava rosnando freneticamente agora.

- Que animal estranho. Olha só. – O cão agora parecia diferente,  sua pelagem parecia escurecer e parecia maior que o normal.

- Vamos dar um jeito nele agora mesmo!! – Jabu se preparava para dar um chute no animal mas foi interrompido pelo grito de Saori.

- Deixem ele em paz!!!!!!!! – Saori corria ate eles, Shun ia atrás. – Que absurdo! O que estão fazendo?? – Os cavaleiros pararam e olharam para a jovem.

- Senhorita Saori? – Jabu se virou para ver quando o animal enfurecido pulou encima dele o derrubando, iria avançar na sua cabeça se não fosse.

- Pare com isso!! – A voz de Shun soou alta e firme. O cão ao ouvir se acalmou e correu até ele. Shun o olhou com a face séria, o Animal o olhou e logo depois saiu em disparada e sumiu. Saori estava dando uma bronca nos cavaleiros e ninguém percebeu isso.

Ikki viu aquilo, mas não entendeu. A única coisa que ele sabia é que seu irmão tinha algo de muito diferente. Shun acompanhou o animal com os olhos até ele sumir.

- Não fique bravo comigo, só não queria quebrar as regras, você sabe...