Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 16
Capítulo 16 – Amparo reconfortante


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo sem postar, aqui inicia-se a segunda fase da Historia. Espero que meus leitores me perdoem, pois tive problemas familiares serios.

Espero que gostem dessa nova face da historia!



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O dia amanheceu ensolarado e quente, diferente dos últimos dias chuvosos e nublados. Fazia três dias que a mansão havia sido invadida pelos cavaleiros negros enviados pelo santuário. Os cavaleiros se recuperavam, alguns alegres pela vitória, outros intrigados com os motivos do ataque.

Saori Kido, a jovem herdeira e mediadora da fortuna da família, ainda parecia assimilar os acontecimentos, porém não demonstrava mais nervosismo; pelo contrario, parecia aliviada pelo fim da tormenta. Sentada em uma cadeira de ferro forjado em sua varanda, apreciava a brisa fresca em uma paz que há tempos não presenciava. De olhos fechados, parecia meditar.

No pátio da enorme mansão, os cavaleiros conversavam e brincavam tranquilamente, Seiya não se decidia se conversava com Shiryu ou brigava com Jabu. Alguns cavaleiros apresentavam ataduras ou ferimentos em recuperação, mas nada grave. Hyoga era o único que não estava junto alem de Ikki, permanecia em seu quarto, aumentando assim sua fama de anti-social.

A aparente paz, porém, não se repetia em outros lugares senão a mansão Kido.

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Dentro daquele templo ricamente decorado, com belas tapeçarias e pilares de mármore, no alto das escadarias repousava o Grande mestre do Santuário de Athena. O homem alto, com belas vestes brancas decoradas com ouro e de cabelos acinzentados levemente encaracolados estava sentado em um trono ornado de ouro e muitas pedras preciosas, com uma taça de vinho em uma de suas mãos. Algumas musas de vestidos longos e brancos serviam-no de vinho e frutas.

Sem ruídos, a pesada porta da entrada do local se abriu pouco, apenas para que o mensageiro entrasse. Este se pôs no pé das escadarias, e prestando reverencias comunicou uma noticia ao Papa, se retirando em seguida. As musas foram dispensadas, e logo depois, uma pessoa adentrou o recinto a passos lentos. O silencio foi quebrado em seguida.

- Finalmente, após tantos chamados do Santuário, veja só quem esta aqui. – O mestre supremo fez uma ironia com o convidado.

- Não entendo a preocupação, afinal o que um velho como eu serviria ao santuário? –

- Você é um dos doze cavaleiros de Ouro, Dohko de Libra, e deveria atender aos meus chamados. – Disse encarando com os olhos ocultos pelo elmo para o ancião a sua frente. O homem curvado pela idade vestia uma roupa verde tipicamente chinesa e um chapéu de palha, e se apoiava em um pedaço de madeira usado como bengala.

- Mas nem posso mais vestir minha armadura! – Brincou o ancião.

- Não me importa. Afinal, o que o traz aqui exatamente neste momento? – O homem ajeitou o chapéu na cabeça, e logo seguiu falando.

- Estou ciente que enviou cavaleiros negros para punir os cavaleiros de bronze rebeldes. – fez silencio uns segundos esperando um comentário do mestre.

- Minhas decisões são absolutas, não deveria questioná-las.

- Ora, quem seria eu para questioná-las. De fato, esse nem sequer é o motivo pelo qual estou aqui.

O mestre franziu os olhos visivelmente. Aquele homem a sua frente não devia ser ignorado, afinal não era apenas mais um cavaleiro, era o mais velho e experiente entre os 108 protetores da Deusa. O grande mestre, mesmo sábio e com toda a responsabilidade que leva nas costas, era um homem relativamente jovem e sabia muito bem o quanto uma experiência conquistada com os anos era necessária ali.

- E então? – Perguntou, com tom curioso e indignado. O senhor pigarreou e prosseguiu.

- Algumas informações que recebi... De meu próprio pupilo, me fazem acreditar que estamos com um grande problema. – O tom sério pareceu estremecer o local.

- E qual seria esse... Problema?

- Creio que alguém se adiantou dessa vez.

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Apreciando à tarde agradável, Shun andejava em meio ao bosque da mansão Kido. Sozinho, o único som que era possível ouvir era o som das folhas batendo ao vento. Perdido nos pensamentos andejava sem rumo. Imagens da batalha que ocorrera lhe vinha a mente. “Tudo foi propício.” Pensava sozinho. Jamais imaginaria que as coisas poderiam das tão certo. “Ela é Athena, e era só isso que eu precisava descobrir. A volta para casa era questão de horas.”. Seguia andando até ouvir algo que o fez parar.

- Shun! Me espere! – Se virando, logo viu de quem se tratava. E não gostou nem um pouco. A jovem Saori Kido estava de pé, parada, acenando alegremente para ele. Athena. “Parece apenas uma jovem comum.” Correndo até ele, tinha um sorriso brilhante e alegre no rosto, algo que ele jamais havia visto dês de que chegara. Parou a sua frente, encará-lo o com uma expressão que parecia tentar decifrar seu rosto.

- O que foi? Te assustei?

- Hã, um pouco, não foi nada. – Abriu o sorriso de sempre, o que fazia com que ela se sentisse melhor.

- Que bom. Estava cansada de ficar na mansão, e resolvi andar um pouco. – Seguia um pouco a sua frente, admirando e brincando com as folhas das arvores.

Seguiram em silencio, O jovem observava-a em silêncio. O cosmo que emanava dela, leve porém bondoso e quente era reconfortante para qualquer um. A essência da deusa existia nela, porém o que via era apenas uma menina brincando com arvores. Chegaram a uma clareira, onde havia um banco perto de arbustos floridos. A jovem correu para se sentar, olhou um poucos as flores e logo chamou o amigo.

- Sente-se aqui! Vocês cavaleiros merecem um descanso. - Ele fez o que ela pediu, se sentando perto dela.

- Fico feliz que esteja melhor depois de tudo que aconteceu. – Tentou puxar assunto, sem graça.

- Eu também, estou me sentindo muito tranqüila, nem sei por que. – A brisa bateu novamente sobre eles. Saori olhou para Shun, intrigada. – Parece estranho hoje, aconteceu alguma coisa?

- Hãn? – Tentou disfarçar novamente. Como agir perto de uma Deusa? Sorriu e contornou. – Deve ser impressão.

- Hum... Esta certo. Sabe, fiquei feliz por saber que nenhum dos cavaleiros se feriu gravemente... – Entrou em um assunto que lhe agradava, Shun apenas a ouvia enquanto esta falava. O jovem ouvia, mas ainda parecia de certa forma anestesiado. Em... paz? A conversa se entendeu até o entardecer. O sol começava a se esconder, deixando o céu com uma cor avermelhada. Ambos observavam o crepúsculo formado.

- Nunca vi o céu tão bonito. – Comentou Saori. – Acho tão bonito quando fica com essa cor. Não acha?

-Sim... – Ambos olhavam aquela cor dominando o céu. Pareciam longe naquele momento, mas onde sequer sabiam.

Escondido sobre a sombra de uma árvore bem atrás onde os dois se encontravam, Youma também observava o céu. Aquele fenômeno parecia cativar todos os observadores naquele momento. Saori se encolheu com a brisa fria.

- Acho que seria melhor voltar à mansão, senhorita. – Shun falou se levantando do banco onde estavam.

- Tem razão. Estou muito feliz por conversar com você. – Logo após ele, ela se levantou. – Me acompanha até a mansão?

Pronto para concordar com ela, Shun mudou de idéia. Ao ver a sombra escondida atrás de onde estavam, lembrou-se de seus deveres.

- Adoraria, mas pretendo ficar mais um pouco. O ar da noite me faz bem.

- Tem certeza? Há essa hora, acho que todos já entraram na mansão.

- Tenho sim. – Sorriu delicadamente, o que fez a jovem se consolar.

- Tudo bem, espero te ver amanha novamente. – Sorriu em retribuição.

- Com certeza. Continue tranqüila como estava hoje, é bom vê-la assim.

- Tenho certeza que continuarei. – Começou a se afastar devagar mas parou novamente. – Sabe, é difícil explicar o que estou sentindo. É como eu sentia quando eu sabia que o vovô viria me proteger. É como se alguém viesse para me proteger... - Falou se afastando. Shun esperou que ela sumisse para se virar para Youma.

- Havia esquecido como o céu aqui no Japão é bonito. – Falou o irreverente homem, que andava em direção ao banco.

- Prefiro o céu de lá. – Shun completou, olhando ainda o crepúsculo que se desfazia para dar lugar a noite. – Mas ainda sim é belo.

- Pff, você não conhece o mundo, garoto. – disse subindo encima do banco, e logo descendo. – Então, falando de negócios...

- Já consegui. – Youma sorriu sem que Shun visse.

- É mesmo? Eu imaginava...

- Você já sabia, por que esta fazendo esse teatro?

- Hehehe... – Riu da resposta do jovem, enquanto se sentava no banco. – Eu fazendo teatro? Eu prefiro observar tudo dos bastidores.

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- Ainda não me explicou o que quer dizer. – O grande mestre parecia irritado, porém mais preocupado do que irritado.

- Imagino que saiba o que quer dizer Guerra Santa, não é? – Este nome fez o mestre estremecer.

- Como poderia não saber? É a guerra travada a cada 243 anos entre Athena e Hades.

- Então, é sobre isso mesmo que estou falando.

- Mesmo assim, a guerra santa não pode ter começado. O Selo ainda esta intacto. Hades segue aprisionado todos esses anos, e quem vigia este selo é você!

Silencio novamente. O ancião continuava a encarar o homem de forma séria. A afirmação que ele fazia, que a guerra santa já poderia ter começado, soava absurda para o Papa do santuário. O Selo de Athena, forjado com o próprio sangue da antiga reencarnação da Deusa, permanecia no mesmo lugar, intacto.

- Alem do mais – Continuou o mestre. – Se Hades houvesse se libertado, já teríamos sido atacados.

- Esta errado, Ares. Hades não é tão impetuoso de atacar cegamente o Santuário. – O homem forte sentado no trono de ouro se calou. – Principalmente se Athena esta nele.

O Mestre Ares gelou por dentro. A tensão de seus músculos era visível por cima da roupa branca que usava. O velho cavaleiro apenas olhava sem dizer uma palavra. O silencio durou um certo tempo.

- Tem razão. Fui antecipado em afirmar que eles atacariam de imediato. – Pensou um pouco. Ele era o grande mestre, era o homem que deveria tomar aquelas decisões. – E tens algo em mente quanto a essa situação?

- Tenho sim. – Se aproximou alguns passos da escadaria. O alto homem se levantou de seu trono. – Mas terá que fazer exatamente o que eu disser.

- Entendo – Pensou um pouco. – És o mais experiente entre os cavaleiros e tem o direito da palavra.

- Excelente. – Levantou a bengala, apontando em direção dele. – Você não vai fazer nada por enquanto.

- Como? – Estranhou o homem.

- Exatamente o que ouviu, Ares. Eu cuidarei de tudo no inicio. Se eu precisar de você eu avisarei.

- Pretende fazer tudo sozinho? – Perguntou, Sarcástico.

- Não disse isso. Conversei com um amigo que prometeu me ajudar. Ele o manterá informado do que eu fizer.

- E onde esta seu amigo?

- Aqui mesmo.

- O que? – Perguntou abismado, pouco antes de ver a imagem de um homem não muito alto, cabelos longos e arroxeados se materializar ao lado do velho. Vestia uma túnica branca, com um cachecol sobre os ombros, uma roupa típica tibetana.

- Quanto tempo, Grande Mestre.

- Ora, se não é Mu, o cavaleiro de Ouro de Áries. Outro que ignorava os chamados do Santuário.

- Não precisavam de mim aqui. – O jovem lemuriano retrucou, educadamente.

Ares andou um pouco sobre as escadas e logo se virou novamente para os dois.

- Muito bem. Deixarei em suas mãos, Dohko de Libra. Porém, se algo ocorrer errado, serás responsabilizado e punido.

- Esta certo. Mu te deixara informado sobre o que acontecer. E lembre-se, não fará nada!

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- Então, malas prontas? – Youma agora havia se deitado de costas no banco.

- Não sei.

- Como assim? - Deu um pulo se sentando novamente. – Esta feito! Agora é só voltar e contar a eles.

- Eu já sei, mas... – Olhando o céu agora escurecido e sem estrelas, Shun parecia preocupado. – Estou com um mau pressentimento.

- Heh... – Falou apenas, se deitando novamente. – Espero que não tenha nada a ver com o cavaleiro de Fênix...

Youma sentiu que não devia ter brincado daquela forma. Sem obter resposta, apenas o silencio constrangedor de Shun o fez entender que falou besteira.

-Err... Ok, tente relaxar e se prepare para irmos logo. – Arrumou a cartola, que ameaçou cair.

- Se tudo der certo, amanha de noite me encontre aqui e iremos para casa. – Falou, se pondo a andar de volta para a mansão. – Agora vou para mansão, estou morrendo de frio.

- Até amanha garoto! – Sentou-se para vê-lo sumir nas arvores.

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Subir até seu quarto foi fácil, uma vez que os cavaleiros, exaustos, já estavam em suas camas. Escuro como sempre, apenas a luz vinda da lua iluminava o local. Esta passava fracamente pelas cortinas, mas era o suficiente. Pelas janelas abertas a brisa adentrava, fria como sempre. Fechar as janelas foi a primeira coisa que Shun fez. Além do frio, havia outro sintoma que conhecia muito bem. O mal estar que sentia não era intenso como antes, mas ainda sim incomodava. Quando sentiu o gosto de sangue vir à boca, tomou a providencia devida. A caixa negra com ataduras escurecidas agora já estava no banheiro, e o frasco com liquido vermelho, que agora era menos da metade do frasco, também.

Alguns minutos depois, deitado em sua cama, apenas com uma camisa branca pouco surrada, não tinha mais frio. A única coisa que pensava agora era no pressentimento que sentia.

- O que poderia estar errado? – sussurrava para si mesmo. Tudo correra melhor que o planejado, o que seria...

De repente a sua mente veio a cena de Saori se despedindo dele na clareira.

“-É como eu sentia quando eu sabia que o vovô viria me proteger. É como se alguém viesse para me proteger...-“

“- É como se alguém viesse para me proteger...-“

- Será que é isso? – Aquela frase batera direto com o pressentimento. – Ainda não acabou?-

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Dia seguinte. Dia comum. Pelo menos era o que aparentava. Os jovens cavaleiros relaxavam, conversavam assuntos banais, guerra galáctica, seus treinamentos. Às vezes, sequer pareciam cavaleiros. Em frente à mansão, todos conversavam, incluindo Saori. Com seu bom humor, falava com todos. Jabu e Seiya seguiam disputando sua atenção. Shun um pouco afastado, Ikki e Hyoga bem afastados.

- Não ligue para esse idiota! – Dizia Seiya.

- Senhorita, se quiser eu dou um jeito nesse atrevido – Retrucava Jabu.

- Comportem-se, por favor! – Saori tentava apaziguar o clima explosivo entre os dois.

O clima divertido durou pouco. Quando o segurança do portão da mansão veio até Saori, todos ficaram desconfiados.

- Senhorita, tem um senhor que diz que precisa falar com a senhorita.

- Comigo? – Estranhou Saori. E todos. Da ultima vez que um visitante misterioso tinha pedido para falar com ela foi Shun. – Bem, mande-o entrar.

-Sim, senhorita. – O homem se apressou para a entrada da mansão. Os cavaleiros olharam entre si, Saori não imaginava quem poderia ser, mas não parecia preocupada. Shun não sabia o que esperar, mas jamais poderia imaginar...

O visitante chegou até eles desacompanhado. Todos o olhavam serio, não sabiam o que pensar. O sujeito não era nada com o que imaginavam. Com uma altura mediana, e porte físico jovem, aparentava pouco mais de 18 anos, grandes olhos verdes, roupa branca. Os cabelos ruivos escondidos sob o chapéu de palha e em suas costas uma grande caixa de madeira do tamanho de uma urna. Com um sorriso espontâneo e simpático, se apresentou para os incrédulos espectadores.

- Olá a todos! Espero não ter assustado vocês! Meu nome é Dohko, e vim em nome do Santuário!


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