Hermione e Draco rumavam apressados para a sala, os dois eram bons alunos e não queriam perder a explicação final. Principalmente ele, que não suportava o fato de Harry ser melhor que ele na aula de poções. Apressado por conta da raiva, ele passou por Hermione e continuou andando rápido. Olhou para trás e viu que ela não tentava alcançá-lo. Se sentiu um pouco mal. Idiota, é bem melhor ela ficar longe de você mesmo. Dobrou um corredor e viu uma silhueta de um homem com vestes longas. Snape. Voltou bem na hora que Hermione ia entrar no corredor e agarrou o braço dela, guiando-a para o outro lado.
–Malfoy, me solta! Tá doido? - ele lançou uma azaração nela para que ela não pudesse falar nada.
Se Snape visse os dois, poderia interpretar de forma errada, e ela correria grande perigo. Se bem que talvez Snape não fosse tão ruim...Ele é um comensal, saia de perto dele. Continuou puxando Hermione para bem longe de lá. Todos ainda estavam tendo aula, só haviam os dois passando pelos imensos corredores. Malfoy subiu as escadas ao lado do grande salão e então, finalmente, a soltou.
–O que foi isso!? Acha que pode sair arrastando as pessoas assim, é?
Ele parecia prestes a vomitar, de tão pálido que estava.
–Você está bem? - perguntou Hermione, deixando sua raiva um pouco de lado.
–Só preciso parar um pouco.
–Para para o que? O que está acontecendo? Por que me tirou de lá? - perguntou a garota assustada. Nunca tinha visto Draco daquele jeito.
Ele não respondeu, apenas se sentou em um degrau que dava direto para uma janela. Ali ele tinha tomado coragem para dançar com Hermione, não era bem coragem, já que ele nunca tinha sentido nada por ela, mas era vergonhoso. E ali, ele se sentiu pela primeira vez muito estranho, já que estava dançando com sua rival.
Hermione também se lembrou da situação, estava muito triste com Ron, arrasada. Abriu um pequeno sorriso, a memória a fazia se sentir feliz.
Permaneceram alguns minutos em silêncio.
–Então, agora pode me responder? - perguntou ela, sentando-se na frente do sonserino.
Ele respirou fundo.
–Eu não posso, me desculpe.
Ela tombou a cabeça, observando-o atentamente. Draco notou que ela ficava muito fofa quando fazia isso.
–Tá, você vai me falar agora. Ninguém sai arrastando as outras por aí.
Draco enxugou as palmas das mãos na calça, estava nervoso demais. Ele não tinha nada com Hermione, absolutamente nada. Mas ela era melhor amiga de Harry Potter, rival de Voldemort. Seus pais eram comensais. Snape era um comensal. As coisas estavam complicando bastante para Draco, ele estava sendo pressionado para virar um comensal. Seu pai estava preso. A vida dele não poderia ser pior. Sua tarefa era matar Dumbledore, ou ele morreria. E agora, ele estava se aproximando da melhor amiga de Harry Potter. Se desconfiassem de algo, ela iria morrer.
Ouviu passos e se afastou de Hermione rapidamente. Ela também se levantou.
–Vá. - ele sussurrou. -Por favor, vá!
Hermione notou o quão sério ele estava, e resolveu não fazer perguntas naquele momento. Saiu correndo e dobrou um corredor. A respiração de Draco estava pesada.
Snape caminhava em sua direção. Feche sua mente. Feche sua mente. Feche sua mente.
–Andou treinando, Malfoy? - perguntou Snape.
–Não tem mais o que fazer, Snape?
O professor continuou tentando entrar em sua mente, sem sucesso.
–A mesma pergunta é adequada ao senhor. O que faz andando pelo castelo enquanto tem aula?
–Nunca me viu matando aula? - perguntou ele, tentando soar convincente.
Snape o encostou na parede.
–Garoto...isso é perigoso! Eu fiz um acordo com sua mãe de que iria te proteger.
Draco conseguiu se esquivar.
–Qual sua relação com a Granger? - perguntou Snape.
–Nenhuma!
O professor o olhou com suspeita.
–Não banque o engraçadinho, Malfoy! Lord Voldemort é perigoso, está entendendo? Eu não vou deixar você se meter com essa gente. É perigoso! Muito perigoso! E eu nem estaria falando isso para você, se eu não tivesse o acordo com sua mãe. - sussurrou Snape.
Draco estava sentindo tontura.
–Eu já disse que não tenho nada com a Granger e se eu tivesse, não é da sua conta! Não preciso de ninguém para me proteger.
O sinal tocou e ouviam-se passos no corredor. Snape se aproximou do garoto.
–Tome muito cuidado. Estou te alertando.
Com isso, saiu andando, deixando um Malfoy com a garganta seca e com muito medo. Sua vida estava em jogo. E se ele não parasse de passar tempo com Granger, ela também morreria, porque ele sabia que sentia alguma coisa por ela. Quando estava perto dela, nada mais importava.
Vou dar um jeito nisso, vou acabar com esse sentimento. É apenas uma besteira, eu não gosto de Granger e eu vou me afastar dela. Ela não vai atrapalhar meus planos.
Mas seu coração dizia outra coisa e ele começou a temer a morte dela. Teria que se afastar para o bem dela.