How to survive escrita por Hayley Deschannell


Capítulo 21
Romance


Notas iniciais do capítulo

Pelo nome do capítulo, talvez, vocês tenham ideia do que pode acontecer....
(continua nas notas finais do capítulo)



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Ellie.

Já se passaram três dias. E nós na estrada. Tommy estava certo sobre uma coisa: San Francisco iria estaria cheia de infectados. Enquanto o número de gangues e caçadores diminuía, os infectados aumentavam drasticamente. Mable e Brandon acordaram primeiro. Eu estava tão atordoada pelos pesadelos e desconfortos do chão frio que não percebi o que aconteceu durante esses dias de jornada. Então o silencio me deu a resposta.

Will estava arrumando as coisas para partirmos. Eu fui ajuda-lo, mas não tirei os olhos da minha amiga loira. Ela estava com Brandon, apenas conversando. Mas eu tinha certeza que estava acontecendo algo entre eles, que só eles mesmos sabiam. A primeira prova disso é que fazia um bom tempo que eu não ouvia uma briga dos dois. E isso está quase perto de um milagre.

Estávamos saindo, Mable trocando olhares com Brandon, até que seu olhar se cruzou com o meu. Ela rapidamente desviou o olhar, com o rosto tão vermelho quanto seu cachecol cor de sangue. Prova número 2, confere.

Andamos por um bom tempo. Conversávamos bastante, mas sempre atentos. O calor que emanava do asfalto estava nos matando. Os carros abandonados na estrada pareciam derreter com os raios de sol. Mable estava a alguns metros na minha frente, conversando com Willy. Brandon estava do meu lado andando devagar, tirando fotos. A luz refletida no metal ofuscava meus olhos. Por consequência disso, tropecei numa pedra e acabei esbarrando no fotógrafo. E, uau. A prova número 3 veio mais rápido do que eu esperava.

Brandon derrubou a bolsa da câmera que pendurava no ombro. De dentro dela caíram varias fotos. E muitas delas eram de uma garota loira bem familiar.

– Por favor, não fala pra ela, Ellie! Ela vai me achar um esquisito...

Eu não consegui conter um sorriso.

– Por que ta rindo? Não é engraçado!

– Ah é sim! – E caí na gargalhada.

– Cala a boca, se não ela vai perceber! – Ele parecia um tomate.

– E daí? Vai esconder o que sente por ela até quando?

– Eu não escondo o que sinto. Só não quero parecer estranho.

– Então mostra isso pra ela. Todas ficaram muito boas.

– Ah eu não sei... – A partir dessa resposta eu me irritei um pouco.

– Ô Brandon. Deixa de ser idiota. Já fez burrice uma vez, vê se não faz de novo!

Ele ficou quieto. Segurou o bloco de fotos na mão e olhou para frente, onde estava Mable.

– Eu tenho certeza absoluta que ela vai gostar de saber disso. – Eu finalmente disse.

O dia passou bem rápido. Já tinha anoitecido, e já tínhamos entrado em San Francisco. Perdi a conta de quantos infectados estavam no nosso caminho. Então finalmente encontramos um lugar supostamente seguro. Supostamente.

Estava chovendo e ventando. Não fizemos nenhuma fogueira ou fonte de calor, para não atrair nenhuma atenção indesejada. Entramos numa espécie de livraria. Não tinha muitos sinais de destruição. Quem iria querer roubar livros numa guerra como essa?

Sentamos no chão e tentamos descansar, mas sempre atentos. Brandon e Mable estavam abraçados, sentados no canto da parede. Já tinham se entendido, e as provas já tinham sido reveladas. Eu fiquei feliz. Pelos dois, mas principalmente pela minha amiga. William finalmente se sentou ao meu lado, e quando eu pensei em relaxar, ouvimos estalos. E não eram estaladores.

– Merda, o que é isso? – Brandon se assustou.

Tiros, cara. Tava bom de mais pra ser verdade. – William disse enquanto tirava sua arma do casaco. Era um revolver com cano longo. – Ellie, pega a espingarda.

Will sabia que eu tinha a melhor mira do grupo. Graças ao Joel.

Mable tinha uma pistola pequena, de bolso, e Brandon estava com seu arco. Duque estava atordoado com tanto barulho. Estavam chegando mais perto, rápido. Tínhamos que sair dali, mas antes de planearmos qualquer coisa, uma mistura de soldados e gangues se confrontando apareceu do nada, e cada um de nós correu para qualquer lugar longe daquilo.

Não eram soldados do governo. Não pareciam vaga-lumes. Uniformes que nós nunca tínhamos visto. Eu corri o mais rápido que pude. Duque atrás de mim. Me escondi num beco, longe daquilo. Eu ouvia gritos, chingamentos, passos e tiros.

Alguém passou por mim e tropeçou. William. Ele estava coberto de sangue.

– O que aconteceu?!

– Me acertaram no braço. Não se preocupa, foi de raspão. Tá doendo mas eu to bem.

– Cadê a Mable e o Brandon?

– Eu não vi ninguém. Ta tudo bem?

– Eu to bem, mas temos que achar eles!

Mable.

Eu estava correndo. Tiros eram a única coisa que eu ouvia além dos meus passos. Eu nunca tinha visto soldados com essas fardas brancas. A gangue que estava contra eles era diferente dos vaga-lumes. Todos eles usavam jaquetas pretas com uma estrela que parecia ser pintada com spray vermelho nas costas. Então eu vi um soldado morto no chão. E vi mais outros dois do mesmo jeito. Além das roupas brancas eles tinham outra coisa em comum. Pendurados em seus pescoços frios, haviam pingentes familiares. Inverteram os papeis. Eles eram vagalumes, lutando contra uma resistência.

Eu travei. Que porra é essa? Será que o Trent...

Então ouvi um grito mais alto que os tiros.

– MABLE! – Encontrei Brandon em meio à fumaça.

Então eu senti uma forte dor no lado esquerdo do tronco. E depois no braço esquerdo. Brandon também caiu comigo. Nossas mãos estavam dadas. Frias. A dor no corpo era tão forte que eu não conseguia nem soltar minhas mãos das dele. Mas eu não queria isso mesmo.

Ele se arrastou para mais perto. Ele estava coberto de sangue, e eu percebi que eu também estava.

– Foram... os caras... de branco... – Ele conseguiu dizer.

Eu queria gritar, falar para eles que não eramos da resistência. Mas era tarde demais.

– São v-vagalumes... – Me esforcei muito para conseguir falar algo.

Brandon se aproximou, e mesmo deitado no chão conseguiu me abraçar.

– Não... Não vou te deixar. Nem... Agora...

Ele me beijou. Mesmo sentindo o sangue na garganta, eu retribuí. E então os tiros pararam.

William.

Os soldados de branco aniquilaram a gangue. E nada da Mable ou Brandon aparecer. Tinha muita gente morta. Todos com jaqueta preta e uma estrela vermelha nas costas. Alguns soldados brancos também. Mas aí eu vi. Dois dos corpos não se encaixavam em nenhum dos dois grupos.

Ellie entrou em choque. Eu tentei segura-la, mas falhei. Eu quase não consegui me manter em pé. Eu corri, não sei como, mas corri atrás dela. E gritei o nome dela o mais alto que podia, várias vezes, enquanto eu a ouvia gritando o nome da melhor amiga. Eu chorei.

Mable e Brandon morreram de mãos dadas. A loira tinha levado vários tiros, mais do que o fotógrafo. Ellie queria abraça-la, fazer ela ficar de pé, fazer qualquer coisa para ouvir a voz dela de novo. Eu parei de tentar impedi-la. Mable estava coberta de sangue, mas mesmo assim a ruiva se ajoelhou e aconchegou a amiga morta num abraço. Soluçando, ela se sentou no chão e não soltou a amiga. Eu não acreditei. E não queria acreditar. A Ellie também não.

Seu choro era mais alto do que eu já tinha ouvido. Em meio aos soluços e gritos ela não aceitava a morte da amiga.

– Não! Não, Mable, você não pode me deixar assim, não agora! Não agora!!

– Ellie, vamos! – Eu estava desmontando por dentro, mas não podíamos ficar ali pra sempre.

– De novo não... – Ela começou a chorar mais baixo. – Você também me deixou! RIley, Trent... E agora você...

Eu a puxei, e a levei pra longe dali. A chuva não tinha parado. Ela me abraçou e continuamos andando em silencio. Eu não sabia quem era a tal Riley. Mas parecia ser uma grande amiga. Ellie falava dela as vezes, mas brevemente. Eu realmente não sabia se era bom ou ruim ter uma amizade tão forte nesse mundo. Eu nunca tive mesmo.


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Notas finais do capítulo

... Mas nem sempre um romance tem um final feliz. Principalmente nesse mundo.



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