Acordei com a luz do sol que entrava pela gigantesca janela aberta batendo em meu rosto.

Abri os olhos lentamente, para aproveitar cada segundo que ainda tinha na minha cama. Depois levantei.

Fui ao banheiro tomar um banho, para depois descer para tomar o café da manhã. Tirei a roupa de cama e entrei na banheira. Fiquei lá um bom tempo me esfregando. Depois de me esfregar e me lavar, fiquei relaxando na banheira e lembrando-se do sonho que eu tive. Eu estava sozinha em uma floresta, pedia ajuda, mas ninguém vinha. Minhas roupas se encontravam num estado deplorável, rasgadas e sujas, de lama, terra e... sangue. Depois percebi que estava com cortes no rosto, na perna nos braços. Só que vi que todos eram do mesmo tamanho, e em todos os lugares que apareciam eram sempre quatro. Ouvi barulho de passos e um galho quebrando. Olhei para trás e vi um animal, não sei se era lobo ou cachorro, mas tinha olhos vermelhos e pelo azulado, e queria com certeza me matar. Depois olhei para as patas do bicho, e coincidiam com os cortes no meu corpo. Quando estava quase me pegando, ele foi atravessado por dois gigantescos feixes de luz. Foi desintegrado completamente. E aí que eu acordei.

Saí do banheiro, fui ao armário e peguei um vestido esverdeado com rendas brancas , o vesti, depois sentei na minha mesa e comecei a escovar meus cabelos. A escova passava pelos cachos aloirados, desfazendo todos os nós que tinham se formado no cabelo durante o banho. Depois de me arrumar, desci para o andar de baixo, onde encontrei minha irmã, Anna e minha mãe, Teresa. Mas meus irmãos não estavam lá.

–Onde estão Pedro e Filipe mamãe?-Perguntei.

–Eles saíram. Não disseram onde iam.- Respondeu ela.

–Aqueles dois não mudam nunca. -Falou Anna

–Bom fazer o que, não é?-Falei enquanto me dirigia até a mesa onde elas estavam tomando café.

–Junte-se a nós, Leonora.-Falou minha mãe enquanto mastigava uma torrada.

Puxei uma cadeira e sentei-me.

– Não era melhor esperarmos eles mamãe? Não acho certo tomarmos café sem eles. Falei enquanto pegava um lindo prato de porcelana.Eu era a mais nova dos irmãos, antes de mim veio Anna,antes dela veio Filipe antes dele, Pedro

–Eles disseram que não comeriam nada, pois estavam sem fome. Respondeu ela.

Não disse nada. Apenas balancei a cabeça.

Terminei de tomar o café e a empregada veio recolher os pratos. Anna me olhou de um jeito que só eu e ela entendíamos. Ela estava me chamando para o quarto. Subimos.

Chegamos no quarto dela, e sentamos na cama. Seu quarto era rosado, diferente do meu, que era verde.

–E aí?-Me disse ela.

–O que foi?-Perguntei.

–Você quer sair?

–Sim, vamos sair um pouco.

–Então tá. Me espere lá embaixo. Preciso escolher um chapéu.

Anna é assim. Pra todo canto que vai, é um chapéu diferente. Não gosto de chapéus. Mas uso quando necessário.

Ela chegou onde eu estava com um horrível chapéu azul claro, que combinava com seu vestido.

Nós saímos. Passamos pelas lindíssimas casas, enfeitadas, de todas as cores, mas tinha uma que se destacava das outras. Era maior, na cor azul. Na calçada, havia um homem sentado numa cadeira luxuosa, forrada com tapeçaria. Mas o homem tinha uma característica incomum. Uma horrível barba azul, que o deixava ainda mais feio do que já era. Percebi que nos olhava enquanto passávamos.

Sentamos nos bancos que haviam ao redor de uma fonte, e começamos a conversar.

–Anna, você viu como aquele homem olhou pra gente?

–Que homem?

–Aquele da barba azul. Falei.

–Não. Mas é melhor não nos envolvermos com ele de forma alguma, irmãzinha, pois todas as esposas dele desapareceram misteriosamente.

–Nossa. Nem vou falar com ele então.

–Você pretendia falar?-Questionou com desconfiança.

–NÃO!-Gritei.

Depois de conversarmos muito,voltamos.Percebi que o homem da barba azul nos acompanhou com os olhos até entrarmos em casa.