As portas das limusines se abrem e as quatro garotas surgem de dentro delas. Todas são conduzidas por Myrtle Snow até o hall de entrada da Academia Robichaux.

– Sejam bem vindas, garotas! – Cordelia sorri calorosamente, indicando um lugar para que cada uma acomode-se.

Todas se sentam, entreolhando-se curiosas, enquanto Cordelia faz um movimento com a mão e Spalding ruma na direção da cozinha.

– Sou Cordelia Foxx, diretora da Academia Robichaux para Moças Excepcionais, vulgo na nossa linguagem, bruxas. – Explica Cordelia, sentando-se cordialmente em uma das cadeiras vitorianas. – Por que não começam se apresentando?

Uma garota de cabelos um tanto escuros ergue a mão, como se estivesse em uma pré escola. Seus olhos azuis celestiais contrastando com seus lábios rosados e seus piercings, típicos da adolescência.

– Me chamo Alice Walker! – Exclamou um tanto quanto animada, seu sorriso pareceu contagiar as garotas que pareceram começar a se sentirem confortáveis, algumas até se ajeitando devidamente na cadeira. – Tenho 16 anos.

– Li sua ficha, Alice. Seu poder é realmente impressionante. – Comenta Cordelia, o que faz Alice fechar seu sorriso extrovertido.

– Não é tão interessante assim. – Retruca Alice em voz baixa, encolhendo-se na cadeira.

– Qual seu poder? – Uma das garotas pergunta sutilmente, dando um pequeno sorriso.

– Eu... Eu faço as pessoas sentirem dor. Isso é tão detestável. – Alice faz uma cara de choro, o que faz a outra menina soltar um suspiro de pena.

– Me chamo Avalon Greene. – Apresenta-se a garota, seus cabelos castanhos e sedosos caiam como uma cachoeira sobre seus ombros e seus olhos azuis esbanjavam beleza e suavidade. – Tenho 17 anos e eu não sei o nome de meu poder.

– Hmmm... – Avalia Cordelia, quando o chá é servido por Spalding. – Obrigada Spalding. Bem.. Por que não demonstra, Avalon?

Avalon estica seu braço na direção de Cordelia quando a diretora está para pegar um cubo de açúcar, em questão de segundos um dos cubos voa na direção da mão de Avalon, que sorri e o põe na boca.

– Interessante. Temos um dos sete poderes entre nós.

– Suspira com orgulho a diretora. – Telecinese.

– E você? – Alice sorri meigamente para uma garota de cabelos loiros e sedosos, que não retribui o sorriso.

– Sherry Perks. 16 anos. – Apresenta-se sem interesse, ela verifica seu esmalte das unhas e as sopra. Seus olhos verde mar fitam cada uma das garotas com cautela. – E meu poder é a Eletrocinese.

– Um poder raro, devo admitir. – Conta Cordelia, bebendo seu chá com visível interesse nas garotas. – A antiga Suprema Prudence Hudson foi detentora desse poder.

– Oi, sou Emily Andrews! – Sorri uma garotinha de aproximados 15 anos, suas faces são rosadas e seus cabelos ruivos estão amarrados em um firme coque. O que mais chama atenção são seus olhos, cada um de uma cor: um verde e um azul.

– E o seu poder? – Pergunta Avalon enquanto beberica o chá que lhe foi dado.

– Atravesso paredes. – Todas a olham com certa surpresa, inclusive Cordelia.

– Só paredes? – Questiona Cordelia, largando seu chá sob a mesinha e fitando os olhos bicolores de Emily.

–Não, em geral qualquer objeto sólido do tipo paredes, portas, janelas, mesas, bancadas... – A garota conta nos dedos, quando Spalding lhe oferece um chá. – Ah não, obrigada. Vocês tem diet coke?

– Ahn claro... Busque uma pra ela, Spalding. – A diretora é prontamente atendida quando o mordomo se dirige a cozinha. – Que tal demonstrar para nós, Emily?

A garota levanta-se e caminha saltitante na direção de uma das bancadas, e de modo intangível ultrapassa o objeto sem problema algum. Retorna a fazer isso em vários móveis e paredes, enquanto todas as garotas a olham confusa.

– Ok Emily, impressionante. – Admite Cordelia, quando Spalding entrega para a garota sua Diet Coke. Alice e Avalon conversam de modo descontraído e Sherry começa a verificar as mensagens em seu iPhone. Emily apenas continua a brincar de ultrapassar mobílias.

– Ok, agora conte o que é uma suprema. – Sherry revira seus olhos, em sinal de desatenção, quando Emily volta a sua cadeira e dirige a atenção a Cordelia. Alice e Avalon retornam os olhares da mesma forma.

Cordelia pigarreia limpando a garganta, seus cabelos loiros balançam ao pouco vento que entra pelas janelas quando ela torna a falar com as garotas como se aquele assunto a doesse.

– A bruxa Suprema é a única que possui os Sete poderes, por vezes chamados de Sete Maravilhas. Ela é como a “abelha rainha” do clã, enquanto o resto tornam-se bruxas comuns porém não inferiores. – Todas parecem igualmente interessadas no assunto, quando Cordelia continua. – Os sete poderes são: A Telecinese, o Concilium, a Divinação, o Descensum, a Transmutação, a Pirocinese e o Vitalum Vitalis.

– E o que são cada um deles? – Pergunta Avalon com seus belos olhos demonstrando surpresa, talvez admiração.

– A Telecinese é a capacidade de mover objetos e pessoas com o poder da mente, um poder muito útil na vida de uma bruxa. O Concilium é o chamado poder da mente, usado para controlar a mente de outra pessoa. A Divinação é o ato de se descobrir fatos através de objetos ou matéria orgânica relacionada ao local ou pessoa. O Descensum é uma perigosa descida ao mundo espiritual, algo como o inferno, muitas bruxas morrem ao performar o Descensum, já a transmutação é o ato de desaparecer e reaparecer em um lugar. – Explica Cordelia, parando para tomar um pouco de fôlego. – A Pirocinese consiste em esquentar objetos de modo que peguem fogo ou simplesmente tornem-se quentes. E por último mas não menos importante, o Vitalum Vitalis, o ponto de equilíbrio entre a vida e a morte, a capacidade de trazer todo e qualquer ser vivo de volta a vida.

Todas as garotas parecem encantadas com a possibilidade de tantos poderes,Sherry inclina-se para frente com interesse antes de lançar a pergunta que todas tem vontade de fazer.

– Você é a suprema?

– Não. –Suspira Cordelia com infelicidade. – A suprema deste clã é uma completa irresponsável, vadia, prepotente e arrogante.

– Quem é ela? – Indaga Alice, batendo suas belas unhas incansavelmente em cima de suas coxas.

– Fiona Goode. – Responde Cordelia, seus belos olhos castanhos exibem um brilho de tristeza. – Ou se preferirem, minha mãe.

O silêncio predomina no cômodo, todas entreolhando-se, algumas com vergonha, outras com curiosidade, Cordelia apenas suspira mais uma vez.

– Porém o reinado de Fiona está acabando, e uma nova suprema está para surgir, e há o que tudo indica, será uma de vocês. – Cordelia aponta para todas com satisfação na voz. – Meu trabalho e identificar a próxima suprema para que ela ascenda ao poder e saiba administrar este clã, coisa que Fiona não fez.

Os olhos das garotas brilham ainda mais intensamente “ser a próxima suprema? Ter todos esses poderes?” são as perguntas que ecoam pela cabeça de cada uma delas. Spalding toca o sino anunciando o almoço, o que desperta as jovens.

– Não se animem, temos uma longa estrada para definirmos esse fato ainda. Meu trabalho por enquanto é conciliar seus poderes a sua vida cotidiana. – Revela a diretora, que agora caminha na direção da sala de jantar com o típico barulho dos saltos no piso de marfim.

– Venham garotas, é hora do almoço.