Doro escrita por Machene


Capítulo 4
Dois Corações e Uma Alma




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Cap. 4

Dois Corações e Uma Alma

 

§Flash Back on§

Por fim, Eiri convenceu June a encher uma caixa com a sua beleza para Natássia. Ela estava indo de volta ao templo quando pensou que sua própria venustidade havia se desgastado depois de tantos trabalhos. Não resistiu e resolveu abrir a caixa, caindo em sono profundo. Por sorte, Hyoga, já curado de sua queimadura, soube do caso e partiu ao socorro de sua amada, descendo ao mundo inferior e encontrando-a na entrada.

Ele fechou a caixa e tomou-a nos braços para tirá-la de perto do aroma da morte. Quando a princesa abriu os olhos, constatou, para sua felicidade, que seu marido lhe salvara, e não pensou duas vezes em aconchegar-se em seus braços, feliz por revê-lo.

§Flash Back off§

Ao enxergar seu salvador sem nitidez, a princesa pensou a princípio estar em um de seus sonhos, os muitos que tivera em devaneios noturnos onde se via novamente nos braços do amado, mas notou que aquele não era mais um deles. O esposo trajava uma magnífica armadura branca de cisne, sem dúvida sua marca de ligação à mãe. Hyoga e Eiri já estavam num campo aberto na hora em que o deus do amor interrompeu seu voo.

Ele pousou na grama, entre as belas flores da campina, e colocou-a de pé para então abraça-la com mais força. Deixou fluir todo o seu nervosismo.

— Sua tola! Como podes ter ido até o Inferno procurando agradar minha mãe?!

— Era a única forma de alcança-lo. – ela respondeu com voz ainda fraca, agarrada à caixa mágica, sua última tarefa.

— Nem imaginas como senti tua falta! Fiquei desesperado quando soube para onde minha mãe a tinha mandado e pensei que Shun a mataria por insolência de pedires a beleza de June, ou algo mais cruel!

— Também achei que fosse acontecer, mas a sagrada deusa apiedou-se de mim. Graças aos céus! – eles riram aliviados, colando as testas e se acariciando – Sofri tanto com tua ausência, querido Hyoga, que não consigo expressar tamanha felicidade em vê-lo novamente. Achei que nunca me perdoaria.

— Desejei jamais vê-la, mas o amor me guiou de volta aos teus braços.

— Perdoe-me por tudo que fiz. Minha irmã Hilda morreu procurando tê-lo para si após rompermos, e ao perceber isso eu me senti uma completa tola por permitir que a desconfiança entrasse em nosso lar.

— Já passou minha querida; os terríveis ventos de dor já passaram. Escute-me... – ele distanciou somente para beijar-lhe a testa – Falta apenas entregar a caixa à minha mãe, então o faça. Ela me ama muito e se for contigo de nada adiantará tentar convencê-la a dividir-me com uma mortal, então termina tua tarefa. Em breve tudo estará findado.

— E que será de nós Hyoga, se tua mãe não me aceitar como nora?

— Conseguirei uma ajuda divina meu amor, portanto não temas. Ao final de tudo, veremos as estrelas desta noite juntos. – e com um beijo eles se despediram.

Enquanto a cansada Eiri corria para entregar a caixa à Natássia, Hyoga voou o mais rápido que podia de volta ao Olimpo, penetrando as alturas celestiais até encontrar-se pessoalmente com o deus dos deuses. Apresentou-se perante Seiya com suplica, pedindo que advogasse em sua causa. Em presença estavam Camus, Cristal e a atraente Saori, firme e de pé ao lado do trono na esperança de ouvir a resposta do senhor dois raios. Ele parecia contemplativo.

— Bom... O teu amor por essa jovem é admirável Hyoga, realmente, mas tu bem sabes que é um caso impossível.

— Sei bem que deuses e mortais não podem ficar juntos, então não serias o deus dos deuses poderoso o bastante para tornar uma moça humana imortal, certo?! – Seiya lhe sorriu maliciosamente.

— Engana-te se achas que não percebo tua provocação sobre meus poderes, rapaz.

— Dê então uma prova dele ao casal, meu senhor. – Saori lhe sorriu – Interceda a favor dos dois e das melhores maneiras persuada Natássia a revogar sua decisão.

— Saori está insatisfeita. Imagino então que Camus esteja igual?

— O deus do amor não pode ser infeliz em sua própria casa, e creio que o melhor para ele agora, com o perdão da palavra, é estar junto à jovem Eiri. – Hyoga lhe sorriu grato e o deus dos raios silenciou.

— Eis uma justificativa notável. Vejo, portanto, uma votação unânime. Intercederei com gosto em teu nome e de tua amada, Hyoga. Assim farei conversando com Natássia.

O rapaz agradeceu satisfeito e esperou até Seiya reunir os deuses na Assembleia Celestial, além de obter a concordância de Natássia. Com sua veemência, ele conseguiu a aprovação da deusa. Com isso, Cristal foi enviado para trazer a jovem Eiri ao Monte Olimpo e, quando ela chegou, entregaram-lhe uma taça de Ambrosia, para que ao tomar se tornasse imortal. Era uma chance única de alcançar poderes imensuráveis e a longa vida, mas enquanto levava o copo aos lábios a moça não se ateve a isso.

Apenas pensava que finalmente poderia viver com o amado. Como Camus mesmo lhe dissera uma vez, ela seria uma mulher afortunada e não sabia. O néctar divino fez o corpo da donzela reluzir e os presentes puderam jurar que ela parecia ainda mais linda do que antes. Nada mais se opôs ao amor do belo casal, nem mesmo Natássia, que ao ver o filho tão feliz se encheu de compaixão e os abençoou.

Seu casamento foi celebrado com muito néctar, na presença de todos os deuses. As encantadas jovens Musas, acompanhantes do deus Ikki, e as Graças, representantes da beleza que acompanham a deusa do amor, aclamavam a nova divindade durante os cantos de danças. Em meio à festa, Hyoga puxou sua esposa, agora oficialmente, até a beira do Olimpo para conversarem.

— Estás feliz, querida? – a jovem tinha um sorriso tão grande no rosto que talvez ficasse congelado por toda a eternidade e mesmo assim ela não se importaria.

— Deusa da alma? Não sei se sou merecedora de tal título, mas sinto meu coração batendo tão forte contra o peito que talvez saia pela boca. – os dois riram.

— Então estás feliz. – ele constatou, segurando-a firme pela cintura e trazendo-a contra seu peito – És merecedora de todas as honrarias do mundo. Conquistou não só a mim como a todos que puseram os olhos em ti, tanto pelo que és por fora como pelo interior. Não há melhor título que a represente.

— O melhor título que poderias receber também já tenho: o de tua esposa.

— E eu também não poderia estar mais feliz por isto. Agora, olhas para o céu Eiri. – a moça assim o fez e ficou impressionada com a quantidade de estrelas que a pouco não havia reparado – Esta infinidade és toda tua, meu amor, e pela eternidade estaremos observando as estrelas cadentes juntos, como assim te prometi. – a nova deusa olhou-o encantada e após alguns segundos riu, tentando controlar-se com a mão – Que houve?

— Bem, talvez não sejamos apenas nós, meu amor. – ela disse misteriosamente, segurando-lhe a mão e com um breve beijo colocando-a contra o ventre – Descobri em minha peregrinação uma alegria ainda maior, a que mais me incentivou a procura-lo para revelar um segredo adorável. – Hyoga entendeu rapidamente do que se tratava e em pouco tempo seu sorriso estava tão grande quanto o da esposa.

— Oh meu amor, estás me presenteando com uma benção divina mais uma vez?

— Sim; estou grávida de ti, querido. – o deus comemorou girando-a nos braços.

— Ah, mal posso esperar para contar a todos! – Eiri então aquiesceu e apertou-lhe os ombros, impedindo-o de ir.

— Não faças isso ainda! Tua mãe acaba de aceitar-me, não quero alarmá-la com esta surpresa. Melhor aguardar.

— Tens razão. Mas logo serás impossível esconder a verdade.

— E nem pretendo isso, mas por enquanto vamos apenas aproveitar-nos de nossa pequena surpresa, em reservado.

— Certamente. – seu marido concordou, sentando-se atrás dela sobre as macias nuvens e abraçando-a carinhosamente – Que houve para calar-te tão de repente querida?

— Bem, sinto-me nervosa com uma coisa. Mesmo sendo deusa, ainda poderei ver minha família? Sentirei saudades.

— É claro amor, mas viverás aqui no Olimpo comigo. Estás mesmo feliz com isto?

— Claro. Que outro destino poderias haver para mim se não ao teu lado? Os deuses abençoaram a nossa união e até mesmo Shiryu disse a meus pais o mesmo. – Hyoga enrijeceu sem que ela visse – O que me lembra, de fato sua previsão dizia que seria eu esposa de um monstro, e assim minhas irmãs sentiram necessidade de alertar-me contra ti, embora Hilda tivesse intenções malignas em seu coração. Mas então, a profecia era falsa. Por que o oráculo faria tal declaração se não estava destinada a ser sacrificada?

— Bem... – notando o nervosismo do esposo, Eiri sorriu maliciosamente.

— Ah, não serão necessárias explicações, querido marido, pois tua esposa acaba de entender a ardilosa impetuosidade.

— Sabes que fiz o que fiz pensando em nossa felicidade, certo meu bem?

— Certo, e estou bem com isso. Se ainda que sem previsão meu destino fosse ser entregue a teus braços e não aos de um monstro real, concordaria em sofrer com meu martírio pelo caminho de espinhos quantas vezes fossem necessárias.

— Não será preciso Eiri. – o deus abraçou-a mais forte – Finalmente chegamo-nos ao mar de rosas, e aqui ficaremos.

— Sim. Mas diga-me uma coisa querido... Disseste que estou presenteando-o outra vez com uma benção divina. Qual foi a primeira? – ele lhe sorriu confidente.

— A primeira foi ter-me concedido esta alegria de amar, como assim já permiti a outros. Muito obrigado, minha deusa.

Enfim, Eiri ficou unida a Hyoga, mostrando que o poder de unir dois seres em um só corpo é a maior dádiva divina e humana: o amor. Mais tarde, em seu devido tempo, tiveram duas belas filhas, cujo nome da primeira foi Hedonê, a deusa do prazer, e a da segunda foi Eleanor, a deusa da compaixão. Enquanto Hedonê, com suas lindas asas de borboleta, passava muito tempo admirando os laços profundos dos amantes como seus pais entre os mortais, a pequena Eleanor fascinava a todos usando seus olhos brilhantes.

Essa nascera levada como o pai, e normalmente conseguia o que queria para si e outros. Daquele momento em diante, o mundo soube que os frutos de uma emoção, dois fortes sentimentos personificados, guardariam unidos os reais enamorados, ao seu lado.

 

Fim


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Notas finais do capítulo

A armadura de Hyoga justifica-se porque, segundo a história grega, Afrodite possui um carro puxado por cisnes. Na história original, Eros e Psiquê tiveram uma filha chamada Hedonê, que em grego significa "prazer". Acontece que Eleanor, cujo nome significa "compaixão", será a filha de Hyoga e Eiri em outra história dos Cavaleiros do Zodíaco, daí ela está fazendo uma participação especial nesta fanfic como a segunda filha do casal, no papel de deusa da compaixão. Então, espero que quem gostou (e mesmo quem não curtiu tanto) acompanhe a próxima aventura. Até mais.



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