“Você tem as palavras para mudar uma nação

Mas está mordendo sua língua...”

Raoul

O Castelo estava estressante, todos faziam seus deveres enquanto Raoul observava a noite, todos estavam quietos, sua guarda treinava (dez vampiros extremamente fortes e poderosos criados para submissão faziam da área norte daquela fazenda um quartel general), perto de Washington existia aquela fazenda em que há anos atrás Raoul havia se instalado, aquele refúgio que chamavam de Castelo, a casa era enorme com dois andares.

—Senhor? — Trihna o chamou fazendo-o sair do tédio que o submergia.

—Conseguiu a bruxa? — A voz do líder dos vampiros era grossa, porém suas feições eram joviais, tinha traços infantis, mas ninguém se enganaria com as aparências um menino de quinze anos envelheceu muito em quinhentos anos, o príncipe levantou uma sobrancelha se estressando com a servente a sua frente.

Trihna era alta tinha cabelos castanhos arrumados em um coque, tinha duas décadas de existência nas noites, quando viu as sobrancelhas do seu senhor mudar de posição se estremeceu, logo se recompôs, limpou sua garganta e disse formalmente:

—Não recebemos notícias ainda senhor, porém receio que estão próximos a elas.

—Muito bem, — Raoul mudou de posição a encarando, seu manto vinho mudou de posição com o movimento. —Então porque me incomoda?

Trihna encarou o chão enquanto o olhar do príncipe a queimava.

—O Príncipe do Meridiano mandou uma carta ao senhor.

O Príncipe encarou com desdenho o pequeno envelope que a vampira retirou do bolso de seu casaco, ela deu um passo a frente para entregá-lo quando os dois seguranças se moveram em sua direção, ela fez uma careta e os dois vampiros que guardavam Raoul mostrou os dentes.

—Acalmem-se rapazes, por favor. Trihna ponha em meu escritório, logo irei ate lá.

—Sim senhor. —Trihna fez uma reverência e saiu apressadamente da grande sala do Rei.

Trihna era filha de um dos três conselheiros do rei, sua família era poderosa, porém qualquer vampiro que não fosse o próprio Príncipe era menos que nada.

***

Kayle...

Presas numa casa de shows eram onde estavam Kayle não podia sentir-se mais deslocada do que já estava, Vic havia arrastado-a ate ali e naquele momento cercado de pessoas estava querendo fugir, Vic era legal e animada, porém amava festas e isso era tudo que Kayle odiava, pessoas, barulho, amizades, traições, falsidade. Estava farta daquilo tudo quando se deu conta de que Vic não estava ali. Victoria era como uma criança e deixá-la por um segundo significava perde-la de vista, tentou localizá-la no local porem eram muitas pessoas e a fumaça artificial complicava ainda mais a tarefa, andou até uma nuvem de cabelos loiros e a pegou pelo braço, quando a menina virou-se percebeu que Vic era mais alta, então deixou que sua audição trabalhasse, ignorou a música e começou a ouvir as conversas, a voz de Vic veio de longe, atrás das portas do fundo.

"Me larga!" A voz tinha um tom de medo e raiva, então uma risada masculina seguiu a voz de Vic, Kayle sabia que ela estava em perigo, correu para a porta, abrindo-a viu um homem sobre o corpo da garota que estava encostado numa parede de tijolos, ela tentava escapar dos braços daquele estranho que a encurralara entre a parede e uma lixeira.

— Hey idiota. — Kayle disse capturando a atenção do estranho, com esses poucos segundos Vic conseguiu desvencilhar-se dos braços do grandalhão e cair no chão, o homem sorriu e disse:

— Olha só, sua amiguinha quer participar também... — sua voz era arrastada e grossa, porem era digna de pena, Kayle sorriu mostrando os dentes, dois caninos cresciam mais e mais, seus olhos agora brilhavam com um tom assassino.

—Se você quer brincar — ela deu uma gargalhada. — Vamos brincar.

No momento seguinte Kayle jogou o homem sobre a lixeira quebrando algum osso com o impacto, o grandalhão deu um grito e tentou fugir caindo ao lado de onde Vic observava tudo, ele engatinhou ate uma parede e se ergueu tentando encontrar Kayle que logo apareceu atrás do rapaz.

—Agora. —Ela disse, surpreendendo e agarrando o seu pescoço com uma mão. — Vou me alimentar.

Kayle cravou os dentes na garganta do homem sugando todo o precioso líquido que matinha a miserável vida daquele ser. Os olhos vidrados ficaram como prova de sua sentença, Kayle olhou por cima de seu ombro, Vic a encarava, tremia, e a encarava.

—Esse é o problema das pessoas. —Kayle resmungou pra si, Vic levantou do canto em que estava se aproximou.

—Qual e o problema das pessoas? -perguntou tentando se recompor.

Kayle a encarou, seus olhos prendeu Vic em seu olhar, e então respondeu:

—Elas morrem.

***

Mihke...

Mihke parou de sentir as lágrimas, a dor de perder a melhor amiga era horrível, ele estava encostado no peito de Jackson, que acariciava seus cabelos, o grandão estava cantarolando algo para Mihke, com um pequeno movimento Mihke capturou a mão de Jackson que parou imediatamente, Mihke levou seus lábios ate as costas da mão de Jackson depositando um beijo ali, os olhos do vampiro pararam nos olhos de Mihke.

—Desculpe-me. — a voz de Mihke cortou o silêncio do quarto fazendo com que Jacks se reposicionasse na cama.

—Pelo o que? — a voz de Jackson saiu calma e serena, ele estava com uma sobrancelha erguida.

— Por tudo isso. — Mihke se aproximou do grande corpo do vampiro. — você não merece isso, não me merece.

Jackson o encarou, as feições sérias.

—Eu te amo Mihke, e sim eu sei que não o mereço você e muito mais que eu posso desejar.

Jackson beijou a testa de Mihke sorrindo.

—Não foi isso que quis dizer. —Mihke acariciou a face do parceiro, — eu te amo Jackson.

O Vampiro se levantou num pulo.

—Tenho uma idéia. —Mihke ficou confuso com a atitude, e o encarou.

—Sua amiga não esta morta, bom morta no conceito humano, porem ainda vive.

Mihke sentiu os olhos lacrimejaram, não sabia o que Jackson queria dizer, se reposicionou na cama, dando mais atenção ao companheiro.

—Mihke — Jackson o chamou, seus olhos esperançosos. -se vista iremos resgatar sua amiga.

Mihke travou talvez desse certo, talvez não, mas devia tentar aquela era a única esperança.