Marry The Night escrita por FrozenUnicorn


Capítulo 1
Burn My Heart


Notas iniciais do capítulo

Essa história é muito especial para mim, mas talvez ela não toque a sua alma do jeito que tocou a minha porque eu me identifico com a situação da Helena. Se você não se identificar, o entendimento da história ficará prejudicado, portanto procure fazer um esforcinho e se colocar no lugar da Helena, por favor.



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Algumas pessoas simplesmente não entendem o que é a verdadeira busca pela felicidade. Pensam que ela está nos bens materiais ou no dinheiro. Mas para a Helena, uma garota brasileira de 18 anos, a felicidade só poderia se encontrar no que ela mais ama na sua vida: A música.

Ela aprendeu a tocar piano quando ainda era apenas uma pequena criança. Mais tarde ela também aprendeu a tocar guitarra. A sua voz era simplesmente inacreditável e surpreendia a todos que a ouviam. Porém, a sua voz não era doce ou suave e sim grave e poderosa. O seu maior sonho era se tornar uma grande estrela de pop rock.

Será que ela conseguiria?

Numa noite qualquer, ainda no anonimato, a Helena já estava cansada de viver sem ser ouvida, de não ter a sua voz reconhecida. Ela então prometeu a si mesma:

_Hoje eu me casarei com a noite!

Ela, assim, dirigiu o seu carro preto até um estacionamento abandonado onde havia vários carros pretos também. Lá não havia ninguém, nem mesmo dentro dos carros. Ela vestiu um top preto, uma saia preta, botas pretas que iam quase ao joelho e tinham salto alto, luvas pretas que iam quase até o cotovelo e meias arrastão pretas. Ela passou uma maquiagem preta e forte em todo o seu rosto e um batom cor de sangue na boca. Assim, ela pegou um galão de gasolina que estava dentro do seu carro e derramou sobre todos os carros ali, inclusive o dela. Enquanto derramava, ela começava a cantar:

Eu vou casar com a noite...

Eu não vou desistir da minha vida

Eu sou uma rainha guerreira

Eu vivo apaixonadamente esta noite

Percebendo que já havia gasolina o bastante em cima dos carros, ela acendeu um fósforo e fixou os seus olhos nele, enquanto prosseguia a sua música:

Eu vou casar com a escuridão

Eu vou fazer amor com o decidido

Eu sou um soldado para o meu próprio vazio

Eu sou uma vencedora

Assim, já mirando o fósforo num dos carros, ela cantou:

Eu vou casar com a noite

Eu vou casar com a noite

Eu vou casar com a noite

Então sem pestanejar, ela atirou o fósforo no carro, fazendo com que o fogo se espalhasse todo sobre ele. Ela, sentindo-se realizada, chegou ao refrão com toda a sua potência vocal:

Eu vou casar com a noite

Eu não vou mais chorar

Eu vou casar com a noite

Eu não deixarei nada nessas ruas para explorar

Enquanto cantava, ela dançava em meio às chamas do primeiro carro. Assim, chegando à próxima estrofe, ela acendeu mais alguns fósforos, enquanto cantava:

Eu vou amarrar as minhas botas

Vestir uma roupa de couro e viajar

Pela rua que eu amo

Em minhas luvas arrastão

Eu sou uma pecadora

Eu vou casar com a noite...

Eu vou casar com a noite...

Assim, a canção chegou ao seu refrão novamente. A Helena, desta vez, ateou fogo a todos os carros do estacionamento, inclusive ao dela, cantando com ainda mais potência vocal do que antes, podendo impressionar uma plateia inteira caso ela desejasse:

Eu vou casar com a noite

Eu não vou mais chorar

Eu vou casar com a noite

Eu não deixarei nada nessas ruas para explorar

Percebia-se que ela estava cada vez mais instigada, dançando em cima do seu carro, mesmo que ela corresse o maior risco de vida, pois estava cercada pelas chamas crescentes e vorazes alimentadas pela gasolina.

Nada é tão legal

Para me tirar de você

Nova York não é apenas um bronzeado que você nunca irá perder

O amor é o novo Jeans ou o preto

As armas de esqueleto são os sinos de casamento no sótão

Prepare o Ginger

Escale até a beira do El Camino

Eu não vou furar os bancos com os meus saltos

Porque é lá que nós fazemos amor

Ela não parava de dançar e parecia mais louca do que nunca, porém ela não se importava nem um pouco com isso. A sua roupa já estava toda queimada e o seu corpo cheio de fuligem. Se ela não saísse dali logo, estava morta. Porém, ela continuava a cantar:

Venha e fuja...

Ligue o carro e fuja...

Algumas explosões ocorreram próximas à garota e por mais estranho que pareça, ela nem mesmo tremeu a voz de nervoso. Ela parecia feliz. Feliz como nunca foi antes! Assim, a música chega ao seu ponto alto. A Helena nunca cantou tão apaixonadamente e com a voz tão potente em toda a sua vida:

Eu vou casar com a noite

Nós vamos queimar um buraco na estrada

Eu vou casar com a noite

Nós não vamos deixar nada nas ruas para explorar

De repente, o corpo de bombeiros apareceu. A polícia também. A Helena, mesmo assim, não deu a mínima. Os policiais gritaram:

_Saia daí! Você está presa!

_Vocês não têm o direito de interromper o meu casamento com a noite! – respondeu ela, esbravejando.

Os bombeiros faziam de tudo para apagar o fogo, mas não conseguiam. Aquele fogo era especial. Não havia como apagar o fogo da paixão, o fogo da música! A Helena, então, prosseguiu a sua música:

Eu vou casar

Casar

Eu vou casar

Casar

Venha, venha

Com a noite, a noite, a noite, a noite

Com a noite, a noite, a noite, a noite

Com a noite, a noite, a noite, a noite

Com a noite, a noite, a noite, a noite

Com a noite!

Ela terminou o seu show. Ela parecia extasiada de tanta felicidade. O seu casamento estava completo. Agora ela podia beijar a noiva.

E assim foi feito: Ela pulou nas chamas e se queimou completamente. Não houve como salvá-la. Porém, ela sabia que a sua vida não acabava ali, pois agora, finalmente o seu espírito incomum poderia descansar em paz. Várias fagulhas negras saíram do seu corpo e se aglomeraram, formando o seu espírito. O seu espírito então disse:

_Eu sou uma estrela!

Logo depois, o espírito desapareceu, provocando uma pequena explosão, o que fez com que caíssem várias fagulhas negras em todo o estacionamento.

Após o ocorrido, os astrônomos do mundo inteiro perceberam que surgiu uma nova estrela no céu. Ela era completamente solitária, pois não pertencia a nenhuma constelação. Era fácil identificá-la, pois ela era vermelha como o sangue e brilhava muito mais do que todas as outras juntas. Como ela surgiu logo após o “Caso Helena” – como foi apelidado o incêndio no estacionamento – A estrela ficou se chamando Helena. E, assim, ela passou a ser idolatrada por todos os músicos pela sua paixão pela rebeldia, pela música e principalmente pela noite. Ela, enfim, era mesmo uma vencedora, uma pecadora e uma perdedora. Porém, acima de tudo isso e de qualquer coisa, ela se tornou o que ela sempre quis ser: A eterna esposa da noite!


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Notas finais do capítulo

Eu sei, você deve estar achando que a Helena é uma louca ¬¬ Mas, enfim, que bom que você leu. Agora comente se você puder...