I'm Not the Enemy escrita por Queen B


Capítulo 38
Capítulo 38 - Respostas Perdidas


Notas iniciais do capítulo

mais um para vocês...



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Acordo em um lugar estranho enrolada em um lençol roxo. A janela está aberta e o vento me faz ficar com frio, então sinto uma mão deslizar por minha perna. É o cara que eu conheci ontem, ele estava deitado inversamente na cama e parecia acabado. Eu não sou de dormir com qualquer um, mas até que não foi ruim.

—Olá. –uma mulher me olha estranho enquanto eu vestia minha calça.

Levo um susto.

—Oi. –digo sem graça. Devia ser a empregada dele. –Estou de saída. Tem como avisar a ele por mim?

Vou até o banheiro, era um apartamento enorme. Passo água no meu rosto, escovo meus dentes com o dedo várias vezes.

—Claro. Não vai ficar para o café da manhã?

—Melhor não. –sorrio e fecho os botões da minha camisa.

Não sei como consegui arranjar alguém na noite anterior vestida assim. Blusa social e calça? O único capaz de dizer que eu estava linda é o inocente do Steve. Eu não o consideraria um qualquer com quem dormi. Ele me deixou encantada com a sua delicadeza. Provavelmente, agora deve estar criando planos para me matar já que descobriu que eu o enganei passando pela intrusa.

Minha barriga roncou de fome. Eu não tinha dinheiro e não queria voltar agora para a base da ALRS. Então eu vejo uma igreja enorme e bonita. Porque não entrar?

—Olá. –uma senhora me entrega um panfleto.

—Posso entrar?

—Claro. Porque não poderia?

Sorrio. Eu não tinha uma religião. Nem meus pais. Gabrielle era a única, mas não lembrava mais qual era a sua. O interior da igreja era esplêndido. Cheirava a marfim devido aos bancos, o altar era todo decorado e o confessionário era enorme. Eu precisava confessar algumas coisas. Não estava sendo uma boa garota.

—Olá. –fico constrangida em como começar.

Será que tinha alguém do outro lado? Quem se importa agora.

—Devo ser a primeira da lista a ir para o inf... Nível inferior. –corrijo. –Estou sendo extremamente egoísta e desumana procurando pelo meu pai. Atacando praticamente todos que entram no meu caminho. Deve ser por isso que está resultando em nada. Estou me afastando de todos. Não me sinto nem eu mesma,é estranho.

Olho em volta, a cabine escura continuava silenciosa.

—Estou perdendo as esperanças. Quero começar tudo de novo. Mas não sei como. Queria...

—Flyer.

—Espere. As vezes tento dar o meu melhor, ser fria, evitar as pessoas para não magoar, mas...

—Flyer.

O padre sabia meu nome? Assusto distanciando meu rosto da cortina de veludo onde ele estava. Coloco minha cabeça para fora. Não havia ninguém. Era realmente o padre me chamando.

—Desculpe. Mas como sabe quem sou eu?

—Eu peço desculpas por estar interferindo no seu momento pessoal. Na verdade, eterna desculpas. –disse em inglês.

Só podia ser o Capitão, com a sua voz delicada. Eu podia imaginá-lo vermelho de vergonha. Mas agora quem estava assim também era eu.

—O que está fazendo aqui?

—Temos assuntos a discutir.

Provavelmente ele estava com uma arma apontada para mim caso eu fugisse ou havia agentes da SHIELD por toda a igreja. Encolho os meus ombros.

—O que quer de mim? Tem câmeras da ALRS espalhadas por toda a cidade e inclusive aqui.

Parte disso era verdade. Havia câmeras por toda cidade, mas não na igreja.

—Eu vim sozinho e disfarçado.

Sorrio comigo mesma.

—De que? Super herói?

—Você me deve pelo menos... Atenção e respostas. –ele foi ríspido.

—Steve. Não sou obrigada a ser boazinha com você. Sou a inimiga. O mundo é cruel demais para você e a agora que tinha se apaixonado não vai voltar. –digo confiante.

Me sinto mal imediatamente. Eu estava afastando e atacando as pessoas novamente. Talvez ele realmente mereça uma chance.

—Eu invadi o sistema da SHIELD, procurei informações sobre você, comprei passagens e me arrisquei vir até aqui para isso?

—Ok. Não podemos conversar o dia todo nessa cabine.

—Então aonde? E as câmeras?

Penso por um tempo.

—Temos que ir para outra cidade próxima daqui. Pegar um trem. Vamos para a estação, compramos passagens para o primeiro que sair e descemos na primeira parada. Mas me siga discretamente. –sorrio com a minha brilhante ideia. –Antes, me dê dinheiro. Estou sem nada.

Steve abre um pequeno espaço na cortina de veludo e deixa o dinheiro enrolado cair no chão para mim. Ainda não tinha visto o seu rosto. Saio satisfeita da igreja e sigo o nosso plano como combinado.

Descemos na pequena vila e caminho até uma lanchonete de hambúrgueres pequena. Sento na única mesa vazia, as outras estavam ocupadas por adolescentes e em poucos minutos ele senta na minha frente. Usava uma touca cinza e uma mexa do seu cabelo para fora.

—Você pintou o seu cabelo? –questiono. Estava castanho.

—Tinta spray. Sai com shampoo.

—Então...

—Então, vão querer alguma coisa? –a garçonete pergunta.

—Dois Milk shakes de baunilha e dois hambúrgueres de frango. –digo rapidamente e então olho para o Steve e seu corpo musculoso. –Talvez três.

O capitão não estava entendendo nada, obviamente russo não era fácil. Mas percebeu o olhar que lancei para seu corpo e o da garçonete também.

—Certo.

Ela sorri e sai andando. Aconchego no banco desconfortável, pode ser por Steve estar aqui. Ele me fazia lembrar de como ele se abriu para mim enquanto eu estava presa na SHIELD e na nossa tarde juntos. E depois, de como deixei terrivelmente abalado quando descobriu que eu não era a Flyer que ele imaginava.

—Você está se arriscando tanto por respostas sobre a garota por quem estava apaixonado.

—Ela foi importante para mim.

—Essa mágica ia acabar. Essa paixão não dura. Além disso, ela sou eu. Você sabia que não ia durar para sempre. E tem sorte de estar eu sentada nesse banco aqui, se fosse outra pessoa, não seria muito boazinha com você.

—Talvez eu tenha essa sorte porque você tem alguma coisa para dizer, por isso não vai me machucar. –ele diz confiante e eu sorrio.

Sentimentos vale? Pena? Dó?

—Não devia estar furioso comigo pelo o que eu fiz? –estranho.

—Eu estava. Não mais. –seu olhar desviou do meu. -Não estava acreditando que era verdade, que a Flyer tinha ido embora.

—Ai você veio aqui para confirmar que ela realmente se foi, porque estava no meu lugar. –apoio os cotovelos na mesa. –Sinto muito. Amor é uma droga. Posso te jurar que é melhor para você não se prender a uma pessoa. Elas magoam. E muito.

—Então você não acredita no amor?

Nossas bebidas chegam e eu agradeço. Estava extremamente delicioso.

—Quer saber sobre mim certo? –não o espero responder. –Não acredito mais. –eu sacudo meu canudo olhando para baixo. –Preciso de alguém que me dê apoio. E bom de cama.

Ele desvia o olhar do meu sem graça.

—Não se preocupe com essa última parte. –eu rio baixo.

—Você diz isso porque nunca amou ninguém. Amor é apoiar também. É cuidar da pessoa como se ela fosse você. Entender a pessoa pelo olhar. Fazê-la rir.

—Eu amei sim alguém por três anos, mas ele me traiu de várias formas. E a intrusa que você conheceu foi bem rápida. Ela seguiu em frente durante o tempo que esteve na Rússia, ela saiu com o meu namorado mais de uma vez. Então acho que você deve fazer o mesmo.

Steve fica ofendido comigo. Não estávamos nos dando muito bem. Éramos o oposto claramente. Então começo a me perguntar se essa ideia de me arriscar a conversar com ele foi uma boa escolha. Eu sei que estava sendo insensível demais e inclusive sei que Steve já amou alguém antes de ser congelado.

—Como você me conhecia tão bem quando sequestramos você e a sua irmã? Você parecia a-a...

—A Intrusa. Eu achei um diário e devo dizer que ela escreve muito bem, me senti na pele dela.

Os olhos de Steve se iluminaram.

—E você tem ainda esse diário?

—Tenho. Mas está em Vladivostok. E por favor, não vai aparecer de surpresa uma noite no meu quarto procurando esse diário.

—Eu prometo. –ele tentou esconder o sorriso olhando para baixo. –O que está escrito?

—Coisas. A maioria sobre você. E que me fizeram até chorar.

Steve pagou a conta e fomos andando pela cidade enquanto eu contava o que lembrava do diário. Ele era tranquilo demais e bem emotivo. Era engraçado como eu estava tão próxima de um inimigo e poderíamos ser bons amigos se não fosse por toda nossa história.

—Tony Stark tinha muito ciúmes dela. Ele tratava ela como uma filha.

—Eu conheço uma pessoa assim. Meu treinador Burlem. Mas ele pode ser bem cruel, principalmente quando ele acha que não estou me esforçando. Sua mão é tão pesada.-eu o imitei cortando o ar com  a minha mão.

—Ele te bate? –o capitão estranhou.

—Algumas vezes sim.

—E você aceita? –Steve ficou perplexo e eu assenti naturalmente. –Isso não é certo. Porque continua lá?

—Porque eu sei que estou errada e mereci aquilo. –eu rebato incomodada com a sua perplexidade.

Levanto o olhar e vejo um rosto conhecido. Era um agente da ALRS e ele estava acompanhado por uma mulher, que parecia ser sua esposa e uma criança. Se ele me visse ali, ainda mais ao lado do Capitão América eu estaria morta.

—Tem um agente da Aliança ali. –fico de costas e faço o Steve ficar de costas para o agente também e para mim.

Eu entrelaço meus braços em sua cintura definida, na tentativa de mostrar um casal e descanso meu rosto em suas costas.

—Vamos entrar nessa loja.-digo sussurrando.

Ele me puxa para dentro da loja de vestidos de gala. E quando vejo, a família da qual estávamos fugindo entra também. Escolho um vestido vermelho qualquer e arrasto Steve pela mão para dentro de vestiário apertado.

—Eles entraram aqui. –sussurro.

—Ei! Um casal não pode entrar ai dentro. –uma funcionária bate na porta.

—Estou trocando de roupa! –digo irritada e reviro os olhos.

—Desculpe, mas é regra da loja. Para evitar situações de constrangimento.

Indico a fechadura para Steve abrir e quando ele me dá as costas, tiro minha blusa e passo o vestido vermelho longo sobre a minha calça.

—Não está vendo? Ele está me ajudando. Amor, fecha aqui para mim.

Steve cora ao me ver de sutiã e tento não rir disso. Ele arruma o vestido e eu encaro a vendedora, depois me olho no espelho e suspiro.

—Você tem razão. Não foi muito bem costurado. Obrigada meu bem. –

Selo meus lábios no do Steve de leve. Como um casal normal. Mas eu paro por um tempo e percebo que ele também. Era uma sensação estranha;

 –Agora se me der licença, vamos seguir as regras da loja. –digo.

Os dois saem e eu troco de roupa feliz pelo beijo. Eu me sentia estranha por não estar triste com o fim do meu namoro com Klaus, afinal, foram quase três anos juntos e em um dia eu já tinha dormido com um cara e beijado outro.  Mas era Steve Rogers, o Capitão América, e eu gostava de deixá-lo confuso.

—Vamos amor?

—Sim. –ele me olha um pouco desconfiado e abre a porta da loja para mim.

Andamos por um tempo silenciosos.

—Posso perguntar uma coisa?-ele quebrou o silêncio.

Eu nem o respondi, apenas revirei os olhos sinicamente.

—Você gosta da ALRS?

—Porque está me perguntando isso? –eu desconfio constrangida. –Eu gosto sim. Mas estou lá apenas por causa do meu pai.

—Por causa do seu pai?

—Eu já te expliquei. Meu pai e eu éramos muito próximos e o sonho dele era me ver lutando ao seu lado na ALRS. E um belo dia ele sumiu e não apareceu por meses. Então achei que ele poderia estar na ALRS, em alguma missão e eu decidi me juntar a eles para que assim ficasse próxima ao meu pai.

—E...?

—Eles disseram que meu pai havia sumido Steve. E logicamente, eu não acreditei. Talvez eles estivessem mentindo porque não confiavam em mim e foi assim que comecei a participar da Aliança. Estou esperando ser o suficientemente confiante para ver o meu pai.

—Você quer ver o seu pai, mesmo depois dele ter atacado Nova York e ferido centenas de pessoas?

Eu parei de andar e Steve virou-se para mim, me encarando. Levantei meu rosto com paciência o suficiente para explicá-lo.

—Ninguém sabia que meu pai estava atacando Nova York. Eu mesma estava ao lado de pessoas importantes da ALRS durante aquele momento e eles ficaram chocados. Ou seja, meu pai sumiu. Sumiu de Vladivostok, da Rússia, da ALRS. Ninguém sabe onde ele está.

Eu não esperava que ele acreditasse em mim, mas essa era a verdade. Eu ainda tinha grande esperanças em revê-lo e o ataque que ele fez sozinho em Nova York aumentou minhas esperanças, mesmo ele ferindo centenas de pessoas.

—Você pode contar a Fury ou qualquer um da SHIELD. Eu não ligo mais. Nem sei o que vou fazer da vida agora. Podem me torturar, arrancar parte do meu corpo, mas nada disso vai chamar atenção do meu pai. Ele parece que esqueceu de tudo. E eu só quero recomeçar tudo de novo.

Steve franziu a testa ocupando a mente com algum pensamento complexo.

—O que foi?

—Por mais que sejamos diferentes ou especiais, no fundo somos tão parecidos com qualquer pessoa. –ele suspirou.

—Porque diz isso?

—Porque eu também quero recomeçar tudo de novo. Mas vida só temos uma.

Eu abaixei a cabeça concordando. E eu estava vivendo a minha da pior maneira possível.


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