Entre Anjos escrita por BernardoAziz


Capítulo 7
Acabou a brincadeira




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/468035/chapter/7

O grupo era realmente grande, doze no total. Estavam divididos em duplas e rondavam toda a área na circunvizinhança onde Izacael provavelmente havia caído. Todos estavam sob as ordens de Lilith e tinham autorização para aniquilar quem ousasse atrapalhar suas buscas.

Fazia tempo que um número tão grande e principalmente tão poderoso de rebeldes não vagava sobre a Terra. Desde que Metatron os havia banido da presença dos Posteriores, eles só se arriscavam a furar o bloqueio individualmente ou em pequenos grupos, quase sempre formados por rebeldes de menor poder. Essa grande investida rebelde, com a presença de uma considerável força destrutiva, vinha reforçar a tese de que seu objetivo final era algo realmente importante e decisivo para a guerra entre os Malakins.

Logo que tomou conhecimento dos rumores da deserção de Izacael e da sua possível fuga em direção à Terra, Lúcifer tratou de separar um grupo de seus mais poderosos seguidores para partir em busca do desertor que era considerado um dos poucos de seu povo que podia igualar-se em poder a um dos Sete Arcanjos. E Lúcifer queria aquele poder, queria se apossar do poder de Izacael, o fiel discípulo de Chamuel.

É importante esclarecer que haviam subdivisões dentro do universo Malaki. A natureza do poder dos Primogênitos os dividia em dois grandes grupos, sendo o primeiro e mais numeroso chamado de Principados ou Elementais e o segundo chamado de Poderes ou Potestades. Essa divisão adivinha da natureza da habilidade de cada Malaki e era algo intrínseco a cada ser, não podendo ser alterado. Dentro de cada um dos dois grandes grupos haviam subgrupos que derivaram do tipo de poder que cada categoria de Malaki conseguia manipular.

No grupo dos Principados, chamado assim por englobar a grande maioria dos Malaki (e neles se enquadravam quatro dentre os Sete Arcanjos), existem quatro subdivisões, a saber: Flamis, Pneumus, Fluvis e Solus, que têm suas denominações originadas dos elementos fogo, vento, água e terra, respectivamente. Os Malakins pertencentes a qualquer um desses quatro subgrupos possui o poder de comandar, em maior ou menor grau de poder, um dos elementos da natureza, sendo essa a razão pela qual também são chamados de Elementais.

Já o grupo dos Poderes enquadram os Malakins que conseguem controlar uma dentre as três grandes forças que regem o universo: eletricidade, magnetismo ou gravidade. São, por isso, respectivamente nomeados Eléctrus, Mágnitus e Grávius. Três dentre os Sete Arcanjos pertenciam ao grupo dos Poderes – antes do desaparecimento do mestre dos Grávius.

Dentro do grupo dos Poderes existe ainda uma sub-habilidade rara que consiste em manipular o poder dos elétrons para se emanar rajadas de luz de alta potência. Esse raro subgrupo dos Poderes é denominado Fótuns, mas consideram-se eles elementos ainda integrantes do subgrupo maior dos Eléctrus.

Lúficer, em sua origem, pertencia ao grupo dos Principados sendo capaz de manipular com grande poder o elemento fogo. Era portanto um dos mais poderosos dentre os Flamis, podendo ter sido até mesmo o mais poderoso dentre eles. Quando os rebeldes descobriram como se apossar da energia de outros Malakins, Lúcifer conseguiu também o conhecimento de como se roubar a habilidade de suas vítimas. Aos poucos ele foi adquirindo todas as habilidades dos Primeiros Filhos, destruindo e roubando os poderes de seus semelhantes, ficando assim com as suas habilidades, ainda que em menor grau de poder que a dos donos originais, mas ainda assim sendo-lhe de uma importância decisiva numa batalha. Dessa forma Lúcifer conseguiu se tornar temido entre os Malakins, sendo praticamente invencível em uma batalha mano à mano.

Dentre todas as habilidades Malaki, Lúcifer só ainda não possuía duas: a habilidade incomum dos Fótuns e o poder magnífico dos Grávius – que, embora fosse considerada um subgrupo dos Poderes e por isso dar a falsa impressão de tratar-se de um grupo numeroso, era a habilidade mais rara de ser encontrada. Por isso tanto interesse de Lúcifer por Izacael. Além do desertor ser tão poderoso como até mesmo um dos Sete Arcanjos, ele ainda fazia parte do escasso subgrupo dos Grávius, sendo o mais poderoso discípulo de Chamuel, o arcanjo desaparecido e antigo mestre dos Grávius. Assim sendo, Lúcifer queria se apossar do poder e da habilidade de Izacael e aí sim, tornar-se completamente invencível em batalha, podendo enfrentar simultaneamente todos os seis Arcanjos restantes.

Era com essa finalidade que aquele grupo havia sido enviado, descobrir a localização e, se possível, capturar Izacael para levá-lo à presença de seu líder Lúcifer. Por essa razão também o grupo era formado por Malakins de considerável poder. E, infelizmente, mal sabia ela, apesar de toda a sua capacidade e preparo, Ariel não tinha a mínima condição de fazê-los resistência sozinha.

Uma das quatro duplas ficou com missão de permanecer nas redondezas do que agora era apenas a cratera onde um dia fora erguido o observatório da UvA. Ficariam de tocaia caso algum dos fiéis ao Primordial aparecesse para investigar aquele desastre. Sabiam que tinham se excedido em sua fúria assassina e que, mais cedo ou mais tarde, os opressores, como eram chamados por eles os fiéis ao Primordial, concentrariam suas atenções para aquele pequeno pedaço do universo. E não demorou muito para verem que estavam corretos em sua dedução, pois poucos dias depois do ataque devastador, Ariel estava em meio aos destroços procurando pistas sobre os autores daquela atrocidade.

Aladiah e Menadel eram os nomes dos dois rebeldes que interceptaram Ariel e Samuel quando os dois examinavam os escombros do observatório à procura de pistas sobre os autores do ataque.

**********

Ela já não sabia mais se agira corretamente ao ter levado consigo aquele mortal em sua investigação. Aquele cenário em ruínas deixava bem claro que seus adversários eram extremamente poderosos e que, caso viessem a encontrá-los, ela nada poderia fazer para proteger a vida de seu companheiro. Por essa razão mesmo ela não queria se demorar muito tempo naquele local, caminhava em meio aos destroços inquieta receosa de ser descoberta pelos assassinos rebeldes.

Samuel estava ainda chocado com o que via. Apesar de reconhecer as redondezas, não conseguia crer que aquele monte de ruínas dentro daquela cratera enorme era o que sobrara das edificações do observatório da UvA. Dois dias atrás, ele pernoitara naquele local e agora caminhava sobre os destroços do que um dia fora seu lugar preferido dentro do campus. Ele não conseguia se conter, seus olhos estavam totalmente molhados enquanto lágrimas escorriam de seu rosto. Ele pensava em todas as pessoas que foram mortas, em seus amigos que foram vítimas daquele ataque, todos muito jovens e cheios de planos. Lembrava-se de seus professores, em especial de seu amigo Prof. Michels, todos homens brilhantes, uma perda enorme.

Haviam quebrado o isolamento feito pelas autoridades e tentavam, assim como entraram anonimamente, sair sem deixar vestígios. Ele não sabia pelo o que procurar e na verdade, naquele momento, não se importava tanto com a missão de Ariel, sua mente só conseguia pensar nas vidas ceifadas injustamente. Já a jovem moça de longos cabelos ondulados concentrava-se em rastrear indícios de energia dos rebeldes envolvidos naquela matança.

Os Malakins conseguem sentir a essência um dos outros e distinguir, em meio a vários fatores, a energia vital de cada um dos seus semelhantes. Funciona, em comparação, como o timbre da voz para nós humanos, sendo que, entre os Malakins, nenhuma essência pode ser copiada ou confundida com outra, sendo totalmente confiável a identificação do possuidor de uma essência, não restando dúvidas. Ariel era exímia em encontrar e distinguir tais essências, sendo considerada uma especialista. Essa era, dentro das habilidades que possuía, a que mais a destacava em meio aos seus companheiros. Não demorou muito e ela identificou o rastro de seus inimigos.

– Vejo que estamos lidando com uma força destrutiva realmente preocupante. Lilith está aqui. - falou ela com uma expressão de preocupação, olhando para Samuel que ainda chorava ao percorrer os destroços. - Errei em ter trazido você comigo, coloquei nós dois em perigo. Vamos sair daqui!

Nem bem ela terminara de falar e dois jovens, um rapaz alto e de pele parda e uma jovem negra e delgada, os abordaram colocando-se à sua frente. Seus olhos eram estranhos como os de Ariel, sendo que os dele eram de um verde intenso enquanto que os dela eram negros como a noite sem luar, e dentro de ambos um redemoinho girava ininterruptamente. Ariel estremeceu ao vê-los à sua frente e Samuel teve certeza que daquele encontro ele não sobreviveria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Anjos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.