"Welcome back

Winter once again

And put on your warm fuzzy sweater

Cuz you'll feel much better when"

Mais um dia cotidiano para o espírito do inverno.

E o que seria um dia cotidiano para Jack Frost? É sabido que o garoto de cabelos brancos gostava de se divertir. Viajando pelo mundo, Jack procurava crianças que acreditassem no poder que ele tinha e, sempre que pôde, proporcionava à elas o máximo de diversão que conseguisse.

Mas à distância.

Desde seu surgimento (não poderia dizer que nascera), Frost sempre fora invisível, mesmo por aqueles com quem interagia. Por isso, mantinha-se afastado, entretendo-se com a alegria que trazia aos outros. Porém, depois de décadas enfurnado em um mesmo vilarejo, decidiu voar pelo mundo à procura de novas aventuras, como gostava de pensar. A verdade é que tinha se entediado com a vida que levava e acreditou que uma mudança de ares lhe faria bem.

...

Despreocupado, o espírito dançava sobre as nuvens, não esperando nada daquele dia comum. Mas, neste dia em particular, que se parecia com todos os outros, Jack Frost notara uma certa peculiaridade nas montanhas geladas pelas quais viajava. Ao invés de pessoas, encontrou um castelo.

Um grande castelo de gelo, que se erguia do solo de neve.

Uma enorme construção, firme e bela, com tantos detalhes que deixara o menino perdido. As paredes azuis polidas refletiam qualquer detalhe à sua frente. O menino podia ver o próprio reflexo tão bem quanto em um espelho e o toque mostrou a ele a temperatura baixíssima que segurava a edificação de pé. Era incrível, imponente, como nunca antes vira.

Quem poderia ter feito aquilo?

Com a ajuda do vento, Jack subiu pelas paredes gélidas, tateando cada canto que podia. Sorria, feito bobo, maravilhado com a genialidade humana e o que ela era capaz de realizar. Quantos homens teriam sido necessários para que aquilo fosse feito? Por que o tinham feito? Abrigava pessoas? As questões zombavam de seu pensamento lógico, fazendo-o se perder nos próprios pensamentos.

Parou, porém, quando ouviu vozes vindo de dentro. Alcançou uma janela próxima ao som, perto de onde estava, e observou o que acontecia. Eram duas mulheres, jovens, ele diria, que caminhavam pelo salão principal.

— ... você não precisa mais vir aqui, Elsa — a garota ruiva dizia, enquanto seguia a outra, de cabelos loiros — Tudo foi esclarecido.

— Não se trata disso, Anna — respondeu, apoiando-se no suporte da escada — Eu me sinto confortável aqui.

Era verdade. Mesmo que tudo tenha se resolvido — o príncipe mau tenha sido derrotado e a paz restaurada — a rainha se sentia segura em sua própria fortaleza. Não fazia por mal, claro que não. Amava Anna mais do que tudo, mais do que a si mesma. Mas... não podia explicar. Era na neve, no frio, que se sentia completa, realizada.

— Eu não entendo — a ruiva disse novamente — Você não gosta de estar comigo?

— Não é isso, Anna! — as mãos das duas estavam agora entrelaçadas — Mas eu construí esse castelo, e o frio faz parte de mim, de quem eu sou.

"Ela construiu esse castelo... sozinha?"

Jack não conseguia entender. Como? Quem é essa garota? Indagou sobre o que faria e, finalmente, afirmou para si.

Preciso conhecê-la. De perto.