O tempo estava passando e comecei a sentir o peso do meu filho. Engordei e estava com muita dor, sentia enjoo de tudo. O médico falara que estava tudo normal, que era os problemas da gravidez e que dentro de mais alguns meses tudo estaria acabado. Estava marcado para fazer meus exames naquele mesmo hospital onde apareci com o corte. A Amanda como sempre me acompanhava em tudo, nossa amizade ficava cada dia mais forte, ela acabou se tornando a irmã que nunca tive e a mãe dela me aceitou. Estava feliz em minha casa nova e nada mais poderia mudar aquilo, finalmente estava feliz. Aquela menina quieta ficou no passado, a nova Carla era alegre, vivia de bem com a vida, aproveitava simplesmente tudo que a vida lhe oferecia. Apesar dos acontecimentos não sentia raiva, ira ou até mesmo nojo de Walter. Escolhi como castigo para ele, dar a luz ao seu filho. Filho no qual sabia que não estaria interessado em ver, ou se quer existia.

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Na escola, as coisas caminhavam na perfeita paz. Tornei-me mais social, mais divertida e meu canto não era mais tão bom assim. Ele trazia más lembranças e por fim abandonei aquele templo. Meu desempenho só tendia a crescer, os professores que me olhavam como um caso perdido e passaram a me encarar com outros olhos. Estava surpreendendo cada vez mais as expectativas e começou a passar pela minha cabeça a ideia de, quem sabe, começar uma faculdade. Por fim decidi virar advogada. Estava decidida a lutar pelos direitos femininos e não tolerar mais a crueldade contra a mulher.

Quando chegou a hora da última aula, encontrei quem menos queria. Walter. Estava parado na mesma porta onde ele fez aquele convite, de longe notou que estava passando e como da primeira vez me parou. Como sempre aqueles olhos azuis começaram a me encarar, parecia que estava pronto para me comer com os olhos. Até que no fim disse:

–Olha só, você voltou. E com a volta parece que trouxe alguns quilos a mais em.

Aquilo me deixou louca de raiva, seus amigos começaram a zombar rindo do seu comentário. De longe a Amanda estava observando tudo, ela sabia que estava para fazer algo de muito ruim, então ela simplesmente me levou para longe. Quando nos afastamos não sabia o que dizer, então como por impulso, deitei a cabeça em seu ombro e chorei, chorei por tudo, esvaziei o coração naquele momento e confesso que aquilo me deixou mais leve, então retribui com um olhar, estava sem palavras para expressar o que sentia dele. Voltamos para a aula, como sempre tudo correu muito bem. No fundo Walter continuava com suas piadas, mas aquilo não me abatia mais. Estava, sem sombras de dúvidas, a ter aquela criança.

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Quando o sinal tocou, Amanda e eu voltamos para a casa. Meus exames estavam marcados para hoje à tarde, estava muito curiosa para saber sobre meu filho. Quando cheguei ao hospital, o atendimento demorou, simplesmente por estar grávida não mudava nada e demorei em ser atendida. Minha vez chegou e parece que a eternidade tinha passado. Entrando na sala o médico fez suas perguntas de rotina, até que começou o exame. Depois de algum tempo eu finalmente sai e a notícia valeu a pena toda a demora. Estava esperando um menino, menino aquele que mesmo sem nascer se tornou o meu homem. Aquele único homem que eu daria a minha a minha vida. Contei a notícia para Amanda e ela pareceu mais feliz do que eu, a felicidade irradiava dela, e qualquer coração frio que passasse por ali, abandonaria sua solidão. Sem muito a dizer ela perguntou:

–E então qual vai ser o nome do seu filho?

–Ainda não, estou indecisa. Você tem alguma ideia?

–Eu? Mas o filho é seu. Isso quem tem o direito de escolher é a mãe.

–Mas nesses últimos tempos você foi uma mãe pra mim Amanda, você sempre me apoiou nos piores momentos da vida, cada turbulência que passei e você ficou firme do meu lado,sua amizade me ajudou a encontrar um sentido a isso tudo. Se não fosse você eu não estaria aqui, provavelmente teria desistido a muito tempo.

Por um momento ela ficou fitando a amiga, milhares de nomes voavam pela sua cabeça como pássaros. Precisava de uma ideia, necessitava desesperadamente de uma, até que por fim disse.

–Que tal esperar o bebê nascer?

Aquilo me pegou de surpresa.

–Como assim?

Por um momento Amanda se sentiu orgulhosa e disse.

–Uma vez minha mãe contou que na sua gravidez ela percebeu ter dificuldades para escolher meu nome. Foram nove meses lutando e nada. Até que uma amiga antiga dela deu a ideia de esperar eu nascer e começar a falar nomes para mim. Amanda foi o que melhor reagi. E por fim ficou esse nome que vos fala.

Sem dúvidas aquela foi a melhor ideia que já deram. Ansiava pelo nascimento do meu pequeno homem. E por fim para entrega-lhe o nome que carregaria a história de sua vida.