Daryl e Carol - Estou com você escrita por Giovana AC


Capítulo 1
Estou com você


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito a dizer aqui, enfim, espero que gostem!



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Daryl estava atrás da barraca onde ficavam suas cobertas, roupas, enfim, onde passava a maior parte do tempo. Sentado num banquinho com sua camisa cinza escuro com mangas cortadas e o poncho, que não dava conta de esquenta-lo totalmente, fazendo seu corpo tremer um pouco. Cortava pedaços de madeira para fazer flechas, até que passou a faca fortemente, o instrumento escapou em sua mão e um pedaço de madeira entrou no machucado formado:

_ Ai, inferno – rasgou um pedaço de pano e enrolou na mão.

Levantou estressado com o frio e com o corte, tirou o poncho e jogou no chão. Começou a abrir os botões da camisa. Tirou-a. Abaixou e começou a revirar sua pouca quantidade de roupa em busca de alguma outra que ainda não tivesse arrancado as mangas, aquela noite estava muito fria e sua jaqueta havia ficado para trás na prisão.

Carol foi caminhando devagar em silêncio, ao som das folhas secas que quebravam conforme mudava os passos. Chegou perto dele, ficou observando as tatuagens e cicatrizes em suas costas nos poucos segundos que Daryl demorara a perceber a presença de alguém, momento no qual se virou rapidamente esperando um andante pronto para dilacerar sua carne, porém se deparou com ela e deu um pequeno suspiro de alívio.

_ Ei – disse levantando e virando de frente para esconder as cicatrizes.

Carol sorriu levemente e disse:

_ Só vim avisar que eu separei um pouco de comida para você, quando quiser...

_ A... Tudo bem, obrigado.

Reparou que o arqueiro estava com o pano na mão:

_ O que houve com a sua mão?

_ Nada – colocou o braço para trás das costas.

Carol foi até ele:

_ Deixe – me ver.

_ Não é nada – recebeu um olhar de mulher.

Daryl tirou o pano e estendeu a mão. O corte era razoavelmente fundo na palma da mão, perto do polegar.

_ Tem uma farpa aqui. O que estava fazendo?

_ Flechas.

_ Hum. Vou tirar, aguente um pouquinho – tentou puxar o pedacinho de madeira com a ponta das unhas, mas não conseguia pegar, porque ele estava se mexendo e tremendo de frio.

_ Pode parar de mexer, por favor? – concentrada no que estava fazendo.

_ Posso – disse olhando para ela que se voltou para ele um instante.

Estava sangrando um pouco. Daryl tentava não demonstrar dor, porém em um momento disse puxando a mão:

_ Para. Deixa aí – impaciente.

_ Não posso, vai infeccionar.

Pegou a mão de novo com ele revirando os olhos e conseguiu puxar a farpa.

_ Au! – reclamou.

_ Pronto. Você ainda esta vivo! – zombando das reclamações e recebeu um olhar dele com aqueles sedutores olhos estreitos. Pegou uma garrafa que estava no chão e jogou água para limpar, pegou o pano e pressionou até estacar o sangue, em silêncio. Posteriormente amarrou outro, limpo.

_ Obrigado – ela sorriu.

Estava voltando de onde tinha vindo, mas se virou novamente:

_ Até que você sem camisa não é de se jogar fora, mas acho melhor você se vestir logo, está muito frio – saiu sorrindo virada para ele enquanto ficou parado um pouco corado. Assim que a mulher deu as costas ele colocou a roupa rápido, achou que ia morrer se demorasse mais 2 minutos.

Afastou-se e foi sentar no chão perto da fogueira, onde passaria toda a noite para vigiar, enquanto Beth levava as crianças para dormir na barraca. Lizzie passou por ela dizendo:

_ Boa noite Carol.

_ Boa noite querida.

Ficou pensando enquanto ouvia o estalar das chamas até Tyreese chegar e sentar ao seu lado em silêncio, eles não tinham muitos assuntos, principalmente na atual situação, no entanto estavam conseguindo sobreviver juntos, e isso era bom. Depois de alguns minutos, ouviu Daryl chegando, estava com a única camisa de manga longa que havia sobrado e o poncho, com a besta nas costas.

_ Hey! Tyreese – ele olhou. _ Vá descansar, eu vigio com Carol essa noite.

_ Tem certeza?

_ Uhum, vá enfrente.

_ Ok. Obrigado – levantou e foi em direção a barraca.

Carol virou levemente para trás e estendeu uma vasilha com alguns pedaços de carne, que Daryl pegou, deixou a besta no chão e sentou ao seu lado.

Começou a comer:

_ Você que fez? – apontando para a vasilha com a boca cheia.

_ Aham, está bom?

_ Uhum.

Terminou de comer em silêncio, lambeu as pontas dos dedos como de costume e continuaram assim por uns bons minutos. Ele ficava se questionando dos motivos pelos quais esperava Carol separar comida para ele, ao invés de jantar com os outros, nunca tinha refletido sobre isso, afinal já tinha virado um hábito, contudo na verdade era para ao menos terem um momento a sós, descansar em sua presença tranquilizadora. Parecia que na atual situação nenhuma palavra se fazia necessária, apenas ter alguém que o fazia bem já era suficiente, só de estar com uma pessoa importante, nem que fosse por alguns míseros segundos, que podiam ser os últimos de suas vidas, já era uma graça de Deus, um Deus que as vezes se recusavam a acreditar que existia, pela vida tão desgraçada que estavam levando. Daryl pegou um cigarro:

_ Se importa?

Ela acenou que não, então acendeu e aspirou a fumaça para o chão.

_Você devia ir descansar... – disse Carol esfregando as mãos para esquenta-las.

_ Não, eu... Estou bem – com sua voz um pouco rouca. Deixou o cigarro pendendo nos lábios, tirou o poncho e estendeu a Carol.

_ Não, pode ficar.

_ Puff - foi mais perto e colocou nela por cima de sua blusa de malha bege. Foi retribuído com um sorriso.

_ Sabe, eu estive pensando no efeito que tudo isso que está acontecendo está fazendo em nós... Em como estamos mudados e o que éramos antes...

_ Virou uma lembrança distante – completou a frase.

_ É... Nos tornou menos sensíveis, por vezes mais cruéis, mais destruídos por dentro.

_ É... Mas também trouxe pessoas que realmente se importam conosco e é nelas que encontramos um único sentido para viver, ser útil para alguém – fixando os olhos nos dela para que entendesse que era de pessoas como ela que estava falando.

Carol sorriu e começou a segurar com cuidado na mão machucada de Daryl, que sentiu uma sensação estranha devido ao toque não costumeiro, porém não quis que soltasse.

_ Já me perguntei várias vezes se isso é de tudo ruim, porque olhe como era antes... Eu tinha uma vida de tristeza, levava tapas e socos praticamente todos os dias, ficava com manchas roxas por semanas e quando alguém perguntava o que tinha acontecido, eu falava que tinha caído ou batido em algum lugar, tentando mascarar o que todos já sabiam, por medo. Não podia colocar roupas de cores alegres e bonitas como as outras mulheres, não podia ter o cabelo mais comprido e tingido, para nenhum homem olhar para mim, tinha que suportar seus toques em meu corpo. Não podia ao menos ficar feliz, se não apanhava – estava com raiva por falar desse assunto, mesmo depois de tanto tempo.

_ Ei, isso nunca mais vai acontecer – falou suavemente acariciando a mão que estava dada com a sua. Nem podia imaginar como alguém podia tratar uma mulher daquele jeito, força-la a fazer coisas, impedir aquele sorriso tão bonito...

_ Eu não aguentaria isso tudo agora, acho que já teria cortado a garganta dele enquanto dormia. – suspirou. _ Estou bem... Você não quer falar um pouco de você? – soltou a mão e pegou o cigarro dele colocando-o em sua boca para ver se a deixava mais relaxada.

O arqueiro ficou pensando um pouco, enquanto a observava fumar, nunca tinha a visto fazer aquilo, aquela mulher não tinha vícios.

_ Se não quiser... Não precisa.

_ Não, eu... Bom eu... Não tinha muitos amigos, costumava ficar andando pelas florestas caçando, era um jeito de passar o tempo sozinho e colocar comida na mesa.

_ E Merle?

_ Ele quase não ficava em casa, odiava estar perto de mim, eu só servia para fazer as coisas que ele queria... Além de ele só fazer besteiras e ter que passar períodos no reformatório– fez uma pausa e continuou:

_ A verdade é que ninguém nunca se importou. Minha mãe morreu queimada quando eu era garoto, a casa pegou fogo. Meu pai só sabia beber, não ficava em casa, chegava fora de si de madrugada e me batia, principalmente depois do que houve com minha mãe, toda a raiva que ele tinha, descontava em mim, batia com o cinto em minhas costas, me empurrava contra os móveis e Merle nunca fez nada, ele nunca esteve lá quando eu precisei... Até que um dia ficamos só nós dois – deu uma pausa, olhou para baixo e acendeu outro cigarro para ele. _ Me desculpe por ficar aqui, te enchendo com...

_ Eu sei como é – falou cortando-o._ As marcas nunca ficam só aqui – apontando para o pulso com um cicatriz saltada. _ Ficam aqui – colocou a mão do lado esquerdo do peito dele. _ Cravadas na gente.

_ Sabe, eu nunca tinha contado isso a alguém. Acho que é porque nunca quiseram saber...

_ Eu gosto de saber sobre você, só não sei como conseguiu proteger Merle mesmo depois de tudo.

_ Ele era a única família que sobrou... Acreditava que era a única pessoa que eu tinha – parou um pouco, aspirou a fumaça do cigarro. _ Mas depois que ele se foi, percebi que podia ser eu mesmo invés daquele cara sem sentimentos que ele insistia que eu devia ser, podia ser melhor, melhor do que ele.

_ E você é. Sempre esteve aqui, com as pessoas, me deu apoio quando precisei, mesmo com o seu jeito...

O homem sorriu tímido e disse:

_ Meu jeito... Ou minha falta e jeito?... Não sou muito bom com as pessoas... – riram.

Ficaram em silêncio por uns instantes.

_ Mas voltando a sua questão, eu não acho que foi de tudo ruim, mas também não pode ser bom. Nós criamos vínculos, amor pelas pessoas e eu sempre conheci o amor como algo ruim, porque todas as pessoas que eu amava não se importavam comigo, no entanto agora por outros motivos ele continua sendo ruim. Nos alimenta, acolhe e conforta para depois, tudo o que amamos ser tirado de nós, isso não faz o menor sentido, eu odeio amor – não puderam deixar de pensar em Sophia naquele momento.

_ As coisas são assim, passamos por experiências horríveis e mesmo assim continuamos fazendo a mesma coisa... Porque sabemos ganhar, mas não aprendemos a perder. Eu era apegada a Sophia e não queria perde-la, mas ela se foi, eu não queria me apegar a mais ninguém, mas quando me dei conta isso já havia acontecido. Eu não quero perder você, assim como não queria perder Sophia... Ela era...

_ Sua garotinha. Eu queria ter podido encontra-la, mas...

_ Algumas coisas não podem ser evitadas, eu... Eu as vezes quero fingir que nunca tive uma filha, porém não para você, você sabe, eu penso nela todos os dias.

_ Eu sei – acenou com a cabeça.

Carol começou a chorar e o abraçou forte, estavam meio inconscientes e embebedados por sono e cansaço, ele não sabia muito bem o que fazer com mãos e acabou segurando a cabeça dela com uma delas e ela com a testa encostada em seu ombro e lágrimas saindo de seus olhos azuis. Daryl não sabia o que dizer, então só manteve o corpo dela junto ao seu.

Foram se soltando, Carol limpou as lágrimas, os lábios estavam muito próximos, uma atração estranha, podia ser efeito dos anos sem sexo, mas não era só desejo, era carinho também.

_ Eu não queria me... Apegar. Isso vai nos fazer sofrer – disse Daryl tentando evitar o encontro dos olhares.

_ Nós já estamos sofrendo, mas podemos tornar menos doloroso...

_ Apenas por um determinado tempo.

_ É, só nós sabemos que viveremos por um determinado tempo mesmo, então o que acha de tentarmos fazer com que seja o melhor possível?

Daryl pensou em dizer algo, mas resolveu não falar nada, pensou: “Dane-se, o mundo já está perdido mesmo, não tenho motivos para ignorar esse sentimento”. Os lábios se tocaram. O beijo começou lento e foi ficando quente, entusiasmado. Podia sentir a língua de Daryl entrando e saindo de da boca e o gosto de cigarro de ambos. As delicadas mãos da mulher jogando seu cabelo para trás e segurando forte seu rosto. O que era tudo aquilo? Uma loucura? Talvez.

Podiam sentir a fricção do beijo forte e incessável. Param por um instante olharam nos olhos e não puderam lutar contra o sorriso que surgia nas faces. Largaram os cigarros no chão, Carol levantou e puxou Daryl pelo punho. O beijo tinha sido muito bom, Daryl queria mais, mas não sabia como agir, pegou em sua cintura e juntou o quadril ao seu com um pouco de força e tomou aqueles lábios macios para si, ela colocou os braços em torno de seu pescoço, a pegada dele em seu corpo era tão... Gostosa, a quanto tempo não sentia um toque masculino desejado. Pegaram a besta e foram em direção a parte de traz da barraca.

Quando chegaram, Daryl tropeçou nuns cobertores jogados no chão, as coisas dele eram todas bagunçadas.

Carol começou a puxar Daryl para os cobertores:

_ Tem certeza que você me quer aí? – perguntou com um sorriso tímido no rosto.

_ Tenho...

Carol deitou primeiro e Daryl largou a arma, foi por cima dela e cobriu-os. Não conseguia se conter diante dela, na excitação do momento começou a tirar a blusa dela e beijar o seu colo pensando ao mesmo tempo: “ O que estou fazendo?”. Carol desabotoava a camisa dele e passava as mãos por suas costas. Ele tirou as calças cinza dela e sentiu ela brindo o zíper da sua. Aquele era o momento que ela tantas vezes pediu em silêncio. Ele ficou observando-a por um instante com os lábios vermelhos, apenas de lingerie preta, também tinha cicatrizes, mas como era sensual aquela mulher apesar das marcas que carregava. E aquele homem a, aquele homem, um homem de verdade para a vida de Carol.

Penetrou nela e podia escuta-la gemer baixinho em seu ouvido, deixando-o maluco e passando os lábios pelos seios. Movimentavam os quadris, enquanto Daryl acariciava o corpo de Carol em toques suaves, até atingirem o clímax e ficarem exaustos.

Ambos não sabiam o que dizer, não era necessário nenhuma frase de “Eu te amo”, isso soaria tão estúpido.

Ficaram parados suspirando, depois Daryl se deitou virado para cima, Carol encostada em seu peito, se cobriram até o pescoço com o cobertor de lã e mais outros dois que estavam jogados ao lado.

_ Outro cigarro iria bem... – Disparou.

Ele olhou para a caixinha do outro lado e olhou para ela transmitindo que estava sem energia para levantar. Pensou por um instante:

_ Uma bebida iria bem...

Carol abraçou-o no abdômen:

_ Isso já está fora de cogitação – riram.

Carol fechou os olhos e Daryl ficou olhando para o céu.

_ Eu vou fazer de tudo para te manter segura, não vou falhar – disse com a voz baixa.

_ Você nunca falhou. E não quero te ver morrer para me salvar.

_ Você vai viver, não sei onde isso vai dar, talvez seja o fim dos tempos, bem provável, mas vou fazer de tudo para você viver.

_ Sem você? Não faria o menor sentido – abrindo os olhos.

_Mas eu não impor... – foi cortado por Carol.

_ Shhh – colocou o dedo nos lábios dele pedindo para parar. _ Meu Deus será que você não consegue se preocupar um pouco com si mesmo?

_ Não – deu um leve sorriso.

_ Pois devia.

_ Por quê?

_ Porque você é o pouco que eu tenho – em tom de obviedade, segurou o rosto dele:_ Você tem entender que eu não posso te perder.

_ Eu entendi.

Daryl olhou para cima de novo.

_ Você realmente odeia o amor? – suavemente passou a mão pela testa dele, tirando os fios de cabelo do olho. Olhou para ela:

_ Não sei – ficou de lado, repousou a cabeça no peito de Carol, abraçou sua cintura e recebeu o carinho dela, que mexia em seu cabelo.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar! Bj.



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