Guinea Pig escrita por Greed the Ambitious


Capítulo 1
Experimento maléfico – O ambicioso vs. o guardião




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Ano de 1973. No meio do Oceano Pacífico, encontra-se neste momento um dos grandes líderes do tráfico internacional de armas e drogas, de nome muito conhecido no submundo. Temido tanto no mundo político quando no da luta, este homem opera de seu porta-aviões particular, BlackNoah. Neste momento, ele se encontra sentado em sua poltrona, degustando um fino vinho enquanto aguarda a chegada de um jovem que lhe propôs uma conversa sobre um assunto que muito lhe interessava.

—Senhor. – um de seus secretários havia chegado com a notícia que ele aguardava – A pessoa que esperava finalmente chegou.

—Oh, muito bem... Encaminhe-o até minha sala de troféus, Arnon. Eu o estarei esperando lá.

Com seus 25 anos, este homem loiro de grande porte físico possui um nome conhecido nos quatro cantos do mundo. Já há algum tempo, para provar sua força, ele desafia lutadores poderosos do mundo inteiro, vencendo a todos com seu poder esmagador. E ele não é o único que faz desafios. Lutadores e mafiosos dos quatro cantos do planeta vêm até ele na esperança de derrotá-lo, seja por reconhecimento no mundo da luta, seja para conseguir sua posição no mundo do tráfico. Todos foram irremediavelmente derrotados. Seu destino: terem seus corpos cobertos com metal líquido, para serem preservados e adicionados à “coleção de troféus” que este homem adora exibir em seu porta-aviões.

Ele é um mestre em todos os esportes. Conhece várias técnicas dos inúmeros estilos de luta diferentes que domina. Até mesmo as técnicas de lutadores míticos como Geese Howard, o ascendente empresário de Southtown, e Wolfgang Krauser, o glorioso Conde de Stroheim da Alemanha, foram dominadas por ele. Este homem, que odeia a justiça e os empecilhos que se põem em seu caminho, chama-se Rugal Bernstein.

Rugal ficou sabendo da existência de um poder antigo por meio de escrituras sagradas que ele conseguiu numa viagem ao Japão, e ficou fascinado. Decifrando boa parte do conteúdo daqueles documentos, que de tão antigos, se encontravam já danificados pelo tempo, descobriu a existência de uma antiga entidade, que 1800 anos atrás tentou destruir a humanidade. Ela era chamada de “A Vontade de Gaia”, e seu poder encontrava-se adormecido. Era óbvio que tentaria conseguir esse poder para si. O poder do Yamata no Orochi. Quem sabe o que ele seria capaz de fazer se o tivesse? Provavelmente estaria perto de se tornar o mais poderoso lutador do mundo. Não, ele certamente se tornaria o mais poderoso. Com uma força que poderia destruir a humanidade... Rugal esperava que essa força pudesse fazê-lo ser reconhecido como um deus por todo o mundo. Rugal sabia que era seu destino controlar aquilo.

E então, uma semana atrás, Rugal recebeu uma ligação que comprovava esse destino. Um jovem de 18 anos, que dizia ser um missionário religioso que viajava ao redor do mundo, disse que ficou sabendo do interesse do traficante no poder do Orochi, e gostaria de encontrá-lo pessoalmente para passar-lhe informações. Rugal animou-se muito com a ideia... E então, convidou o jovem religioso para seu porta-aviões.

O esperado missionário desceu do helicóptero que o trouxe e foi guiado pelo secretário de Rugal até a sala indicada pelo traficante. Ele se vestia de uma maneira interessante: suas roupas se assemelhavam às de um padre medieval. Azul era a cor predominante nelas. Seus cabelos eram negros nas laterais e nas costas de sua cabeça, mas o topo dela era loiro. Ele sorriu durante todo o tempo em que se dirigia ao encontro de Rugal, e seu sorriso não desapareceu nem mesmo diante dos macabros troféus do traficante.

—Prazer em conhecê-lo, Sr. Bernstein.

—Eu gostaria de conversar, talvez até nos apresentarmos melhor, mas não tenho tempo, padre. – disse Rugal, indo direto ao ponto. De fato, só uma coisa lhe interessava para ter permitido que esse homem pisasse em BlackNoah – O senhor ligou-me dizendo que possuía informações sobre o poder do Orochi. Está aqui para compartilhar essas informações.

—É claro, é claro... É um homem direto, estou vendo... – disse o missionário, ainda sorrindo. Parecia bem compreensivo. Bom, um padre negociando o poder de um deus com um traficante internacional... Não se podia esperar uma figura comum nesse homem – Bem, Sr. Bernstein, o senhor deve saber que o Orochi foi derrotado 1800 anos atrás por três antigos clãs de lutadores, e encontra-se selado neste momento. No entanto, o clã de Orochi continua a existir por todo esse tempo, sempre procurando uma maneira de reviver o seu senhor.

—Oh, é mesmo? E o que isso significa? Para conseguir esse poder, eu terei que encontrar esses descendentes do clã de Orochi?

—Não precisará procurar, Sr. Bernstein. Um deles está bem na sua frente.

Rugal espantou-se por um segundo. Então era por isso que um padre sabia sobre o poder do Orochi.Ele é um deles.Uma fagulha de excitação acendeu-se na alma de Rugal. Estaria uma boa luta esperando por ele agora?

—Então, o senhor é um descendente de Orochi...

—Bravo, bravo! – o missionário batia palmas, claramente debochando, o sorriso compreensivo em seu rosto transformado num sorriso irônico. Até porque, em seus 18 anos, estava sendo chamado de “senhor” por um homem de 25, em uma clara tentativa de manter as aparências, já que fora seu próprio poder, Rugal nada mais respeitava.

—Mas isto é realmente interessante! – disse Rugal, levantando-se. Rugal era quatro centímetros mais alto que Goenitz, e parecia querer amedrontá-lo parecendo maior e mais forte. E de fato, aos olhos de uma pessoa que desconheça as entranhas do mundo da luta como ele o é hoje em dia, o jovem padre não teria a menor chance de vencer contra aquele homem.

—Mas ter esse conhecimento não basta para o senhor, certo Sr. Bernstein? O senhor vai quererlutarpara conseguir o poder do Orochi.

—Você deve saber o destino daqueles que me enfrentam. Olhe ao seu redor. – Rugal estende a mão para suas estátuas, ato desnecessário, já que estavam todas bem visíveis, espalhadas por toda a sala – Todos são lutadores que me desafiaram e perderam. E o senhor logo terá um lugar aqui também! Venha comigo até o estágio de batalha!

Os dois homens caminham. O missionário não diz uma única palavra durante o percurso, e Rugal tampouco. Em poucos instantes, deixariam seus punhos falarem por eles. Os dois enfim entram numa ampla sala, cuja porta se tranca automaticamente, prendendo os dois homens lá dentro até que a batalha tivesse um fim.

—Eu não pensei que teria que lutar por este poder. Mas de fato, parece lógico que existam protetores para uma força tão incrível, que desafia a imaginação humana... – palavras de um homem que já lutou tantas vezes que pouco se surpreende com poder. É impensável a ideia de que Rugal não seria capaz deimaginaro poder de um lutador.

—Ora, pensou realmente que não haveria Guardiões protegendo o poder do Orochi? Ora, Sr. Bernstein... É para prevenir que pessoas como o senhor venham atrás desse poder que nós existirmos. Até chegar o dia em que o Orochi volte a andar sobre a terra, estaremos aqui para protegê-lo.

—Tolices... – o traficante tira a parte de cima de seu terno, jogando-o no chão. Seu traje de batalha, uma camisa verde estilizada, junto da parte inferior do terno, mostra-se então – Só tenho que derrubá-lo!

O lutador então avança na direção de seu estranho adversário. Uma tentativa de Rugal de socá-lo não dá resultados, pois seu adversário desvia. Este tenta então golpeá-lo de cima à baixo com seus dedos formando garras, mas Rugal se esquiva na última hora. No entanto, um arranhão de leve ainda marca seu rosto.

—O que...? – pergunta o traficante, surpreso.

—Ah... Um bom vento está soprando... – diz o Guardião. Embora estivessem numa sala fechada, sem ventilação, o ar realmente se movimentava suavemente ao redor deles. Ao final de suas palavras, o homem aponta o braço na direção de Rugal, que instintivamente se afasta – Que tal isto? – num estalar de dedos, o vento comporta-se com lâminas afiadas, dançando a partir da mão do Guardião, e viajando na direção de Rugal. Elas não andam muito, porém, e a esquiva de Rugal foi o suficiente para se salvar do golpe.

—Guardião de Orochi... Qual o seu nome? – perguntou Rugal.

—Meu nome é Leopold Goenitz, Sr. Bernstein. – responde o missionário – Goenitz do Vento Selvagem, um dos Quatro Reis Divinos de Orochi.

—Muito bem, Sr. Goenitz. Você será uma boa adição à minha coleção! – Rugal abre os braços, no rosto um sorriso de excitação por essa batalha.

Quantas vezes Rugal já não havia reclamado da fraqueza de seus oponentes? Da petulância de seres tão inferiores quanto formigas virem desafiar a ele, que era comparável a um deus da luta? E agora, finalmente, um oponente a altura. Alguém que conseguirá extrair o máximo de Rugal Bernstein estava finalmente à sua frente. E esta era uma oportunidade como poucas em sua vida. Por que se ele vencesse essa luta e conseguisse o poder do Orochi, nada mais poderia se colocar em seu caminho.

As palmas das mãos de Rugal começaram a juntar energia. Esta era uma técnica utilizada por outro glorioso lutador, Wolfgang Krauser. Rugal, como alguns outros lutadores ao redor do mundo, consegue canalizar energia ki de Gaia, a Mãe Terra. Quando uma grande quantidade de ki é concentrada separadamente nas duas mãos, e então bruscamente unida num movimento rápido, a reação que ocorre libera uma grande esfera de energia concentrada com um grande poder destrutivo. Esse golpe é chamado de:

Onda do Imperador!

Rugal disparou a maciça esfera de energia da direção de Goenitz. O Guardião do Vento não esperava esse golpe, e foi atingido pela enorme massa de ki, mas não completamente. O impacto foi reduzido por uma esquiva incompleta, mas suficiente para que ele pudesse cair sobre os próprios pés. Quando este levantou os olhos, seu desafiante corria em sua direção. Goenitz avançou saltando – não, não era saltando... Por sua leveza e velocidade, ele provavelmente estavaflutuandona direção de Rugal – e tentou atingir as pernas do lutador com um chute, mas o traficante já esperava um movimento assim quando seu adversário avançou. Rugal bloqueou o chute de Goenitz com o seu próprio, e antes que este pudesse reagir, retraiu a perna e atacou novamente de cima para baixo com ela. Goenitz conseguiu se esquivar, no entanto, e enquanto Rugal se recuperava do golpe que havia dado, o Guardião o agarrou pelo pescoço.

—Vá com mais calma, Sr. Bernstein... – ao final destas palavras, Goenitz estrangulou Rugal com força. Quando este começou a se debater e a tentar se soltar, o Guardião saltou alto no ar, levando seu adversário consigo, e na queda, arremessou com força o corpo de Rugal ao chão. O missionário então sorri para seu adversário caído – Agora, comece a rezar a Deus.

—Rezar? Você não está entendendo, Sr. Goenitz... Eusouum deus! – Rugal levantou-se rapidamente, e saltou na direção de Goenitz. Este colocou uma mão na cintura, e, ainda sorrindo, estendeu o braço na direção de Rugal. Este já havia entendido, o mesmo golpe que o Guardião usou anteriormente seria usado novamente.

Goenitz estalou os dedos, e lâminas de vento surgiram indo na direção de Rugal. Este simplesmente abre a palma da mão voltada na direção de Goenitz, e seu ki cria uma barreira de proteção que cobre seu corpo. As lâminas foram desviadas e refletidas. Goenitz, que não previa uma técnica como essa, simplesmente tentou esquivar-se do próprio ataque, enquanto Rugal aterrissava à sua frente e o agarrava pelo pescoço, erguendo-o do chão apenas com a mão esquerda.

—Vamos ver se você apreciará isto! – Rugal então levou a mão direita ao seu braço esquerdo, e então, utilizando seu poder e fazendo pressão contra o pescoço de Goenitz, conduziu impulsos elétricos através de todo o corpo do Guardião, que gritava de dor. Rugal continuou aquilo por um bom tempo, e então atirou o corpo do oponente longe, lançando-o ao chão – Lamento dizer isso, Sr. Goenitz... – Rugal dobra o braço e olha para sua mão, e então a fecha com força, olhando para Goenitz enquanto um largo sorriso se abria sob seu bigode – Você é fraco!

—Hu hu hu... – o Guardião se levantava, também com um sorriso no rosto. Ele limpa o sangue do escorria do canto de sua boca, e então olha firmemente para Rugal – Sr. Bernstein, o senhor tem família?

—Como disse?

—Perguntei se o senhor tem família. Mulher, filhos?

—Hump. Tenho duas crianças. Um casal. – responde o traficante – Minha esposa morreu alguns anos atrás. Qual seu interesse nisso?

—Eu só gostaria de saber se o resultado desta luta faria uma viúva ou um órfão. Eu tenho coração, sabia? – respondeu o Guardião.

—Hu hu... Pois fique sabendo o senhor uma coisa: eu não tenho! Se quiser se preocupar com a família de alguém, preocupe-se com a sua, se tiver uma!

Rugal canaliza ki na mão esquerda. Então, impulsionando-a, ele lança uma técnica de longo alcance, criada por Geese Howard. Uma pequena quantidade de ki lançada através do chão, que percorre velozmente a distância entre o usuário e o inimigo, chamada:

Punho Tempestade!

O Guardião não tem dificuldade em se desviar da técnica. Enquanto investe novamente contra seu adversário, Goenitz desvia de mais alguns Punhos Tempestade lançados por Rugal, que se diverte com a situação. Ele já preparava mais uma técnica para usar quando seu oponente se aproximasse, mas não contava com a velocidade de Goenitz: ele simplesmente “surgiu” à sua frente, como se tivesse se desfeito e em seguida se materializado próximo a Rugal. Então, em um movimento rápido, atacou com sua mão esquerda como uma garra vinda de cima para baixo, como havia feito anteriormente. Como anteriormente, Rugal se desviou, mas um segundo ataque, com a mão direita, vindo de baixo, o faz perder o equilíbrio para se desviar novamente. Goenitz então une as mãos por cima da cabeça, e num rápido movimento, ataca com as duas de uma vez, formando duas lâminas de vento que desta vez atingem Rugal. O lutador recebe dois ferimentos no tronco e cai ao chão, sentindo uma dor profunda e incisiva.

Aquilo estava divertindo Rugal de uma maneira fantástica. Poucas pessoas já haviam chegado a feri-lo. Naquele momento, encontrando-se numa batalha equilibrada entre dois grandes poderes, um sentimento de plenitude e satisfação percorria o corpo de Rugal. Será que, mesmo que não conseguisse o poder do Orochi, aquela luta já não valeria a pena? Qualquer que fosse a resposta para essa pergunta, Rugal não estava interessado em saber: o poder de Orochi seria dele. Era seu destino. Rugal é o mais forte dos lutadores. Não será vencido aqui. E ponto final.

—Quão patético você é, Sr. Bernstein... Não percebe que essa sua ânsia de poder irá levá-lo à sua própria destruição? – ele então ergueu os braços, como quem clama por algo – Ofereça rendição enquanto ainda há tempo!

Rugal nem mesmo esperou que seu adversário terminasse de falar. Concentrando ki nas pernas, saltou velozmente. Sua intenção era aterrissar na cabeça de Goenitz, e então, girar velozmente ao redor de si mesmo. Talvez assim pudesse quebrar o pescoço de Goenitz, ou qualquer coisa do tipo... Mas não foi o que aconteceu. Ainda com os braços erguidos, Goenitz sorriu, e, estalando os dedos, perguntou:

—Que tal aqui? – e então, um pequeno furacão surgiu no lugar exato onde Rugal estava. Aquilo deteve seu avanço e o jogou ao chão, os ventos agindo como lâminas o cortando um pouco. Enquanto o lutador se recuperava e tentava avançar novamente, Goenitz estende a mão e novamente estala os dedos – Ou então aqui? – e um novo tornado se formou, derrubando Rugal ao chão novamente – Acabou, Sr. Bernstein. Já chega de brincar. Esta é a ira de Deus!

Goenitz ergueu a mão, enquanto falava, e então, desapareceu. Assim mesmo, do nada, sumiu no vento. Rugal ficou parado. Sabia que não adiantava tentar se esquivar, Goenitz o atingiria de qualquer forma. Então, só restava tentar um contra-ataque. Novamente, concentrou ki na perna, mas dessa vez, só na direita. Tentou sentir a movimentação do vento, procurando adivinhar onde Goenitz estaria. E então, quando sentiu que uma forte rajada de vento se aproximava, o golpe foi executado. Esta técnica era uma criação original sua. Além de canalizar energia de Gaia, e poder utilizar técnicas com ki, Rugal possui algumas outras habilidades. Entre elas, está a de criar uma aura laminada ao redor dos membros, tão poderosa que pode cortar aço. Com um pequeno salto, Rugal se põe no ar, e movendo a perna direita para descrever um círculo no ar, o lutador atinge o Guardião no peito com seu golpe no exato instante em que este se materializou para atacá-lo, enquanto gritava:

Corte Genocida!

Goenitz ficou impressionado com o movimento rápido e letal do traficante. Aquela técnica o havia pego completamente desprevenido. Se não fosse um lutador já acostumado a grandes batalhas mortais, o missionário não teria evitado um dano fatal e estaria morto agora. Ele já estava se cansando desta brincadeira. A luta estava se estendendo por mais tempo que ele esperava. Rugal era certamente um lutador temível.

—Você é o terceiro a permanecer de pé após receber o Corte Genocida. Vou me lembrar disso quando olhar pra sua estátua. – disse o traficante, sorrindo, pondo as mãos juntas na frente do corpo e estralando os dedos.

—Hu hu hu... Vamos ver quem se lembrará do outro ao fim desta batalha, Sr. Bernstein!

E novamente, Goenitz desapareceu. Rugal ia se preparar para outro Corte Genocida, mas Goenitz percebeu o erro de estratégia do ataque anterior. Ele ia esperar que Rugal baixasse a guarda para atacá-lo. Rugal, no entanto, se anteviu ao plano, preparando uma contra técnica. Então, Goenitz iria simplesmente atacar o mais cedo possível, para que não houvesse tentativas de defesa. E então, surgindo de repente na frente de Rugal, atacou com as mãos em garras novamente, mas com uma força muito maior do que estava fazendo até agora. Os cortes eram bem mais profundos, e se não fosse o corpo resistente de Rugal, ele talvez tivesse sido partido ao meio pelos ataques. Dois golpes simples foram feitos de baixo para cima e vice-versa, enquanto um terceiro foi feito com as duas mãos, lançando Rugal no ar. Então, Goenitz novamente levantou a mão e estalou os dedos. Um furacão se formou na posição de Rugal no ar, lançando ainda mais para cima. O padre ia lançar outro furacão para arremessar Rugal no chão, mas o traficante percebeu isso. Pouco antes do estalo de dedos, Rugal acumulou ki ao redor do corpo. Ao sentir o furacão se formar, Rugal o desfez por liberar esse ki e cancelar a corrente de ar ao redor dele, caindo de pé no chão, aos olhos surpresos de Goenitz.

—Agora, morra!

Rugal avançou com uma velocidade sobre-humana. O surpreso Goenitz não reagiu, e Rugal o agarrou pelo pescoço, enquanto continuava a correr velozmente na direção de uma das paredes do local. Concluiu que, se matasse Goenitz, era provável que outros Guardiões viessem atrás dele. Já não estava mais interessado no padre: este já o havia atingido tanto que a fúria de Rugal estava mais acesa que a sede pelo poder de Orochi. Que importa se depois ele fosse se arrepender disso? Derrotar esse homem significava que seu poder estava além do de Orochi. Goenitz pagaria pelo que fez a Rugal aqui e agora, com sua morte.

Rugal alcançou uma parede que estava completamente revestida com telas de computadores e outros mecanismos. Rugal então tenta esmagar o corpo do missionário por pressioná-lo contra a parede, e uma grande explosão acontece. Os computadores são completamente destruídos pela pressão do ataque de Rugal, lançando faíscas e peças quebradas por todos os lados da sala. A fumaça da explosão encobre a parede, o que impede Rugal de ver o estado de seu inimigo. No entanto, ele não sente mais o seu pescoço entre seus dedos. Ele salta para trás, assustado, e quando a fumaça se dissipa, ele vê que o missionário não estava caído aos pés da parede.

—Mas como...?

—Surpreso, Sr. Bernstein?

Rugal se assusta com a voz do missionário, vinda de trás dele. Ele não tem tempo de se virar. Goenitz o agarra pela cabeça e o ergue do chão com uma única mão, enquanto sorria de maneira macabra.

—A aerocinese dada a mim por Orochi não me permite apenas controlar o vento, Sr. Bernstein... Como o senhor já viu algumas vezes em nossa luta, posso viajar pelo vento por transportar minhas moléculas pelo ar... E agora, este é o adeus!

O rosto do padre assume uma aparência demoníaca, enquanto um tornado gigante envolvia o corpo de Rugal, ainda suspenso por Goenitz. No início do ataque, os ventos eram cortantes, mas em seguida, todo o ar foi retirado, deixando Rugal dentro de uma bolha de vácuo. A pressão interna de seu corpo, não equilibrada com a pressão do ar agora inexistente, parecia que ia explodir Rugal de dentro para fora a qualquer instante. Goenitz então atira o corpo do traficante na direção de outra das paredes do local, e lá o lutador fica, caído.

—Bem, bem... Parece que seu Deus negou suas graças a você. É uma pena.

Goenitz se vira de costas para seu oponente, e começa a calmamente andar na direção da porta por onde entraram. Estava tentando descobriu uma maneira de abri-la para sair (as portas ainda estavam lacradas), quando ouviu os fracos gemidos do traficante, que lutava agora para se manter de pé, inutilmente. Mal se levantara, já estava caído ao chão novamente.

—Impossível... Ainda está vivo, Sr. Bernstein?

Rugal estava em péssimo estado. Ferimentos corriam por seu corpo inteiro, causados pelo último ataque. Seu olho direito havia sido completamente destruído com o ataque, a órbita vazia sangrando muito. O tão poderoso lutador havia enfrentado um poder maior que o seu, e fora derrotado. Rugal não podia aceitar esse resultado para a luta. Não podia.

—Sr. Bernstein... Admiro sua força de vontade. Ter sobrevivido àquele ataque foi, sem dúvida, inesperado.

Rugal encarava seu oponente com ódio, mas não dizia uma palavra. Mal conseguia se manter consciente. Estava a ponto de desmaiar, e na verdade, acabaria morrendo se deixado naquele estado por um pouco mais de tempo.

—Portanto... – continuou Goenitz, aproximando-se de seu adversário derrotado – Vou lhe conceder parte do poder do Orochi.

O olho esquerdo de Rugal encarou o missionário com espanto. Toda esta luta não fora travada com o pretexto de impedir Rugal de chegar ao poder do Orochi? Então, por que agora essa mudança de ideia?

—O senhor deve saber, Sr. Bernstein, que como um dos Hakkeshu, tudo que eu desejo é acelerar a ressurreição de meu Senhor, Orochi. Vim até aqui na esperança de encontrar no senhor um lutador de grande poder, poder suficiente para, talvez um dia, servir de hospedeiro para o verdadeiro poder do Orochi. Neste caso, isto será uma pequena experiência.

Goenitz, então, já sobre o corpo derrotado de Rugal, estende a mão na direção do corpo. A palma aberta passa a brilhar, e em instantes, o corpo do traficante estava envolvido por um estranho turbilhão de uma cor cinzenta e sem vida. Ao invés de sofrer dano, Rugal sentia-se estar fortalecendo seu corpo, enquanto aquele estranho poder atuava em seu ser como um fertilizante atua na plantação. Ao término do estranho evento, Goenitz levantou-se, sorrindo.

—Use este poder sabiamente, Sr. Bernstein. Seus fins não me interessam, desde que não me atrapalhe nos meus. Só irei adverti-lo de uma coisa: nunca, jamais use 100% deste poder que agora lhe dei. As consequências poderão ser graves.

O missionário começou a se afastar. Rugal, com algum esforço, consegue se levantar, apertando um botão na parede próxima a si, que destravou as portas. Quando os homens de Rugal viram que o homem a sair caminhando pela porta não era o traficante, mas sim o padre, correram para dentro da sala para socorrer seu mestre. Enquanto isso, Goenitz partia tranquilamente no helicóptero que o trouxe.

Este Rugal Bernstein será uma importante cobaia... Se ele puder se tornar um hospedeiro válido para Orochi, certamente Nosso Senhor terá um despertar em breve. Agora, devo continuar minha missão... Seja feita sua vontade.

Goenitz retirou de uma pequena caixa ao seu lado no helicóptero duas fotografias. Nelas, duas garotas, de idade entre 4 e 5 anos. Uma era loira e sorridente, a outra, de um cabelo castanho-avermelhado, com um rosto um tanto emburrado. Goenitz estava agora em busca dessas duas crianças. Certamente, serviriam seu Senhor muito bem no futuro.


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Notas finais do capítulo

Relação dos golpes
Onda do Imperador → Kaiser Wave
Punho Tempestade → Reppuken
Corte Genocida → Genocide Cutter

Sei que, segundo as mecânicas do jogo, a Dark Barrier de Rugal não poderia refletir as lâminas de vento do Wanpyou Mametsu de Goenitz. Mas não estamos no jogo aqui, certo?