Harry Potter estava gritando.

Ele ainda tinha seis meses e não falava, mas já conseguia fazer um barulho danado. Ele estava sentado no sofá da sala da casa de sua família em Godric's Hollow.

- Você não é mole, moleque! - James falou, abaixando os braços e o colocando sentando em seu colo, de frente para si. O menininho abriu os olhinhos verdes e estendeu as mãozinhas gordas em direção aos óculos do pai, que afastou o rosto rindo.

- Não, não! Eu lembro o que você fez da última vez, Harry Potter - James respondeu ainda sorrindo e passou o dedo pelo beicinho que se formara nos lábios do filho. - Você queria pegar meus óculos e quase arrancou meu nariz junto e...

O pai se afastou do filho novamente e manteve o rosto longe do alcance dele, que esticava os braços tentando chegar aos seus óculos, uma expressão concentrada no rosto, parte da língua para fora da boca. James gargalhava, e o garoto ao ouvir o riso do pai começou a rir também. O moreno encostou os lábios no cabelo do bebê, que havia parado de esticar os braços e agora batia com as mãos gorduchas nas pernas do pai, ainda rindo.

- Você está impossível hoje, Harry - disse se afastando do menino e o ajeitando em seu peito, fazendo o garoto logo se aninhar nele, os olhos verdes ainda o observando.

- É por que você sabe que a gente está esperando sua mãe e já está impaciente? É isso? Eu vou precisar criar peitos para te fazer ficar quieto?

O garoto riu como se entendesse o que o pai queria dizer e concordasse, as mãos agarrando a blusa do pai. James estreitou os olhos para ele e bagunçou seus cabelos. As mãos de Harry mais uma vez de esticaram para o rosto do pai, que sorriu.

- Toma, Harry - ele falou passando os óculos para o filho, que sorriu. - Você é muito insistente.

O menininho riu ainda mais, agora puxando as hastes e fazendo James olhar pesaroso para eles. Quantas vezes teria que usar o feitiço Reparo antes que Harry se cansasse de brincar? O menino deixou os óculos em paz, descansando-os em sua barriga e observando o pai.

- Aposto como você só está olhando para mim atrás de outra coisa com o que brincar, né, seu moleque - o moreno sorriu para o filho, beliscando o nariz dele de leve.

Harry se encostou o máximo que pode do pai, este sentindo o corpinho quente do filho se enterrar no seu, sorriu para ele. As mãos do bebê subiram mais uma vez ao rosto do pai, desta vez encontrando sua bochecha e apertando de leve, James riu. O menino parecia lutar contra o sono, pois sempre que seus olhinhos pareciam prestes a se fechar, se abriam novamente. O pai franziu as sobrancelhas.

- O que foi, bebê? - ele perguntou. - Eu vou estar aqui quando você acordar.

Parecia ser isso que Harry esperava ouvir, pois o pai mal acabara de falar e suas pálpebras já se fechavam. James sorriu.

Ele sempre estaria esperando por Harry.