Século IX...

A casa onde viviam os Mikaelson era luxuosa se comparadas àquelas em que viviam os vizinhos mas ainda não era o suficiente para considerá-los ricos. Era nesta casa onde, numa tarde nublada, Mikael, o patriarca da família, e Edward Bowe conversavam sobre um possível casamento entre seus primogênitos. A sala de estar, aquecida pela lareira, era iluminada pela luz natural do sol entre nuvens. Nas janelas, cortinas de seda escarlate balançavam levemente junto ao vento. 

Edward, um grande proprietário de terras locais, sentava em frente a Mikael ao lado da lareira com uma xícara de chá adocicado. Não era considerado um homem muito expressivo e, quanto mais tempo Mikael passava ao seu lado, mais certeza tinha disso. 

—Preciso oferecer o melhor à minha família, senhor Mikaelson, Tenho apenas três filhos e o legado de minha família em jogo. Não estou disposto a nada que venha denegrir nossa imagem, espero que entenda. - Diz o avarento latifundiário, entre goles de chá e o olhar fixo nos olhos de Mikael.

—Entendo sua preocupação, Senhor Bowe, não se pode entregar sua família nas mãos de um qualquer, mas me ofende ao insinuar que minha família não seja digna disto. Somos orgulhoso, tão quanto os Bowe, apesar de ainda não possuímos terras tão vastas quanto a suas. Elijah, meu filho, é um rapaz estudioso além de esbanjar uma saúde invejável, com toda certeza será um bom marido e irá perpetuar ambas as linhagens com filhos saudáveis e inteligentes. 

E assim se procedeu a conversa. Durante duas horas eles decidiram que casar seus filhos, Elise Bowe e Elijah Mikaelson, era o melhor para ambas famílias. 

Edward teve de se apressar para ir embora. A região era conhecida por ser violenta, ainda mais em noites como aquela, nas quais a lua brilhava com todo seu esplendor nos seus. Sua caravana, composta por dois guerreiros e o cavalariço, pegaram estrada no último raio de luz solar. Como moradores da região central da cidade. 

Mikael ficou satisfeito. Todo o investimento feito nas reformas da casa foram pensados exatamente para este momento. Todo o dinheiro investido nos estudos do filho tivera retorno para este momento. Casá-lo com a única filha mulher dos Bowe, a família com maior  influência local, era o objetivo de Mikael. E ele conseguiu. Era bom demais para ser verdade. 

Ele sobe as escadas, um degrau por vez, com um leve sorriso em seu rosto e a alma leve. A caminhada em direção ao quarto, em que dividia com sua esposa, era suave e confiante de que iria levar boas notícias para a cama hoje.

Esther se preparava para o jantar, penteava os longos cabelos loiros com a escova de madeira. Através do espelho, ela olhou para o marido a suas costas. A julgar pela expressão, ela sabia que havia dado tudo certo na reunião. E dera.

—Dentro de dois meses, Esther, iremos casar Elijah com a filha dos Bowe. Seremos tão influentes quanto eles nesta cidade de merda. - Diz Mikael, com um sorriso no rosto de orelha a orelha. - Teremos terras e empregados a nossa vontade mas o  que me cativa, Esther, é o poder. 

—Como serão pagas as despesas deste casamento, Mikael? 

—Bowe se propôs a pagar, ele sabe que tem mais recursos pra isso.

—E o que ele quer em troca disso tudo?

Mikael desviou o olhar do espelho, com raiva. Tudo dera certo, como ela queria, não precisa ter conhecimento dos detalhes ruins. 

Esther percebeu a aflição e raiva do marido e se calou. O conhecia bem o suficiente para saber quando algo havia saído de seu controle e algum detalhe neste casamento havia saído. Antes que o clima no quarto ficasse mais tenso, alguém bate a porta. Mikael autoriza a entrada e Kol, um de seus filhos mais novos, entra para anunciar que o jantar estava servido.

Os três descem os degraus. Na mesa, o restante da família já aguarda os mais velhos e o irmão para se servirem. 

Mikael, na ponta da mesa, analisa o jantar preparado por sua única filha, Rebekah, com ajuda de Henrik, seu filho mais novo. Não havia nada com o que se orgulhar, a menina não tinha muito o que fazer, também. Todo o dinheiro havia sido investido na casa para que ficasse apresentável ao senhor das grandes terras. 

Após todos estarem servidos da sopa de coelho, caçado pelos mais velhos, Mikael fez o anúncio:

—Não pude acompanhá-los na caça de hoje pois passei o dia num intenso diálogo com Edward Bowe. Em dois meses, nossa família terá uma vida digna! Seremos respeitados e temidos nesta cidade, teremos meios financeiros e influência sobre camponeses e senhores! Em dois meses, casaremos Elijah com a filha de Edward, Elise. 

Todos na mesa, com exceção de Esther, que já sabia da notícia, olharam para Elijah, que não conseguia esconder sua felicidade. Ele estava prestes a se casar com uma linda mulher e, o mais importante disso tudo, com uma mulher rica.

Pelo menos era o que pensavam os Mikaelson.