1 mês se passou desde que descobri que Vinícius está namorando.

O mês mais torturante e lento da minha vida, se quer saber.

Quando finalmente nos reencontramos, na segunda, ele agiu como se nada tivesse acontecido, estava normal, sorrindo, brincando, como sempre. E eu quis matá-lo por isso já que estava disposto a esquecê-lo. Resultado: Missão falhada, não consigo parar de pensar nele, por um segundo digo que esqueci e que já não me importa mais, e no outro estou pensando em como seria bom se ele estivesse do meu lado. Complicado. Acho que só com o tempo isso irá passar. Mas aí que eu me pergunto, quanto tempo?

Hoje Vinícius faltou no colégio, e quando eu e Caio estávamos indo embora, ele do nada disse.

– Ei Amy, posso te fazer uma pergunta?

– Pode. - Eu respondi rapidamente, sem saber o que estava por vir...

– Você gosta do Vinícius, não gosta?

– O-O que?. - Senti meu rosto esquentar. - A Luly te disse alguma coisa?

– Hm, você acabou de se confessar...

Droga, sou a pessoa mais retardada do mundo...

– Bom, não foi a Luly, tenho certeza que ela não contaria nada que você não quisesse. - Ele continuou. - Mas eu também não sou cego. Eu vejo o jeito que você olha para ele, fica dando sorrisinhos... E depois que caiu minha ficha tudo fez sentido. Aquele dia na gincana que você saiu chorando foi quando a namorada dele foi no colégio...

Então ele sabia... Meu rosto esquentava cada vez mais, e senti meus olhos enchendo de lágrimas, não consegui me conter, e comecei a chorar naquele momento. Eu sei, patética, mas eu estava com os sentimentos tão a flor da pele, que qualquer coisa me fazia chorar feito uma criancinha. Ele me fez sentar no meio-fio e comprou uma água na padaria.

– Fica assim não... O Vinícius não é tão bom quanto parece, sabe eu conheço ele desde criança, ele é muito estressado às vezes... - Aquilo só me fez chorar ainda mais. - Olha, para falar a verdade, eu não vou muito com a cara da namorada dele... Eles se veem bem pouco, ela é mais velha e até já trabalha, então eles não passam muito tempo juntos, e do que eu sei sempre foi ela que correu atrás dele...

Eu queria pedir para que Caio parasse de falar sobre ele, só estava piorando, dai como se ele estivesse lendo meus pensamentos, ele disse:

– Amy, sabe o que eu acho? Que você deveria falar com ele, esclarecer as coisas... Entende? Ele também gosta muito de você, não vai te deixar chateada, e também não vai deixar de ser seu amigo. E bom, quem sabe você não tem uma chance? E se não tiver, você já pode começar a tentar esquecê-lo...

– Eu já estou tentando... - Falei quando já tinha me acalmado um pouco.

– Mas você nunca conseguirá totalmente se tiver aquele dúvida de "será que poderíamos dar certo?"

– Ele tem namorada, como vou poder me declarar?

– Ah Amy, sei lá eu acho que você deveria tentar, olha só amanhã eu vou continuar no colégio para fazer um suposto trabalho, e vocês voltam sozinhos, e se você tiver coragem fala tudo o que sente para ele. O que acha?

– Pode ser... - Eu acho que era realmente aquilo que eu estava precisando. Dele me dar um fora. Dizer que nunca daríamos certo, que estava feliz com a namorada. Não, não sou masoquista. Mas só aquilo me faria esquecê-lo.

– Então está combinado... - Ele disse me ajudando a levantar, e continuamos andando. - Eu preciso te retribuir o favor que você me fez me ajudando com a Luly, e outra, nunca vi o tão feliz e falante quanto quando ele está com você.

Então é isso que eu faria. Iria me declarar, e eu precisava ser forte para escutar a rejeição, mas depois tenho certeza que esquecer será mais fácil. Assim espero.

[..]

O sinal da última aula bateu.

Agora era a hora.

Logo Caio disse que teria que ficar no colégio - como planejado - E eu e Vinícius estávamos indo embora, quando chegamos perto de uma pracinha, e o dia anterior inteiro eu havia me preparado para aquele momento. Meu coração parecia que ia sair pela boca, meu estômago se revirando, mas logo eu disse:

– Vini, a gente pode conversar um pouco? - E apontei para um banquinho na pracinha, para nos sentarmos, minha perna estava bamba, eu não aguentaria falar tudo de pé. Ele fez uma cara de assustado, não disse nada, fez que sim com a cabeça e fomos nos sentar.

– Então, eu nunca achei que teria coragem de dizer isso, mas... - Comecei a falar, olhando para minhas mãos, que eu não conseguia deixá-las quietas, senti ele me olhando, mas não tive coragem de olhá-lo. - Eu meio que gosto de você. - E olhei para ele, ele fez aquela cara de assustado de novo, mas sem falar nada, e antes que ele pudesse dizer algo do tipo "também gosto de você Amy,você é uma ótima amiga", eu completei - De verdade.

Senti meus olhos enchendo de lágrimas, mas como ele não disse nada, prossegui, com dificuldade:

– Olha eu sei que eu não deveria estar fazendo isso porque você tem namorada, mas eu preciso que você me dê um fora. - Quando eu disse isso ele passou o braço pelo meu ombro e me apertou.

Minhas lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, mas eu não tinha terminado, tinha que falar tudo que estava sentindo.

–Eu sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas toda vez que você sorri o mundo inteiro ao meu redor para. Quando alguém me conta algo engraçado eu quero correr para te contar e te ver rindo também. Quando você vai embora parece que leva um pedaço de mim junto. - Ele limpou uma lágrima da minha bochecha com o dedão - Mas eu não posso sentir isso. Eu preciso que você me diga que nós não daríamos certo. Só assim conseguirei te esquecer.

– Olha Amy, eu realmente estou meio surpreso... - Ele começou. - Mas há coisas na vida que não podemos mudar, e não estou falando sobre você, na verdade não é nem sobre mim, são as circunstâncias. A vida às vezes é muito cruel para algumas pessoas, e sabe o que eu acho? Não nos encontramos no tempo certo. Eu me sinto um cafajeste dizendo isso mas, eu não posso. Não agora. - Como assim não agora?

E então ele me abraçou, tão forte que mesmo com o coração despedaçado e chorando tanto que poderia inundar o mundo inteirinho, eu queria que o tempo parasse ali.

– Obrigada. - Eu disse. - Por ser sincero comigo. Eu juro que vou te esquecer.

– Desculpa, de verdade. Eu não queria te ver assim... Eu queria te pedir para continuarmos sendo amigos, se você quiser...

– Claro. Eu só quis acabar com essa história, esclarecer, para eu poder seguir em frente. Mas continuaremos amigos... - Forcei um sorriso. - Com certeza... - Eu acho que eu mesma queria me convencer.

– Ufa, achei que você não iria querer me olhar na cara nunca mais. - E então ele sorriu.

E eu vi como seria uma jornada difícil tentar esquecê-lo.