Capítulo 4: Encharcada

–DRACO MALFOY!

Draco fez uma careta quando a ponta de sua pena se partiu e deu um choque no seu braço graças ao anúncio antecipado e ao estrondo assustador da porta.

Ele suspirou e disse:

– Granger eu sei que você é uma perfeccionista masoquista em tudo o que você faz, mas eu realmente não preciso de relatórios de progresso 4 vezes ao dia. E é por isso que eu me pergunto por que diabos você está gritando como uma benshee (N/A: benshee é um ser da mitologia celta que parece as sereias de HP4, procurem!) no meu escritório sem minha permissão, e- ele parou quando seus olhos encontraram uma, muito brava e muito molhada, Hermione Granger parada na sua porta- porque você está pingando em todo o meu tapete?

– Estava chovendo- ela respondeu quase penosamente, como se estivesse falando com uma boca de mármore.

– E você achou que seria divertido ficar pingando no meu tapete?

–Não!- ela disse rangendo os dentes- Eu estive esperando por um carro pra me pegar no stúdio então eu não teria que vir andando. Mas aparentemente, a Marie esqueceu de pedir a você que arrumasse um carro porque ela estava tendo uma reunião de seu alto valor intelectual com você. O que deve ter sido bem cativante já que a Lindsey não conseguiu sua atenção mesmo batendo em sua porta. O que, claro, me custou 2 quilômetros andando. E não me pergunto porque eu não aparatei!

Draco limpou a garganta, secretamente se sentindo ameaçado pelo olhar que Granger havia lhe lançado.

– Sim, foi uma reunião muito importante. Nós estávamos discutindo o caso da Warner, se você entende do que estou falando.

– Claro, a compra foi feita duas semanas atrás.- respondeu Hermione- Mas considerando a capacidade mental dela, ela vai precisar da retrospectiva.

– Se você sabia da, muito limitada, capacidade mental da Marie, porque pediu a ela pra resolver isso pra você em primeiro lugar?- perguntou Draco, arrumando seus papéis.

– Porque sua outra secretária está ocupada fazendo o trabalho dela e da Marie- ela respondeu cruzando os braços. Draco notou que a camisa preta dela estava colando no seu corpo de um jeito que a Granger não permitiria.

– Você e a Lindsey estão conspirando contra mim?

– Eu não “conspiro” contra ninguém Malfoy- ela protestou- Eu só estou expondo fatos.

– Eu não sabia que você era uma militante feminista Granger. Você estava sempre andando com o Potty e o Weasel.

–Eu não sou militante!- ela revidou tirando um pouco de cabelo molhado dos olhos- Eu só estou falando pela Lindsey, é injusto ela trabalhar duro enquanto Marie se preocupa com a curva dos cílios dela.

Ele bufou.

–Granger, você só esteve aqui pelas últimas oito horas, como diabos você sabe disso?

– Eu disse que a Lindsey me contou!

–Há! E você nega que estão conspirando contra mim.

– Isso não é uma conspiração! Se chama conversa.

– Sim, o que é algo que não conseguimos fazer como pessoas civilizadas.

– Sim, e isso é sua culpa!

– Que madura você Granger!

–E é muito maduro da sua parte não chamar os meninos pelo nome- ela bufou- Eu não consigo entender o porquê de você falar assim deles, pelo amor de Merlin você lutaram juntos na Ordem.

Draco arqueou uma sobrancelha.

– Sim, nós lutamos. Mas isso mudou alguma coisa entre nós?

– É diferente- ela disse rapidamente.

– Como?

O fato deles não estarem gritando um com outro e a palavra NÓS ter sido usada numa conversa que pode ser considerada civilizada caiu como um machadinho na cabeça deles.

– Não mude de assunto Malfoy.

–Okay. Sobre o que estávamos falando?- ele disse recostando em sua cadeira- Na verdade, eu esqueci o porquê de deixar você falando quando tenho coisas muito mais importantes pra fazer.

– Por que você cometeu um erro e sabe disso.

– Desculpa Srta. Granger mas eu sou um Malfoy, e Malfoys não cometem erros. A palavra não está e nosso vocabulário.

– Ah! Por favor toda sua vida foi um erro.

Draco não tinha notado o quanto aquilo o abalara até se ver em frente a uma Hermione pasma contra a parede, gritando com ela.

– Retire o que disse Granger!-

– Você...você. Ah! Malfoy não é minha culpa você ter escolhido o lado errado.

– Qual eu deveria ter pego então?

– Eu estava me referindo a Marie!- ela protestou- A estúpida decisão de contrata-la okay? Merlin como você é sensível!

Draco sabe precisamente sobre o que ela estava se referindo, obrigada.

–Ta! Claro. Você é uma mentirosa terrível sabia Granger?

– Eu não estou mentindo! Eu realmente estava falando sobre a Marie.

– Ah Merlin! E o que vem depois Granger? Uma palestra sobre como contratar uma secretária?

–Você pode parar de brincar com a minha cara só por um momento?

Ele bufou:

– Granger, eu não estava te zoando, estava te insultando.

–Não vai ser a primeira vez. - ela disse seca mais pra ela mesma do que pra ele ouvir.

Só então ele percebeu que ainda estavam perto demais. Ele colocou um sorriso perigosamente sexy e voltou para sua mesa.

– Eu não preciso de uma maldita palestra. Muito menos sua Granger!- até ele se surpreendeu com sua voz, estava tão fria que poderia congelar a Amazônia em 5 segundos.- Caso você não tenha percebido eu sou dono da mais empresa bruxa em Londres de Londres, e você, está a minha mercê. Eu seria boazinha comigo se fosse você.

A tensão na sala era quase palpável, mas eles só ficaram ali se encarando tanto que poderiam tirar a alma de seus corpos se continuassem assim.

Hermione não percebeu que estava fervendo em raiva até que literalmente os pelos de seu corpo enriçaram e ela quase se jogou da janela por ter assinado aquele contrato. Ah Merlin! Ele era um playboy, orgulhoso, egocêntrico, mas ficava muito bem de terno.

Merda!

Ela deveria ter vendido sua alma para o diabo.

Malfoy quebrou o contato e disse:

– E por um acaso você ainda está molhando meu tapete.

Ela se tirou do transe e respondeu:

– Você pode se vangloriar a vontade, apenas por contratar uma secretária incompetente como a Marie.

– Tsc tsc. O que nós conversamos sobre as atitudes Granger?

–Nada! Nós não discutimos nada! Você me ameaçou!

– Isso não seria necessário se você não agisse como um banshee selvagem.

– Eu não agi como uma banshee!- ela disse entre dentes e cruzou os braços- Você que está sendo um completo imbe...

– Eu realmente não estou com ânimo para conversas sobre quais seres mitológicos você está parecendo agora Granger. Eu tenho coisas mais importantes para fazer agora. Agora dá o fora daqui.

–Ah não Malfoy! Eu não terminei de falar.

Ele se virou na cadeira colocou as mãos sobre a mesa e disse:

– Mas eu já terminei de escutar.

Hermione o ignorou puxou as sacolas e se sentou em frente a ele. Ela pegou um rolo de tecido e colocou em sua frente.

–Isto!- ela disse tentando parecer calma. - é um tecido muito raro, importado da Indonésia. É feito de três variações do algodão e costurado nas indústrias mais pobres da região mais pobre do país. Tudo é feito á mão, desde a coleta, até o preparo e costura. O tecido é muito delicado e estraga quando molha porque tem que ser lavado a seco e colocar pra secar com muito cuidado.

– Granger eu sugiro que você vá incomodar outra pessoa com o seu precioso. - disse ele abrindo um lote onde se lia telecomunicações- eu, diferente de você, estou muito ocupado.

Ignorando-o ela continuou a falar:

–Os empregados da fábrica são em sua grande maioria, mulheres solteiras que tem suas famílias para sustentar.

Ela parou tentando adquirir algum tipo de resposta mas ele lia os artigos como se ela simplesmente não existisse.

–Elas trabalham 15 horas por dia, o que é um crime contra os direitos humanos, apenas para alimentar seus filhos!- ela tentou de novo.

Ele apenas levantou a cabeça em um ato de cansaço recostou na cadeira, como se estivesse farto das explicações dela.

– Você não entende mesmo, não é?!- ela disse já com raiva.

– Tem algo para se entender nessa história?

– Isto!- ela quase jogou o tecido na cara dele- é o suor e o sangue dessas mulheres!

–E?- disse Malfoy.

Nesse momento os olhos de Hermione fizeram a volta ao maldito dia em que ela assinou aquele contrato! Como ele não entendia?!

– Essas mulheres desprivilegiadas passam 33 horas para fazer um único rolo desse tecido e a incompetente da sua secretária que só quer mostrar a bunda pra você estragou tudo isso em menos de 5 minutos! Ela apenas deixou a chuva levar, literalmente! Você tem noção de quanto tecido jogou fora?

– Não. Faça-me as contas. Ou melhor, ainda porque você não vai começar uma revolução para proteger essas mulheres. Que tal um abrigo na Indonésia? Você pode usar o nome M.I.A.T.E Mulheres da Indonésia Aguentam Tudo no Emprego, ou melhor, F.C.D.E.I Federação Contra Designers Emocionais e Instáveis, no qual eu estou pensando em me juntar. Deveria haver leis para proteger os simples cidadãos de designers como você Gran...

Pow!(N/A: como se descreve o barulho de uma batida de tecido em uma cabeça loira oxigenada?)

–Ai! O que em nome de Merlin você pensa que...POW!...Aaaai! sua put...POW!...Para! Você está malu..POW!...GRANGER!

Ela se desequilibrou quando Malfoy puxou o rolo de suas mãos com uma força que ela não havia calculado, fazendo-a cair em cima da mesa dele de um jeito não muito elegante.

Com sua raiva Malfoy deu um cutucão (N/A: quem usa essa palavra?) nela =, que caiu no chão levando metade dos papeis em cima da mesa dele e alguns vasos de flores.

Enquanto isso, algum metro dali Zabini ouve um terrível barulho vindo da sala de Malfoy e uma voz feminina gritando o nome dele.

– O que ele fez dessa vez?- pergunta Zabini para Lindsey- Ele quebrou uma das unhas dela de 400 galeões novas?

– Isso aconteceu uma hora atrás, Marie já está na manicure. - disse Lindsey sem tirar os olhos do computador.

– Então você está me dizendo que alguém além de Marie consegue tirar Draco Malfoy do sério desse jeito?!

– Sim- disse Lindsey deixando claro que ela não havia gostado da piadinha.

– Eu vou lá dentro- ele disse para as paredes já que ela não prestava atenção nele.

Ele abriu as porta e...

–QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FAZER ISSO?

Ele olhou quem era a moça gritando com Malfoy. Pansy sempre gritava com ele, mas essa daí parecia ter ódio mesmo! Ela parecia familiar, os cabelos marrom e tudo mais.

– Você continua o mesmo egoísta que pensa que o mundo gira em torno de você!- ela continuou tentando manter o tom de voz.

–Pelo menos eu não estou brincando se super herói Granger!

Ah! Hermione Granger. Claro. Quem mais poderia ser?

Zabini sorriu e fechou as portas vagarosamente para que não notassem sua presença e ficou ali assistindo a briga.

Hermione cruzou os braços: - Eu nunca disse que salvaria o mundo!

–Claro que não, você só é obcecada com programas para ajudar pessoas, os quais possuem nomes estranhos como SPEW.

– É S.P.E.W (N/A: entendeu a diferença? Kkkk)- ela disse.

–Exato- Draco cruzou os braços- Cai na real Granger, você não consegue nem se salvar sozinha!

Zabini ficou encabulado. Hermione Grangernão consegue se salvar sozinha? A tá!

– E tem mais! Você é um covarde como...ZABINI!

MERDA!

Zabini levantou e foi até eles.

–Malfoy! Que bom que percebeu que estou aqui cara. E que pensa que sou covarde.- ele disse se virando para Hermione e dando seu sorriso mais charmoso- E Senhorita Granger quão bom é termos você, se é que posso chama-la assim, na MIC. Nós realmente precisamos de cérebros como o seu.

–Zabini que diabos você está fazendo aqui?- disse Malfoy muito deselegantemente na opinião de Zabini.

–Bom eu ouvi alguns ruídos e pensei de poderiam ser problemas de alguma sorte- ele explicou olhando a sala novamente- acho que estava certo, não?

Malfoy lançou um olhar gélido à Hermione, deixando de lado os modos: -Ela é todo o problema!

– É claro que esse é o modo perfeito de se tratar uma mulher- disse Hermione.- Me desculpa mas quem VOCÊ chamou de problema?

– Me desculpe eu disse ela, quis dizer isso. Erro meu!

– Agora senhorita Granger por favor se acalme. Malfoy só está tentando manter os negócios, agora respire beeeem fundo!

–O que é você Zabini, a dama de companhia?

– Você realmente precisa de aulas de etiqueta Malfoy!

–Sem objeções para isso- disse Hermione.

–Acredite em mim, ela precisa muito mais do que eu.- disse Malfoy se sentando

Hermione se colocou de pé e pegou as bolsas do chão.

–Eu quero meu tecido de volta Malfoy.- ela disse friamente.

– E ser achatado como uma mosca, eu acho que não Granger. Agora dá o fora do meu escritório, AGORA!

Ela não disse nada mas o jeito como ela saiu deu pra ver que estava morrendo de raiva e se pudesse daria com um avada kedavra bem no meio da cabeça dele. Ela bateu a porta fazendo alguns livros caírem de seus devidos lugares.

– Sem dúvidas, você não consegue manter uma mulher com você por mais de 20 minutos.

– Por favor, Hermione Granger uma mulher? Ta mais pra Fêmea Troll ou qualquer coisa do tipo.

– Então, o que foi isso?- disse Zabini puxando uma cadeira para sentar de frente para Draco.

–Zabini?

–Sim.

– Porque você não se mata?

–Não, obrigado.

Malfoy apenas o fuzilou.

Zabini sorriu- Eu vou se você me contar o que Granger está fazendo pela empresa.

– Eu não direi.

– Então acho que não poderei chama-lo para o meu chá de panela esse fim de semana.

– Só sai da minha frente Zabini.

–Ela te desgastou não foi?- ele perguntou de brincadeira, olhando para os fios louros desalinhados e a gravata com o nó muito em baixo.

Zabini correu antes que o livro que Malfoy jogou pudesse atingi-lo na cabeça.