The Island of Bird escrita por Lúcia Hill


Capítulo 1
Capítulo - I'm Standing at the Back


Notas iniciais do capítulo

....não há mas tempo para desperdiçar, mas permaneço parado atrás...



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As gotas de chuva começavam a se desprenderem das pesadas e negras nuvens que cobria todo o céu de Grand Island ao norte do estado de Michigan, o cemitério memorial Stuart estava praticamente vazio, mas a jovem Christie ainda permanecia em pé ao lado da cova recém fechada de Garret, com um olhar distante.

– Vamos querida. - anunciou a velha senhora Morgan ao seu lado - Ou acabará pegando um resfriado.

Christie permaneceu relutante, negava-se em deixá-lo, mesmo sabendo que nunca mas iria vê-lo novamente, sentia uma sensação de aperto no peito que parecia rasgar-lhe por dentro, os olhos dela estavam tão líquidos, tão cálidos e tristes ao mesmo tempo. Ela balançou a cabeça tentando acordar daquele pesadelo.

Mas algo lhe chamou atenção, assim que ergueu seus olhos castanhos, se deparou com um homem alto - ou pouco maior que seu falecido esposo- encarando-a com uma expressão fechada pouco amistosa, ele usava uma blusa de frio cinza com capuz.

– Não acredito que teve coragem de voltar aqui. - resmungou a velha senhora estática ao seu lado.

A jovem franziu o cenho, seria o irmão que Garret, não gostava de lembrar sua existência, ovelha negra da família. Sem questionar, a jovem Christie caminhou na direção daquele estranho, e assim que percebeu que ela se aproximava ele recuou alguns passos.

–Espere. - pediu levantando uma das mãos. Ele parou ficando de costa para ela.– Deve ser o Roman? - quis saber, sem esperar a resposta a jovem de voz suave logo se apresentou - Sou Christie Aid Brookstein, esposa de seu irmão.

Ele virou se na direção dela, era tão pequena e franzina que até parecia uma adolescente recém saída do colegial.

–Viúva. - corrigiu a de forma rude.

Christie desviou seus olhos para outra direção, teria que se acostumar com aquele rotulo.

– Seu irmão me contou sobre você. - disse.

Roman ergueu a sobrancelha curioso, então Garret havia contado sobre ele, mas era lógico que omitira muitas informações sobre seu respeito, a raiva faiscou dentro dele. Porém, podia ouvir a inspiração dela, aquele leve suspiro que dizia que ela estava tão perdida quanto ele.

– Espero que não o suficiente, pois essa era a forma que meu irmão sempre usava para se sentir melhor que os outros. - disse de forma acusadora.

Ele soltou um forte suspiro, cheio de raiva, antes que pudesse continuar Roman ouviu uma voz bem familiar, lá estava a velha senhora Morgan com seus trajes de luto com uma expressão raivosa escancarada em seu rosto cansado.

– Já esta destilando seu veneno. - acusou-o – Tenha um pouco de respeito com a pobre, pelo amor de Deus, Roman!

Ele sabia o que viria a seguir, o que ela ainda não tivera coragem de dizer todos aqueles anos, alias nunca se importou com ele e não seria agora que iria.

– A velha babá de Garret. Por incrível que pareça até tinha achado que já estava morta. - rebateu fazendo a senhora Morgan encará-lo de forma espantada. - Nunca gostou de mim não é senhora Charlie? E agora que seu adorável afilhado morreu irá me culpar também?

A raiva se levantou por baixo da superfície, mas era a antiga raiva, nada nova. Sentia a necessidade de explodir e defender suas próprias ações, mas nada adiantaria, pois o passado parecia não ter ficado para trás.

– Seu criminoso sem coração, deve ir embora, não queremos confusões por aqui! - praguejou descontrolada - Deveria ter vergonha de dizer essas palavras sobre seu irmão, um bom rapaz e honesto bem diferente de você, seu boçal.

Houve um breve silencio, o rapaz ameaçou continuar seu trajeto, mas a pequena mão de Christie o impediu.

–Espere. - pediu - Será que poderia nos deixar a sós por um instante? -a jovem virou-se na direção de Charlie que encarava a espantada, mas aceitou e logo se afastou - Não ligue para o que a senhora Charlie diz, esta tão abalada quando eu com a morte de Garret. - ele a encarou por alguns instantes - O último pedido dele fora para que te ajudasse.

Buscou no rosto dele algum resquício de emoção, mas ele estava cuidadosamente controlado. Roman franziu o cenho, ajudá-lo, mas ele não estava pedindo nada a ninguém!

– Me desculpe por causar confusão, mas não preciso de sua ajuda, aliás, de ninguém sou bem crescido sei me virar sozinho. - respondeu - Foi bom ter te conhecido, não se preocupe irei embora ainda hoje.

Roman soltou um ríspido suspiro. Passara meses inteiros, anos, preso na Penitenciaria Estadual do Arizona, o que ele desejara naquele instante era liberdade. Mas, ela pousou a mão sobre o braço dele, sem perceber ele passou os dedos no braço dela, subindo. A pele dela era tão macia, como seda coberta de luto, retirou o braço dela do seu.

– Se mudar de ideia, moro perto do píer abandonado na Alameda 51. - disse.

Ele assentiu, sabia que iria causar problemas se ficasse - era melhor partir - estendeu a mão na direção de Christie que apertou a de forma automática, não tardou para que Roman se afastasse em direção aos portões do cemitério, retirou o pedaço de papel amassado do bolso de seu moletom.

Irmão, sei que não o escreve há tempos, pois tenho meus motivos de ficar em silencio, essa distancia que nos separou, desde da ultima vez que o vi atrás daquela janela de vidro na penitenciaria do Arizona, me fez refletir sobre o passado. Sei que disse repetidamente que me perdoara, mas nunca consegui me perdoar. Hoje estou casado com uma mulher maravilhosa, compramos a velha casinha do pier, mas descobri que estou doente e não tenho muito tempo de vida, talvez quando estiver em liberdade esse que lhe escreve já tenha partido para sempre. Novamente peço lhe perdão.

Atenciosamente. Garret B.

Roman sentia uma mistura de raiva e magoa crescer dentro de si, passara praticamente boa parte de sua juventude atrás das grades e nem sequer pôde se despedir de seu único irmão, aquelas palavras escritas apressadamente o fizera sentir se desarmado. Garret era três anos mas novo que ele, tinha os cabelos louros e os olhos azuis, diferente dele que continha os cabelos ébanos e olhos verdes. Novamente amassou o pedaço de papel e o colocou no bolso.

Christie permaneceu parada observando-o se afastar, ela suspirou e envolveu o próprio corpo com os braços em um gesto protetor enquanto sentia as leves gotículas de chuva molhar seu corpo.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!