Eu esqueci você escrita por HinaHyuuga09


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Observações importantes, antes de mais nada:
1)Trechos em itálico representam a narração da Hinata;
2)Trechos em letra usual representam a narração do Itachi;
3)Trechos em negrito representam a letra da música.

Tenham uma boa leitura!



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Esquecê-lo foi muito fácil. Muito fácil mesmo. Por que qualquer pessoa deste mundo insistiria em lembrar-se de um sujeito incompreensivo, brigão, inconsequente, irresponsável, teimoso, idiota, turbulento, impulsivo, imprudente e extremamente ciumento? Considerando apenas essas últimas “qualidades”, já que eu não falei nem a metade, eu sinceramente não vejo um porquê para continuar lembrando do Uchiha.

Aliás, já faz uma semana que não o encontro. Levanto as mãos aos céus, claro. Tamanha dádiva não é concedida a qualquer um. Tenho pena do Sai, que é obrigado a aguentar aquele encosto mal humorado 365 dias por ano, isso quando o ano não é bissexto. Ainda bem que a Sakura apaixonou-se pelo cara certo. Apesar de que, quando ela e Sai se casarem, a coitada terá que ver muitas e muitas vezes aquela carranca do irmão dele.

Pois bem, hoje completa uma semana sem vê-lo. E sem lembrar dele também. Uma semana, 7 dias, 168 horas, 10080 minutos e 604800 segundos.

Só pra você saber
Eu esqueci você
Um mês depois de você me esquecer de vez e decidir ficar sozinho

Acho que já faz um mês, não faço questão de contar nos dedos a quantidade de dias. Já estou em outra faz tempo. A sensação é a de não ter visto ela pelas últimas quatro ou oito semanas. E que alívio! Paz, liberdade e sossego! Sem piadinhas sem graça, sem falação na minha cabeça, sem ideias malucas e sem apelidos ridículos. “Pandinha”. De onde diabos ela tirou isso?

Quer saber? Não importa mais. Estou livre daquela mistura ambulante de maluquice e irritação. Agora a Sakura que aguente aquele mi-mi-mi na cabeça dela. A namorada do meu irmão poderia ser canonizada um dia. Sakura, a santa da paciência. Porque para aguentar aquela Hyuuga é preciso ter paciência de sobra.

Essas últimas semanas têm sido as melhores da minha vida. Elas estão passando absurdamente devagar, é verdade, mas não deixam de serem as melhores. E as mais solitárias... Mas quem não gosta de uma solidão básica de vez em quando, não é?

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se o meu olhar cruzar com o seu é só porque você tá no caminho

Nessa semana que passou, meus dias nunca renderam tanto. Consegui me exercitar pelas manhãs, ler muito, preparar receitas deliciosas para minha família, levar os cachorros para passear, assistir todos os episódios restantes do meu seriado de tevê favorito, ajudar meu pai com a papelada, acompanhar o Neji e a Tenten nas caminhadas de fim de tarde, sair para conversar com a Sakura e ainda tive tempo para reorganizar meu quarto.

Revirei o meu guarda-roupa e encontrei coisas que eu nem lembrava que tinha. Infelizmente. Uma camiseta da banda preferida dele, a pulseira que era dele, as músicas dele, a blusa de moletom preta dele e mais um caminhão de tralhas. Peguei o saco de lixo e enchi até a borda. Fiz questão de arrastar o lixo e colocá-lo do lado de fora, para que fosse levado para muito longe na manhã seguinte.

Ok, eu confesso que voltei lá durante a noite e levei tudo para dentro de novo, mas só o fiz porque acabei jogando fora acidentalmente um brinco meu. Teria que revirar aquele lixo todo para encontrá-lo. Eu não estava disposta a perder nem mesmo um fio de cabelo por conta dele.

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Jogar vídeo-game, dormir, sair para onde eu quiser, voltar quando eu quiser, não dever satisfação para ninguém e estar solto na pista. Fala sério! O que mais um cara pode querer para ser feliz? O mundo é meu!

Mesmo sabendo disso, eu preferi ficar em casa. Fiquei só no vídeo-game e na cama mesmo. Não é que eu estivesse evitando festas, ou que eu estivesse recusando os convites daquelas que são loucas por mim, mas a vantagem de ser livre é esta: você faz o que bem entender. E daí se eu quis ficar em casa? Problema meu.

Inclusive, tenho que me lembrar de comprar outros jogos. Necessitar de um player dois deveria uma opção abolida, definitivamente, dos games. Eu poderia chamar o Sai para jogar comigo, mas ele não é bom o suficiente. Não é a mesma sincronia de quando eu jogo com... jogava com ela.

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei por que é que você não vem

Quarto arrumado, tarefas feitas, passeios realizados e corpo em dia. Chega uma hora em que não há mais nada para se fazer. É geralmente quando aqueles pensamentos inúteis começam a tentar dominar sua cabeça, mas nada que uma dose de autocontrole não resolva.

No meu caso, eu liguei para a Sakura. Uma boa conversa com a melhor amiga é o melhor repelente de qualquer pensamento perturbador. Começamos falando de acontecimentos casuais, passamos para a parte em que ela desabafa sobre o quanto o Sai é perfeito e carinhoso, até que chegamos a um assunto que poderia ter sido evitado.

Não havia necessidade de ela me falar sobre o Itachi, mas enquanto ela descrevia o comportamento dele nesses últimos dias, eu acabei escutando quieta e atenta. Teria que aprender a controlar todo o meu ódio por ele, já que um dia nos encontraríamos novamente, no casamento da minha amiga com o amado dela. Até lá eu acho que já suportaria olhar na cara dele sem virar a minha. Ele tem o tipo de olhar perturbadoramente penetrante e um sorriso cinicamente irritante.

Enquanto tomava consciência de que ele nem mesmo saíra de casa por todo aquele tempo, cogitei a possibilidade de ser a madrinha do casamento ao lado do Naruto, que inclusive soubera do fim do meu namoro e não perdeu tempo em me bombardear com mensagens de texto e bilhetes “secretos” deixados na porta da minha casa.

Apesar de todo o esforço do Uzumaki, não pretendia sair com ele. Olhos azuis e cabelos dourados não fazem meu tipo. Não quero dizer que eu prefira cabelos longos e negros, conjunto perfeito para o par de olhos tão profundos e escuros quanto um abismo. Também não quero dizer que eu seja para lá de chegada em uma pele levemente bronzeada, com um cheiro único e um calor confortante. Nem que eu sinta falta daquele abraço apertado, daquela voz baixa fazendo cócegas no meu ouvido, daquele beijo tão...

Bem, não quis dizer nada disso. Não vou sair e pronto. Sou livre para tomar minhas próprias decisões.

Só pra você saber
Eu esqueci você
E foi tão fácil te esquecer mesmo porque isso já tava no meu plano

É incrível como os irmãos mais novos são chatos! Caramba! Eu lá de boa, passando a última fase do último jogo a ser zerado, quando ele entra no meu quarto e senta do meu lado, querendo conversar. Não me restou alternativa, tive que parar antes que ele desconectasse a tomada e eu perdesse tudo, a calma e o progresso do jogo.

Cruzei os braços e fiquei esperando ele falar logo. Começou a falar da Sakura, daquele jeito estranho e bobo que ele sempre fica quando fala dela. Sério mesmo que ele tinha parado a missão de guerra mais importante do game para me fazer ouvir toda aquela baboseira de apaixonado? Já estava esquentando a mão para dar um tabefe bem dado naquele cabeção quando ele começou a falar da Hinata.

Revirei os olhos, mas não perdi nenhuma palavra. Ainda que eu preferisse ignorar aquela narrativa e voltar para os meus afazeres bélicos, fiquei ouvindo em consideração ao meu irmão. Não ia deixar o cara falando sozinho.

No meio daquele relatório que incluía caminhadas e saídas com a Sakura, soube o nome do mais novo desdentado do bairro. Naruto Uzumaki precisaria urgentemente de um odontologista depois que eu quebrasse a cara dele. Precisaria também de um cirurgião plástico, certamente. Ele mereceria cada hematoma e cada osso fraturado. Por quê? Porque eu nunca gostei dele. Nunca fui com a cara do sujeito. Não, isso não tinha absolutamente nada a ver com a Hinata. De qualquer forma, ela não poderia sair com o Naruto. Só se ela quisesse acompanhá-lo em um romântico encontro no hospital, onde ele ia estar.

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se um dia eu te ligar de madrugada em desespero, é engano

Sakura me contou sobre seu último sonho noturno. Eu adorava ouvir os sonhos que ela narrava para mim, eram geralmente loucos. Naquele não havia nada de anormal, porém. Simplesmente sonhou que estávamos visitando um local que era uma mistura de barzinho com danceteria. Música boa, pessoas tranquilas. Depois me disse que, por uma coincidência absurda, esse lugar realmente existia. Havia sido construído recentemente, queria que eu a acompanhasse.

Sugeri que ela chamasse o Sai, ela disse que ele iria também. Disse de uma maneira muito sutil que não gostava de segurar vela, e ela me respondeu dizendo que eu estava fugindo do munda há uma semana. Que eu já não sorria mais.

Que absurdo! Eu não sorria? Eu sorria o tempo todo! Ela e o resto dos meus parentes estavam com problema sério de visão. Um problema muito sério e coletivo. Tinha que torcer para não ser atingida também por esse mal.

Quanto ao desfecho da conversa, bem, ela é a Sakura. E a Sakura não desiste fácil de algo que quer. Tanto que ficou insistindo, e insistindo, e insistindo, até que eu cedi. Ela se alegrou toda e disse que passava logo à noite para me buscar. Ok, restava a mim, criatura sorridente e incompreendida, me arrumar.

Talvez nem fosse tão ruim assim. Eu iria dormir mais tarde, pelo menos. Dormir cedo durante todos aqueles dias não estava me fazendo muito bem. Pesadelos estavam constantes. Tudo culpa daquele Uchiha! O meu pânico todo era culpa dele. Naqueles ambientes cinzentos criados pela minha mente, ele soltava minha mão e ia embora para muito longe. Para sempre. Me deixava sozinha naquele lugar hostil.

Pela força do hábito, nos primeiros dias eu acordei e já tomei o celular nas mãos, me preparando para ligar para ele e ouvir aquela voz rouca de sono. Itachi sempre dizia que eu poderia ligar para ele quando tivesse um pesadelo.

Fazer o que, né? Força do hábito...

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei por que é que você não vem

Eu já me preparava para sair e caminhar até o parque central, onde o loiro retardado e sem amor à própria vida provavelmente estava, mas o Sai continuava falando. No fim, eu havia recebido um convite para sair. Um convite para segurar vela, na verdade, pois ainda que ele não tivesse citado a Sakura, eu tinha certeza absoluta de que ele não iria a lugar algum sem ela.

Neguei e vesti minha jaqueta preta. Sai impediu minha passagem e disse que Sakura não iria. Eu neguei de novo e abri espaço, mas ele se meteu na frente outra vez. Disse que precisava conversar comigo, que era muito importante, que eu precisava ir, e bla blá blá. Aquele discurso que ele sempre faz e acha que me engana. Concordei, com a condição de que ele saísse da minha frente.

Ele liberou o caminho, mas me avisou que sairíamos em uma hora. Não importava, uma hora era suficiente para quebrar uma quantidade razoável de ossos. Estraga prazeres como sempre, meu irmãozinho pediu para que eu me acalmasse e deixasse a pancadaria para depois. Sim, ele usou essas palavras, o que me deixou definitivamente curioso quanto ao que ele queria falar. Em condições normais, ele faria outro longo discurso, tentando me convencer a não provocar o coma em Naruto. Mas não, ele simplesmente relembrou o horário da nossa saída e virou o corredor com passos apressados.

Ok, estava curioso. Tomara que a tal saída realmente valesse a pena. Não, isso não incluía conhecer uma mulher. Conquistar uma namorada é complicado, e você corre o risco de errar feio na escolha. Como eu saberia que ela riria das minhas piadas? Como eu colocaria na minha cabeça que aqueles sorrisos e aqueles beijos eram tão perfeitos quanto os que eu já experimentei um dia? Como eu aceitaria o fato de aquela mulher ao meu lado não ser uma certa Hyuuga?

Droga... falando o que não devia...

Só pra você saber
Eu esqueci você
E agora quando eu lembro que você existe eu já não sinto mais nada

Como combinado, Sakura tocou a campainha da minha casa no horário marcado. Cumprimentei minha amiga tentando demonstrar ânimo e questionei pela falta do Sai. Ela disse que ele nos encontraria lá.

Estranhezas à parte, o local não ficava muito distante da minha casa. Quando chegamos lá, encontramos uma multidão maior do que esperávamos. Pelo menos maior do que eu esperava. Sakura manteve o semblante descontraído e satisfeito o tempo todo, enquanto conversava comigo e seguia a caminhar lento da fila. Na verdade ela monologava, já que eu não estava ajudando muito. Mesmo sem querer, me sentia mal no meio daquele pessoal todo. Sentia-me mal sem um motivo aparente, é claro, mas estava indisposta.

Quando, enfim, entramos no local, não foquei minha atenção na decoração. Estava mais preocupada em seguir Sakura, que parecia conhecer bem o lugar, e preocupava-me também em desviar das pessoas.

Sentamo-nos de frente ao balcão, e apesar das chamativas garrafas com conteúdo alcoólico, preferi um suco natural. O balconista até fez uma cara estranha diante do pedido, mas tratou de cumpri-lo.

Feito isso, Sakura levantou-se e assim chamou a minha atenção para si. Disse com um grande sorriso que daria “um pulinho no banheiro”. Eu disse que iria com ela, mas fui lembrada pela própria que tinha que aguardar o pedido.

Sem eu ter tempo de dizer mais um “a”, ela enfiou-se no meio daquela gente toda e sumiu das minhas vistas. Legal, muito legal, viu Sakura?

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se eu chegar a te obrigar a me beijar assume que eu to drogada

O Sai tinha me levado para uma balada. Uma balada lotada, ainda por cima. Eu não estava acreditando. O meu irmão, o certinho, querendo conversar em uma balada? Ninguém que queira conversar sério com outra pessoa vai a uma danceteria, e muito menos a um local que mistura bar e danceteria, fato que ele ficou me lembrando a cada vez que eu expressava minha indignação.

Quando conseguimos atravessar aquele mar de gente, eu me sentei diante dele e sutilmente obriguei-o a falar logo. Minha cabeça já estava doendo de irritação, e aquele tum-tum-tum da música eletrônica só piorava as coisas.

Sai começou dizendo que era complicado. Ah, isso eu já estava sacando. Pedi que ele continuasse logo, mas então ele disse que queria uma bebida. Perguntou se eu não poderia buscar. Mas que droga era aquela? Ele estava de brincadeira com a minha cara, nitidamente. Teria dito poucas e boas para ele se o branquelo não fosse sangue do meu sangue, mas só resmunguei certos desabafos que ele não pôde ouvir devido à música alta e me levantei, disposto a ir embora.

Ele ainda segurou meu braço e pediu novamente. Eu sempre achei o Sai estranho, mas naquela noite ele estava se superando. Perguntei se comprar a porcaria da bebida faria com que ele largasse do meu pé, e ele respondeu que sim, com a maior satisfação do mundo estampada no rosto. Me indicou a direção do bar que queria (sim, ele ainda escolheu o balcão) e sentou para esperar. Fui empurrando para conseguir chegar e parei diante do balconista, pedindo impaciente por uma bebida qualquer.

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Ele estava ali. Bem ali, do meu lado. Fiquei até tonta de susto. Estava impaciente e zangado, com aquela carranca de sempre. Mas... estava lindo. Tão lindo!

Quer dizer, estava bem arrumado. Ele sempre soube se arrumar bem. Naquela noite em especial, ele parecia ter caprichado, detalhe que levou minha mente a um campo de suposições. Para que ele estava tão arrumado assim? Alguma... companhia? Não que fosse da minha conta, é claro, mas a minha mente inquieta parecia não concordar com tal pensamento meu.

Eu não perguntaria nada, obviamente, até porque ele não tinha me visto. Preferi ficar bem quietinha, mesmo que isso significasse manter o olhar fixado nele, sem conseguir dizer qualquer palavra que fosse.

Aí ele me viu. E a reação foi mais ou menos que nem a minha. Arregalou os olhos e passou-os por todo o meu corpo, analisando meu visual. Meu rosto queimou de vergonha, eu me odiei muito por isso. Sentou-se no banco ao meu lado e por fim esboçou um sorriso meio sem graça.

- Oi!

Foi a única coisa que eu consegui dizer. O que ela estava fazendo naquela danceteria? Hinata não parecia nem um pouco a vontade naquele ambiente. Estava sozinha, ou pelo menos era o que eu queria pensar. Seria o melhor. Se eu encontrasse a cabeleira loira e arrepiada do Uzumaki, certamente seria levado da balada diretamente para a delegacia.

- Oi!

Ela me respondeu, tão baixo que se eu não estivesse prestando atenção em seus lábios, não entenderia. Eu já disse que ela estava linda? Pois estava, e muito. Estava maravilhosa, como sempre.

Eu já tinha esquecido Hinata, mas a beleza dela era inegável. Sim, eu já tinha esquecido...

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei por que é que você não vem

Ele começou a rir do nada. Os olhos dele fecharam-se por instantes, enquanto ele tentava se controlar do súbito ataque de risos. O sorriso torto, porém, continuou desenhado nos lábios. Aquele sorriso sarcástico. Fiquei ainda mais vermelha. Era uma mistura de raiva e ansiedade. Por que ele estava rindo?

- O que foi? – Eu perguntei, de maneira audível.

Sem abandonar o sorriso, ele me deixou na expectativa por algum tempo. Olhava fixamente para meu rosto, deixando-me ainda mais envergonhada. Ele parecia adorar aquela tortura. Itachi sabia muito bem o efeito que seu olhar tinha sobre mim, estava fazendo de propósito. Mas ainda assim, eu mantive meu olhar. Não cederia.

- Talvez você não acredite em mim, mas eu nem me lembro do motivo da nossa briga.

Ele estava de brincadeira, só podia. O sorriso abriu-se largo, e ele desviou os olhos por poucos instantes, para logo vir grudá-los nos meus novamente. Eu olhei fixamente nos orbes negros e... bem... quando eu dei por mim, também não sabia o motivo da discussão.

Aquele olhar me fazia esquecer de tudo, menos do que eu tentei esquecer por uma semana inteira.

- Me desculpa.

- Me desculpa.

Para a minha surpresa, e dela também, o pedido saiu duplo. Ela abaixou os olhos por breves instantes, finalmente esbanjando um sorriso, ainda que tímido. Que saudade que eu estava daquele sorriso!

Mesmo que eu negasse tudo o que senti naquele momento, o meu coração disparado me desmentiria.

Ele era tão fofo! E lindo! E eu já tinha perdido o resto de sanidade que me restava. Aquela semana toda que eu havia passado, aquele tempo todo longe do Itachi, tudo aquilo me pareceu tão... ridículo. Quem eu estava tentando enganar? Quem quer que fosse, eu não tinha conseguido, já que meu coração chamava pelo dele.

Com um sorriso, ele puxou a corrente do colar que usava e tirou de dentro da camiseta o nosso anel de namoro.

Ela sorriu abertamente e abaixou a cabeça, completamente sem jeito. Eu ri junto com ela, doido para tomá-la nos meus braços de novo. Eu podia ter esquecido o motivo da nossa briga e poderia esquecer qualquer outra coisa que fosse, mas esquecer o quanto eu a amava seria impossível.

A mão delicada dela foi até o colar que ela usava. Puxou a corrente fina e me mostrou o seu anel.

Rimos juntos. Naquele momento eu já não ouvia mais a música, ou a agitação das pessoas, nem percebi o garçom me chamando. Só existia eu e ela naquele mundo.

Ele se aproximou de mim e fez sua respiração roçar em meu pescoço. Depois me beijou ali e riu, abraçando-me forte. Aquele abraço, único, que só ele sabia como era. O beijo veio depois, seguido de outro, e outro, e muitos outros.

E quanto àquela história de esquecer ele? Ah, bem... esquece isso.

Só pra você saber
Só pra você saber
Só pra você saber
Só pra você


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Notas finais do capítulo

Música: Eu esqueci você - Clarice Falcão

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