Refúgio escrita por Diana


Capítulo 4
4 - Final


Notas iniciais do capítulo

Então, gente....Fico até triste por postar esse capítulo.. Sério. :(

Como disse antes, era pra ser uma one, mas acabou ficando grande demais para uma one. :(
Espero que vocês gostem e não queiram me mandar pro Tártaro depois que terminarem de ler.
Obrigada pelos comentários e apoios.

Capítulo betado pela srta. With. Flor, brigadão.



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IV

“Perdido na cidade dos anjos

Lá embaixo no conforto dos estranhos

Me encontrei nas colinas queimadas

Na terra de um bilhão de luzes”

(City of angels, 30 Seconds to Mars)

O Sol já estava alto e forte quando Annabeth abriu os olhos. Ela se sentia recuperada. Aos poucos, as imagens da noite anterior lhe ocorrendo. A loira se permitiu ficar na cama por mais um tempo. Ela se enrolou nos lençóis que ainda cultivavam seu cheiro e o de Clarisse.

De repente, a preocupação começou a tomar conta do peito da loira. Onde estava Clarisse? Supostamente, era para a filha de Ares estar ali, com ela. Annabeth ouviu passos ecoarem pela casa. A loira pegou sua faca, jogada no chão, e esperou. Quando a dona dos passos apareceu à porta, Annabeth largou a faca e suspirou.

– Clarisse. – A morena tinha um olhar perturbado. Clarisse parecia estar com medo de se aproximar mais.

– Consertei o chuveiro. Tome um banho e coma. Mais tarde partiremos. – Frieza. Era tudo que Annabeth podia sentir da voz de Clarisse. Era como se elas nunca tivessem...

– Precisamos conversar. – A loira disse e se atentou à expressão de Clarisse. Ela realmente parecia perturbada.

– Annabeth, eu... – O coração de Clarisse parecia querer sair para fora do peito. Ela ainda estava tentando processar tudo o que tinha acontecido na noite anterior. – Tome um banho e depois conversamos. Consegui falar com Thalia.

A morena disse e saiu, deixando Annabeth confusa. A loira imaginava que, talvez, a filha de Ares estivesse agindo daquele jeito por medo. Ou simplesmente falta de jeito. Era difícil para uma pessoa durona como Clarisse exprimir qualquer sentimento que não fosse raiva.

Por fim, Annabeth suspirou e se dirigiu ao banheiro.

Clarisse estava sentada aos restos da mesa que seu pai havia dado à Sra. La Rue.A morena tinha as mãos aos lábios e estava pensativa. Ela sabia o que Annabeth queria conversar com ela, só não estava preparada.

Quer dizer, ela estava acostumada a ter ‘uma noite’ com alguém. Entretanto, aquela noite ela dividiu com Annabeth. Todas as sensações ainda gravadas em sua carne. E ainda havia algo diferente, confuso e confortável, que se instalou em seu peito. Clarisse podia sentí-lo, por mais que não quisesse admitir.

A morena viu Annabeth tomar um lugar à mesa, de frente para ela. Silenciosamente, seus olhos se encontraram. Ela tentou transmitir um olhar raivoso à Annabeth, mas não conseguiu.

– Você conseguiu falar com Thalia? – Annabeth perguntou. A loira sabia que tocar no assunto agora com Clarisse seria um erro. A morena estava claramente abalada pelo que acontecera entre as duas.

– Sim. A essa altura, eles devem estar perto. – Clarisse se levantou e serviu Annabeth com pães e frutas. – Quando você comer, partiremos.

– Clarisse. – Annabeth segurou o pulso da morena antes dela sair. – Precisamos conversar.

– Annabeth... – A morena parecia cansada, mas encarou Annabeth. A loira se frustrou ao não conseguir decifrar o que os olhos castanhos queriam lhe dizer. – Prometo que assim que chegarmos à base, conversaremos. – Clarisse se abaixou e deu um beijo carinhoso na testa de Annabeth, saindo em seguida.

Estavam caminhando pela mata por um bom tempo. Clarisse deixou sua armadura grega para trás, sob os protestos de Annabeth. A morena carregava sua mochila e a da loira sob a desculpa de que Annabeth ainda estava fraca. A loira bufou, bateu o pé, mas não conseguiu convencer Clarisse.

Pararam perto de um riacho. Clarisse percebeu o quão vermelho estava o rosto de Annabeth. A loira parecia exausta. A filha de Ares se culpou. Tudo bem que elas tinham que chegar à base, mas não aos custos de uma Annabeth cansada e machucada. A morena deixou as mochilas caírem de seus ombros, retirou o escudo que usava e fincou sua lança no chão. Annabeth a olhou interrogativamente.

– Sente-se um pouco. – A morena disse enquanto se ajoelhava à frente do riacho e molhava o rosto.

Annabeth se recostou a uma árvore e viu Clarisse se aproximar dela e lhe entregar um cantil cheio de água. Ela agradeceu à morena com um olhar e deu um gole. Ela não sabia que estava com tanta sede. Clarisse sentou-se ao seu lado. A morena parecia mais calma agora.

– Clarisse? – Annabeth a chamou receosa. Clarisse grunhiu alguma coisa como para dizer que estava ouvindo. – Você nunca se perguntou porque nossos pais foram um dos poucos deuses que conseguiram fugir?

– Thalia me explicou isso certa vez. Eu me fazia a mesma pergunta.

– E... – Annabeth a encarou curiosamente. Clarisse deu um sorriso tímido. Ela não conseguia encarar a loira de volta.

– Guerra.

– Obrigada por ser tão didática, Clarisse. – Annabeth cruzou os braços e bufou. Odiava o jeito taciturno que Clarisse adquirira aquela manhã.

– Nossos pais são deuses da guerra. Com Cronos ascendendo, mais guerras estouraram. Querendo ou não isso aumentou os poderes deles. E, mesmo que sua mãe não seja fã da guerra sangrenta como meu pai, quando há guerra, ela se beneficia.

– E Hades?

– Vamos lá, Annabeth. Você é uma filha de Atena. – Clarisse meio que zombou, encarando a loira por instante. Annabeth se sentiu ofendida e ponderou.

– Bom, se há mais guerras, há mais mortes...

– E Hades se beneficia também da nova ordem de Cronos.

– Mas, algo não se encaixa. Tudo bem Ares, Atena e Hades se beneficiarem da guerra e da destruição, mas.., E Afrodite? – Nesse instante, Clarisse se levantou. Ela parecia preocupada.

– Temos que ir. – A morena ofereceu a mão para Annabeth se levantar. Num impulso, a loira ficou cara a cara com Clarisse. Ela podia ver o rubor tomando conta do rosto da morena e seu olhar ganhar um tom mais escuro.

Clarisse sentiu uma corrente elétrica a percorrer ao perceber Annabeth tão próxima. As lembranças da noite anterior lhe assombrando como um ataque surpresa. Uma em particular: O corpo nu de Annabeth. Como se uma presença invisível lhe dissesse o que fazer, a morena imprensou Annabeth à arvore.

Annabeth viu a luta interna que Clarisse enfrentava. Entretanto, ela estava decidida. Num instante, ela enlaçou o pescoço de Clarisse e aproximou seus lábios timidamente. Clarisse se antecipou ao beijo e fechou os olhos, se permitindo provar mais da boca da loira. Era um simples roçar de lábios. A boca da loira parecia queimar e inebriar Clarisse.

Mas logo a paz que ela experimentava se foi. Um sinal de perigo lhe foi enviado. E Clarisse, como todo filho do deus da guerra, não ignora seus sentidos. Relutante, ela larga os lábios doces da loira que a olha interrogativa e se afasta.

– Clarisse. – Annabeth estava a ponto de explodir com Clarisse. Aquela situação estava começando a lhe irritar.

– Temos que ir. – Clarisse disse, seca. A morena pegou seu escudo e as mochilas. Ela se voltou para Annabeth e lhe entregou sua lança. – Quero que me prometa uma coisa.

Annabeth não entendeu, mas sentiu um frio desagradável percorrer seu corpo ao ouvir o pedido de Clarisse. Relutante, a loira apenas assente e fixa seus olhos nos de Clarisse.

– Jure pelo Estige. – O olhar que Clarisse lhe oferecia era assustado e preocupado demais para ser lançado por uma cria de Ares. – Jure!

– Eu prometo, Clarisse. – Annabeth pousou sua mão no rosto de Clarisse, desenhando um caminho da cicatriz até o queixo da morena deixando um beijo suave nos lábios da morena em seguida. – Prometo pelo rio Estige.

– Prometa então que, assim que eu der a ordem, você vai correr para o leste. – A morena apontou a direção. – Vai correr e não vai olhar para trás. Thalia estará lá te esperando com Percy e alguns outros semideuses.

– Percy? Percy está com Thalia? – A loira estava confusa. Um aperto tomou conta de seu peito. Do que Clarisse estava falando? Elas iriam juntas até Thalia!

– Prometa! – A morena a olhava suplicante. – Por favor, prometa!

– Eu prometo. Pelo Estige. – Annabeth finalmente cedeu. Alguma coisa estava errada e Clarisse não queria lhe contar. Ótimo.

– Comovente. – Uma voz aguda e fria quebra a concentração das garotas. Um rapaz alto e loiro saíra das sombras da floresta.

– Luke. – Clarisse o olhou com ódio. Num segundo, a morena sacou uma faca da cintura e a lançou contra o filho de Hermes. Luke se desviou com facilidade. Ele prevera esse comportamento nada amigável vindo da morena.

– Um ato impulsivo. – O rapaz se aproximava lentamente, sua voz carregada de desdém. – Valente. Estúpido. Apaixonado. Próprio da dona. – Luke lança um olhar divertido de Clarisse para Annabeth.

Instintivamente, a morena se coloca à frente da filha de Atena.

– Não vai conseguir Annabeth, Luke. Não enquanto eu estiver aqui. Não sei porque veio sozinho.

– Ora, veja. Não era minha intenção encontrar vocês por aqui. Mas que sorte a minha, não? – Luke desembainhou sua espada, Mordecostas. Clarisse aceitou o desafio e tirou uma espada feita de aço de dentro do escudo. Só então a morena olhou para Annabeth.

A loira entendeu o olhar de Clarisse. A morena viu Annabeth sussurrar um ‘não’ e balançar a cabeça negativamente.

– Annabeth. – A voz de Clarisse parecia carregar um desespero enorme. – Pegue Mutiladora e corra.

– Não! Clarisse, por favor, não!

– Corra! – A morena gritou e o céu pareceu rugir junto com ela.

– Eu vou voltar. – A contragosto, Annabeth pegou a lança de Clarisse e disparou pela mata afora. Luke não pôde esconder o sorriso de escárnio e avançou sendo barrado por Clarisse.

– Você vai ter que me enfrentar primeiro, seu porco covarde!

Annabeth correu à velocidade máxima que seu corpo machucado conseguia. Em seu caminho,ela teve de enfrentar um bando de draecanae. A loira berrou deixando sua raiva a controlar pela primeira vez em anos. Ela parecia uma leoa enfurecida.

Era estranho esse novo sentimento que a consumia. E ela podia senti-lo fazer parte de si pouco a pouco, até mesmo da lança que Clarisse lhe dera. A lança de Clarisse. A loira não queria admitir, mas Clarisse só daria sua lança para alguém se tivesse plena certeza de...

Não! Ela não ia pensar assim! Ela ia encontrar Thalia e Percy e iria voltar! Ela devia isso à filha de Ares.

Annabeth gritava enquanto atacava. Os monstros se desfazendo em cinzas à medida que a ponta poderosa de bronze celestial de Mutiladora os atingia. Annabeth sempre pensou que a lança fosse mais pesada e difícil de manejar, mas ela parecia obedecer seus pensamentos e parecia mais leve que sua própria faca.

De repente, uma saraivada de flechas terminou com as draecanae restantes. Era Thalia, acompanhada por uns filhos de Apolo e Percy. Se fosse em outros tempos, Annabeth correria para dar um abraço apertado nos dois, mas aquele era um dia ruim.

– Thalia, Clarisse! – A loira estava sem fôlego. – Clarisse... Luke! Clarisse está enfrentando Luke! Temos que ajudá-la!

– Está tudo bem, Annabeth. – Percy a segurou.

– Percy, Clarisse! – A loira o encarava desesperada.

– Sinto muito, Annabeth. – Thalia disse triste. – Não podemos nos arriscar mais.

– Não! – Ela tentou sair dos braços de Percy, mas dois garotos de Apolo o ajudaram a segurá-la. – Não! – A loira urrava e se debatia sendo carregada pelos amigos.

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– Um ato valente, admito. Metade dos meus homens não tem tanta coragem. – Luke falava rondando a morena, esperando o momento certo.

– Porque seus homens são tão covardes quanto você! – A morena gritou.

– Você não precisa se sacrificar, Clarisse. Uma guerreira como você seria valiosa para meu exército. – Luke estendeu a mão. – Junte-se a mim. Você pode até ter Annabeth, não me importo. Eu sei o que a beleza dela causa aos outros. Se eu pusesse as mãos nela... – O rapaz deu um sorriso malicioso.

– Enfrente-me, Luke! – A morena parecia pegar fogo por dentro. Não ia deixar um traidor idiota como Luke falar daquele jeito de Annabeth. – Enfrente-me agora!

A questão era simples para Clarisse. Thalia, Annabeth e Percy eram vistos como líderes na guerra contra Cronos. Já ela era uma filha de Ares. E aos filhos de Ares cabe guerrear. Ela nada mais era que um soldado. E soldados obedecem. Soldados lutam quando devem. Soldados morrem quando devem. É o sacrifício pelo bem maior. E era irremediavelmente simples.


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Notas finais do capítulo

Bom, gente, é isso.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que pretendo fazer uma continuação dela, mas primeiro quero terminar 'Disenchanted'

No mais, obrigada a quem acompanhou, comentou, favoritou e etc... :)

Beijos e até a próxima!