One More Chance escrita por Hime


Capítulo 2
Capítulo 2- Qual lado seguir?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo. Vai parecer meio "mas oi? Como assim Hime?", mas confiem em mim que vai melhorar



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/467303/chapter/2

"Iremos trazer a verdade ao mundo através das Trevas"

Era a única frase que Lorenzo Crawford ouvia a dias. Estava preso em uma cela completamente branca. Estava certo de que os homens de vestes negras que entravam volta e meia no corredor que dava a sua cela e diziam a mesma frase iriam fazê-lo pagar por todos os pecados que cometera nessa vida. Crawford não era exatamente uma pessoa normal. Primeiramente converteu-se ainda muito jovem a Sargento mas essa vida não servia para ele, não tinha a adrenalina que ele procurava. Então virou um caçador de recompensas e não pensava duas vezes antes de fazer seus alvos sofrerem. Desde os 10 anos de idade, aprendera técnicas de tortura com o seus avós- eram descendentes de alemães- e se orgulhavam de ensinar ao pequeno neto aquilo que havia matado muitos judeus na época de Hitler. Embarcou em uma vida repleta de furtos, mortes e prazeres mundanos.

Aos olhos de quem via, ele era um pecador da pior qualidade, aos olhos de Lorenzo ele sabia aproveitar a vida de uma forma intensa. Nunca pensou que seus atos pudessem envolvê-lo em algo do tipo. Estar preso não era de longe a questão principal.

Na semana anterior, decidira tirar férias no Peru, Lorenzo não tinha família muito menos amigos então fora sozinho. Machu Picchu sempre suscitava nele um interesse mútuo. O homem alto de cabelos negros e olhos azuis nem sabia o motivo para tal. Após uma noite um tanto conturbada no Hotel Swissotel Lima, Lorenzo decidira ir até o ponto alto da civilização Inca que um dia dominou toda aquela área. Embora boa parte das construções fosse fruto de uma reconstrução devido ao desgaste do tempo.

Passara a madrugada inteira ansioso devido à sua visita a um lugar tão importante para a história do planeta Terra, saíra antes das 7h. Era cedo quando Lorenzo avistou uma cena um tanto perturbadora nas antigas construções. Uma garota imensamente charmosa ao seu ver, soluçava e não conseguia conter as lágrimas que rolavam apressadas sobre sua face pálida. Encontrava-se sentada na grama baixa e não parecia estar incomodada com os supostos insetos que poderiam ter por lá. Crawford a observava de longe, o vestido vermelho da garota estava completamente rasgado. Vendo que ela não iria parar de chorar tão cedo, ele foi em sua direção prestar algum tipo de socorro. Não que ele se importasse, mas a garota despertava nele um estranho desejo. Desejo o qual ele desconhecia.

Quando ficou à apenas uns passos da garota, ela fez menção de levantar quando notou a presença dele. Porém estava tão fraca que não conseguiu se equilibrar e voltou ao chão. Sentia-se imensamente fatigada. Porém sentiu que deveria confiar no homem que se aproximava lentamente. Apenas sentiu, como uma lembrança ferida.

– Senhorita, você está bem? Precisa de ajuda? Cómo puedo ayudarle?– falara em espanhol, julgava que talvez a moça fosse daquela região. Estendeu a mão para ela, tentando ser gentil o máximo possível. Porém não recebera a mão da garota delicada de cabelos castanhos escuros de volta.

– Eu fui sequestrada por uns canalhas.

– Como assim? - Lorenzo demonstrou muito preocupação, isso impulsionou a garota a contar o resto da história.

– Apenas acordei no compartimento traseiro do carro dos canalhas. Não lembro de como foi momento do sequestro - A menina olhava de um lado para o outro, como estivesse com medo de algo.

– Olha, eu me chamo Lorenzo Crawford. Qual o seu nome? Peço que me conte mais detalhes, assim posso saber do que se trata - Demonstrava uma gentileza sem tamanho. Aquela história era normal para ele.

– Me chamo Annabelle Bingham. Vim passar as férias em Machu Picchu com uns amigos meus. Éramos três ao total. Desci por uma trilha desacompanhada, minhas memórias terminam aí. Depois acordei na pick-up dos sequestradores.

– Anna, posso te chamar assim? - Ele olhou para ela , a qual assentiu com a cabeça - Como se livrou dos sequestradores?

– Um homem... não sei quem era. Ele matou os dois sequestradores e me livrou das cordas. Tudo ao redor, a situação, me fazia confiar no homem que "salvou" a minha vida, porém senti que não deveria confiar nele. Em seguida saí correndo para dentro de uma floresta quando tive oportunidade.

– Isso é tudo?

– O que mais quer? Eu fui sequestrada! - Anna estava muito pálida, sentia uma pontada forte na nuca. Novamente a frase que antes surgira em sua mente como uma lembrança antiga estava prestes a ser pronunciada mais uma vez. Ela lutava contra pois o nome não lhe era familiar, talvez estivesse realmente ficando louca e não iria colaborar mais com a sua própria loucura. Decidiu ficar quieta mas a frase saiu sem que ela pudesse evitar - Eu preciso achar o General Maximus.

– General Maximus? - Lorenzo também desconhecia o nome, tampouco preocupava-se em conhecer mas sabia que talvez essa pessoa pudesse ser algum familiar da garota.

Annabelle estava agitada demais, estava preocupada com seus amigos. Ela queria encontrá-los e dizer que estava bem. Pouco se importava com a frase que pronunciara antes, apenas queria sair o mais rápido dali.

– Não importa - falou com indiferença, tentando se levantar sozinha mas suas tentativas foram um total fracasso. Ela passara o resto da madrugada correndo. Correndo em um local que desconhecia por completo. Estava assustada e muito machucada. Foi então que tropeçou que torceu o pé, e ficou parada no mesmo local. Afundou-se aos prantos por tantas coisas que estava assombrando a sua mente. E naquele mesmo lugar Lorenzo aparecera uma ou duas horas depois.

– Eu posso te ajudar de alguma forma?

– Pode me levar de volta ao hotel onde me hospedei.

– Qual o nome dele?

Hotel Swissotel Lima. E eu torci o meu tornozelo - Uma onda de agulhadas cercou Lorenzo. Ele também estava hospedado em tal Hotel. Mas era muita coincidência.

– Vamos. Eu irei te levar para lá, afinal é o mesmo que o meu. Apenas acho que você deveria ir à um médico antes- A menina ficou encarando o homem mas não o questionou. Lorenzo ajudou Anna a se levantar .Pegou-a no colo.

Os olhos azuis extremamente profundos traziam em Lorenzo um sentimento um tanto triste. O homem não queria fazer mal a ela, sentia uma imensa vontade de ajudá-la, coisa que ele nunca sentira antes por ninguém. Não tardou muito para que ela desmaiasse sobre os braços do homem, foi em segundos. Lorenzo julgou que talvez ela estivesse profundamente cansada. Ao começar a andar com a moça em seus braços, Lorenzo começou a sentir uma forte pontada na cabeça. Ele sempre sentia essas pontadas, porém elas estavam ficando cada vez mais fortes. Os médicos não achavam uma solução plausível para aquilo pois o homem era absolutamente sadio, saúde a tal que era invejada. Colocou a jovem de volta ao chão com o máximo de cuidado possível, já não aguentava as pontadas se continuasse com ela nos braços poderia causar um grande acidente e ele não queria isso. Sua respiração começou a ficar ofegante e uma imensa tontura o invadiu. Ao olhar para frente, pressentindo que não aguentaria por muito tempo, avistou um homem de termo negro. Usava luvas vermelhas e estava se aproximando de forma lenta. Ao chegar perto de Lorenzo, o chutou forte no estômago. Lorenzo não aguentava a dor, sentia que ia desmaiar a qualquer momento. Viu o homem chegar perto da moça, e a passar a mão sobre a face dela.

– Aprenda de uma vez a não encostar o dedo em algo tão puro, irmão. Iremos trazer a verdade ao mundo através das Trevas - O homem de preto falou para Lorenzo, o qual não suportou as pontadas na cabeça e sucumbiu a dor. Havia desmaiado. O outro homem ficou cabisbaixo, como se toda aquela situação fosse algo doloroso. Em seguida apareceram mais dois homens com roupas similares. O primeiro levou a garota e os outros dois levaram Lorenzo.

⊹⊱--------------------------------⊰⊹

Acordara no dia seguinte sem saber o que havia ocorrido. Estava preso em uma cela branca onde a única visão do lado de fora era um corredor, que podia ser visto pois um imenso vidro tomava conta do local. Ele notou que a garota não estava mais com ele. Instintivamente olhou para seus braços os quais estavam com furos sobre a carne, Lorenzo sabia do que se tratava. Estavam dopando-o. Sentou no chão da cela e tentou colocar seus pensamentos em ordem. Ele havia servido ao exército por uns 5 anos, era um grande Sargento, sabia que o primeiro passo era manter a calma. Sua últimas memórias estavam bagunçadas, mas ele lembrava-se da jovem perdida e machucada. Em seguida lembrou das pontadas na cabeça e de uma pessoa se aproximando cautelosamente. Suas lembranças paravam aí. Lorenzo sabia que algo estava muito errado assim que avistou o primeiro homem a passar pelo corredor que dava a sua cela. Ele era alto e usava um terno preto, seguido de luvas vermelhas. O sujeito mal-encarado parou em frente a cela de Lorenzo e riu quando o olhou nos olhos.

– Você precisa descansar, logo irá fazer o seu trabalho- O sujeito falou de forma seca, tirando um das luvas da mão - Você será o segundo.

– Do que está falando? - Lorenzo levantou e encarou o homem, tinha o olhar de um tigre. Feroz e astuto.

– Estou dizendo que logo você irá afundar no pior poço que existe, você irá voltar para onde nenhum homem desejou voltar antes - O homem havia perdido o controle.

– E o que acha de calar essa maldita boca? Se dela não sai nada de importante - Lorenzo também perdera a calma por fim.

O homem saiu de perto do vidro, com os punhos cerrados. Havia perdido totalmente o controle. Seguiu o corredor frio com aparência tenebrosa, ao final os guardas liberaram a passagem e abriram uma porta de metal a qual o homem saiu cuidadosamente. Em seguida os homens a trancaram de novo. Ele seguiu para a outra extremidade do complexo. Passou por vários homens. Todos usavam o mesmo terno, uns possuíam luvas e outros não. No final, ele passou por uma porta e entrou em um quarto. Ele olhou triste para a menina que dormia na cama. Ela lhe parecia tão indefesa.

– Annabelle minha querida. Está na hora de começarmos - O homem alto de cabelos loiros tocava levemente no ombro descoberto a garota. Anna acordou com o leve balançado. Estava completamente perdida, não lembrava de como havia ido parar ali.

– Cadê o Lorenzo? - Tentou arquitetar outras perguntas mas aquela fora a primeira que saiu.

– Ele está seguro, logo, você também está segura - O homem falava em um tom muito amável. Ele nem dever ter 25 anos, pensou Anna.

– Como assim?

– Explicaremos isso depois, minha querida. Eu a ajudarei a sentar na cadeira de rodas. Meu superior nos aguarda . Pode me chamar de Leonard - Ele a ajudou como havia falado. A garota notou que seu pé estava enfaixado porém ainda doia muito. Ela estava com outro vestido, dessa vez um em tom creme. A cadeira de rodas era vermelha e ela a achou muito confortável - Sente-me melhor?

– Sim, obrigada. Porém espero explicações como me prometeu - Anna era astuta demais , sabia que aquilo tudo não estava certo. Havia algo de muito errado, mas ir contra aquele homem poderia colocá-la em perigo.

Ele a levou por todo o complexo. E dessa vez todos os outros homens de terno o cumprimentavam. A conduziu até uma imensa porta de metal branco. E lá o que Annabelle presenciou parecia surreal. Haviam doze mulheres com cabelos negros e olhos iguais, usavam vestidos brancos, pareciam túnicas. Estavam alinhadas em um corredor de vão único que dava a um imenso trono. Seis garotas de um lado e seis de outro. Elas se curvaram ao ver Annabelle. Uma das doze puxou de sua túnica um tecido macio igual a seda e o forrou no chão a sua frente. Outra retirou uma adaga de sua túnica e a colocou sobre o tecido. Em seguida, saindo de um das cinco portas que haviam na sala, um homem de cabelo castanho e olhos mais claros que o céu diurno, que usava roupas excêntricas típicas de lordes ingleses apareceu. Ele andou até o centro do salão, onde as mulheres estavam enfileiradas sob um tapete vermelho. Quando fitou Annabelle em sua cadeira de rodas, algo no olhar do homem havia mudado. Deu a volta e foi na direção da pobre garota confusa.

– Quanto tempo que não a vejo. Eu quero lhe dizer que a desculpo por tudo - O homem começou a falar.

– Como é? Eu nunca lhe vi em toda a minha vida- Anna tinha certeza do que falara, realmente nunca havia visto tal homem.

– Senhor - Leonard interrompeu vendo o superior bufar de raiva- Esta é Annabelle. A garota que o Chefe Mason, seu tio, encontrou outra noite sendo sequestrada.

Annabelle tentou falar algo mas antes que começasse o homem de roupas excêntricas começou a falar.

– Desculpe-me por tal erro. Apenas a confundi com outra pessoa - O superior demonstrava um olhar um tanto triste direcionado a Anna. Balançou as mãos fazendo menção para que Leonard se retirasse. Assim que Leonard saiu , ele segurou a cadeira de rodas da jovem e a guiou até o trono - Eu gostaria muito que você me ajudasse em algo.

Soou como um apelo, como se aquele homem estivesse ansiando desesperadamente o sim da jovem Annabelle. Ela realmente não entendia nada sobre o que estava havendo, mas certamente esses homens tinha a ver com o outro homem que a salvou outra noite. E até agora ela não tinha nenhum sinal de Lorenzo, o que a castigava em demasia e ela nem sabia o porquê.

– Sinto muito mas não sei o que está havendo...

– Annabelle, nós somos uma organização muito antiga. Desde a Era das Trevas. Lutamos por algo que o mundo inteiro desconhece. E precisamos da sua ajuda.

– O que o mundo desconhece de tão grave assim? E precisam de mim para quê? - Anna já estava ficando impaciente, infelizmente não podia fazer nada contra o homem que segurava a cadeiras de rodas. Ele voltou-se a ela, ajoelhou em sua frente e a fitou com um olhar sombrio.

– A verdade sobre os anjos e os demônios- Um silêncio mortal seguiu por longos minutos até que fosse quebrado pelo homem - Precisamos que você se submeta a uma espécie de sonho. Esse sonho que só você pode sonhar nos trará informações, informações que foram mortas há muito tempo atrás.

– Por que só eu posso fazer isso?

– Porque as respostas estão em seu sub consciente, só você pode trazê-las até nós. Você só precisa dormir, usaremos uma magia em você.

– Uma... uma o quê? - Annabelle possuía um ceticismo imenso sobre magias e seus fins.

– Ora minha querida, esse mundo é um mistéri . Você deveria saber que esse tipo de coisa está presente no nosso dia-a-dia. Digamos que é uma magia celta. Não lhe fará mal.

– E como posso ter certeza disso ? Por que eu faria isso afinal? - Annabelle já estava perdendo o controle. Sua expressão furiosa não assustava o belo homem.

– Porque eu já fui vítima da mesma magia. Ora , diga-me que nunca sonhou com uma mulher perdida, machucada que vagava por vários corpos em um rio de sangue?

Ele tinha razão, por mais assustador que fosse. Ela sempre tinha o mesmo sonho desde criança. E cada vez ia ficando mais real, como se ela fosse a mulher machucada e conturbada. Ela sentia que isso mexia muito consigo e que se os sonhos continuassem ela poderia pensar que era aquela mulher e se ficar presa em uma imensa dor. Annabelle queria mais do que tudo saber do que se tratava os sonhos.

– Eu irei te ajudar a entender tudo isso. Aceita nos ajudar e ser ajudada? - O homem ofereceu a mão a garota que parecia muito confusa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? :3
Sou fã do Lorenzo heuehehyehe
Obrigada pelo carinho ^^