One More Chance escrita por Hime


Capítulo 16
Capítulo 16 - A Bruxa que fala com os mortos


Notas iniciais do capítulo

O Nyah tinha voltado e eu não tinha notado huehuehuehuhueh
Me sinto mais lenta que o normal e.e .Enfim... ganhei um fanart tão perfeita da Anny fofura, obrigada sua diva! Espero que gostem desse cap, eu gostei do final e.e



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Aquele presente já estava marcado...
Marcado com o rubro do passado.



Aos poucos, fora abrindo os olhos que ainda pesavam muito. Ouvia alguns murmúrios que logo se misturavam com um silêncio agoniante. Ainda não conseguia enxergar direito, as cores pareciam estar bailando sem rumo. A cabeça queimava como nunca, o corpo ainda castigado todavia a perna direita não sofria os efeitos da dor, ela não doía. A garota não sentia a perna. Levantou de modo que ficasse sentada com a perna reta e apoiou-se em algo similar a uma árvore, ainda não conseguia ver nada mas já tinha uma noção de onde estava. Ainda encontrava-se na parte clara da floresta.

– Vejo que a Princesa acordou - A voz que sucedeu era áspera e arrogante, provavelmente de um soldado egocêntrico - General, ela está acordada.

– Qual o estado dela? - Outra voz mais seca e fria tomou a falar, essa voz Lúzia conhecia. Era a voz do General. O ódio a penetrou instantaneamente.

– Parece que a alma foi levada pelo demônio. Parece que ela nem consegue nos vê ,senhor - Falou o homem de voz áspera.

Lúzia sentiu algo tocar seu braço, puxá-la um pouco e empurrar algo contra seus lábios. Um líquido com um gosto péssimo e com mau odor desceu pela sua garganta. Ela nem sequer conseguia falar ou se defender, parecia um corpo sem vida, uma marionete. Assim que engoliu o líquido, sentiu algo em seu intestino queimar como se o puro fogo o penetrasse. Emitiu gemidos dolorosos. Se contorcia de dor com os olhos fechados e agora deitada no chão como uma criatura terrivelmente fraca e indefesa.

– Abra seus olhos, Princesa. Precisamos saber se você vai viver ou morrer - A voz de Maximus soara irônica.

Juntando toda a força de vontade que possuía, começou a abrir os olhos vagarosamente e quatro silhuetas a sua frente foram vistas. Lúzia sabia que a do meio era a de Maximus. Todavia fora o último da esquerda que fizera o primeiro movimento, aproximou-se dela, segurou sua mão e a fez sentar-se.

Lúzia piscava sem parar ainda sentindo o corpo doer e a visão um tanto turva. Aos poucos foi melhorando da visão e as dores foram amenizando como mágica. Talvez o líquido que a fizeram ingerir de fato a tivesse ajudado.

– O..- Tossiu - O que houve?

– Você podia ter sido estuprada por qualquer um de nós e depois morta, podia ter gastado toda sua energia naquela luta e ter morrido, poderia até mesmo ter se matado. Mas outra coisa ocorreu. Sua perna, pode mover?- Perguntou o General.

–Não a sinto.

– Pois bem, foi picada pela cobra mais venenosa da Romênia justo nessa perna. Passou um dia desacordada. Como sobreviveu? Com a nossa ajuda e com o poder regenerativo que você tem. Então, devia nos agradecer criança- Ironizou ainda mais o General.

– Eu não senti picada alguma..

– Porque você é fraca. Obviamente uma Princesa não está habituada a essa vida - Maximus mantinha uma expressão um tanto séria diante a garota- Se sobreviveu foi por algo que você guarda dentro de si. - Mudou de expressão completamente, como uma de lamento -E... Prepare-se Lúzia, iremos partir amanhã mesmo.

Ao completar a frase Maximus e os três homens homens a seu redor viraram de costas para Lúzia e foram se juntar aos outros que dormiam espalhados pelo chão, uns roncavam, outros não pareciam estar dormindo apenas refletindo perdidos em milhares de cogitações que não poderiam se definidas. A jovem Princesa julgou que cada homem daquele ali já havia tirado tantas vidas que nem conseguiriam contar quantas foram.

Viu Maximus sentar em pleno solo e polir a espada magnifica, os outros três homens os quais acompanharam o General se desperdiçaram pela floresta. Um para cada lado. Lúzia não entendia o motivo, mas também não procurou entender.

A garota resolveu analisar a situação atual, subiu um pouco o vestido e notou que sua perna estava em um estado deplorável, parecia apodrecida. Todavia não estava preta, estava vermelha o que significava que a perna não havia de fato apodrecido. Agradeceu a Deus por isso. Perder uma perna nessa altura era um prejuízo incalculável.

Sentia-se imensamente cansada, chegava a ser irônico ter sido facilmente capturada com a cooperação de uma cobra e maldita cobra.

Notou que um homem baixo e de aspecto tranquilo se aproximava cautelosamente dela, quando chegou ao seu lado, mediu sua temperatura e deu mais um pouco do líquido que não a agradou. Deveria ser um curandeiro da tropa, ele não parecia um soldado e usava roupas leves, túnicas. Desconfiada, surgiu um grande interesse sobre ele. Talvez fosse de alguma ajuda.

– Senhor? - A menina ainda tinha dificuldades em falar.

– Não devia falar comigo- O homem sussurrou enquanto colocava curativos na perna dela. Ele olhava freneticamente para trás, na direção de Maximus o qual estava um tanto longe - Ele vai me castigar.

– Ele está longe e não nos observa. O temes tanto assim?

– Acima de qualquer coisa. Ele é intolerante a traidores, e não sabe controlar a própria ira- Dizia o homem de forma muito inocente todavia muito madura.

– Para onde serei levada amanhã?

– Estamos indo para o palácio da Ordem do Dragão, na Hungria, senhorita.

– Se eu pudesse, eu mesma mataria tal General estúpido- Juntou forças do fundo da alma para formular tais palavras.

– Ele salvou a sua vida. Eu sou um necromante e fiz contato com uma entidade que pediu...- O homem ficou imóvel olhando para o rosto de Lúzia, parecia paralisado por algo.

–Pediu o quê?- Ela insistiu.

–Eu não posso falar disso, desculpe-me - O homem respondeu em total formalidade- Amanhã você estará melhor. Levantou-se enquanto Lúzia o encarava de forma questionável, todavia a menina entendeu que não adiantaria nada pedir para ele dar alguma informação, o homem tinha mais medo de Maximus do que qualquer outra coisa.

O homem baixo rumou em direção a Maximus, fez uma reverência exagerada ao líder e simplesmente seguiu pela trilha que dava em direção a algo que Lúzia desconhecia, talvez um pequeno povoado ou até mesmo um mosteiro de monges dissimulados, pensou ironicamente.

Sentia-se tão cansada que nem conseguia cogitar o que viria no outro dia, sabia que Maximus certamente não hesitaria em matá-la quando ele conseguisse o que desejava. Era assustador pensar em tal assunto. Ainda mais pelo fato que ela não sabia bem a história. Todavia ela não estava disposta a perder essa guerra, muito menos para uma criatura tão tirana.

O corpo novamente voltou a pesar, Lúzia sabia que não poderia fazer muito esforço, não agora. Novamente as luzes da noite foram se misturando com luzes de cores diferentes, formando figuras suspensas no ar, um espetáculo jamais visto por ela. A menina estava tendo alucinações causadas pela picada da cobra, não resistiu por muito tempo e logo voltou a cair no mais profundo sono.

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Um dia depois do incêndio no Palácio.

Não chegava a ser meia noite, as estrelas brilhavam intensamente. O antigo lago em que Lúzia costumava visitar todas as manhãs agora estava emanando uma energia sombria. Na beirada do lago, encontravam-se algumas mulheres usando túnicas brancas e segurando velas negras nas mãos.

Elas cantavam clamores a lua, uma imensa balbúrdia de vozes agitadas ecoavam por toda a extensão do lago. Era como um coro de vozes enfurecidas.

As mulheres levantaram suas velas, fecharam os olhos em uma sequência perfeita e todas gritaram em unisom. Os gritos estremeceram o chão, uma forte ventania cercou o lugar jogando folhas no lago. Das dobras dos ventos podia-se ouvir sussurros baixinhos, sussurros que não eram entendidos. As mulheres assustariam qualquer ser normal que as visse. Praticantes de magia. Bruxas.

Subitamente as águas do lago começaram a se mover, milhares de ervas encontravam-se espalhadas na superfície do mesmo. Um silêncio perturbador tomou conta da floresta, nem mesmo os sons que os animais emitiam eram ouvidos a essa altura. O ambiente estava completamente pesado. Cada vez mais a agitação no lago fazia que uma energia sombria fosse liberada.

Da agitação das águas, algo negro foi vagarosamente saindo das profundezas do lago esverdeado, emergindo da escuridão. Era um corpo pálido misturado com o peso da água. Era uma mulher de vestido negro, um olhar marcante e um cabelo dourado como ouro. Emergira do logo como uma divindade. Vinha em direção às outras mulheres de túnicas brancas como se tudo aquilo já fosse planejado. Andava com um pouco de dificuldade sob as águas, mas não esbanjava qualquer emoção. Retirou-se da água e uma mulher lhe entregou uma túnica, ela tirou o vestido negro e jogou sobre o corpo a túnica branca. Uma cicatriz em seu peito a fez estremecer de ira. Jogou o cabelo para o lado, respirou fundo ainda em um silêncio mortal.

– Necromantes! Servas de minha mãe, ousaram brincar conosco! Atacaram-me enquanto eu estava distraída e roubaram de mim algo muito precioso.

– Estamos aqui para servi-la,mandadas pelos próprios espíritos- Uma mulher de cabelo ruivo e cabeça abaixada falou à mulher que emergiu das águas.

– Os espíritos manteram minha alma a salvo enquanto vocês despertavam o meu corpo morto. Eu renasci dos mortos, com uma missão.

– Voltaste dos mortos, mas por um preço alto- Corrigiu a Necromante.

– Nossos amigos cansaram de alimentar-se do sangue daquela criança, eles desejam agora é toda a vitalidade do demônio. E somente nós, Necromentes, podemos fazer isso! - Gritou e todas as outras Necromantes curvaram-se em louvor- Mutilaram-me, assassinaram-me, tragam a alma daquele que ousou me desafiar. Achem o meu assassino! Farei o sangue desse maldito sumir completamente de seu corpo.

– Seus desejos são uma ordem, Amalia.

Dos mortos ela havia voltado, com um preço muito alto a ser pago. Preço que ela faria questão de pagar.

A verdadeira batalha estava apenas começando, a Necromante que fora assassinada havia voltado dos mortos com ainda mais sede de vingança. Tiraram-lhe a vida, e agora ela queria tirar milhares de vidas. Para ela era um preço um tanto justo. Começara assim a verdadeira Guerra.


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–Lúzia? Acorde! Não temos tempos- Uma voz preocupada chamara pelo nome da menina que encontrava-se inconsciente. Aquela voz a trouxe de volta ao mundo, estava mergulhada no sono mais profundo. Tentou abrir os olhos mais o cansaço a dominara. Sentia que alguém puxava seu corpo, ela queria reagir mas não tinha forças.

Um forte cheiro de queimado penetrou as narinas da Princesa que ainda não conseguia manter-se firme ou sequer abrir os olhos.

–Venha Lúzia, eu te ajudo- A voz convertera-se em um tom brando e muito gentil. A menina abriu os olhos e tudo o que conseguiu ver foi as chamas consumindo aquela área da floresta, sua visão estava turva demais e ela não conseguiu identificar quem estava a sua frente puxando seu corpo e o colocando nos braços como se fosse de uma criança indefesa. O cheiro lhe era familiar, algo agradável e doce. Ela deixou-se ser levada por essa pessoa.

Sentia fortes tonturas, não conseguia reparar nos intervalos de tempo entre os apagões de sua visão, por fim, notou que estava nos braços dessa pessoa em um cavalo e logo atrás estava o cavalo dela, seu Clydesdale, preso ao outro. Não conseguia ver o rosto da pessoa mas não se importava, ela sabia quem era. Ricardo.

Estava por fim livre do Tirano, ou tudo não passava de um simples sonho.


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Notas finais do capítulo

Então... o que acharam? '-'
O que ocorreu com os soldados? Intrigante não? xD
Quem gostou da volta da Amalia? Eu amo ela, mas a Anny ama mais então... é isso aí. Até o próximo