One More Chance escrita por Hime


Capítulo 13
Capítulo 13 - Almas devoradas


Notas iniciais do capítulo

A imagem abaixo foi feita pela Sophie Deveraux , sério... amei ! Muito obrigada*0*
Espero que gostem desse capítulo , e lembrem-se que as aparências enganam ~
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Ela sabia que era perigoso...
Mas aceitou a missão de brincar com a morte.


1411 - Romênia , Idade das Trevas.


A jovem Princesa encontrava-se em um pequeno quarto dentro do mosteiro , era muito simples todavia uma enorme lareira decorava o local. Pela noite, os monges ascenderam-na para manter Lúzia quente. Depois do ocorrido com o louco , a garota encheu Henrique de perguntas referentes a tal pessoa, todavia o monge recusou a dar qualquer resposta. Acomodou-a em um quarto pequeno , com sinais de que ninguém entrara nele há muito tempo. Mais tarde vieram servi-lhe uma sopa esverdeada a qual Lúzia não estava acostumada . Era uma hospitalidade um tanto suspeita.

O dia inteiro Lúzia ouviu os monges louvando à Deus. Volta e meia alguém dava passos ligeiros no corredor onde o quarto dela estava. Era um lugar silencioso em si , o que dava calafrios na assustada garota.

Sentia-se bem melhor. Ela sabia que tinha trabalho a fazer , sabia que deveria vingar a morte do pai e da amiga. Sabia quem era seu alvo.

Não devia ser muito tarde , a lua ainda permanecia em seus estágios iniciais . Lúzia ouviu um barulho meio abafado vindo do lado de fora do mosteiro. Era similar a várias vozes juntas ecoando algo que a jovem não conseguia interpretar. Ela sabia que movimentar-se era obrigação agora que estava longe do castelo, ficar parada aguardando respostas era o pior a se fazer.

Calçou o par de botas agora mais limpo da lama que antes o contaminara por completo. Girou a maçaneta com delicadeza e saiu do quarto com toda a cautela possível . Estava agoniada por não saber o que estava ocorrendo. Andando devagar pelo mesmo corredor que antes o louco tentara matá-la , Lúzia sentiu uma presença agora familiar. Seu corpo estremeceu , estava sozinha . Os monges não estavam por perto, e aquela energia pertencia a ele e ela sabia bem . Ao louco.

Seu corpo estava paralisado, ela não sabia onde ele estava porém conseguia sentir a energia dele. Estava muito perto. Talvez sair do quarto não tivesse sido a melhor escolha .Olhou instintivamente para trás já que não via ninguém a sua frente e atrás dela também não havia ninguém.

"Eu sei o que sinto"

Pensou enquanto dava passos cautelosos rumo ao altar onde Henrique havia mostrado a ela pela manhã . Obviamente todos estariam lá , ela estaria mais segura. Ficar parada esperando o louco aparecer ela não ia ficar.

Aquele silêncio quase fleumático fazia Lúzia sentir um frio na espinha . O ambiente do mosteiro emanava uma aura caótica, Lúzia julgava aquilo tudo muito perturbador.

Quando entrou no altar ,para sua surpresa, não viu ninguém orando. Nada. Ao invés disso, viu um vulto negro passar perante aos quadros de Jesus Cristo. O vulto parou frente a frente a moça pálida de vestido creme. Uma pessoa com uma capa preta e uma máscara usada contra a peste estava a fixar o olhar em Lúzia. Dessa vez o louco não se moveu, muito menos Lúzia. Estava em choque.

O homem louco aos poucos foi tirando a máscara de bico longo . Devia ter uns 30 anos, castelos cor de mostarda e os olhos incrivelmente negros ajudavam a deixá-lo mais misterioso. Ele não parava de fitar Lúzia , o olhar era penetrante demais. Já a menina , não se movia. Assustada tentava arquitetar um plano.

Quando Lúzia fez menção de abrir a boca , o louco correu para cima dela segurando os braço da garota e a imobilizando. Lúzia não teve tempo para se defender e muito menos jeito para se livrar dele. Fora muito rápido . Ela conseguia ouvir a respiração dele atrás dela . Ecoava em seus ouvidos . Sentiu a garganta secar , coberta pelo temor do que viria a ocorrer. Não tentou escapar , afinal ela não teria chances em uma luta normal. Por sorte ela não era normal .

– Você é diferente menina - Ele falou em um tom bem mais brando do que o anterior . Colou o rosto junto ao dela - Eles virão atrás de você , todos eles.

– Eles quem? - Lúzia fez um esforço para falar , tentando manter a maior calma possível. Talvez o louco soubesse de algo.

– A Ordem do Dragão . Sabe o que dragão significa , senhorita ? - Não foi uma pergunta para ela responder - Demônio. Eles caçam demônios.

– Eu sei a função da Societas Draconistrarum - Lúzia respondeu rindo de forma sarcástica.

– Então sabe que virão atrás de você. Irão acabar com a praga que você e suas irmãs estão trazendo. Vão arrancar membro por membro de vocês enquanto vocês ainda gritam clamando por suas vidas miseráveis.

– Está supondo que sou um demônio? Este solo é sagrado, eu não poderia entrar aqui se fosse um. Você é um médico, seja mais inteligente. Me deixe em paz! - Lúzia elevou a voz, talvez fosse algo que ela soubesse em seu mais profundo interior . Por que ela era especial? Por que Amalia sempre oferecia o sangue dela dizendo que era mais valioso? Eram questões que ela queria enterrar, não queria saber mais nada sobre aquilo. Não podia saber.

– Eles virão buscar você. SALAMANDRAS! - O louco não parava de gritar.

– Até onde sei os salamandras são elementais - Lúzia retrucou com um sorriso sarcástico.

O homem jogou Lúzia no chão a qual bateu fortemente o braço direito ao colidir com o chão, ele subiu em cima do corpo dela , sentando em sua barriga. A menina mal aguentava o peso.

– Por onde começo? Se ao menos Henrique estivesse aqui! Ele é bom com essas coisas.

Lúzia começou a se agitar , era hora de agir. Aquele louco ia matá-la , pior , ia torturá-la e depois matá-la. Alguém tinha que morrer e não seria ela. Decidiu usar boa parte da sua energia. Das velas do local , fez-se o fogo ampliar terrivelmente. Todas as chamas das velas uniram-se no ar sob a cabeça do louco. Rapidamente converteu-se em uma imensa língua de fogo. Lúzia mantinha-se muito séria , focada no que ia fazer. Não ia matá-lo , já havia decidido a não ser que ele continuasse mesmo depois do que ela iria fazer.

Aos poucos a língua de fogo foi envolvendo o homem o qual não notara a agitação das chamas do local , ele olhou desesperadamente em volta de si soltando Lúzia, via seu manto pegar fogo. Em volta dele fez-se um círculo , se ele se movesse pegaria fogo e se ficasse parado também queimaria . Logo sentiu o fogo penetrar violentamente em sua pele. Ele não gritou , não fez um movimento sequer. Mas Lúzia notou que ele sentia dor, era impossível não sentir.

– Eu não vou te matar - Ela fez as chamas se extinguirem como mágica . Lúzia não conseguia ser tão fria quanto Amalia , todavia tinha o mesmo senso de humor. E as duas por incrível que pareça eram brandas - Quero você longe de mim médico louco. Esse é o preço.

– Você deve morrer ,demônio! Viu o que me fez ? - O Homem apontava para o braço em carne viva.

– Me salvei de você , ou você teria me matado. Já eu não te matei , tem certeza que eu sou o demônio aqui ? - Lúzia ainda encarava seriamente o homem. Quando abriu a boca para falar algo mais , Henrique saiu de uma porta atrás do altar. Estava encarando os dois , a menina estava em pé com um olhar intimidador enquanto o louco viera ao chão.

– O que está havendo aqui? - Ele olhou furioso para Lúzia enquanto andou em direção ao louco e o segurou nos braços.

– Se eu tentar te explicar você não vai entender - A menina gesticulou um pouco, sabia que se contasse algo todos iam acusá-la de bruxaria.

– O que houve Joseph? - Perguntou Henrique ao louco que estava no chão deitado.

– Irmão, ela é diferente - Tossiu um pouco , seus abraços estavam feridos demais - É algo maior, ela controla o Salamandras. O lagarto de fogo jamais permitiria isso. Desmembre ela e a queime antes que os outros cheguem.

Ele não parava de tossir , Lúzia ouvira tudo e mantinha uma expressão assustada na face. Henrique parecia um tanto triste. Comovido talvez. Do bolso , retirou uma adaga negra. A lâmina luminosa exalava terror, não era algo divino.

– Durma irmão, esse é o preço por ser tão loquaz - Antes mesmo que Joseph pudesse responder , Henrique deslizou a lâmina negra pelo pescoço do louco e viu dele o sangue jorrar. Estava agora com uma nódoa vermelha sobre toda a face. Os respingos de sangue o deixavam terrivelmente assustador.

Lúzia ainda estava espantada pelo que vira. Era um homem de Deus, matar é pecado. E mesmo com toda aquela situação , ele lhe parecia tão pachorrento. Algo estava errado. Tudo estava errado.

Quando o homem levantou , ainda sujo pelo sangue do louco que agora estava morto , sorriu e começou a dar passos leves até Lúzia . Com o rosto pedante , era um assassino.

A garota por sua vez , foi dando passos para trás . Ela havia gastado muita energia para ameaçar o louco , canalizar mais demoraria um pouco. E ainda por cima ela sentia-se assustada , o que atrapalhava muito a sua concentração. Parou de dar passos para trás quando sentiu o corpo colidir com a parede. Ao lado dela havia uma imensa janela.

– Lúzia ... - Antes que Henrique pudesse completar a frase , da janela onde Lúzia encontrava-se ao lado, uma flecha de fogo penetrou ela passando direto por ele e ficando cravada na parede atrás . O homem olhou rapidamente para a direção de onde viera a flecha e notou que haviam várias tochas do lado de fora. Pessoas usando a mesma máscara que seu irmão e usando o mesmo tipo de manto , seguravam as tochas e vinham andando calmamente. Uns possuíam arcos na mão, e não temeriam a usar. Era uma multidão de 300 pessoas.

A portadora do Salamandras também ousou olhar pela janela , dando de cara com a multidão. Levou as mãos a boca , orando para que aquilo fosse apenas um pesadelo.

– O que são essas pessoas? - Perguntou ela ainda assustada .

– Lacaios de alma negra - Respondeu Henrique - A Societas Draconistrarum , possui muitos inimigos . Esses lacaios não deixam de ser um tormento para eles.

– E o que fazem aqui ? Aqui é um mosteiro!

– Estão atrás de uma garota, a qual sai chamas de seu olhar. Estão atrás de uma garota cuja a alma pertence a um demônio , estão atrás de uma garota portadora do Salamandras. Estão atrás de você - Henrique demonstrava um sorriso um tanto doentio enquanto proferia tais palavras.

– Eu não sou um demônio, Henrique! Você sabe que não sou - Lúzia havia perdido de vez as esperanças , não tinha mais forças . Aquele poderia ser sim o seu fim - Você não é um servo de Deus... quem é você?

– Deus ordena que eu te mate , antes que esses lacaios lhe capturem . Antes que a Ordem venha - O homem limpou em sua túnica a adaga suja de sangue e apontou para Lúzia - Matando uma criança amaldiçoada do jeito que se deve matar , podemos extrair muita energia. Eu posso ser um rei! - Henrique ria como um louco - Venha Lúzia...

Como um clarão penetrante , Lúzia notou algo que antes passara despercebido. Ela não havia mencionado seu verdadeiro nome, todavia ele sabia . Por quê?

– Como sabe o meu nome ? - Perguntou ela em uma voz que oscilava muito . Mantinha-se bem afastada dele.

– Fomos contratados para lhe trazer aqui. "Uma garota de cabelos castanho escuro , olhos azuis , roupas de princesa " . Para manter-te em segurança até que a Ordem chegasse. Mas ter para mim o seu poder é uma oferta melhor que miseras moedas de ouro. Eu posso ter o que eu quiser. A Ordem mata as crianças para ter poder. Agora fique quieta.

Henrique veio correndo para cima de Lúzia , a qual desviou o ataque em meio a adrenalina movendo-se para a esquerda . Correu para trás do homem enquanto ele tentava outra investida. Sem perder tempo , Lúzia abriu a porta por onde antes ele saíra e o que viu foi aterrorizante. Um animal. Uma vaca. Completamente desmembrada , em volta dela havia um círculo de fogo com marcas estranhas de sangue sob o solo . E todos os outros monges estavam orando em volta dela. Rapidamente fechou a porta para não a vissem

– Que isso? Um ensaio antes de desmembrar seja lá quem for a criança amaldiçoada? Vocês são servos do diabo e não de Deus - Lúzia gritou para Henrique. A única vantagem no momento era que ele era mais velho e muito gordo.

A garota conseguiu sair por uma das cinco portas do local , uma que levava a um corredor onde ela não estivera antes . Correndo , tentando recuperar as forças , o homem ainda corria atrás dela . Ela só parou quando chegou ao fim do corredor onde havia apenas uma porta . Teve que abri-la e adentrá-la , antes que fosse tarde. Sentia-se encurralada.

Ao entrar , viu cadeiras de madeira alinhadas em uma única direção. Havia uma estátua de Jesus Cristo ao centro. Era uma capela , não muito usada pelo nível de poeira que estava no local . Lúzia sentiu-se encantada pelas pinturas belíssimas acima dela . Por tudo. Entretanto ela ainda corria perigo.

Apenas ouviu o barulho da porta se abrindo, um zumbido devastador. E novamente o medo tomou o corpo dela. Aquele homem definitivamente a queria morta. Sem forças , ela não sabia o que fazer.

Ele deu uma investida e veio correndo para cima dela , similar a um búfalo. Ela por sua vez concentrou-se em sua energia e conseguiu fazer com que ao menos os pés dele queimasse um pouco. Ele gritou agoniado por um instante , até que Lúzia não conseguisse mas usar as chamas de energia . Ela estava sem forças definitivamente.

Outros quatro monges entraram no local, com espadas apontadas para ela .

A garota estava mais encurralada que nunca. Todos vieram para cima dela ao mesmo tempo , Lúzia conseguiu desviar de três ataques , no quarto o homem mirou em seu tornozelo fazendo um imenso corte desagradável. Lúzia caiu no chão logo em seguida não aguentando a dor. Os quatro ficaram diante a ela sem atacar, estavam esperando Henrique se recuperar.

Cambaleando com os pés ainda ardendo um pouco , o monge mais velho veio em direção a Lúzia caminhando pelo tapete vermelho . Estavam os 6 diante do altar , o homem ajoelhou diante a ela.

– Isso não vai doer muito , feche os olhos - Um dos homens segurava os braços da garota, outro segurava a boca de forma muito forte , enquanto os outros dois seguraram as pernas , um pressionava firme o machucado dela , fazendo-a gritar de dor. Ela se debatia , não queria desistir e não ia desistir.

"Segure a alma dela , Deus "

Todos gritavam.

Inesperadamente uma das janelas quebrou . Como um gato negro ele apareceu, segurando uma espada devidamente negra. Era um intruso . Quando levantou a cabeça mostrando o rosto marcado por algumas cicatrizes leves , Lúzia reconheceu-o . Era um rei leão . Era o próprio demônio. Maximus o assassino.

Pôs-se a gritar ainda mais , corriam lágrimas pelo seu rosto. Só havia uma coisa pior que os monges , era ser morta por aquele homem.

– Ela pertence a Societas Draconistrarum , é minha presa.

– General Maximus ? O que fazes aqui ? Você nunca sai do Palácio Central - Henrique gaguejava ao falar com o General, provavelmente pressentia o que estava por vir. Pelo visto os dois já se conheciam.

– Planejavam matar a MINHA presa. Um crime quase imperdoável. Eu poderia torturá-los eternamente , mas estou sem tempo e essa criança não merece ver isso- Maximus apontou a espada para Lúzia , que estava perdendo muito sangue.

– Perdoar é de Deus , senhor - Curvou-se Henrique.

– Pena que eu não gosto de perdoar - Em movimentos simples e ligeiros , Maximus decepou os cinco homens do lugar. Lúzia agora estava livre daqueles homens , todavia havia perdido muito sangue. Estava coberta de hematomas . Mas ainda mantinha o olhar fixo no demônio a sua frente . Era vítima de algo pior, de alguém pior - Cure-se , peste. Você só vai morrer quando EU te matar.

Maximus ascendeu uma das velas no local e levou em direção a Lúzia.


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Notas finais do capítulo

Então ... finalmente hein General u.u'
Vamos ver o que esse tirano deseja , e quantas vidas ele terá de tirar para ter o mesmo.