~Pov. Lucy

E lá estava eu... Um vestido branco esvoaçante,cheio de brilhos. Um sapato que parecia ser de boneca. Um véu sob meus cabelos que caíam em cascata. Estava pronta.

Aparentemente.

Uma lágrima solitária rolou sob meu rosto perfeitamente maquiado. Outros diziam que eu chorava devido à emoção. Mas poucos sabiam a verdade.

Não queria me casar com Johnny.

Mas Caspian me abandonou. Se foi. Suas palavras chorosas no dia do noivado ainda ecoavam em minha cabeça; "Eu te amo,porra!"

–Eu também te amo,porra!- Sussurrei para mim mesma. Mas não tinha volta. Não há como fugir. É agora.

Susana entrou no quarto. Seu vestido azul claro combinava perfeitamente com sua face que,apesar de ter 30 e poucos,continuava jovem.

– Está linda,Lucy!!- Disse admirando o meu reflexo do espelho. Meu reflexo tristonho. E ela sabia o motivo disso. Susana me virou e me abraçou. Eu desmoronei. Chorei tudo que podia e o que não podia chorar. Tinha passado meses em depressão, à base de pijamas,sorvete de chocolate,filmes românticos e lágrimas. Mas foi tudo em vão. Minhas lágrimas foram em vão. Ele não está aqui. - Calma. - Disse ela - Vai passar. Um dia... - Ela limpou meu rosto e sorriu. Pelo jeito, a maquiagem não borrou muito. - Se Caspian merecesse metade do que você é, ele estaria aqui. Então,case com Johnny, que é um homem que sempre esteve do seu lado, sempre lhe quis bem e sempre irá querer.

Eu sabia que ela estava certa. Se Caspian me merecesse, estaria aqui. Ele seria meu noivo. Nós nos casaríamos. Mas ele não está.

Somente Johnny está.

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Aquela maldita marcha começou. Eu entrei na igreja aos tropeços.Típico da minha pessoa, tropeçar no próprio casamento.

Johnny estava lá, plantado no altar, como se tivesse esperado por aquele momento a sua vida toda. Bem, talvez ele tivesse esperado,sim.Pedro iria me acompanhar,como meu irmão mais velho.

Caminhei pelo tapete vermelho como se estivesse indo para a guerra. Sentia que estava puxando um piano comigo, que nem naquela música do Bruno Mars. Fui andando andando. Mas chegou mais rápido do que eu esperava. Logo o Pedro já estava cumprimentando Johnny e dando minha mão à ele.

Dei um sorriso amarelo à Johnny,que retribuiu com um senhor sorriso de despedaçar meu coração. Eu queria correr dali. Fugir. Ir pro meu quarto e chorar escutando Ed Sheeran. Mas não podia.

Queria estar no filme Shrek e o amor da minha vida entrar pela igreja gritando "Eu protesto!". Mas ele não iria entrar. E, meu plano B era me transformar em ogra,mas eu não sou a Fiona.

O padre começou a missa. Ficou falando um monte de coisas sobre o amor, que sempre faz os convidados chorarem. Eu permaneci intacta. Fingindo uma alegria que jamais existiria.

Chegou o momento da troca de alianças. Johnny pegou a aliança no meio do buquê de flores de uma das damas e o encaixou sutilmente no meu dedo. A cada movimento,era como se tivesse me esfaqueando. Ele me passou a outra caixinha e eu,com uma demora notável,encaixei no dedo dele.Olhei para toda a extensão da igreja com um aperto no coração. Iria ser infeliz pro resto da minha vida!!

Me direcionei ao padre,para ele dar a bênção final.

–Se tem alguma maldita alma presente que não deseja essa união,fale agora ou cale-se para sempre. -O padre sentenciou. Silêncio absoluto. Minha dor no coração aumentou.

Mas algo aconteceu. Algo que não estava previsto e que ficou muito parecido com o Shrek. Algo que eu torcia para que acontecesse. Algo no qual eu já estava perdendo as esperanças. Não! Eu não me tornei ogra!! Calma,né...

– Eu protesto!!