A garota acordou com fortes dores de cabeça e sem se lembrar muito bem, apesar de lembrar-se de quem ela é. O que afinal eu estou fazendo aqui?

Ela se chama Kelsey, tem longos e lisos cabelos brancos que vão até a cintura, expressivos olhos azuis claros e um corpo frágil. Mede cerca de 1,59. Seus olhos são extremamente sensíveis a luz, fazendo com que luzes, especialmente brancas, sejam incômodas. Seus dedos são compridos e delicados, porém, ela não consegue conter seu desejo de roer suas unhas perante a situações de nervosismo e ansiedade, que são bem frequentes em sua vida.

Kelsey se encontrou deitada debaixo de uma Faia Européia ao lado de uma trilha coberta de folhas alaranjadas. Lindo. As faias estavam espaçosamente dispostas de maneira que formassem um túnel seguindo a direção da trilha. Kelsey tentou levantar-se, porém, perdeu o equilíbrio e caiu. Ela se sentia cansada. Ela se sentia incapaz.

—Droga... — balbuciou para si mesma.

Levantou-se mais uma vez, convencida que conseguiria ficar de pé. Após alguns segundos tentando se equilibrar, finalmente firmou seus pés no chão e seguiu com seus olhos o caminho da trilha tentando encontrar o seu destino. Desesperou-se ao perceber que não conseguiria enxergar nada além de folhas e troncos pelas próximas horas.

Espreguiçou-se e seguiu sua não tão finita caminhada.

...

Após alguns minutos, seus passos já estavam lentos apesar de impacientes. A trilha parecia infinita e tinha uma aparência melancólica. O vento era forte e sempre derrubava as folhas, que recheavam a trilha com um vivo e monótono tom alaranjado. Chato. Kelsey estava tonta, todos os lugares eram idênticos e as cores eram sempre as mesmas. Apesar disso, ela sentia estar sendo observada. Animais?

Enquanto caminhava, Kelsey passou a procurar pequenos detalhes entre as árvores e folhas, e então percebeu uma sutil movimentação entre as folhas. Correu em direção ás folhas e começou a remexer procurando por algo.

—E então, senhorita. O que faz aqui? —Disse uma raposa saindo dentre as folhas e estendendo a pata direita para Kelsey.

Kelsey ficou chocada —O-o-oque... Q-quem é... VOCÊ É UMA...

—Uma raposa. Sim, eu sou uma raposa. Sim, eu posso falar. Não, eu não sou o único —Interrompeu.

Kelsey não conseguiu dizer mais nada, ficou paralisada. Eu estou conversando com uma raposa.

A Raposa limpou a garganta — Você está perdida? Não posso deixar uma bela moça como você sozinha por aqui.

—S-sim. Eu simplismente acordei, não me lembro de mais nada. P-por favor, me ajude. —Implorou Kelsey com um tom voz relutante.

—Acalme-se, senhorita, nós iremos te tirar daqui. Mas então, qual é o seu nome?

—Meu nome é Kelsey. M-mas, como assim "nós"? —Perguntou Kelsey observando os arredores enquanto procurava por mais Raposas-Falantes.

Dentre as folhas surgem diversas raposas que se aproximam cuidadosamente de Kelsey.

—Kelsey, que tal nos acompanhar? Iremos te levar para a nossa mestra. —Perguntou a raposa.

Kelsey aceitou, mesmo que relutante. Logo, as raposas guiaram-na entre as faias até um pequeno castelo sem muros defensivos e nem torres de vigia, era decorado com tecidos vermelhos, laranjas e amarelos, ali próximo havia um lago de água doce. Tudo era cercado por faias, fazendo as paredes cinzas do castelo ficarem bem visíveis de dia e camufladas junto com os tecidos durante a noite.

—Esse é o Castelo de Outono — Informou uma das raposas —. É aqui que as Rainhas desse território fazem a conferência de Outono.

Quando Kelsey estava à cerca de 30 metros do castelo, suas imensas portas de madeira e ornamentadas com bronze se abriram. De trás das portas surgiu uma mulher de aparentes 30 anos utilizando uma máscara branca, um belo e volumoso vestido vermelho carmesim estilizado com babados brancos na área da cintura e mangas rasgadas para melhorar a movimentação e uma espada fina e leve em suas mãos —A Rainha Carmesim —. A Rainha Carmesim estava acompanhada por 2 homens de aparentemente 2 metros trajando armaduras leves.

—E-Então, Vossa Majestade, está aqui a garota invasora. —Gaguejou a raposa que liderava o grupo.

A Rainha Carmesim aproximou-se lentamente de Kelsey, inclinou seu corpo para frente, aproximando o seu rosto do ouvido esquerdo de Kelsey.

—Ajoelhe-se — Sussurrou.

Kelsey se ajoelhou-se e focou seus olhos nas folhas levemente diferentes que estavam no chão, percebendo que a Rainha estava descalça e não parecia nada incomodada com isso. Inesperadamente, a Rainha levanta um de seus pés e chuta o peito de Kelsey, derrubando-a no chão. Kelsey tinha um corpo frágil, logo, gemendo de dor no chão.

—OLHE EM MEUS OLHOS! —Gritou a Rainha apontando sua espada para o pescoço de Kelsey.

Os olhos de Kelsey foram de encontro aos da Rainha, que mudou sua expressão ao notar um fato novo.