Bem-vindo ao Colégio Van Helmont escrita por Clara Cristiane


Capítulo 10
Capítulo 10




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*04/04 – Quinta*

Que sorte, mais essa! Antes que Rebekah se desse conta eu já estava entrando nas roupas de novo, precisávamos perseguir aquele robô.

O campus era imenso, e perto da linha do horizonte que minha vista alcançava ia “correndo” quase que como para tirar o pai da forca o robô da faxina. Estava forçando que minhas pernas corressem o mais rápido possível, para onde ele estava indo? Aquela era a direção do prédio principal. Precisava de reforços, cadê Roger numa hora dessas? Cadê Michael? Merda, era apenas eu e Rebekah de novo nessa.

Para onde ele estava indo? Que sala iria entrar? Quem estaria lhe esperando? São perguntas demais para se responder. Minutos depois estávamos já no prédio principal, e ele ia se movendo em círculos pelos corredores. Porque simplesmente não entrava em alguma sala? Meu trabalho ficaria muito mais fácil...

Ainda estava um pouco atrás, mas ele finalmente parou na frente da sala do faxineiro, ou era isso que as pessoas normais achariam que fosse. As coisas estavam acontecendo muito rápido, a porta se abriu automaticamente e eu consegui ver que existiam vários outros robôs ali dentro, de olho chutaria uns 14, mas deveriam existir mais.

Ele entrou e para minha surpresa meio que me convidou a entrar, eu relutei. Por fora eu via fotos nas paredes do diretor e ali era algo como um laboratório, meus olhos se espantaram quando viram uma bomba armada sobre a mesa. Eu precisava entrar, mas porque diabos eu faria isso? Eu iria morrer se entrasse ali dentro!

Era um caso perdido, só escutei os breves 3 segundos de beeps e me joguei para direita. A sala explodiu logo em seguida.

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.

Acordei na de volta na minha cama, ao meu lado estava Roger e Michael olhando para mim, pelo menos eu estava inteira. Levantei e antes que pudesse falar algo Michael deu um belo tapa em minha cara.

– Ok, isso foi merecido. Me desculpe.

– Quem está falando é Nadia ou Rebekah? – Ele perguntou.

– Nadia.

Levei um segundo tapa, agora dessa vez pelo outro lado, o esquerdo.

– Ok, merecido de novo. Me desculpe.

– Você tem noção do valor da pesquisa que você roubou? Faz ao mínimo ideia? – Ele estava com muita raiva.

– Me desculpe, e, aparentemente você sabe agora que são duas aqui dentro...

Ele me deu um terceiro tapa.

– Isso é porque você matou um inocente. – Ele disse.

– Me poupe! Você está falando com a famosa Nadia Romanov, “A” assassina familiar. Esqueceu? – Revirei os olhos.

– Olha sinceramente eu não sei como na época os jornais foram tão burros de publicar os assassinatos no nome de Nadia e não de Rebekah, não era preciso ser muito gênio para deduzir que você é a personalidade alternativa.

– Como você deduziu isso tão rápido? Porra, vivi esses anos todos achando que comandava alguma coisa, e leva 2 segundos pro cara perceber que eu sou a personalidade alternativa! E agora que você tocou no assunto, como é que os jornais não sabiam que eu era Rebekah afinal?

– A culpa de você não saber quem era também é minha. – Falou Roger. – Quando eles te levaram eu garanti que as identidades e registros fossem queimados e que seu nome real não fosse sujo... Vivíamos num canto isolado, então não existiam vizinhos fora eu para confirmar quem vocês eram. Então eu criei o nome Nadia.

– Agora tudo faz sentido! – Respondi com um tom irônico e revirando os olhos de novo. – Muito obrigada.

– De nada, como eu havia dito, a gênia de verdade é a Rebekah, não você.

– E como é que fui parar no centro de detentos para super dotados, ein? “Senhor planejei tudo”! – Falei enquanto aspeava com os dedos.

– Simples mais uma vez, forjei os registros de novo, Rebekah merecia ficar num lugar decente, e, como EU sou inteligente iria para lá de qualquer jeito. Só garanti que ficássemos juntos. – Ele deu uma piscadela para mim.

– Ótimo, mais essa! Além de não existir, agora sou burra! Minha vida fica cada dia melhor... Daqui a pouco vamos descobrir que tudo não passa de um sonho, seria interessante até!

– Voltando para o assunto, porque você estava naquela sala? Ou melhor, porque aquela sala explodiu? – Roger perguntou.

– Depois de deixar vocês cuidando do corpo de Daniel eu voltei para o meu quarto, e graças a eu ter roubado P-438, descobri que havia um robô espião em meu quarto. Aqueles do Michael... – Expliquei. – Bem, ele entrou em processo de fuga quando descobriu que fora identificado, aparentemente não estava programado para me matar, apenas para fugir do local caso fosse descoberto. Eu persegui ele até o prédio principal e chegamos naquela sala, só deu tempo de identificar que dentro dela havia uns 14 robôs, fotos do diretor e uma bomba. Depois tudo explodiu e estamos aqui...

– Do diretor? – Perguntou Michael.

– Sim, dele mesmo. – Respondi.

– Muito interessante... – Roger falou e ficou pensando em seu canto. – Vou colocar alguém de olho nele, descanse por hoje, a gente se fala amanhã.

Os dois simplesmente saíram e me deixaram ali, não estava a fim de perguntar o motivo de tamanho descaso, era melhor eu dormir.

*05/04 – Sexta*

Dormi até pouco depois do meio dia, agora estava totalmente descansada e faminta. Tomei banho e quando sai para procurar algo de comer Roger estava me esperando na porta com um lanche.

– Bom dia, Nadia. – Ele me cumprimentou.

– Boa tarde, Roger. – Respondi.

– Tudo bem com você?

– É sério que você está me perguntando isso? Bem, fisicamente sim, mentalmente não. Ainda estou absorvendo as informações dos dias anteriores...

– Ok, vamos passear, tudo bem por você?

– Tudo.

– Consegui uma credencial para te liberarem por hoje.

– Ótimo! Rebekah vai aproveitar um dia de liberdade!

Ele sorriu.

– As duas vão...

Não sei o motivo daquela gentileza toda, o que será que ocorreu com ele? Não sei, mas Deus queira que continue!

Entramos no carro e dirigimos até a montanha em que estive com Michael dias atrás, pelo menos dessa vez eu não acabaria dopada... Éramos apenas eu, Rebekah, Roger e o silêncio...

– E ai, descobriu alguma coisa? – Perguntei finalmente para quebrar o gelo.

– Ainda não, é meio difícil conseguir se infiltrar naquela diretoria, você bem sabe.

– E porque motivo você me tirou daquele colégio? Para que essa liberdade toda? – Eu estava surpresa.

– Nenhum grande motivo na verdade, talvez eu só quisesse te dar um dia de descanso, ou talvez mostrar o quanto é bonito a liberdade...

– Ai ai... Quem você quer enganar com esse discurso? Está achando mesmo que Rebekah vai desistir de se matar? Ela está bem decidida, você sabe.

– Eu sei, mas já que o fim está próximo, porque não curtir alguns momentos juntos?

– Pensei que você não gostasse de mim, só dela.

– Estava com a cabeça quente naquele dia, também aprecio sua presença... Ei, não se esqueça de comer, esses bolinhos estão uma delícia. – Ele apontou para o saco em meu colo, tinha um mega café duplo acompanhando, que maravilha!

– Hm... Obrigada, muita gentileza da sua parte. É sério que você fez tudo aquilo por nós?

– Sim, eu amo Rebekah, e quem ama faz até o impossível para proteger a amada.

Eu dei um riso leve.

– Cara, a gente tem mesmo que cuidar daquela doida! Não quero morrer ainda, e nem você quer perde-la, só acho meio estranho a situação agora...

– Tem razão, a gente precisa protegê-la, e sim, é muito estranho a situação. Meu corpo meio que se acostumou a tratar as duas como pessoas distintas, se não estaria um pouco nervoso no momento.

Sorri mais um pouco.

– Nossa, você realmente sabe se controlar, como pode ter tanta certeza que quem está falando não é ela? O corpo é o mesmo, e estamos começando a ficar meio parecidas!

– Simplesmente sei, fora que se fosse ela, já teria tentado fugir...

– Ela sabe que não pode fazer nada agora, mas depois garanto que ela tenta.

Comemos e apreciamos a vista por algum tempo, tudo era muito bonito.

– Nadia, tenta convencer ela... – Ele voltou a falar.

– Cara, é complicado, eu tento ter controle sobre o corpo, mas ela tem o mesmo poder.

Ele se virou para mim e segurou as minhas mãos e olhou nos meus olhos como de costume.

– Por mim. Por nós. Não deixa ela voltar a assumir o controle. Nunca mais. Por favor.

Aquele era o pedido mais sincero que ouvira na vida, e indiscutivelmente o mais difícil, ela poderia voltar a qualquer hora, todos nós sabíamos. Mentir não custava nada.

– Eu prometo que farei o máximo poss...

O celular dele começou a tocar.

– Alô? – Ele atendeu. – Como assim? Estamos indo para ai agora.

Roger desligou o celular e num piscar de olhos já estava arrancando o carro, o que será que acontecera?

– Ponha o cinto, nosso QG está em chamas.


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