I'm not a paper girl escrita por Snow


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

É a primeira one shot que eu escrevo e um dos meus livros preferidos de todos os tempos, então espero que vocês gostem!



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Passaram-se algumas semanas desde que nos separamos. Eu tive uma dolorosa viagem de volta pra casa, e ela continou a viagem dela, sabe-se lá para onde. Não se passava um dia sequer sem que eu mandasse um e-mail para Margo. Eu sempre esperava ansiosamente por uma resposta, mas ela nunca chegava. Ela parou de ligar para Ruthie também. Sei porque converso com ela quase todos os dias, na maior parte do tempo sobre Margo, e ela sempre me diz como está triste por a irmã mais velha não estar cumprindo a sua promessa. Talvez ela tenha desistido de Orlando — e de tudo aqui — de uma vez. Nunca se sabe de nada quando se trata de Margo. Ela muda tanto que mal consigo imaginar o que aconteceu. Achei, por algum tempo, que finalmente a havia entendido, mas agora percebo o quanto eu estava enganado.

Eu tinha voltado da casa ao lado há poucos minutos. Fui conversar com Ruthie mais uma vez. A falta de Margo era mais suportável com ela por perto.

Estava sentado na frente do computador, com o e-mail aberto, ainda com esperanças de que ela pudesse responder. Estava conversando com Radar sobre alguma nova atualização no Omnictionary, então olhei para o relógio, vi que já era meia-noite, e deduzi que ela não fosse mais responder. Mal me despedi de Radar e fui para a cama.

Não consegui dormir. Isso estava acontecendo frequentemente agora. Não consigo deixar de me preocupar com ela, de pensar no que ela poderia estar fazendo ou onde poderia estar para passar tanto tempo sem responder nenhum e-mail nem retornar nenhuma ligação.

Quando eu estava finalmente pegando no sono, ouvi alguns barulhos. Como alguma coisa batendo em um vidro. Sentei na cama e passei a prestar atenção, tentando identificar de onde vinha o tal barulho. Ele parecia vir do lado de fora da casa, mas estava estranhamente perto. Fui até a janela pra ver de onde vinha o barulho e, quando abri a cortina, vi a imagem mais linda que alguém poderia ver. Uma garota de maravilhosos olhos azuis parada, com a mão na janela e me olhando com um sorriso no rosto. Margo. Margo Roth Spiegelman. Viva. Em Orlando. Parada em frente à minha janela. Margo.

Abro a janela o mais rápido que posso e praticamente grito:

— Margo? Meu Deus, Margo! O que você está fazendo aqui? — E ela responde, em tom de ironia:

— Bom te ver também, Q!

— O que aconteceu? Você não respondeu os meus e-mails e não ligou para a Ruthie, nós estávamos tão preocupados!

— Decidi fazer uma surpresa — ela fica em silêncio por um instante, e eu não consigo tirar os olhos dela. — Podemos dar uma volta no seu carro novo superpotente?

— Invadir o SeaWorld?

—Isso ou tomar um sorvete.

Peguei as chaves do carro, pulei a janela e nós fomos para uma sorveteria 24 horas no centro da cidade.

Nos sentamos em uma mesa, tomando nossos sorvetes, e eu resolvi puxar assunto.

— Então, como estão sendo as viagens?

— Legais, é ótimo conhecer lugares novos, mas é sempre tão solitário — ela responde de cabeça baixa. — Não sei como pensei que poderia fazer isso.

Fico em silêncio por um tempo, pensando no que falar. Por fim, digo:

— Gostaria de poder te fazer companhia. Realmente gostaria.

— Bom, agora você pode.

— O que você quer dizer com isso?

—Eu estou voltando para Orlando. Percebi que sentiria muito a sua falta e a falta de Ruthie, então resolvi voltar. Vou continuar viajando de tempos em tempos, mas com uma moradia fixa aqui.

— Isso é maravilhoso, mas você tem certeza de que é isso que você quer?

— Tenho. Sabe, Quentin, eu percebi que não eu não sou mais uma garota de papel. E mesmo vivendo em uma cidade de papel, rodeada de pessoas de papel, eu não conseguiria voltar a ser uma. No fim das contas, não importa muito onde eu estou. E toda essa confusão e essa vida nômade foram essenciais para eu me descobrir, mas é difícil viver assim, sem ninguém. E eu não quero ficar presa aqui, por isso vou continuar viajando, ainda tenho muitos lugares pra conhecer...

— Orlando fica feliz em te ter de volta.

— E eu fico feliz em estar de volta em Orlando — ela sorri, e então continua entusiasmadamente —e você não vai acreditar onde eu estou morando! — Margo fica alguns segundos em silêncio, como que fazendo uma pausa dramática. — Eu, Margo Roth Spiegelman, estou morando no apartamento de Robert Joyner!

Ela parece se conter para não dar um grito.

— Você só pode estar brincando — digo animado —! Achei que tivesse deixado essa história de lado.

— Eu tinha, mas quando vi que o apartamento estava à venda, não pude me controlar. E o preço estava ótimo, porque ninguém quer comprar o apartamento de um morto!

Ficamos por mais algumas horas conversando, até que decidimos ir embora.

— Quer carona até o seu novo apartamento?

— Não, eu ainda quero ver Ruthie antes de ir pra lá.

Dirigi até a frente de casa, e perguntei se ela queria que eu esperasse ela falar com Ruthie, pra levá-la pra casa depois, mas ela sugeriu que eu fosse dormir. Ela caminhou comigo até a minha janela e, quando estávamos nos despedindo, ela me beijou. E foi ainda melhor do que a minha lembrança da última vez que os lábios dela tocaram os meus. Sinto as mãos dela na minha nuca e automaticamente tento guardar cada detalhe na memória, mesmo sabendo que agora terei muitas oportunidades de fazer isso.

O beijo termina um bom tempo depois, e eu me perco dentro dos olhos azuis por alguns minutos.

— Você deveria entrar — ela diz, e está certa.

Eu pulo a janela pra dentro do meu quarto, e não tenho a oportunidade de falar alguma coisa quando Margo aproxima seu rosto do meu e sussurra:

— Feche a janela.


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