Um vento frio que indica que o inverno chegou passa por mim me fazendo acordar, olho para o lado e vejo Peeta sentado na cama olhando para a janela. Me viro para ele, ele olha para mim rapidamente. Seus olhos vermelhos me fazem sair da cama com pressa. Ele me encara com um olhar frio e mortal, desejando nada mais nada menos do que eu morta. Seus pulsos estão presos com as algemas que ele usou na guerra e que até pouco tempo estavam em cima do armário, mas que agora, as mesmas estão presas na cabeceira da cama. Ele puxa tentando se soltar, sangue começa a sujar seu pijama branco, mas ele parece nao se importar e continua revezando entre me olhar e puxar a algema. Vejo ele tremer, começo a me aproximar e pego a chave que estava no chão. Me aproximo mais e ele fecha os olhos e encosta a cabeça na parede, cansado. Tiro as algemas, sem que eu perceba ele acorda e me joga no chão, fica em cima de mim e prende minhas mãos de tal maneira que fico imóvel. Seu rosto está a poucos centímetros. Mesmo com aqueles olhos, não tenho tanto medo. Afinal, medo é saudável, enquanto o pânico pode te matar... Hoje faz um ano que a guerra acabou, e sinceramente, a realidade ainda me assusta.

Ele levanta uma das mãos colocando-a perto do meu pescoço quase encostando nele, mas de repente seus olhos ficam azuis e ele tomba para trás. Me levanto com dificuldade devido ao tombo e olho para ele, ele olha para meu braço arregalando os olhos para o corte e os arranhões, o ferimento foi causado pela chave que estava na mão dele, mas que agora ele jogou para longe. Ele se refugia no canto da parede olhando para mim abalado. Nao sei o que fazer, mas parece mais obvio deixar ele sozinho. Então desço e procuro umas ataduras, faço um curativo. Depois de uma meia hora mais ou menos, vejo Peeta descendo as escadas.
- Bom dia - falo tentando ignorar o ocorrido, porém ainda apreensiva. Ele está no ultimo
degrau quando se ajoelha no chão e começa a raspar a mão nos machucados dos pulsos, ele parece ainda estar alterado.
- Peeta, ta tudo bem. - falo me ajoelhando com ele. Palavras não são suficientes agora. Me aproximo e o beijo. Seus lábios tremem o que sujeira mais um dos ataques como o de mais cedo, mas agora ele apenas me segura na cintura me puxando para mais perto.
- Eu te machuquei... - ele fala entre um beijo. - me perdoa.
- Deixa isso pra lá. - falo.
Ele me puxa mais e mais beijos se seguem. Então ele para e sorri olhando para baixo.
- Você é muito boa nisso, Srta. Everdeen.