O Legado de Jack Sparrow escrita por Costa


Capítulo 6
Capitulo 5




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Nossas armas não estavam longe, sobre algumas caixas no convés. Ao pegar as pistolas e espadas, saltamos para trás das caixas e barris usados pelos mercadores para transportar os produtos, fugindo assim dos disparos. Uma troca de tiros se inicia, eles são muitos, nós estamos com uma clara desvantagem, talvez não saiamos desta vivos.

Um marinheiro nos surpreende pela direita empunhando uma espada, mas, habilidosamente, Connor o desarma e o segura pelo pescoço o usando como escudo humano contra os outros. Connor começa a se mover enquanto o tiroteio prossegue.

– Ele sabe cuidar de si mesmo. Preste atenção aqui. – Diz Rose chamando minha atenção de volta para o nosso combate.

– Acha que podemos vence-los? – Pergunto enquanto atiro no peito de um marinheiro.

Percebo que por um instante os tiros param para as armas serem recarregadas, e, neste pequeno espaço de tempo, ao invés de também recarregar sua arma, Rose sorri para mim e corre em direção ao grupo de uniformizados empunhando apenas sua espada. Vejo a expressão de surpresa no rosto de todos ao vê-la tão perto. A garota consegue matar três antes que os outros reajam soltando suas armas e se protegendo com as espadas.

Aproveito o cessar fogo e corro para auxilia-la com a minha espada em punhos. Nós dois formamos uma boa dupla, graças às aulas com Hiro que aumentaram muito minhas habilidades. De subto um pensamento vem a minha mente: “Hiro morreu”. “Não, não posso deixar esses pensamentos me atrapalharem agora”. Volto a realidade quando sou cortado no ombro esquerdo. Devolvo o golpe perfurando o peito de meu oponente. Matar ficou mais fácil.

Uma forte luz branca ilumina tudo por um breve instante e então escuto um estrondo, mas não é um tiro de canhão. Vem de cima. O céu agora está bem escuro, como se fosse noite. Sinto gotas d’água timidamente caírem sobre meu corpo e se enfurecerem aos poucos até me ver em meio a raivosos riscos. Ficamos todos rapidamente encharcados, visão limitada, roupas e cabelos grudam no corpo. Lutar fica cada vez mais difícil.

Enquanto enfrento os múltiplos marinheiros que cercam a mim e a Rose, percebo que na proa (a parte da frente) do navio, Connor finaliza com o último membro da Companhia que veio atrás dele. Quer dizer, penúltimo. Seu irmão idêntico vem caminhando em sua direção com a espada em punho mas numa posição relaxada apontada para baixo, enquanto o próprio Connor retira a sua do corpo do último marinheiro, ao mesmo tempo que encara seriamente seu irmão.

É tudo que consigo ver até ser obrigado a defender um golpe vertical desferido por um marinheiro que vem até mim. Me livro dele após algumas investidas e também de um segundo que tenta me surpreender. Volto meus olhos de imediato para a direção de Connor e vejo os dois conversando e não lutando, o que me dá um certo alivio. Sou forçado a ter minha atenção de volta a luta. Duelo contra mais um marinheiro, por descuido sou atingido de raspão no abdômen, mas consigo mata-lo a tempo de auxiliar Rose que enfrentava dois simultaneamente.

Posiciono meu corpo de forma que eu possa olhar para o que ocorria na proa sem me dispersar dos combates. Eles parecem estar discutindo agora, gritando um com o outro mas não dá pra ouvir, os trovões, os sons da batalha e a chuva forte impedem a percepção de qualquer coisa que eles digam. E então o inevitável acontece: Os dois cruzam espada e começam um fervoroso combate. Os dois são realmente bons, mas lutam de maneiras visivelmente diferentes. Connor tem um estilo de combate mais selvagem e bruto, enquanto seu irmão luta de forma refinada, ele visivelmente aprendeu a lutar através de treinos com um bom mestre, diferente de Connor, que claramente, não tem acesso a tais luxos e deve ter aprendido a lutar com a vida.

Minha atenção é totalmente requisitada novamente quando sou encurralado por dois oponentes simultaneamente. Me foco totalmente neles, sou cortado nos braços e peito, mas consigo eliminá-los. Olho para Connor e ele está cansado e ferido, está perdendo. Rose acaba de finalizar mais um e já inicia um combate com o último deles vivo além do irmão de Connor. Ela está cansada, mas acredito que pode conseguir sozinha. Connor corre mais perigo. Não vou aguentar ver mais um amigo morrer em minha frente.

Antes que eu note já estou correndo. A chuva castiga meu rosto com suas gotas grossas e atrapalha minha visão. O irmão de Connor me vê chegar cedo demais, eu ainda não estou próximo o suficiente. O irmão deflete a espada de Connor e o chuta para longe. Quando finalmente chego, tento perfura-lo, mas minha espada é desviada pela dele e meu pulso e capturado, sou então puxado por uma força absurda até o limite do navio de onde sou empurrado.

Céu e mar se invertem. Enquanto caio consigo ver, por um brevíssimo instante, o irmão de Connor me olhando friamente enquanto, distante atrás dele, Rose vem correndo. Após isso sinto a dor de meu corpo colidindo com o mar furioso. Sou arrastado. A água invade meu nariz e minha boca, é difícil respirar e de me manter na superfície. O navio se afasta, ou será que sou eu que estou sendo levado? Eu não sei. Não demora e começo a afundar, entrar na escuridão do oceano. Estou cada vez com menos ar, o desespero toma conta, me debato até minha energias começarem a deixar meu corpo, sinto que vou desmaiar. Vejo minha bussola erguida em direção à superfície sendo tragada para o fundo junto a mim pela corrente que a une ao meu pescoço. Meu olhos começam a fechar, mas, antes que tudo se apague, a última coisa que capto é um ofuscante clarão verde.

Estou morto? É o que penso, mas não faz sentido cuspir tanta água assim estando morto. Faz? Sinto minha respiração livre, mas ainda posso sentir o gosto da água do mar. Estou de bruços sobre meus cotovelos em algo macio. Me apoio nas palmas e nos joelhos e então fecho as mãos sobre a superfície e sinto areia molhada entre meus dedos. Abro meus olhos e eles se ofuscam com a forte luz do sol. Estou numa praia.

Olho para a minha direita e vejo a faixa de areia de estender até o horizonte sem sinal de vida, aliás, não vejo nada além de areia branca e algumas pedras pequenas e arredondadas. Quando viro para minha esquerda vejo um par de botas paradas, me assusto. Tento olhar para o rosto do indivíduo, mas o sol transforma suas feições em uma sombra. Ao menos sua voz é conhecida para mim.

– Acredito que este baú seja pequeno demais para nós dois. – Ele diz.

Um riso toma conta de mim e caio de costas na areia.


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