The Loving Dead escrita por NandaHerades, Agui


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Demoramos anoooos para escrever, mas ficou pronto! Vocês estão muito desanimados (lembrem-se: amamos os comentários, não tenham vergonha de falar o que acharam. Só não vale xingar :D) Boa leitura e até a próxima! bjbj



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“Toda minha vida venho lutando uma guerra” Bravado – Lorde

SEMANAS DEPOIS

O cheiro de café e bolo invadia meu quarto. Levantei-me e fui até o banheiro para escovar os dentes e lavar o rosto. Assim que terminei fui até a cozinha e encontrei minha mãe trabalhando arduamente em nosso café-da-manhã. A mesa estava linda como sempre.

— Bom dia, Soph! — minha mãe disse colocando a garrafa de café sobre a mesa. Ela usava o cabelo preso e um avental decorado com frutinha.

— Bom dia, mãe! — respondi sentando-me a mesa — Cadê o papai?

— Seu pai saiu para procurar emprego — minha mãe disse amarga. Ela nunca aceitou o fato de meu pai preferir ser um músico a ficar preso em um escritório.

—Mãe, você sabe que a grande paixão dele é a música... Tem que deixar ele seguir o caminho dele. E é a minha também! — eu disse tentando aliviar a situação.

— Eu sei — ela disse secamente. Mas no fundo ela queria dizer que estava cansada de trabalhar oito horas por dia para receber quase nada, enquanto meu pai se trancava na garagem para arrumar violões dos vizinhos de graça — Coma um pedaço do bolo que eu fiz — disse ela colocando uma fatia em um prato a minha frente. Peguei um garfo e parti um pedaço do bolo fofo e quente. Minha mãe estava parada olhando a janela, com o olhar vidrado. Achei aquilo tudo estranho.

— Mamãe? — chamei assustada. D. Violeta estava parada como uma estátua, parecia não me escutar — Mãe? Tudo bem? — Chamei novamente, mas dessa vez levantei e coloquei a mão no ombro dela. Minha mãe virou-se devagar, mas não era ela. O seu rosto estava deformado e com aparência de apodrecido. Seus olhos já não eram de um marrom claro, mas brancos. O seu rosto não tinha cor e da sua boca saia um ruído estranho.

— AHHHHH — gritei. Aquela não era minha mãe, aquilo era um zumbi. Minha mãe está morta... Morta... MORTA...

—Sophia, acorde — Tom me chamava. Abri os olhos e quase fiquei cega com a claridade do quarto. Eu estava tremendo e suando frio.

— Minha mãe está morta — eu disse sonolenta e com a voz embargada.

—Vai ficar tudo bem — Tom disse me abraçando. (parei)

— Tive um pesadelo — eu disse, mas sabia que isso era óbvio — Eu estava no dia da infestação... Minha mãe estava lá... Ela... Ela... — segurava para não chorar.

— Não se preocupe — Tom disse enquanto me aninhava em seus braços — Todos nós temos pesadelos...

— Esse foi o meu primeiro.

Levantei-me e lavei o rosto com a água que estava em uma bacia. Tom me observava preocupado como se eu fosse me suicidar ou algo do tipo. Até mesmo preocupado o seu semblante era lindo. Encaminhei-me até ele e sentei em seu colo colocando nossas testas coladas.

— Eu estou bem. – Eu disse

— Eu sei. Eu só... Estou preocupado.

— Não precisa. — Dei um beijo e nele e me levantei para trocar de roupa.

Fomos para a cozinha, onde todos comiam alguma coisa. Eu estava sem apetite. Jenna me trouxe uma banana, mas eu recusei. Assim que todos haviam terminado percebi que Bianca não descera para o café.

— Onde está Bianca? — Eu perguntei.

— Está no quarto. Estava se sentindo mal e por isso não desceu. — Disse Cássio. Ele nem sequer tirou os olhos do prato.

Sem dizer nada eu me dirigi para o segundo andar e entrei no quarto em que Bianca estava. Ela tinha acabado de se deitar na cama.

—Tudo bem? — perguntei a ela. Ela sorriu levemente e com um gesto me convidou a sentar ao seu lado.

— Eu só... Estou confusa — ela disse segurando as lágrimas.

— Cássio brigou com você? — perguntei pronta para brigar com ele.

— Não! — ela disse rapidamente com um sorriso fraco — Só não sei o que fazer — ela pegou minha mão.

— O que aconteceu? — já estava com medo da resposta. Coisa boa não seria. Nesse mundo não acontece nada de bom de qualquer forma.

— Eu... Eu estou atrasada há semanas Sophia. — ela disse e nessa hora a minha ficha caiu. — Sophia, eu acho que eu estou grávida — Bianca começou a chorar, abracei-a e deixei as lágrimas caírem.

— Eu estou grávida — Bianca repetia baixinho para si. Continuávamos abraçadas.

— Você pode ter se enganado — eu disse tentando confortá-la. Mas no fundo eu sabia que era verdade, e mesmo se não fosse, o que poderíamos fazer afinal?

— Não. Eu sinto...

— Você não pode ter um bebê! — eu falei horrorizada.

— E o que você quer que eu faça? — ela perguntou um pouco irritada e me empurrando para longe.— Quer que eu mate o meu filho? Quer que eu o tire de mim, Sophia?

— Bianca, imagine um bebê nesse mundo. Quanto tempo ele ficará vivo? E onde iremos arrumar coisas para sustentar ele?

— E isso importa? — ela pegou o travesseiro e jogou no chão — Eu quero esse bebê. Eu quero ser mãe. Eu quero ter uma vida normal...

— Você quer nos matar — falei aumentando a voz — Esse bebê vai chorar e atrair os mortos. E além do mais: NÃO TEM COMO VOCÊ TER UMA VIDA NORMAL!! SÃO MORTOS LÁ FORA BIANCA! MORTOS! ELES VOLTAM PRA TE COMER!

— Eu pensei que você fosse minha amiga — ela disse num sussurro, estava voltando a chorar.

— E eu sou. Eu... Eu só quero o seu bem... Existem várias maneiras de você fazer isso. É só...

— Espera aí — ela me interrompeu — Você quer mesmo que eu mate o meu filho?

— Não é tão ruim assim, quer dizer, você já matou aqueles mor... — tentei falar.

— Isso é diferente. Isso é uma pessoa! VIVA! DENTRO DE MIM SOPHIA! SAIA DAQUI! SAI AGORA! — ela gritou e tive a impressão de que todos escutaram. Não protestei.

Quando cheguei à sala, Cássio viu minha expressão e foi correndo para o quarto. Jenna me olhava com dúvida, todos esperavam que eu falasse algo. Mas eu não tinha o direito de falar. Bianca deveria fazer isso já que é ela que quer nos matar. Fui para meu quarto e Tom veio atrás.

— O que aconteceu? — perguntou Tom.

— Nada — Falei tentando encerrar o assunto — Não nos interessa... Deixe Bianca e Cássio resolverem. É assunto deles.

Tom assentiu e veio me abraçar, mas eu o impedi com o braço.

— Preciso ficar sozinha — eu disse — Desculpa.

Ele pareceu intrigado e magoado ao mesmo tempo. Mesmo assim, ele saiu e fechou a porta, sem dizer nada. Deitei-me na cama e lembrei-me do pesadelo quase real. Por um lado foi bom ver minha mãe e relembrar a minha antiga vida. Não que a vida fosse fácil, mas eu era feliz. Meus pais se amavam apesar dos conflitos, eu tinha amigos e sonhos. Podia ler vários livros, tocar violão, sair no fim de semana, colar nas provas, jogar vídeo game... Fazer coisas que nem eram consideradas importantes. Só depois que perdemos damos o devido valor. Mas eu tinha que deixar isso tudo para trás. Não podia ficar lembrando da minha antiga vida. Ela era antiga, sem jeito de voltar atrás. A minha vida agora se tratava de sobrevivência. Tratava-se de fazer o que fosse preciso pra manter a segurança do grupo.

Agora eu estou em um mundo apocalíptico e sem a menor ideia do que fazer, para onde correr ou que decisão tomar. O único resquício de família que eu tinha estava se desmoronando. Tinha perdido meu pai e minha mãe. Meus amigos. A minha vida. Ainda tinha Tom, mas nem mesmo sabia se iria durar para sempre, e se nosso relacionamento também resultasse numa gravidez? Ou algum de nós fosse mordido ou pego pelos mortos? Como o outro levaria isso à diante? Não, eu não podia deixar isso acontecer. Não podia forçar Bianca a tirar o bebê, mas comigo não ia acontecer à mesma coisa. Não posso deixar que tudo se desmorone. Não posso arriscar a minha vida e a grupo. Não posso colocar uma criança nesse mundo horroroso. Não posso deixar o meu filho ou filha sofrer a mesma coisa que eu sofro. Correr para sobreviver. Matar para sobreviver. Passar fome. Correr, ficar com medo. Isso é cruel. É horrível. É doentio.

Eu abraço os meus joelhos e começo a chorar.

( *** )

Chega uma hora em que eu tenho que levantar da cama. E essa é a hora do almoço. Após todos terem terminado, Jack e Jenna vão lavar a louça. O que é bom, eles já estão se entendendo de novo.

Bianca não desceu novamente e Cássio levou comida para ela. Eu fiquei brincando com a comida o almoço todo enquanto Tom me encarava. Depois de comer forçadamente sai e fui pra varanda. Fiquei olhando para o mar durante algum tempo. Ele me acalmava, pouco, mas me acalmava. Não tínhamos conseguido muitos peixes lá, mas era o bastante para nos alimentarmos melhor do que quando estávamos na estrada.

— Está tudo bem? — pergunta Tom que estava encostado na porta de braços cruzados.

— Não.

Ele dá um grande suspiro, tão grande que eu consigo ouvir mesmo estando de costas pra ele. Provavelmente está pensando no quanto de paciência ele ainda tem comigo.

— O que aconteceu? — insistiu Tom

— Esse apocalipse Zumbi aconteceu...

Tom apareceu do meu lado e olhou para o mar também. Ele estava com cara de cansado, mas talvez fosse só preocupação.

— Eu não sei o que fazer Tom. E se eu estiver grávida? — Ele me olhou, sem mudar sua expressão. — E o que vai acontecer com a Bianca agora? Nós não temos remédios adequados, ou sequer sabemos o que fazer.

— Soph, Bianca ainda não tem certeza se ela está ou não.

— Quando ela me contou parecia bem certa.

— Ela precisa de um teste de gravidez. – disse Tom.

— Ok. Onde vamos arrumar isso? — Eu disse com sarcasmo.

— Da cidade onde viemos.

— Aquela do Luciano? Cheia de mortos? Você está maluco Tom?

— Quer ir mais longe? Quer gastar gasolina à toa?

— Buscar esse teste já é gastar gasolina à toa. Pra quê? Espera mais alguns meses e você vai ter certeza se ela está grávida ou não.

— Já parou pra pensar que ela está desesperada, sem saber o que fazer Soph? Ela não tem certeza se estragou a vida dela. Assim você também acha que está grávida. Podemos pegar um pra você também. — ele me olhou e eu continuei olhando pro mar. Eu não queria arriscar a minha vida por um teste idiota.

Um morto estava aparecendo pela mata. Eu pulei a varanda e fui em direção á ele. Quando chegamos a casa encontramos algumas facas e nós andávamos constantemente com elas. Não podíamos nos dar o luxo de gastar munição. Depois que o zumbi caiu no chão eu olhei para a varanda, mas ela já estava vazia.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pra quem leu até o fim! Comentem, Favoritem e RECOMENDEM.. hohoho
bjbjbj *-*



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