The Loving Dead escrita por NandaHerades, Agui


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Deixem a opinião nos comentários e também as ideias. BJBJ



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Já faz 180 dias que os mortos dominam a terra. O vento de verão trás o cheiro fétido de milhares de mortos que perambulam desordenadamente. As cidades não existem mais, as ruas estão mortas e as casas desabitadas. Não existe esperança para sobreviventes como eu. O tempo passa, mas os mortos não. Nós, os sobreviventes, corremos por todo o país à procura de um centro de refugiados, o que não adianta muito e nem nos dá muitas esperanças. A gentileza humana, que já era escassa, desapareceu completamente. Cada grupo de sobrevivente representa um exército lutando pela vida. Meu nome é Sophia e segundo as minhas contas tenho 17 anos — falo isso porque meu aniversário é em agosto e não tive tempo de comemorar por causa da infestação dos mortos. Para uma adolescente como eu não é fácil viver em um mundo tão sombrio, o medo é meu maior companheiro e as lembranças também. Meu pai morreu nos primeiros dias da infestação, às vezes eu imagino que ele é um desses corpos que andam pelas ruas, e o que eu vou fazer se algum ele vir atrás de mim, o que me magoa muito. E minha mãe continua do meu lado, fazendo com que eu resista a cada dia. Não tenho irmãos, e agradeço por isso, não suportaria perder mais pessoas do que já perdi. O grupo que eu estou tem seis pessoas. Jack, um homem de meia idade e com cabelos levemente grisalhos, é o líder; Jenna é a mulher dele e passa a maior parte do tempo com o marido; Bianca é uma garota da minha idade que encontramos em Belo Horizonte — nessa época havia um boato de que existia um centro de refugiados na região — ela perdeu todos os parentes durante o ataque de uma horda de mortos; Cássio é um ex-policial que sempre nos tira de confusões, ele é responsável por nos ensinar a atirar e a nos defender, salvou nossas vidas muito mais do que uma vez; Minha mãe, Violeta, é a psicóloga do grupo, ela sempre resolve os conflitos, e às vezes parece que ela é mais velha do que os 40 anos que tem, por causa de sua extrema sabedoria; E eu, que não sou necessariamente útil para o grupo, mas tento ser. O acampamento foi montado a 50 km de uma pequena cidade de Minas Gerais, não é seguro ficar perto das cidades, mas não temos mantimentos suficientes para uma viagem então Jack resolveu que passaremos um tempo até encontrar o necessário. Temos três barracas, na minha barraca dormem eu, minha mãe e Bianca, na outra Cássio dorme sozinho, Jenna e Jack dividem a última, embora Jack passe mais tempo de vigia. Temos uma caminhonete cabine dupla e a moto de Cássio. Não existe lado bom em um apocalipse, não temos água para tomar banho direito, não temos comida direito e não há jeito possível de se ficar calmo em um apocalipse zumbi.

Durante a manhã Jack saiu com Cássio e Jenna para procurar comida e armas na pequena cidade. Nós — mamãe, Bianca e eu—, ficamos no acampamento rezando para que eles voltassem bem. Bianca conversava comigo enquanto vigiávamos a estrada.

— Você acha que eles vão ficar bem? — ela perguntou. Os olhos castanhos dela tentavam esconder o pessimismo.

— Eles são experientes — eu respondi. Bianca esfregava a mão direita no seu cabelo preto, que estava com uma aparência de muito sujo.

— Sophia, você é minha amiga? — ela parecia com medo de falar, mau olhava para mim.

— Claro — eu respondi sorrindo, olhando para ela, e encostando a mão no seu ombro — Porque a pergunta?

— Eu estou apaixonada — ela disse abaixando a cabeça. Apaixonada? Não havia pessoas suficientes no grupo para se apaixonar. A não ser que ela fosse lésbica. O que eu duvido.

— Por quem? Nosso grupo é tão pequeno. — eu disse.

— Por Cássio — ela respondeu. Cássio era 10 anos mais velho que ela, mas mesmo assim um homem muito atraente — E ele também gosta de mim.

Bem na hora que eu ia falar alguma coisa minha mãe nos chamou. Havia um morto se aproximando pelo outro lado da estrada. Corri para pegar uma barra de ferro que estava na barraca de Jack, não usaríamos a arma por causa do barulho. Zumbi por zumbi, eu preferia um que uma multidão. Fui em direção ao morto, ele fedia muito, estava com as roupas esfarrapadas e a pele do seu rosto soltava-se, seus olhos pareciam fitar o nada, e ele fazia grunhidos que me davam mais nojo do que sua aparência. Não perdi tempo, enfiei a barra na cabeça dele, o líquido que algum dia foi seu sangue escorreu pelo furo da barra. Abandonei o corpo inanimado e voltei para o abraço de minha mãe. Posso parecer fria, mas isso me custou muito mais do que alguns dias tentando me manter viva.

—Muito bem, filha — minha mãe disse com orgulho.

— Parabéns Sophia — Bianca disse sorrindo.

— É melhor ficarmos mais atentas, esses mortos não perdem uma oportunidade — minha mãe disse.

Eu fiquei com medo. Esse era o terceiro ou quarto morto que eu apagava. Não gosto disso. Não gosto de pensar que essas pessoas já tiveram consciência, já amaram e já sofreram, e ninguém pode imaginar o que sofreram. Não sinto orgulho. No entanto, nesse novo mundo, matar é a nossa única chance de viver.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ansiosos para o próximo capítulo? :D