Bone Blades escrita por Juriore


Capítulo 2
Convite




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Eri se aproximava da feira do povo na capital de Hjör. Tanta variedade de itens era impressionante. Armas, armaduras, suplementos ou joias preciosas pra se enfeitar. Parecia ter de tudo. A quantidade de pessoas que circulavam eram tantas quanto as das mercadorias. Mercadores tocando sinos e anunciando seus itens para os milhares de compradores. Por mais que Eri preferisse não ficar no meio de tanta gente, achou que teria coisas interessantes no tal mercado. Ela parou para observar algumas joias e mirava uma em especial. Coração-de-dragão, diziam que tal gema eram as chamas de um dragão depositadas em um cristal. Tinha um brilho vermelho tão intenso quanto o de seus olhos. Ela pegou a joia e parecia poder sentir o calor na ponta de seus dedos:

– Bela gema, não?

A atenção de Eri fora quebrada pela voz estranha. Ela olhou para o dono, um rapaz tão jovem quanto Eri, cabelos lisos e loiros que chegavam ao ombro, alto e bem arrumado, muito bonito. Mas nem tal beleza era o suficiente para chamar a atenção de Eri. Ele a encarou com um sorriso por uns instantes mas logo voltou o olhar para a mercadoria que estava em mãos:

– Quanto é este?

– 30 moedas de ouro. – respondeu a velha.

Ele pagou e voltou à Eri:

– Sempre venho comprar joias aqui. Os ornamentos dessa senhora nunca deixam a desejar em questão de beleza. – Ela assentiu.

Eri resolveu apenas ignora-lo, ele riu e foi embora:

– Vou levar. – Disse ela à vendedora, mostrando o colar com a pedra.

– Ah, sim. Essa é uma pedra muito especial. Os Corações-de-Dragão são pedras muito raras, e cada uma contém a chama de um dragão diferente. – Empolgou-se a vendedora anciã. – Esta pertencia a um dragão chamado Thahash.

– Thahash?- Eri começou a se interessar.

– À muito tempo, Thahash era fiel ao Rei de Hisoan, Ishua. Não se sabe por quê, mas eles mantinha uma relação de servo e senhor. Ishua pedia e Thahash atendia. Entretanto, Ishua era cruel, e usava Thahash para dominar outros povos, o que o tornava invencível. Nem mesmo os outros dragões conseguiam conter Thahash, tamanho era seu poder. Vê o número de lados da pedra? Este número representa o poder das labaredas do dragão. Este forma quase um círculo, não é? Quanto a história, dizem que Thahash não suportava mais matar por Ishua e desfez a servidão. Mas Ishua não permitiria. Lançou sua magia contra o dragão. Thahash, para contê-lo propagou seu fogo contra Ishua. Porém eles tinham um contrato. Se o senhor morresse, o servo deveria ter o mesmo destino. Thahash cumpriu com o trato e se desfez da vida engolindo suas próprias chamas. Sua alma se transformou na gema que está na sua mão.

Eri encarou a joia mais uma vez, imaginando o quanto Thahash fora tão tolo:

– São 500 moedas de ouro.

Eri tossiu espantada com o preço:

– O que disse?

– 500 moedas.

– Mas que roubo!

– Criança, escutou a história que acabei de te contar?

– Isso aqui não vale nem metade disso.

– Se não quiser devolva e vá comprar em outro lugar. – a senhora arrancou o colar da mão de Eri.

– Espera. Eu vou comprar. - Eri ficara encantada de mais pela pedra e queria levar e qualquer maneira.

Ela pegou os sacos de moeda que carregava, procurou nos bolsos do sobretudo e suspirou:

– É só o que tenho. - ela disse decepcionada.

– 52 de ouro, 36 de prata e 69 de cobre. HAHAHA, isso não paga nem 100 das 500.

– Que velha rude, eu devia te dar um soco e levar o colar de graça!

– Não bateria numa idosa no meio da cidade.

– Humph!- Eri virou as costas e foi embora.

– Volte sempre!- A velha gritou de longe, o que o suficiente para Eri sair batendo o pé.

– Que velha desgraçada, devia morrer engolindo tanta moeda.- Eri foi embora resmungando até a alma.

– Está tão interessada numa pedrinha de um dragão?

A voz veio de um homem que Eri passava por perto. Ele estava de costas, observando as armas de fogo de uma tenda. Ele continuou:

– Será que também estaria interessada em assassinos de dragões? – o homem disse virando-se levemente para ela.

O homem conseguira virar completamente a atenção de Eri, que o encarou com estranheza. De repente era possível ouvir a voz de uma idosa gritando:

– Alguém pegue esse animal! Ele me roubou!

Eri virou e, de longe, pode perceber que quem gritava era a velha com quem acabara de discutir. O homem se virou para Eri e algo caiu em sua mão. Ele mostrou a ela, era o colar com o Coração-de-Dragão. Um tanto impressionada, olhou para cima e viu um gavião pairando sob o local. Ela retornou o olhar ao homem:

– Venha comigo.

Ela o seguiu, se distanciaram do povo entrando nas ruelas cobertas pelas sombras das casas. Eri começou a analisar o homem estranho. Usava um chapéu e sobretudo marrom-escuros com um lenço vermelho amarrado no pescoço. Tinha cabelos longos e negros, com um cavanhaque bem aparado. Aparentava cerca de 40 anos e portava dois revolveres oxidados com detalhes dourados. Chegando a um ponto, ele abriu a porta dos fundos de uma taberna:

– Entre.

No local escuro, ele se dirigiu a parte da frente da taberna, onde havia um homem negro e bem alto e forte, limpando as mesas:

– Olá, Baara. – Cumprimentou o estranho. – Trouxe uma convidada.

– Essa é a do vilarejo que você disse? – disse Baara.

– Sim. Vou apresenta-la aos outros. – Ele se virou a Eri. – Siga-me.

Eri o seguiu, descendo algumas escadas até o porão da taberna. Abriu mais uma porta, que deu numa sala cheia de armamentos uma mesa no centro com um mapa jogado e uma mulher de cabelos cinza presos em um rabo de cavalo, sentada numa cadeira ao canto da sala, afiando uma espada.

– Hanniel, saia desse quarto, temos visita. – Ele bateu numa das portas enquanto chamava.

Um rapaz com seus 18 anos saiu da porta, com o cabelo negro desarrumado, com cara de quem acabou de acordar.

– “Esse” é o assassino de Snirn que tanto falou? – Disse a mulher, apontando para Eri com um toque de desprezo na voz.

O homem suspirou para a mulher e se voltou para Eri e começou:

– Eu sou Labael, esta é Irah e este Hanniel. - apresentou-os apontando para cada um. – Eu a chamei aqui pois vi que foi você quem matou aqueles membros dos Bones, em Snirn.

– Como ficou sabendo disso? – Perguntou Eri, desconfiada.

– Eu tenho minhas fontes. Bem, nós quatro, contando com Baara, e mais muitos que estão por ai, fazemos parte de um grupo de resistência contra os Bones. Somos chamados de Soldados Vermelhos, em homenagem aos dragões que são os mais caçados. Cada um de nós carrega algo vermelho consigo pra mostrar que faz parte dos Soldados. Eu tenho esse lenço no pescoço, Irah tem um elástico no cabelo, Hanniel seu cachecol. – Ele fez uma pausa. – A questão é: você também está contra os Bones, seja lá qual for seu motivo, nós precisamos de todos os membros possíveis para acabar com eles, e você parece ser bem forte.

– Humph. – Reclamou Irah que ainda afiava sua espada sem se importar se Labael estava falando ou não.

– Não ligue para ela, ela é um pouco ciumenta. – Labael recebeu um olhar desafiador de Irah após o comentário. – Quantos você matou mesmo? sete?

– Era um grupo de cinco, mas eu matei apenas dois, os outros fugiram. – Eri respondia um pouco introvertida, por estranhar a situação.

– Mas foi fácil, certo?

– ... Sim.

Labael se aproximou de Eri:

– Estamos todos do mesmo lado, certo? – Ele pegou a mão de Eri e pôs o colar com a gema nela. – O que me diz? Será nossa aliada?


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Notas finais do capítulo

Apenas um toque de comédia hahaha. Nunca escrevi nada de comédia antes, só espero que tenha ficado bom.