Carneirinho, carneirao escrita por bluelagoon


Capítulo 1
Carneirinho, Carneirao




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Felix sente-se imediatamente estranho, invadido por toda uma serie de sentimentos que nunca, jamais, julgou poder sentir.

Aquele arrepio ate a nuca, que sentiu ao correr seus dedos pelo braço de Niko, o fez dissolver-se por dentro, como a carta da Torre do tarot: dissolução. Tudo o que ele era, todo o Felix que ele tinha sido até então, dissolveu-se naquele momento.

As couraças jogaram-se do alto da torre, deixando seu dono desprovido de qualquer defesa. São duas pessoas se jogando da Torre em chamas, na carta do tarot. Uma foi o Felix filho, quando foi novamente expulso da casa do pai. A outra foi o Felix irmão e tio, expulso da casa da irmã no mesmo dia. Crimes, alguns confessos, outros não ainda.

Correndo os dedos pelo seu braço, naquele instante em que os olhos verdes cruzaram com os seus, negros, ocorreu a Felix que o único caminho, ou o caminho ao qual o destino parecia estar levando-o (enquanto ria muito dele), era o de contar TUDO a Niko. Paradoxalmente, quanto pior ele parecesse ser, expondo sua podridão ao amigo, o caminho para o seu auto-perdao ia se abrindo.

Mas a maior surpresa de todas foi a que Felix apresentou a si mesmo. No momento em que os olhos dos dois se encontraram, ele sentiu-se indefeso de si mesmo. Naquele momento, ele era o carneiro. Faça de mim o que quiser, Niko. Eu me entrego. Peraí, o que eu penso que estou fazendo? Meu Deus, eu to me apaixonando!!! Socorro...

Mas ao invés de se entregar, Felix quis fugir de si mesmo o mais rápido possível. Disse:

– acho que vou me mudar pra São Paulo.

Niko desesperou-se totalmente, colapsando por dentro. Seus olhos dizendo fica, pelo amor de Deus...

Toda a intensidade do amor não dito supera tanto tudo o que não aconteceu entre os dois. Ou melhor, tudo o que os dois não deixaram acontecer ate agora.

Niko, sozinho na sala, depois que Felix vai embora, fica confuso e apavorado. Sente-se atordoado com a perspectiva de ver seu melhor amigo ir embora. Ele saiu do apartamento sem olhar para tras, sem despedir-se. O que estaria passando pela sua cabeça? Por que ele não conseguia acreditar-se merecedor do amor de alguém? Por que era tao difícil para Felix simplesmente deixar as barreiras caírem e entregar-se? Niko sentia-se impotente para ajudar o amigo a libertar-se.

Niko pensou nas lagrimas dele. Sim, Felix, o orgulhoso, chorou na sua frente mais de uma vez. Chorou no seu ombro, no seu colo, na sua camiseta, nas suas mãos. As barreiras estavam sendo demolidas pouco a pouco.

Felix, no seu quarto, pensava em tudo o que já tinha vivido ate então. Semeando e colhendo ódio. Todas as relações familiares desastrosas, resultado do que ele mesmo havia feito, difícil e duro de admitir, mas verdade.

Ele tremia de pensar que não estaria longe o dia em que Niko teria que saber sobre sua tentativa de assassinar a sobrinha. Se ele mesmo não falasse, Niko acabaria sabendo por terceiros. Afinal, inimigos Felix tinha de sobra. Razoes para vingança, ele já tinha dado a muitos. Ao mesmo tempo em que queria proteger sua imagem perante o amigo, ele sabia que a mentira so iria fragiliza-lo ainda mais... ao passo que confessar a verdade, por estranho que pudesse parecer, estava deixando-o mais forte.

As coisas que ele disse ao pai, por exemplo, antes de ser expulso da casa de Cesar. Ele jamais teria tido coragem de dizer aquelas palavras – sinceras – expressando sua preocupação em ver o pai sucumbindo aos poucos pelas mãos da amante.

Felix sabia que teria que passar por esta grande pedra no meio do caminho entre ele e Niko, se quisesse realizar... peraí, realizar o que??? Ele devia estar louco, não, o que era aquilo, ele so conseguia pensar em Niko, no toque da sua pele, seu braço, seus pelos e depois, seu olhar, incrivelmente aberto e doce, e como um ima atraindo todos os seus pensamentos, toda a sua mente voltada para aquele homem, um homem impossível, impossível de existir, alguém assim bom, ingênuo e lindo e sexy – ai, chega, vou la agora mesmo falar com ele.

Felix volta à casa de Niko naquela mesma noite, após horas pensando sozinho em seu quarto.

Felix chega serio,

– Niko, não consegui dormir.

– nem eu, Felix. Você não sabe como eu me sinto... ...incrivelmente feliz por você estar aqui. Sabe, eu tava morrendo de medo que você fosse mesmo pra são Paulo e...

– ssshhhh... pára, pára, pára – disse Felix, aproximando-se de Niko e colocando as mãos em seus ombros, enquanto o olhava nos olhos verdes – eu... não consigo nem me imaginar morando longe de você, e não podendo vir aqui ou no teu restaurante todos os dias pra te ver – disse, revirando os olhos, dessa vez o tom blasé fingido. Olha o que você fez comigo. Virei um romântico, um bobalhão igual a voc... ups, desculpe – disse, olhando para o lado e para baixo, subitamente se recriminando por ser tao Felix mais uma vez.

Niko riu alto.

– pode dizer, Felix! Sou isso mesmo, romântico e bobalhão... peraí, você disse... romântico¿ é isso mesmo que eu to ouvindo¿ é a primeira vez que você fala assim...

– não é bem assim, carneirinho, lembra que eu até já te trouxe flores. Duas vezes.

– sim, pra pedir desculpas pelas tuas mancadas. Não era exatamente pra ser romântico.

– vai me dizer que não gostou – Felix desceu as mãos dos ombros para a cintura de Niko, esculpindo seu tórax.

– ai Felix... niko fechou os olhos, imóvel.

Felix soltou a cintura de Niko e procurou suas mãos. Juntou suas mãos com as dele na altura dos seus corações, que a esta altura já não cabiam mais dentro das roupas. Sentindo-se explodir por dentro, Felix se aproximou para beijar Niko. Pensou: pode ser que eu me arrependa para sempre. Mas já fiz tanta coisa da qual me arrependo, pelo menos agora vou fazer algo que não sou apenas eu que quero. E vou fazer algo que não é só pra mim. É pra ele também.

A respiração dos dois parou enquanto se beijavam. Talvez inconscientemente quisessem que o tempo, dessa maneira, parasse.

Niko achou que ia desmaiar. Seus joelhos afrouxaram, suas pernas pareciam geleia. Segurou-se no pescoço de Felix, no seu cabelo, no seu rosto. Sentiu seu rosto molhado com suas lagrimas.

– chorando, carneirinho¿ - disse Felix, sorrindo docemente.

– eu disse que era romântico e bobalhão. To só confirmando. – sorriu Niko. Felix, com as pontas dos dedos, secou as lagrimas do amigo. Ele também estava com os olhos marejados.

– tamos juntos, carneirinho¿ a partir de agora. Podemos dizer que tamos juntos¿

– haha, isso quer dizer... você tá me pedindo em namoro¿ Não acredito. O Felix¿ pedindo alguém em namoro¿

– é, carneirinho, resmungou ele um pouco impaciente. Ta vendo, olha o que eu to me tornando. Afff. Para de me manipular, Amarilys. Vou acabar um anjo bom igual a você.

– bem-vindo ao lado iluminado da força, Felix. Tenho certeza que você vai ser muito mais feliz.

Sorrindo e olhando um nos olhos do outro, nem sabiam o que estava acontecendo. Felix colocou as duas mãos de Niko em cima do seu coração. Niko fechou os olhos, e respirou fundo. Era como um sonho. Ficou parado, com medo de acordar. Felix se impacientou:

– será que eu vou ter que te beijar, de novo¿ Ih, já vi que sou eu que vou ter que ficar por cima.

– Felix! Diz Niko indignado, abrindo bem os olhos. Agarra o colarinho da camisa do namorado, puxando-o para si, com cara de serio – você vai ver quem vai ficar por cima.

– uuuhhhmm, murmura Felix, objetivo alcançado.

Niko lança-se no segundo beijo, deixando Felix sem folego enquanto o derruba no sofá – aquele mesmo no qual ele tinha dormido, dias atrás, encarando Eron no outro lado da sala – melhor esquecer aquilo.

Niko, ato contínuo, vai beijando Felix, da boca para o pescoço, abre sua camisa, nunca tinha visto seu peito. Pára diante do namorado, olha aquela escultura de carne e osso, perfeita. Felix, boca semiaberta, respirando fortemente, o peito se movendo com a respiração, em ondas, como uma dança. Lindo...

– por que... por que parou, carneirinho¿

– pra te olhar – responde sorrindo. Nunca tinha te visto sem camisa.

– sou tao branco e magro...

– você é o branquelo e magrelo mais sexy que eu já tive – disse, tirando a própria camiseta enquanto falava.

– Niiiiiko... você ainda me quer depois desta humilhante comparação¿

– te quero cada vez mais. Vem cá – e iniciou mais uma sessão de beijos.

Felix sentiu-se o carneiro, definitivamente. Feliz.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Aguardo comentarios, sugestoes, etc. ♥



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