Rachel estava sentada no auditório, depois de ter ido falar com a Britt. Já tinha tirado a roupa preta e o cordão, fazer isso e falar aquilo tudo para seus amigos, havia liberado dela um peso enorme, mas ainda assim, algo parecia errado.

Ela não conseguia parar de pensar em Santana e Quinn juntas, e isso a fazia se sentir enojada e com raiva. Ela queria bater na latina, ela queria bater em Quinn e, mais que tudo, ela queria chorar.

“Oi”

A voz chamou a atenção dela, fazendo com que os pensamentos se afastassem um pouco. Ela sorriu para o menino.

“O que você disse lá na sala do coral, mais cedo” Ele fez uma pausa. “Tocou a todos nós e saiba que estamos ao seu lado” Ele envolveu a pequena em um meio abraço.

“Obrigada, Sam. O apoio de vocês significa muito, muito mesmo” Ela descansou a cabeça no ombro do menino.

“Caaaaaaaan”

*Somebody to love song*

Rachel e Sam terminaram de cantar e ficaram se encarando por um tempo.

Desde que fora para Nova York com Blaine, o menino voltara confuso, sem conseguir tirar a morena da sua cabeça. Ele se manteve o mais distante que podia, um tanto quanto envergonhado por estar gostando da namorada de seu amigo, que os tinha deixado de uma forma tão triste e inesperada.

Porém, mais cedo, quando a menina fez aquele discurso de como deveria seguir em frente, ele viu a oportunidade para se abrir e falar o que estava sentindo.

E agora, estavam os dois sozinhos no auditório, depois de cantarem Somebody To Love. Eles ainda se encaravam intensamente, e então, sentindo seu coração acelerar e ser invadido por uma onda de coragem, o menino uniu os lábios de ambos.

No início a menina pareceu retribuir e ele se sentiu aliviado, sentiu que estava no caminho certo e que podia ser aquele que amenizaria a dor da menina. Mas ela o empurrou, o fitando com uma dor no olhar, que fez o coração dele se partir.

“Me desculpa, Sam. Você é um garoto incrível, mas eu não posso fazer isso” Ela se levantou, acompanhada pelo menino.

“Não, não, me desculpe você. É que eu achei que” Ele parou, visivelmente aturdido. “O discurso na sala do coral”

“Você vai achar o seu alguém especial, Sam, mas esse alguém, não sou eu”.

Puck estava sentado no campo onde costumava treinar com seu amigo. Ele se refugiava debaixo da sombra de uma pequena árvore, enquanto bebericava sua cerveja.

Remexia inquieto no celular, ponderando se deveria eu não ligar para a mulher. Era o que seu coração mais ansiava, mas ele pensava que estaria indo para o exército no dia seguinte, fazendo surgir a dúvida se deveria ou não ligar para quem ele mais queria.

Quinn estava quase caindo no sono no reservado, quando escutou a porta destrancar. Ela ficou um tempo em silencio, apenas tentando escutar qualquer sinal de que era quem ela esperava. Foi então que ouviu o choro abafado.

“O que aconteceu?” Ela encarava a baixinha, seu olhar cheio de preocupação. A menina levantou a cabeça, sorrindo tristonha enquanto encarava a loira pelo espelho.

“Não é engraçado que nossos melhores momentos acontecem aqui, no banheiro?”

A loira foi até o lado da outra, tocando de leve seu ombro, a fazendo se virar e encara-la.

“Sim, é sim” Foi tudo o que ela conseguiu dizer.

Elas ficaram em silencio por um tempo, apenas encarando uma a outra, talvez buscando respostas silenciosas.

“Puck e você fazem um ótimo casal” A morena começou, tentando quebrar um pouco do encanto que a loira causava nela.

“Hm” A menina juntou as sobrancelhas, como sempre fazia quando era pega de surpresa. “Obrigada?” Seu tom confuso fez com que soasse como pergunta.

“Fico feliz que tenham se acertado” A morena voltou a se virar, encarando o espelho.

“Mas nós não nos acertamos”

A morena se virou para a loira, visivelmente confusa.

“Não?” Apesar da confusão estampada em seu rosto, tinha um brilho diferente em seu olhar, como esperança. Ou era isso que a loira queria acreditar.

“Não” Ela disse, enquanto meneava com a cabeça. “Rach” Ela parou, sorrindo ao ver um sorriso tímido na menina. “Rachel” Recomeçou. “O que você disse na sala do coral. Sobre pensar no seu futuro, o que você falou” A loira estava confusa, não sabia onde chegar.

“A dois anos” A morena interrompeu, segurando uma das mãos da menina. “Uma mulher forte e brilhante, que conseguiu superar as mais diversas provas que a vida nos impõe, estava de pé na mesma sala, falando uma das frases que repeti” A morena sorriu, tocando de leve no rosto da menina e secando algumas lágrimas que lhe caiam pela face. ”Ela falava com todos ali, mas seus olhos, os mais bonitos que já vi se me permite dizer, estavam nos meus, fazendo com que aquelas palavras fossem só para mim” Rachel suspirou, talvez para evitar suas lágrimas. “Essa mesma mulher, foi até New York e me impediu de cometer a maior burrada de minha vida” Ela olhou ainda mais intensamente nos olhos da loira. “E, acima de tudo, ela realizou o meu maior sonho e abriu mão da coroa para me dar o melhor baile de toda a minha vida” Elas se encaravam, as lágrimas já tomando conta de ambas. “Lucy Quinn Fabray, você ainda não sabe o que realmente significa para mim?”

“Eu te amo, Rachel Barbra Berry” A menina disse, a voz embargada pelas lágrimas. “E acho que no fundo, eu sempre te amei”

“Sei disso desde que você assumiu a autoria dos desenhos” A loira corou. “Que pessoa faz desenhos pornográficos da pessoa que mais detesta?”

“Acho que eu deveria ter te tacado ovos” A morena ficou séria, fazendo com que a loira se xingasse mentalmente por ter falado aquilo. “Me desculpe”

“Você é a pessoa mais lerda que eu conheço”

A loira a olhou confusa, fazendo com que a menor revirasse os olhos.

“Você perdeu duas brechas para me beijar, Fabray”

A loira sorriu, puxando a menor pela cintura e unindo seus lábios, em um beijo apaixonado e que a muito era aguardado.

“Finn estava errado” A morena disse quando se afastaram. Elas mantinhas as testas unidas suas respirações se misturando. “Fireworks não conseguem descrever seu beijo. É muito mais que isso”

“Acho que, se você quiser, eu poderia aprender a amar novamente ao seu lado” A morena uniu seus lábios brevemente.

“Podemos juntas aprender a amar novamente” Elas sorriram uma para a outra, até que a morena deu um tapa no rosto da outra. “Por ter dormido com a Satã”

Britt estava no auditório, Lord Tubbington estava deitado em sua caminha enquanto a loira desabafava com ele.

“Britt” A latina chamou timidamente.

“Me deixa em paz, Santana”

A latina sentou ao lado da menina, ignorando o apelo para ela ir embora.

“Eu não senti nada, não significou nada, só você me importa” Ela virou o rosto da loira delicadamente, secando algumas lágrimas. “Vem comigo pra New York”

“Rachel te expulsou do apartamento”

“Desconfio que Quinn contornou a situação”

“Até que enfim” Ambas sorriram.

“Me perdoa?”

“Claro que sim”

Elas se beijaram, sabendo que tudo ficaria bem.

“O que eu tenho que fazer cara?” Um Puck visivelmente alterado gritava para o retrato na sala do coral.

“Puck?”

“Vai embora, Quinn” Ele se sentou no chão, evitando olhar para a menina.

“Você está bêbado, não vou te deixar aqui assim” Ela se sentou ao lado do menino. “Você disse que não me abandonaria, eu não vou te abandonar também.”

O menino ponderou por um tempo, até que se virou para a loira.

“Eu sou apaixonado pela Shelby, mas não sei o que falar para ela e não queria ir para o exército sem falar isso”

“Não sai daqui” A loira saiu correndo.

Não demorou muito e a loira voltou, com Rachel ao seu lado e um lap top em mãos. Ela colocou o computador em uma cadeira, deixando a morena em outra e foi em direção ao menino.

“Já que você não sabe o que falar, pensei que você poderia cantar para ela. Ela está aqui por chamada de vídeo” Ela indicou o computador com a cabeça. “Você canta para ela e eu para a Rachel”

Os olhos verdes brilhavam de excitação, o que tornou impossível o menino responder de forma negativa. Ele se levantou e ficou de frente para o computador, parecendo pouco certo do que iria fazer. Sentiu a mão da menina em seu ombro e olhou para ela, que sorria de forma encorajadora. Ele meneou com a cabeça e respirou fundo.

“Right from the start you were a thief, you stole my heart” Começou a loira, olhando docemente para a morena.

*Just Give me a Reason song*

Ao final da performance, a loira se viu envolvida em um forte abraço, sentindo seu pescoço se molhar com as lágrimas da morena.

“Eu estou indo para a base militar amanhã” O menino começou firme, fazendo as meninas se separarem do abraço e prestar atenção nele. “Não podia ir sem te dizer que eu te amo e que quero tentar ser um bom marido para você e o pai que a Beth merece” Ele parou, tomando força para dizer as próximas palavras. “Por favor, venha me ver antes que eu vá e me fale que esperará por mim, para que eu possa ir em paz” Por mais que ele tentasse não demonstrar, ele chorava.

“Eu te amo, Puck, mas eu não posso estar ai amanhã. Estou em Los Angeles, Beth tem uma apresentação amanhã, mas saiba que estaremos te esperando com uma grande festa quando você voltar” Ela jogou um beijo para ele, desligando a câmera em seguida.

“Obrigado” O menino disse, visivelmente mais animado, abraçando as meninas bem forte, como se o mundo tivesse sido tirado de suas costas.

Estavam todos reunidos no aeroporto. Britt e Santana estavam de mãos dadas, assim como Sam e Mercedes, Kurt e Blaine, Tina e Mike, Artie e Kitty e Rachel e Quinn.

Puck abraçou todos, parando de frente para as meninas, que choravam mais que o restante.

“Obrigado, por tudo” Ele disse, olhando para a loira. “Por ter me dado uma filha linda e por ter me ajudado com Shelby” Ele abraçou forte a menina. “Eu te amo, Fabray” Ele sussurrou no ouvido dela.

“E você” Ele se afastou, olhando para a morena. “Continue a irritante egocêntrica e louca por solos que você sempre foi” Ele abraçou a outra menina. “Cuide bem da loira”

Ela envolveu a maior em um meio abraço, que prontamente foi correspondido.

“Pode apostar que eu irei”

“Quando eu voltar, vamos fazer um piquenique. Só nós quatro, como uma família”

“Estaremos esperando”

O menino acenou para todos, entrando no portão de embarque.

Eles ficaram olhando por um tempo, até que anunciaram um voo para Los Angeles. A morena deu um pulo, puxando a loira pela mão.

“O que houve, Rach?”

A morena parou de correr, puxando duas passagens de sua bolsa e sorrindo para o rosto surpreso da loira.

“Vamos ver a Beth. Sei que ela sente sua falta e sei que você sente a dela”

A loira tomou a baixinha no braço, unindo seus lábios e a girando no ar.

Ali, ambas sabiam que, mesmo que Finn continuasse no coração de cada uma, elas tinham que se concentrar em seus futuros. E elas fariam isso juntas. Uma estava no futuro da outra.