Proteja-me escrita por Kagami Yume


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

É só um começo, explicando um pouco sobre a Rin. Ficou um pouco, sei lá :v
Espero que gostem, boa leitura ^^



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- Nee, Rei-chan! O que é isso? - Eu pergunto, me aproximando do meu irmão, vendo que ele estava mexendo em algo na cozinha, próximo á pia. Ele se vira, com um sorriso travesso, me estende um esqueiro vermelho. - Mamãe disse que não pode brincar com isso! - Aviso, mas Rei era teimoso e quase nunca me ouvia. Ele revira os olhos.

- Eu vou fazer yakissoba pra você! Devia me agradecer, bobona! - Ele ri, se virando novamente e apertando o esqueiro, fazendo a chama se acender. Seus olhos pareciam brilhar quando via tal chama, e por mais que eu tentasse chamar a sua atenção, ele me ignorava. Ele aponta a chama pra mim, fazendo eu dar um passo recuando. - É só um esqueiro, não tem nada de mais nisso.

- Mas a mamãe disse que é perigoso, Rei-chan. Ela disse que nós podemos nos queimar se brincarmos com ela. - Eu tento fazê-lo se lembrar do que a mamãe vivia dizendo quando estávamos na cozinha. Ele parece não ligar, dando de ombros e seguindo até a mesa, pegando uma cadeira e levando até o armário da dispensa, subindo-a e abrindo o armário com facilidade e tirando um recipiente que logo reconheci que era uma panela. - Você vai mesmo desobedecer a mamãe?

- Ela não está aqui, está? - Ele pergunta, colocando água na panela. - E não tem problema. Eu sou cuidadoso. - Garantiu. Fiz que sim com a cabeça, fingindo acreditar, mas mesmo dizendo isso pra mim, ele com certeza não tomou cuidado quando tudo aconteceu.

Quando as chamas finalmente possuíram a cozinha, a casa e eu consegui ser resgatada pelos vizinhos. Eles não avistaram Rei. Mas eu conseguia ouvir seus gritos desesperados enquanto estava na sala, sendo protegida pela vizinha de cabelos lisos e platinados, gritos de dor, de medo, um grito de socorro que não foi atendido.

Eu vi, pela primeira vez, a minha mãe chorar. Ela estava agarrada ao bombeiro que havia dado a notícia de que não conseguira salvar meu irmão. Ela correu até mim assim que me avistou sendo carregada pela moça, me tirou do colo da mesma e me abraçou com força, suas lágrimas atingiram-me como balas, mas com certeza nenhuma arma poderiam me causar tanta dor como eu estava sentindo naquele momento.

Acordei no meio da noite com mais um daqueles pesadelos... Ou seriam lembranças?

Respirei fundo e coloquei a mão no peito, sentindo as batidas do meu coração a mais de mil por minuto. Meus dedos tremiam e eu sentia uma lágrima trilhar o meu rosto, involuntariamente.

Todos os dias eram assim. Eu sempre acordava no meio da noite com esse pesadelo/lembrança. Mas nunca deixava de ser surpreendente, pois eu sempre acordava com uma reação diferente. Ás vezes eram gritos. Ás vezes eram choros.

E o sonho era real, como se eu estivesse presenciando aquela cena todas as vezes em que eu a sonhava.

Era como se eu pudesse ver Rei novamente. Ouvir seus gritos, sentir a dor da culpa me consumir a cada instante.

Levantei e joguei as cobertas pelo lado, coloquei as pernas para fora da cama e toquei os pés descalços no chão frio. Cocei os olhos e olhei para o relógio, em cima da cômoda ao lado da cama e vi que eram oito horas da manhã. Mais uma dia de escola.

Fui até o banheiro e fiz minha higiene, em seguida penteei os cabelos e coloquei minhas típicas presilhas e meu inseparável laço, o qual eu usava desde os meus doze anos de idade, um presente de despedida do meu pai. Quando ele fora embora de casa, divorciando-se da minha mãe.

Não que eu goste muito de me lembrar disso. Na verdade, eu não gosto de me lembrar de nada que envolva meu passado. Não é necessário lembrá-lo, é?

Voltei para o quarto e coloquei meu uniforme, o qual eu não gostava muito do comprimento da saia, isto é, não que chame atenção, é apenas curto demais. Até parece que um garoto olharia pra mim só por causa dessa saia. Bem melhor assim.

Saí do quarto e desci as escadas, rumando em direção a cozinha. Minha mãe, pela quinta vez ao mês, estava mudando a geladeira de lugar. Nós nunca nos adaptamos muito bem com a nossa nova casa, nos mudamos para cá depois que aquilo aconteceu. E ela vivia mudando aquela coisa velha porque ela sempre fazia um barulho estranho em cada lugar que era colocada. Não que fosse fazer muita diferença mudar a geladeira de lugar. O problema não era onde ficava, mas sim ela mesma.

- Ohayo, Rin-chan! - Ela, ao notar minha presença na cozinha, sorri e para de empurrar a geladeira para o local destinado. Passa o braço na testa para limpar o suor, soltando um suspiro e em seguida um riso.

- Ohayo, kaa-san. - Desejo-lhe de volta, sorrindo e pegando uma laranja na fruteira, sorrindo.

Minha mãe é uma mulher trabalhadora. Desde que realizou seu sonho de montar sua confeitaria, ela tem finalmente conseguido estabilizar as nossas condições financeiras desde que meu pai saíra de casa, deixando-nos numa situação precária. Ás vezes, minha tia quem cuidava de nós.

E hoje, novamente pude vê-la sorrir verdadeiramente.

- Vai trabalhar hoje? - Pergunto, caminhando em direção á porta da cozinha, escorando-me no batente, enfiando o dedão na laranja e descascando-a com facilidade. Vejo-a também encostar na geladeira, negando com a cabeça.

- Deixei sua tia tomando conta. - Responde, logo em seguida espreguiça e volta a empurrar a geladeira, aquela coisa pesada e velha, com uma dificuldade enorme. Eu bem que poderia ajudá-la, mas estava quase atrasada para o colégio.

- Eu vou indo, tá? - Aviso, já no meio do corredor e ouvindo-a responder "tenha um bom dia", como toda mãe faz.

Peguei minha bolsa que estava largada no sofá e coloquei-a no ombro, rapidamente saí de casa e tomei o caminho para o colégio. Tenho sorte de não ser muito longe de casa, minha mãe ainda não tem carro e mesmo se tivesse, seria um desastre vê-la dirigindo e derrubando as placas das ruas.

Olhei para o céu enquanto caminhava. Época de verão. Eu não gosto muito dessa estação. Muito calor. E não tinha nuvens, nem sequer uma, na qual eu pudesse identificar a forma de um animal como eu costumava fazer sempre a caminho da escola, já que eu não tinha ninguém para conversar.

Terminei de comer minha laranja deliciosa assim que cheguei no colégio.

Respirei fundo e tomei coragem para enfrentar mais um dia comum naquele lugar. Mais um dia calada, mais um dia sozinha, mais um dia tentando me esconder das pessoas. É assim que eu "sobrevivo" a este lugar.

Eu tenho meus motivos para não ter amigos. Todo mundo sabe, mesmo que negue, nem tudo que é o que aparenta ser. Desde aquele dia, quando eu perdi meu irmão, ninguém nunca mais foi o mesmo comigo. Meus amigos, que já não eram muitos, ao saber do que havia acontecido, em um passe de mágica sumiram, se distanciaram e me deixaram mais fraca do que já estava. Mas foi bom. Pois eu percebi que só estavam comigo quando eu estava bem, quando estava feliz, e não quando eu estava passando por uma situação difícil.

- Chegou atrasada, Rin-san. - O professor, ao me ver parada na porta olhando todos os alunos já presentes, abaixou os óculos e fez uma cara de desgosto. Me curvei minimamente.

- Gomen, sensei. - Pedi, sentindo todos aqueles olhares frios sobre mim. Não que eu me importasse com eles. Eu quero distância de todos, não preciso de ninguém. Eu estou muito bem sozinha.

- Já é a terceira vez no mês. Caso se atrasar de novo, ficará na detenção. - Ele avisa, apontando para a minha mesa, indicando para que eu me sentasse. Assim o fiz, ignorando todos, sentando-me e tirando o caderno da mochila, voltando a prestar atenção na aula do professor.

A aula é só uma revisão. Tanto que eu não precisei prestar muita atenção, eu já sabia de tudo. Eu sou uma aluna quieta, sempre tiro boas notas e não faço isso por mim, faço isso para dar orgulho a quem eu realmente me importo, minha mãe, já que eu sou sua única filha. Toda mãe quer um futuro bom para o filho, se eu estivesse em seu lugar, ia querer o mesmo.

Enquanto eu fingia prestar atenção na aula, com meu lápis eu fazia rabiscos na última folha do caderno. Eu realmente gostava de desenhar, é a melhor coisa para passar o tempo. Minha mãe me disse que eu teria futuro caso ingressasse numa carreira de desenhista. Eu até considerei a ideia.

- Já que todo mundo está prestando atenção - Ironiza o professor, virando-se para olhar a sua turma. - Eu quero um trabalho sobre a teoria das cordas pra essa semana, sexta-feira. - Os alunos vaiam, eu apenas largo o lápis na mesa e continuo a escutar. - O trabalho é em dupla e vale e metade da nota, quem não fizer, é recuperação nas férias.

A palavra "dupla" causa um alvoroço de felicidade na sala, mas não por muito tempo. O professor anuncia que ele quem escolherá as duplas, os alunos se desanimam como uma flor murcha.

Se tem uma coisa que eu não gosto é de fazer trabalhos em dupla. Eu não conheço ninguém, ninguém me conhece. E no fim, eu faço a maior parte do trabalho. Exatamente como aconteceu quando eu fiz o trabalho com a Miku "Hime".

Assim que o professor anunciou a metade das duplas, chegou finalmente a minha vez.

- Kagamine Len, e Kagamine Rin.

No exato momento em que ele disse isso, eu olhei para o fundo da sala e vi aquele garoto que tinha o mesmo sobrenome e a aparência extraordinariamente igual a minha.

Ele pareceu não se importar em fazer dupla comigo, na verdade, parece não se importar com absolutamente nada que acontece a sua volta.

Ele se sentava de maneira desleixada, tinha o lápis na boca e o olhar era frio e despreocupado, transparecia tédio, e seus braços estavam cruzados atrás da cabeça. Ao perceber que eu o olhava, ele parou o olhar de encontro com o meu e eu me senti estranha. Corei em questão de milésimos e me virei rapidamente para frente, abaixando a cabeça.

É. O primeiro contato com um garoto.

Não que eu gostasse muito disso.

O professor terminou de formar as duplas, assim como eu, todos se sentiam incomodados com suas duplas.

As aulas se passaram tão rápido quanto eu imaginava. A campa para o intervalo soou e todos os alunos saíram como se fossem libertados de uma prisão. Isto é, quase todos.

Como sempre, eu passaria o intervalo sozinha, na sala de aula.

- Yo, Rin-san. - O tal Kagamine Len aparece na minha frente, me fitando com seus olhos azuis iguais aos meus, sérios.

- Y-yo. - Aceno e abaixo a mão rapidamente, voltando a desenhar no meu caderno.

- Então... - Ele suspira, colocando as mãos no bolso. - Vamos fazer o trabalho na sua ou na minha casa? Pra mim tanto faz.

- Pode ser na minha. - Respondo, tão baixo que acho que só eu pude ouvir.

- Hum. - Ele dá de ombros e finalmente caminha em direção a porta, para me deixar sozinha. Ainda bem. Mas antes de sair, olhou para trás. - Até mais, Rin-san. Te espero na saída.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Aceito sugestões ^^



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