Roxas P.O.V

Era mais um dia normal, no colégio. Quase não prestei atenção nas primeiras aulas, pois estava “sonhando acordado” com o Axel, como sempre. Sonhava com todos os dias, todas as noites que passávamos juntos, todos os planos e metas que fazia com ele. Podem me chamar de idiota apaixonado ou seja lá o que for, mas ele é a única pessoa com quem quero ficar. Até os últimos dias da minha vida.

Aquela manhã foi um pouco solitária, já que Axel faltou á escola e nem justificou a falta, mesmo que eu tenha passado o recreio e fiquei o tempo todo com Pence, Ollete e Hayner. Eu me sentia deslocado, perdido. “O que aconteceu com ele? Faltou á aula, não me mandou nenhuma mensagem no celular nem nada...” pensei, aflito, enquanto saía da sala. Ele nunca foi de “sumir” daquele jeito, creio eu que não tinha nenhum motivo pra ter que chegar a esse ponto. A não ser se ele tivesse brigado com alguém, de novo...

Cheguei em casa, exausto. Larguei minha mochila no quarto e me joguei no sofá da sala, tentando descansar um pouco. Peguei o celular pra ver se havia alguma mensagem nova... nada. Aí as coisas começaram a ficar estranhas. Não havia nenhuma mensagem antiga dele na caixa de mensagens recebidas, e muito menos as mensagens que mandei pra ele, o número dele não estava mais na minha lista de contatos. Levantei do sofá em um pulo, e fui olhar o nosso quarto. O closet estava praticamente vazio, não tinha mais nada dele lá dentro, nem uma roupa sequer. Não havia nem as nossas fotos que sempre ficavam em cima do criado-mudo, ao lado da cama. Saí rapidamente de casa, desesperado. Não fazia sentido ele sumir daquela maneira, sendo que nos dias anteriores ele não estava “mal”, ou algo do tipo. Será que aquilo era um aviso de que estava tudo “terminado”? Será que ele encontrou outra pessoa, e não teve coragem pra contar isso pra mim? Pensei em mil e uma coisas durante o caminho, e ficava pior ainda a cada “hipótese” que surgia em minha mente. Após algum tempo, finalmente “cheguei” ao último lugar que eu imaginei que o Axel estaria. E encontrei uma cena desagradável.

– Axel...? - Perguntei, chocado.

– Ah, oi. - Axel se virou, sorrindo, enquanto arrumava suas malas.

– Para onde você está indo...?

– Estou indo embora, vou morar em outra cidade.

– Então... você não vai mais voltar?

– Não, o “clima” está insuportável na casa dos meus pais e acho melhor eu seguir logo o meu caminho.

– M-Mas... e tudo que nós passamos...?

– O que quer dizer com isso? - Ele perguntou, confuso.

– Como... como você pode fazer isso, depois de tudo que nós passamos juntos?

– Não sei a que ponto você quer chegar com isso.

– Agora você quer dizer que nunca se declarou pra mim, nunca me pediu em namoro e também não pediu pra casar comigo na virada do ano?!

– Isso mesmo. Eu nunca fiz nenhuma dessas coisas. - Meu coração “parou” por alguns segundos, quando ele terminou essa frase. - Acho que alguém andou sonhando demais comigo. - Ele deu uma risada, tentando “descontrair” um pouco.

– É... acho que é isso mesmo. - Assenti, não queria piorar a situação.

– Bom... eu tenho que ir, estou um pouco atrasado. - Ele se abaixou um pouco, e me abraçou forte. - Se cuida, baixinho. - Enquanto me abraçava forte, acariciava levemente o meu cabelo.

– S-Se cuida você também. - Apertei mais ainda durante o abraço, tentando esconder as lágrimas. - Boa sorte na sua “nova vida”.

– Obrigado, vou precisar. - Sorriu radiante, pegando suas malas. - Até breve.

– Até. - Sorri fraco, enquanto via ele indo embora, me sentindo incapaz por não poder impedir aquele momento.

Lágrimas turvaram minha visão, aquilo não podia ser verdade. Não era possível ele fingir que tudo que passamos juntos, não passava de um “sonho” que eu tive. Eu sei que tudo aquilo era verdade, ele só deveria estar se fazendo de desentendido. Mas... por que ele faria isso?

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– Roxas, acorda!! - Senti alguém estava me chaqualhando violentamente.

– O que? O que aconteceu?! - Levantei rapidamente da cama, assustado.

– Calma, também não é pra tanto. - Axel me olhou torto, sentado na beirada da cama. - Ouvi você choramingando lá da cozinha, então vim aqui te acordar. Você deveria estar tendo um pesadelo muito ruim, pelo jeito.

– Realmente... - Suspirei aliviado, e sentei do lado dele. - Eu estava tendo um pesadelo muito ruim.

– O que foi?

– “Sonhei” que... você estava indo embora. - Lágrimas se acumulavam, só de lembrar desse “sonho”.

– Calma. - Ele viu que eu estava quase chorando, e me abraçou. - Você sabe que eu não vou te abandonar fácil.

– Mas... e se você enjoar de mim, algum dia...?

– Primeiro: eu não vou “enjoar” de você. Segundo: por que eu iria enjoar da única pessoa que eu amo e com quem quero passar o resto da minha vida?! Terceiro: quando você pensar numa bobagem dessas, veja isso. - Ele pegou minha mão, mostrando a aliança de noivado.

– É verdade... realmente, foi uma bobagem.

– Não quero saber de outra pessoa nesse mundo, que não seja o meu loirinho. - Ele sorriu e me beijou suavemente.

Realmente... não passava de um devaneio.