Eu adorava dormir. Por alguma razão não tenho frio. O frio não me incomoda. O meu quarto em que eu estou só tem a minha cama e eu naquela manha em particular estava a adorar estar dentro dos lençóis gelados.

Foi então que ouvi aquela voz que me já me fazia companhia algum tempo – Elsa..

Eu abri um pouco os olhos, falei ainda um pouco adormecida – hum? Jack? Que foi?

Senti o riso dele, ele ria-se sempre de mim. Irritava me um pouco mas como não o via, era indiferente, porque não conseguia fazer nada a cerca disso.

Depois de ouvir as gargalhadas, ouvi de novo Jack chamar-me – Elsa, Elsa! Acorda, o dia já nasceu a horas!

Cobri-me com a manda feita de gelo e disse um pouco aborrecida – Jack por favor, hoje não.

Deixei de o ouvir e voltei a embalar me no sono. Até que percebi que estava a nevar - Jack? Jack para com isso!!!

Não senti nada e decidi abrir os olhos, sentei me na cama e olhei para os flocos de neve a caírem do nada em cima de mim.

Rosnei um pouco com os dentes e disse – Jack! Para com isso! Já estou a acordada satisfeito?

Era fácil para mim enviar o pequeno nevão para fora da área da minha cama, atirei-o para uma das paredes e ele caio no chão.

Quando vou para sair da cama escorreguei e cai no chão de imediato. Jack! Eu odiava quando ele fazia aquilo – arrah! Jaaack!

Eu ouvia as gargalhadas eufóricas dele vindas do nada. Era tão estranho. Ele parou de rir e disse – ahaha é divertido! Tão divertido ver te!

Levantei me e disse – divertido vai ser quando eu um dia te fizer o mesmo!

Jack não respondeu.

Eu fui até a um armário que eu tinha feito de gelo e pequei o meu vestido habitual. A verdade é que eu sentia falta das cedas, dos meus vestidos do palácio. Amo o gelo mas penso que é normal sentir a falta de outras texturas.

Como que quase o sentisse por cima do meu ombro, ouvi junto do meu ouvido – algum problema?

Eu fechei os olhos e afastei aquelas lembranças da cabeça – sim, você tem de sair! Eu quero trocar de roupa.

Jack já alguns tempos que andava muito engraçadinho, de mais para o meu gosto. Porque ele não se ia embora?

É mas eu até que gosto da companhia deste meu fantasma chato. Se bem que.. quando ele começa com as brincadeiras eu fico sem saber o que dizer ou fazer.

Jack – eu não posso ver só um pouco?

Olhei para trás, instintivamente para cima – Jack! Sai do meu quarto agora! Eu quero trocar de roupa.

Ele não respondeu e eu achei aquilo estranho, coloquei as mãos sobre a cintura e disse – Jack? Você continua ai? Eu já disse para ir embora.

Destingi a voz dele divertida – está bem. Eu vou então.

Para ter a certeza voltei a perguntar – Jack? E parecia que distante a voz dele, ouvi – eu já sai! Podes trocar de roupa.

Pareceu-me que ele já não estava mesmo por isso achei que era seguro vestir-me.

Quando sai do quarto olhei para o meu palácio, parecia tão vazio…

Ouvi a voz de Jack dizer – estas a pensar em alguma coisa?

Falei calma, pensativa como ela perguntava – sim, este palácio está a precisar de… mobília.

Jack – mobília?

Andei até perto das escadas e olhei para as divisões a minha frente. Preciso de armários, mesas, cadeiras…

Falando disto comecei a fazer magia com o gelo, criei armários, mesas cadeiras.

E de repente vi um gelo florido aparecer nas minhas construções – hum? Que é isto?

Jack voltou a rir e disse – pensei que podia ajudar.

Sorri e disse continuando a fazer os candeeiros – sim, penso que… obrigada

Tudo começava a compor-se, uma sala, o meu quarto, com cortinas cristalizadas, o salão do sofá ficou com um tapete, com mais sofás, tudo feito de gelo.

Era diferente o gelo de Jack ele trazia um caminho que ficava mais saliente que o meu. Parecia mais livre, mais selvagem, o meu era mais pormenorizado, mais contido, simétrico.

Quando estava a fazer outro quarto Jack perguntou – que estas a fazer?

Eu corei um pouco não sei muito bem porque – um quarto para ti, olha tu dormes numa cama?

Jack sentiu-se ofendido – claro! Eu tenho uma forma humana.

Ele falava sempre de uma forma estranha – forma humana ahaha és um fantasma e pronto.

Jack atirou-me uma bola de neve que me acertou em cheio na cara. Eu sabia que ele. Ele fazia sempre isso.

Ok! Já chega! Aparece! – comecei a atirar bolas de neve em todas as direções a minha volta

Jack ria de mim divertido – haha não me consegues ver!

Por alguma razão segui a sua voz, eu queria apanha-lo! Era irritante ter sempre alguém a incomodar-te o tempo todo! – é a tua sorte!

Fomos para a um salão no andar de baixo – Jack! Jack

Só conseguia chamar por ele, ele não parava de rir e isso irritava-me mas estava me a divertir.

Jack congelou todo o salão. Eu comecei a patinar no gelo, já não patinava algum tempo.

Por minutos não ouvi mais o Jack, de facto até me esqueci que ele ali estava. Deixei me ir pelos movimentos, era uma liberdade diferente patinar.

Jack fez surgir montes de neve, eu era obrigada a desviar.

Elsa – Jack, não, Jack para!

Mas foi inútil tão inútil que quando dei por mim tinha caído no chão e ouvia Jack a rir e dizer – ahaha foi divertido, patinas muito bem Elsa! Fantástico!

Elsa – o-obrigada Jack