O Império dos Titãs. escrita por Martinato, Monsieur Noir


Capítulo 11
Uma tarde para aprender a sobreviver.




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Pelo visto meu irmão deixou com que eu ficasse com o ultimo lugar para achá-lo, ou talvez fosse o mesmo motivo que sempre me aflorava nos dias passados. Achar o que mais precisava no ultimo lugar em que procurava. Dei a volta pelo acampamento inteiro. Começando pelo suposto início: Refeitório. Dei a volta, vendo alguns campistas comendo alguns petiscos, hora ou outra, um rosto conhecido e um cumprimento rápido. Passei pelas colinas, desci a plantação de morangos, andei envolta da grande mansão, como também passei pelo arsenal, fora isso descobri mais coisas, como o Anfiteatro, lugar bonito, cheio de coisas que encantariam os amantes de teatro, como eu. Camarins, figurinos, inúmeros objetos para os mais magníficos cenários. Realmente impossível não amar, ainda mais eu que queria ser ator. Se houvesse, num futuro próximo, alguma peça em cartaz que fosse apresentada, com certeza eu faria parte do elenco.

Mesmo perdendo muito tempo naquele majestoso recinto, tive de manter o foco na minha busca, portanto, a caminhada me levou até a área das arenas, uma de treino e outra de combate. Pouco movimento, eram poucos os interessados em aprimorar suas habilidades em manuseio de espadas ou armas derivadas.

Depois de muito, o esforço é recompensado! Mas não no meu caso, porque não tive nenhum sinal do Joe, e voltava ao ponto de partida, encostado no mármore do chafariz, onde ainda e monotonamente jorrava suas águas cristalinas, dando a imagem inquietante das águas imóveis. Não pude deixar de lembrar do mar.

Havia apenas alguns âmbitos que não bisbilhotara. Os chalés. Mas seria totalmente desrespeitoso, sem mencionar que poderia ser o primeiro acusado de furto. Não iria ter essa imagem, não antes de um filho de Hermes. Mas claro, nem depois, obviamente.

Cismado com o infortúnio, comecei a rodear o enfeite do pátio. Às vezes me pegava com algumas cordas aquáticas bem finas, porém, longas, rodeando e formando círculos na minha esquerda e direita. Um exercício mental. A cada segundo que as mantinha, me parecia mais fácil e o esforço decaia, em contrapartida, a perícia subia. As sensações mudavam, e cada mudança, uma energia maior preenchia meu coração, facilitando as coisas. Por sorte, pensar em coisas absurdas era o meu forte. Sempre me pegava no mundo da fantasia, e hoje, isso me veio a calhar.

As cordas aquáticas finalmente cederam, caindo no chão e molhando o piso trabalhado de tijolos bem alinhados. Não demorou muito para que o sol fizesse a água evaporar deixando tudo como estava antes. Gotículas de suor escorriam pelo meu rosto, costas e braços. —— Caraca... Joguei dois tempos de futebol em quinze minutos? —— Comentava sozinho, molhando o rosto nas águas ali presentes. —— Espero que não seja suja... E também espero que não se incomodem. —— Ao toque, me senti renovado, e permiti que a pele absorvesse a água, de uma maneira mais adequada: não fiquei impermeável.

Usei o antebraço, evitando o excesso de água em contato com meu rosto, especialmente os olhos, mesmo sabendo que não incomodariam mais, ou dariam qualquer tipo de ardência, o instinto era maior. Fazia por puro impulso, afinal, a vida inteira agia assim, mudar os hábitos de uma hora pra outra, não rolaria. De jeito nenhum.

Felizmente, a sorte deu uma piscada pra mim de novo. Nos arredores do chalé dezesseis (Nêmesis), vi dois garotos de casacos de couro negros, com calças da mesma coloração, embora em seus pés tivessem botas compridas, com um preto meio fosco. —— O que é isso? Conferência de motoboys? —— Os acompanhando com os olhos, vi o terceiro saindo, com vestes brancas, jeans azul, e um boné verde. Roupas normais, pelo menos. Quando o sol os atingiu, a imagem deles clareou. Joe, Gabe e um desconhecido, talvez um que jamais tivesse visto nos eventos ou rolês com o pessoal.

Me aproximei poucos passos, eles conversavam, e odiava interromper, a distância que cobri era insuficiente para ouvir alguma coisa, mas também parecia não dar suspeitas da minha presença. Eles estavam virado para meu irmão, e ele com uma expressão abatida. Uma mistura de raiva reprimida rodeada e dor. Me era familiar aquele semblante.

Dei mais alguns passos. Errei novamente.

O barulho dos passos conseguiu intervir na conversa. Ambos se viraram, com óculos escuros, francamente, do outro cara eu esperava isso, mas do Gabe? Sempre o vi com camisas repletas de desenhos ou de figuras místicas, seu estilo mudou drasticamente. —— Marti! —— Ele acenou com a mão. Desde a nossa vinda para este lugar, essa era a primeira vez que trocaria algumas palavras com o rapaz.

Me aproximei lentamente, Joe se virou um pouco, tentando disfarçar seu rosto. Consegui perceber isso, mas algo me deixou intrigado... Aquele garoto... Ele me observava de uma maneira estranha, mesmo que os óculos cobrisse seus olhos, dava para perceber seus olhos me seguindo, e isso realmente me incomodava. —— E ai, Gabe. —— Ele com seu tamanho nada pequeno, me cobriu com um abraço, outra coisa que não mudou foi seus modos. Acho que só o estilo mesmo. Retribui o abraço, e ergui a mão para o outro, que a olhou, mas em seguida apertou com a sua. —— Prazer. —— Disse. —— Igualmente. Julio. Marti, eu suponho. —— Consegui sorrir, mas em disfarce. —— Na verdade é Vinicius, mas todos costumam me chamar assim agora. —— Ele proliferou um "hmm" com a garganta e se virou, focando em alguns papeis nas suas mãos. —— O que veio fazer aqui? —— A pergunta de Joe me desviou do seu "amigo". —— Estava te procurando, tenho algo a dizer. Isso serve pra você também, Gabe. —— Ambos se aproximaram, e o grandão até tirou os óculos.

Expliquei calmamente a nossa recém descoberta. Os dois ficaram admirados. —— Vou iniciar estudos sobre Nêmesis agora mesmo! —— Gabe gritou erguendo o punho, e Julio de longe retribuiu, mesmo sequer tendo virado o rosto. Já Joe, olhou para suas mãos e as firmou. —— Então preciso começar já! —— Suas feições voltavam aos poucos. —— Joe, lembre-se do que eu lhe disse... Se você tiver isso sob domínio, não faça nada sem pensar no mínimo duas vezes. —— Meu irmão virou o rosto, com raiva. Queria tentar entender, mas independente disso, não me intrometi, e isso me pareceu alegrar ambos. Quiçá fosse um assunto bastante delicado.

Repentinamente, o filho de Nêmesis se levantou, batendo suas palmas. —— Bom! Então acho melhor todos nós começarmos! Melhor sabemos todas as artimanhas que possuímos, assim sempre teremos "àses" nas mangas. —— Gabe sorriu e botou seus óculos de volta no rosto. Caminhou até seu irmão, eram quase no mesmo tamanho, mas Gabe ainda era alguns notáveis centímetros maior. Com o braço no ombro dele apoiado, os dois motoboys de Nêmesis partiram, deixando-nos na frente de seu chalé decorado com duas balanças igualmente equilibradas.

—— Vamos maninho, sei um lugar perfeito pra começarmos o treino. —— Murmurei puxando o braço do carrancudo misterioso.

[...]

Na beira do mar, o mancebo se encontrava desconfortável pelo simples fato de usar roupas inapropriadas para um mergulho, e claro que me fez rir por ele não ter descoberto ainda um dos melhores segredos dos filhos de Poseidon. —— Cara... Apenas, olhe! —— Com calça, tênis, camisa e tudo, mergulhei, focando na impermeabilidade que meu corpo concedia a mim e minhas vestes. Uma onda atingiu meu rosto em cheio, não doeu, tampouco incomodou, recebi-a sorrindo. Simplesmente me deixou confortável e com uma ótima sensação. Só sei que perdi a conta de quantas vezes já disse isso.

Me levantei, com as águas na minha cintura, meus cabelos perfeitamente secos foram jogados para trás pelo vento, e as gotas de água desciam pela minha camisa magicamente, deixando o pano seco e somente passando a sensação gélida do toque que aos poucos, o corpo se acostumava a temperatura. —— Viu só? Apenas foque-se! Queira ficar seco. —— Ele estremeceu. —— Não sei se consigo. —— Bufei. —— Cara, eu fiz isso pulando de propósito na água e ficando só puto por ter que me trocar de novo, acho que a ideia de querer entrar no mar e não se molhar é maior do que a minha de antes, não? —— Joe assentiu, dando passos na areia úmida. Lentos e desconfiados...

Não me controlei.

Uma corda de água passou pelo tornozelo do meu irmão, puxando ele direto para baixo, bem no momento em que uma onda forte colidiu com a margem - antes rasa -. Seu corpo flutuou alguns instantes que o mar cobria a área, e logo se ergueu, devido aos braços em contato com o solo. —— Filho duma... —— Antes de terminar, Joe percebeu que, apesar de ter caído com tudo contra as águas, nada, nem mesmo seu boné, tinha sido encharcado. —— Duma mulher maravilhosa! —— Ele sorriu correndo no mar como um maratonista, jogando água para os lados e mergulhando, segurando seu boné para acaso soltasse pela correnteza.

[...]

Passamos pelo menos umas três horas debaixo d'água. Exatamente! Embaixo! Percebemos que o tempo em que nos distraíamos, respirávamos inconscientemente. A água salgada invadia os nossos pulmões como um jato de oxigênio sendo soprado propositalmente. Na praia, caminhamos e nos limpamos de alguns fragmentos de areia que era carregada pelos ventos, e fomos surpreendidos por uma multidão no pátio.

Armados com espadas e protegidos com cotoveleiras, joelheiras e uma armadura de couro - sim, tínhamos pego numa mesa disponível, onde um Sátiro distribuía com pressa. —— Meus caros amigos! —— Aldaberon triunfava com as mãos erguidas e mostrando sua camiseta escrita "Organizador Master!". —— Como sabem, nosso querido centauro Quíron teve de resolver problemas nas redondezas de onde o Olimpo paira majestosamente! Mas, isso não o impediu de organizar o treino diário de vocês! —— Muitos rostos estavam curiosos, e muitas mãos se erguiam na esperança de serem selecionadas a dialogar. —— Perguntas serão respondidas, mas antes, que venham as explicações! —— Insatisfeitos, os que se destacaram, rapidamente juntavam-se aos demais, quietos e atenciosos. Todos aprendemos que detalhes nesse novo mundo são muito, mas realmente muito importantes.

—— Pois bem. Como é a primeira vez de vocês, todos foram selecionados em duas cores! Quais? Bom, será uma surpresa! Os elmos são mágicos, quando colocados, eles emitirão uma coloração na réplica romana, o que eu simplesmente odeio. Quem não entendeu, trata-se da pelugem acima, acho que todos conseguem ver. —— Muitos focaram o armamento de proteção, mas eu simplesmente o agarrei com a canhota e esperei. —— Quero que, assim que eu terminar aqui, coloquem seus elmos e depois os tirem, caso seja vermelho, vão para a minha esquerda, azuis, direita. Espero ter sido claro. Agora, vão as regras: Está terminantemente proibido morte! Dilaceração! Qualquer tipo de finalização se seu oponente for desarmado! E principalmente, o mais difícil de se controlar... Cortes muito profundos! Isso é um exercício, lembre-se! Controlar sua arma é controlar os seus movimentos. Aprendam a dar o máximo de vocês sem dar o máximo de sua força, e perceberão que controlando ela, seus ataques ficarão muito mais poderosos! Certo, comecem a divisão! —— E com a ordem, eu e mais uns quatrocentos colocamos os elmos e os retiramos.

Minha cor? Vermelha. Devo dizer que gostei, era a minha favorita.

Fui em direção do lado esquerdo, assim como muitos.

Aldaberon se posicionou no espaço entre ele e os dois times, ergueu sua espada longa desembainhada, o brilho dela refletiu nos meus olhos, graças ao sol, mas sequer pisquei, foi tão momentâneo o incomodo que nem deu para ter tempo de reclamar. —— Certo, vocês terão vinte minutos para decidir uma estratégia e com ela, guardar a bandeira em um lugar seguro do acampamento. Atenção! A bandeira só pode ser escondida em espaços abertos, ou seja, chalés, casa grande, anfiteatro e etc, estão proibidos utilizarem. Como de costume, os chalés elegem um líder, mas para não ter confusão, desta vez eu elegerei, algum protesto contra isso? —— Seu rosto ficou tão desafiante que no momento em que a lâmina era apontada num ângulo de trezentos e sessenta graus, todos baixavam o olhar, mas na minha vez não, o encarei. Talvez fosse pela existência de uma pequena intimidade com o centauro. Ele sorriu com desdém, percebi que ficou desapontado, mas ninguém se proliferou, e isso o incentivou a continuar sorridente, sendo assim, pegou alguns papeis em seu bolso e começou a folheá-lo. —— Ótimo! Deixe-me ver... Para o time azul, por favor, Beatriz Batistão! Aproxime-se. —— A garota, pequena, abriu caminho entre vários de médio e grande porte. Ele já estava com o traje completo e uma espada que se adequava a sua altura, assim como o escudo. —— Certo, já sabe as regras, leve o seu time e organize as... Como vocês chamam hoje em dia? Paradas? É! Organizem as paradas ai! —— A loira assentiu, e com um grito - sim, acredite, intimidador -, ordenou que os seus aliados formassem um grupo afastado do pátio.

Adalberon olhava mais folhas, era incrível a quantidade delas, e pensava como tudo aquilo coube num bolso só. —— Deixe-me ver... —— Ele estudava cada recente semideus, e provável que também via como estavam se saindo nas atividades desde nossa vinda. —— Gabriel Viera. Você e sua equipe, para o outro lado. O mesmo tempo. Vão! —— E assim, com uns duzentos em cada lado, começamos a ouvir os planos que Gabe tinha, e o que não faltou foi discórdia e negação pelas falas e ordens dele.

[...]

Não fiquei prestando muito atenção nas brigas, simplesmente me ofereci para proteção da bandeira em um perímetro amplo, onde eu poderia atacar e defender, como um volante no campo de futebol. Infelizmente, como estava muito congestionado a volta e os preparativos, não pude ver quais conhecidos caíram no meu time. Fiquei torcendo para que alguns deles me encontrassem, já que eu ficaria entre a floresta e a proximidades das Arenas de treino e combate.

Saindo do Pátio, cruzei com Adalberon, ele lia alguns pergaminhos e sorria de modo soberbo. —— O que é tão bom a ponto de se achar um rei de Nárnia? —— Seus olhos baixaram, medindo o portador, no caso eu, mas para ele, de fato, não era grande coisa. Talvez se até eu fosse ele, pensaria de modo recíproco. Um magrelo com cabelos castanhos claros, que nem chegava nos 1,70 de altura, iria intimidar quem? O Stuart Little? Capaz. —— Olha, pirralho. Nárnia até que seria um lugar legal, mas não sou muito fã dessas coisas. A apologia desse livro não me cai bem. —— Cruzei os braços, deixando a espada presa na cintura. —— Um mundo feliz cheio de criaturas mágicas iguais vocês? Sem humanos e coisas parecidas? —— Indaguei, bufando as palavras bem ignorantemente. —— Não, só o cristianismo mesmo. Desrespeito aos deuses, mas... Esse mundo já não é mais o mesmo da gloriosa Era de ouro da Grécia! —— Não me importei muito com seu frenesi nostálgico. —— Mas enfim! Uma dica, seu anêmona: No meio das árvores, onde delas há incontáveis aos seus olhos, lá é que você encontrará a poeira acima da terra. Se entendeu o que eu disse, tome cuidado com este lugar. —— Assim ele saiu trotando voltando aos seus papeis informativos. —— Acho que você precisa de aulas com um Oráculo sobre como fazer charadas. —— Murmurei, e comecei a andar para minha posição. Mas antes fui atrás de duas armas extras...

[...]

Entre alguns arbustos, presenciava uma pancadaria jamais vista, (acreditem, nem nos caças do PPJ chegavam perto do que estava vendo agora), era tanta poeira acima dos joelhos que ficava difícil enxergar a cinco metros à frente. Quando alguém caia e perdia a arma, nem precisava ser finalizada, eram pisoteadas várias vezes até um grupo de emergência dirigido por ninfas e sátiros, resgatavam o corpo ainda consciente, e levavam-nos para a enfermaria.

Até então tinha conseguido eliminar três, sendo eles pegos de surpresa na retaguarda. Meus movimentos eram bastantes cautelosos e silenciosos, mesmo com uma lança fixada nas costas e um escudo posto ao braço canhoto.

Um pouco a frente, consegui ver Alex sem seu elmo, apenas erguia sua lança e derrubava com a haste três guerreiros. Eles tinham elmos azuis, e imediatamente fiquei feliz por tê-lo ao meu lado. Mas a felicidade não durou muito. Lorenna rapidamente apareceu, atacado o seu elmo também, nas costas do irmão. Ambos se entreolharam, e podia jurar que notava a poeira embaixo deles rodear, fazendo uma circunferência nos pés de cada um. A aura então explodiu em vermelho. —— Parece que o Alex não é o único que consegue controlar bem sua aura. Lorenna deve ter treinado bastante nessa ultima noite... —— Avaliava e vendo que só tinha os dois naquele espaço, deixei que o melhor vencesse, depois de terminassem, certamente acabariam caídos e exaustos.

Não podia dizer que estava com cem por cento das minhas energias. Seria uma mentira terrível. Estava treinando com Joe há três horas seguidas e tive um intervalo de meia hora, apenas. Bebi e comi um pouco do tão famoso néctar. Mas foi um pedaço tão pequeno que o gosto me lembrou o leite condensado puro. Já disse a vocês o quanto eu amo coisas doces? Bom... Disseram que o sabor do néctar vem com as melhores sensações de coisas que já comemos, mas eu não tinha ao certo um prato preferido. Adorava comer, e comer de tudo. Carne, massas, doces, salgados, ah... eram tantos pratos que meu cérebro deveria ter bugado a mágica do sabor e colocado a ultima coisa que comi em casa. Na minha verdadeira casa.

Bom, seguindo em frente, o néctar me restaurou bastante, então não tinha com que me preocupar. Se tivesse que pelejar um contra um, tranquilo, mas o número de vezes era um mistério. Corri rumo a Arena de Combates, lá um grupo com seis do time azul rodeavam três do vermelho. Sendo eles quatro meninos e cinco meninas. Os do time vermelho felizmente eu conhecia, era Babu, Sophia e Rezende. Os do azul, sequer tinha visto seus rostos antes.

Do muro que rodeava a área, pulei ando uma voadora nas costas do maior. Impossibilitar o mais forte seria uma tática perfeita. Com isso, Biel rapidamente atirou uma flecha na cara de uma das garotas.

PS: POR FAVOR, não ache que ela morreu ou coisa do tipo, as flechas que os filhos de Apolo utilizaram no caça, eram formadas por uma espécie de luva de boxe na ponta. Então... Pense na flechada como um murro do Anderson Silva.

Ela caiu do meu lado, tonta e confusa, se meu amigo não tivesse atirado, eu com certeza estaria sem ar agora, já que ela erguia uma lança e estava prestes a usar o final do cabo contra a boca do meu estômago. —— Boa, Biel! —— Gritei, e as duas garotas de Afrodite correram em direção das meninas, já eu, num salto rápido coloquei o escudo na minha frente, recuando e recebendo espadas e machadadas fortes que me desequilibravam. Tinha uma garota do tamanho de um muro, ela era forte, mas não do gênero garota bombada. Ela tinha um corpo de modelo mesmo, por isso o machado não lhe caia mal, já o outro moleque, tinha a minha altura, era careca e mais musculoso. Por que todo mundo tem mais músculos que eu? Pelo menos o que eu tinha dado a voadora não levantou mais, acho que a testa dele bateu cm tanta força no chão e ele acabou desmaiando.

Babu usava uma espada de oitenta centímetros numa das mãos e uma adaga com lâmina de trinta. Ela bloqueava os ataques de espadas da outra semideusa e quase sempre acertava arranhões com a arma reserva, foram tantos golpes repetitivos, que a garota saiu de lá correndo como aquelas maníacas que cortam os pulsos, mas o caso dela era bem pior, visando que tinha na barriga, coxas, braços e etc. Sophia tinha uma lança leve de batalha, e lutava contra uma garota e seus armamentos tradicionais, espada e escudo. Cada estocada fazia a adversária se afastar, mas ainda tinham muitos. Quatro para ser exato. Um para cada, mas o nosso arqueiro estava sem flechas e armas reservas. Tinha usado todos os punhos loucos contra o escudo da menina que lutava com Sophia, felizmente pra ela, conseguiu bloquear todos os tiros.

No meu caso, recebi uma ajudinha de Babu, mas não tinha muito o que ela e eu pudéssemos fazer, tratando-se de físico contra físico. —— Só uma perguntinha básica. —— Ressaltei. —— E isso é hora? —— Ela me questionou, desviando da espada e em seguida de uma machadada no solo. Faíscas saltaram. —— Eu não sei de quem eles são filhos, mas... Será que você descobriu algum poder divino? —— Minha pergunta fez ela me olhar e sorrir. Pelo menos consegui relembrar que não tratava só de ataques padrões aqui, tínhamos poderes, e eles eram fundamentais em situações como essas, mas para mim... Ficou meio difícil já que não tinha água em lugar nenhum. —— Ei, psiu. —— Ela chamou atenção do garoto, e eu tentei não ouvir tudo o que Bárbara dizia, algumas cantadas eram realmente constrangedoras, mas funcionou, o garoto largou seu escudo e começou a mostrar o muque para ela. Até que seu fim chegou, coitado, nem viu de onde a adaga - de costas - veio. Só o barulho do impacto me fez estremecer.

—— Vocês tão fodidos! —— Gritou a garota que se reagrupo com a do machado. Agora a formação era mesma, só que três rodeavam elas enquanto Biel pegava no chão suas flechas, e sim, elas eram reutilizáveis. —— Isso é o que você pensa... —— Sophia resmungou. —— Ah é? Sai daqui, Amanda, agora eu vou liberar meu poder! —— A garota com o escudo não deu um pio, simplesmente correu para direção oposta a nossa e sumiu no meio das árvores e arbustos. —— Agora vocês vão sentir a minha ira! Não serei a única de Ares que não será capaz de despertar a aura de batalha! Eu sou Daniella! Lembre-se do meu nome quando for derrotado. Hahahaha! —— E de suas palavras, o meu medo se formou. —— Vocês... Corram! —— Eles me olharam. —— Tá louco? É quatro contra uma! Vamos acabar com ela! —— Sophia se preparou e começou a correr em direção dela, mas por sorte consegui segurar seu antebraço durante os primeiros três passos. —— Por favor! Não é seguro. Se for como aconteceu no Ibira... Alguém pode morrer, por favor, eu estou pedindo pelos deuses, saiam daqui. Eu vou levá-la ao meu território... —— Mesmo irritada, ela e Babu correram, mas Biel permaneceu. —— Cara, vá logo! —— Adverti. —— Não! —— Sua teimosia me deixou irritado. Ele então fez o que não deveria ter feito... Atirou uma flecha bem no maxilar da filha de Ares, que despertou com uma poderosa aura vermelha, explodindo num vácuo e lançando meu corpo e o corpo do filho de Apolo ao chão.

Seus passos vinham lentamente a nós, e ela segurava o machado de aproximadamente trinta quilos com uma mão só. —— Agora vai correr ou bancar o machão de novo? —— Falei sério e seco. —— Correr. E espero que saiba o que está fazendo! —— Ele, arrependido mas ao mesmo tempo preocupado, pegou seus pertences e foi para a colina, o melhor lugar para os filhos de Apolo.

Me levantei e bom, a única coisa sensata que fiz, foi correr, e de burrice, comecei a insultar a filha de Ares, ela estava descontrolada e enquanto suas energias não caíssem ou ela fosse nocauteada, a aura permaneceria dando forças suficientes para que ela pudesse, talvez, até mesmo levantar um carro.

[...]

Acho que as baixas foram mais para Deméter do que para o Acampamento. Árvores jovens foram derrubadas impiedosamente, flores esmagadas, arbustos destruídos, e nada da filha de Ares ficar ao menos ofegante. —— Dá um tempo, demônio! —— Sibilava desviando dos galhos e afins, pois ao contrário dela, sentia dor quando algum batia no me corpo. Ela? Os ignorava completamente e os partia como palitos de dente.

No meio da floresta, passei pelos confrontos, fazendo todos pararem de lutar e observar a fúria da guerreira. Os membros do time azul gritavam em saudação a ela, os do vermelho me incentivavam, e quando as frases se chocaram, insultos foram dados e a pancadaria rolou solto de novo. Pude ver Batistão com sua espada imobilizar com suavidade um guerreiro com o dobro da sua altura. Ela ajustou o óculos e simplesmente disse triunfante, enquanto chutava a bunda do garoto desarmado. —— Nem tudo se resume a força, uma boa imobilizada nos tendões fazem qualquer ogro virar um bebezinho. —— Então ela pegou sua espada e me viu correndo, notando a gravidade do problema, mas dando os ombros e partindo para mais uma vítima.

[...]

Finalmente a praia! A areia nos fazia correr mais lentamente, até pelo menos próximo da margem das águas, onde o solo era mais úmido e menos volumoso. —— Agora você tá ferrada! —— Parei, erguendo a espada e o escudo. Ela cessou a corrida, erguendo o machado e avançou sem sequer dizer uma palavra. Me joguei pro lado, mas quando fiz a cambalhota, minha lança caiu das costas e foi levada pelas águas. Minha camisa ficou cheia de areia, mas pelo menos ela não ficou com a lança.

Embebida pelo poder, seus golpes tornaram-se menos baixos e mais focados a minha altura, do pescoço ao peitoral. Estava ficando sem alternativas, pois só correr de costas não ajudaria. —— VOCÊ VAI MORRER! —— Ela berrava fora de si. Seus olhos estavam completamente rubros e as veias saltavam em todas as partes do corpo, até mesmo na testa, e ver aquilo pulsando me deu nojo.

Foi então que tudo começou a dar errado. Tropecei, mas desviei do golpe mais próximo de todos, e ele não acertaria o vento, mas sim o couro que me protegia. Mas cai entre nós que aquilo não aguentaria bloquear um golpe daquela magnitude.

Deitado, com a visão do machado dividindo o sol, me virei para ser acertado na altura dos ombros, pouparia um funeral com meu rosto intocado pelo menos, pois não tive tempo de conseguir usufruir das águas e nem elas vieram ao meu amparo. Ouvi seu urro e fechei os olhos com firmeza, até que um barulho forte emitiu um pouco acima de mim. Abri os olhos e não tinha mais nada, mas quando curvei meu pescoço, vi a filha de Ares no chão e Gabe, junto com Julio (o seu amigo), e ao lado deles, estava Marea. —— Imobilizem ela, rápido! —— Ordenou a pequena. Os dois rapidamente seguraram os braços delas, mas foram lançados facilmente contra o chão. Daniella se ergueu, pegando sue machado e partiu contra a pequena e outra filha de Ares. Teria sido o fim de Marea se meus movimentos fosse um segundo mais lento. Um globo de água surgiu na frente dela, e todos sabem o que acontece quando golpeia a água... Uma forte pressão invadiu o corpo da algoz, e ela tremendo pela sua força, soltou o machado repousou as mãos no solo.

E se você acha que isso foi o suficiente, está completamente enganado. Daniella se levantou e começou a socar a muralha de água, fazendo com que ela se espalhasse e fosse aos poucos dissipando-se no ar. Agarrei o braço da púbere e dei alguns passos para trás, bloqueando nossos corpos com o escudo prateado na frente. —— Acha que isso vai impedi-la? —— As palavras de Marea soaram como uma piada. —— Você tem algo melhor pra usar? Quem sabe um escudo de vibranium? —— Ela percebeu que mesmo tentando bancar a esperta, não tinha algo melhor para fazer. Marea era a única que evitava usar este tipo de habilidade, considerando o fato do seu tamanho em comparação com as outras e seu jeito doce, não diria que era uma filha de Ares, mas quando você pega ela nervosa... Sai de perto, só digo isso.

Finalmente a água cedeu, dando abertura para a passagem da semideusa, Gabe e Julio tinham contornado ela, estavam pensativos, mas não sabia o que fariam. —— Ela está com a mente enfurecida, qualquer coisa pode causar um colapso na ira dela. —— Disse o cara que não conhecia. —— Mas não sei se consigo fazer uma imagem na mente dela... É arriscado, posso acabar colocando nós ao invés dela mesma. —— Gabe o respondia, numa conversa - de novo -, onde só eles entendiam. —— Eu vou te ajudar, como fizemos no chalé, no três... Um! Dois! TRÊS! —— Os dois levantaram as mãos e franziram as testas.

Eu podia jurar que eles pareciam dois retardados, mas quando olhei para frente, Daniella estava parada, como se recebesse um sinal do além, então vi que os transmissores eram as palmas das mãos dos filhos de Nêmesis e o receptor tratava-se do cérebro de Daniella. Foi de lá que do nada, ela gritou enfurecida, e deu um soco tão forte nela mesma, que a aura sumiu e a antagonista caiu desmaiada, com um enorme roxo no queixo. —— Mas... Mas como? —— Marea parecia mais chocada do que eu. Gabe e Julio ficaram de joelhos na areia, e seus narizes começaram a sangrar bastante. Pude ajudá-los no sangramento, pelo menos, obrigando o sangue a parar de sair seja lá de onde fosse. —— A fúria dela estava focada em você, Marti... —— Respondia Gabe ofegante. —— Nós simplesmente mudamos a imagem na cabeça dela, ela queria vingança pelos insultos, por sorte, se não fosse isso, jamais conseguiríamos implantar outra imagem, uma imagem dela querendo vingança de si mesma. —— Respondeu o outro, com a voz um pouco mais tranquila. —— Essa é uma das nossas habilidades como filhos de Nêmesis. Seu conselho foi bem útil. —— Meu amigo se levantou triunfante, e usando do seu único pano disponível, com o antebraço, limpou o sangue em sua jaqueta. Se eu liguei? Claro que não, teríamos que nos acostumar com coisas piores.

[...]

Depois do fim dramático de Daniella, voltei para minha posição, lutei contra mais um ou dois semideuses, auxiliei no ataque contra a bandeira, e ajudei a manter a guarda até que finalmente Dudu conseguiu agarrá-la e erguê-la aos céus. —— É assim que se toma uma bandeira, seus bostas! —— Ele urrava e se contagiava com a alegria, e em seu braço, uma tatuagem de raio com uma águia atrás começou a ser esculpida, mas ele estava tão ocupado brincando de ser o herói, e nem notou o feito.

[...]

No pavilhão, as mesas estavam inquietas, gritos de alegria, briga, rivalidade, zueiras, tudo, havia de tudo, na minha mesa, estava apenas eu e Joe, completamente sujos e cansados, com três belas pizzas na nossa frente. Calabresa, mussarela e uma de brigadeiro. O mais engraçado, foi ver Vinicius e Cody tentando entender como funcionava os suportes de pizzas, até que Malu veio e os ajudou, e de longe eu apenas observei e instrui Joe para o que servia aqueles papelões triangulares. —— Mas isso é coisa de gênio! —— Berrou ele. —— Não é? —— Com o primeiro pedaço, comi - e sim, já tinha feito a oferenda, assim como todos os outros -, sentindo o sabor delicioso da massa crocante em companhia com a carne e cebola.

Não só eu, mas como também Malu, Lorenna, e outras dezenas, tiveram somente problema na pizza de brigadeiro. Uma lambança, se você estava lá, certamente riu muito, como eu. No meio disso, Batistão passou em nossa mesa dizendo que na próxima o time dela seria vitorioso, ri e a provoquei, o que poderia ser um erro, mas como ela estava contagiada pelo espírito alegre no recinto, simplesmente ignorou.

As horas passaram-se num piscar de olhos. Como tinha sido o primeiro caça, a equipe perdedora não teria de lavar a louça, portanto, ninguém saiu arrependido, mas antes que pudéssemos tomar banho e nos preparar para dormir, o centauro, exibindo sua camisa descolada, ergueu os braços no centro do refeitório, até todos ficarem em silêncio. —— Primeiramente, quero parabenizar a equipe vermelha pela vitória de hoje! —— Houveram muitos gritos e batidas nas mesas. —— Antes de mais nada, esse tipo de treinamento acontecerá a cada três dias, portanto, fiquem cientes de que na quarta, haverá outra edição, mas agora os chalés serão sorteados para os times e sempre haverá mudanças. —— Todos ficaram felizes por poderem lutarem lado a lado com seus irmãos. —— E bom, é só isso, já basta, o dia foi longo e vocês precisam estar dispostos para amanhã! Pois então comam e bebam, se lavem e durma e que os deuses abençoem vocês, fedelhos! —— Mesmo com o insulto, todos gritaram e continuaram a festa, poucos saíram primeiro para evitar o congestionamento nos banheiros. Eu e Joe não precisamos nos preocupar com isso, tínhamos as nossas próprias banheiras no chalé.

[...]

No dormitório, deitei na cama e adormeci em poucos segundos. Meu corpo latejava, mas o banho fez as dores musculares amenizarem quase que por completo. Mas no sonho, eu sabia que tudo que passamos hoje, foi a ultima visão de um lugar doce e alegre...


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